~
Desde
muito
cedo no percurso do relacionamento deles
Demi havia aprendido uma coisa importante sobre Joe Jonas: ele sabia
o que as mulheres gostavam. Inúmeras
vezes ele a levara ao reino do prazer enlouquecedor com sua
habilidade como amante. Mas, acima de tudo, ele tinha uma tendência
a fazê-la esquecer a razão.
Aparentemente, aquilo não
havia mudado.
Enquanto ela estendia-se sobre a toalha para esperar a
especial atenção de Joe,
ele ficou de pé à
distância, olhando-a com
intensidade, até que Demi
não mais pudesse suportar o
suspense.
—Você de
repente ficou tímido comigo,
Joe, ou quer que eu implore?
— Quando eu me juntar a você
nessa toalha, não haverá
retorno.
Ela somente queria ir em frente sem nenhum pensamento do
passado, ou sobre o que poderia ter sido. Pensar nisso seria doloroso
demais.
— Eu quero estar com você,
Joe. Não sei o que mais
posso fazer para convencê-lo.
— Estou convencido. —
Ele jogou o preservativo no chão
ao lado dela e finalmente deslizou a sunga quadris abaixo, aliviando
quaisquer dúvidas de que
também a queria. Pelo menos
fisicamente.
Quando Joe moveu-se sobre a toalha estendida, a tomou
nos braços e segurou-a por
um momento. Havia uma ternura surpreendente no beijo dele no começo,
mas como fora entre eles antes, a paixão
e a química logo
prevaleceram.
Os lábios
sensuais desceram pelo seu corpo, e Demi pensou brevemente no perigo
em permitir tal intimidade. Pensou no quão
facilmente poderia entregar-se a ele novamente. Mas logo afastou tal
preocupação, fechou os
olhos e cedeu às sensações.
Uma brisa quente soprou sobre ela, mas não
diminuiu o calor. Somente Joe podia aliviar o desejo, e ele fez isso,
usando a boca com tanta persuasão
que ela agarrou a toalha.
No princípio,
ele mostrou certa contenção,
levando-a para a beira do orgasmo, antes de erguer a cabeça.
Ela sabia exatamente o que ele estava fazendo... retirando-se até
que ela não pudesse mais
suportar. E quando ela alcançasse
aquele ponto, ele a tomaria completamente.
Demi não pôde
evitar a elevação
involuntária dos quadris, ou
a vontade de gritar, ou o clímax
que chegou pleno e muito rapidamente. Todavia, aquilo não
era suficiente.
Como se sentisse aquilo, Joe sentou-se e rasgou o
envelope do preservativo com mãos
que pareciam estar tremendo. Demi também
estava tremendo. Enquanto deslizava para dentro do centro feminino,
ele ofegou longamente e prendeu-lhe
o olhar.
— Fique imóvel
por um minuto — disse ele.
— Eu quero me lembrar
disso.
Ela não sabia
se Joe pretendera dizer que queria se recordar de todas as vezes
antes, ou se já
estava se preparando para dizer adeus novamente. Mas não
teve tempo para ponderar sobre o assunto quando ele começou
a mover-se, vagarosamente no início,
até que acelerou o ritmo.
Demi foi absorvida pela flexão
dos músculos poderosos por
baixo de suas mãos, no
poder absoluto que ele exercia sobre ela. Joe sempre fora alguma
espécie de camaleão
durante o ato do amor... algumas vezes, brincalhão,
outras, tentadoramente sedutor... todavia, jamais tão
intenso como agora. Especialmente os olhos que mantinha fixos nos
seus.
Demi sentiu desespero no modo como ele a beijou, na
maneira como a abraçou, como
se não pudesse chegar perto
o suficiente. O modo que lhe falou num sussurro rouco, descrevendo
como era a sensação de
tê-la cercando-o. Como ela o
estava enlouquecendo. Joe
moveu os quadris contra ela e tocou-a de um jeito que demonstrava que
estava determinado em não
encontrar sua própria
satisfação até
que ela encontrasse a sua novamente.
Ela queria que ele alongasse o tormento prazeroso. Que
nunca parasse.
— Joe, eu não
sei se posso agüentar isso.
— Você pode,
querida. Vai agüentar.
E Demi atingiu o clímax
novamente, com muito mais intensidade do que jamais pensara ser
possível.
Joe então
liberou todo, seu controle e com uma investida final gemeu,
estremeceu e tombou sobre ela.
O som da respiração
de ambos ecoava no silêncio
da noite, enquanto Demi imaginava se o compasso de seu coração
voltaria ao normal. Também
questionou se algum dia seria capaz de encontrar outro homem que
pudesse amá-la tão
bem quanto Joe. Se sempre compararia qualquer homem com ele. Se algum
homem estaria à altura dele.
Depois de um tempo, Joe rolou de costas, levando-a
consigo. Por diversos momentos, eles ficaram daquele jeito, os corpos
aconchegados, a cabeça dela
descansando sobre o peito largo e as pontas dos dedos dele
acariciando-lhe as costas.
Quando o sono começou
a dominá-la, Demi percebeu
que a hora para enfrentar a realidade tinha chegado.
—Temos de ir buscar nossa filha.
Joe afastou uma mecha de cabelos da face dela,
colocando-a atrás da orelha.
— Dinah planeja manter Carly até
amanhã cedo, a menos que
liguemos e dissermos que estamos a caminho. Não
quero dar esse telefonema.
Ela levantou a cabeça
para fitá-lo.
— Não sei,
Joe. Ela...
—... ficará
bem. Tenho certeza que Carly já
está dormindo, e não
vejo qualquer necessidade de tirá-la
da cama no meio da noite. E eu também
não estou pronto para
terminar isso. Precisamos compensar o tempo perdido.
Aquilo fazia sentido, pelo menos quanto à
parte de não perturbar o
bebê. Mas Demi ainda tinha
algumas limitações.
Compensar o tempo perdido podia envolver um auto custo.
Ele a beijou novamente. De forma sedutora e prazerosa.
— Fique comigo, Demi. Na minha cama, a noite inteira.
Você não
se arrependerá.
Ela não estava
certa disso. Todavia, pássaras
próximas horas na cama,
fazendo amor novamente, trazendo mais lembranças,
sobrepujaria suas preocupações.
—Tudo bem, ficarei com você.
— Pelo menos durante aquela
noite.
Quando
o
celular tocou, não
muito depois do raiar da aurora, Joe praguejou baixinho, enquanto
Demi moveu-se para o lado oposto da cama a fim de atender. Mesmo que
suas forças estivessem
drenadas depois da recente e longa ducha que ele e Demi haviam
tomado, ele não se
importaria de fazer amor mais uma vez antes que ambos tivessem de
enfrentar o dia. Aqueles planos podiam ir por água
abaixo se ela estivesse sendo convocada para trabalhar, o que Joe
desconfiava que fosse o caso.
— Oi, mamãe.
Nada de trabalho. Joe olhou para Demi, que puxou o
lençol até
o pescoço e deu-lhe um olhar
desconsolado.
Depois de uma longa pausa, Demi disse:
— É verdade, está
tudo bem. Carly está ótima.
Eu estou ótima.
Joe cobriu os olhos com o braço
direito e tentou não ouvir a
conversa. Mas não pôde
evitar se perguntar exatamente o que a mãe
dela dissera quando Demi respondeu com:
— Não, eu não
fiz nenhuma tolice.
Joe calculou que aquilo provavelmente dizia respeito a
ele, e esperou que Demi acreditasse nas suas próprias
palavras. Depois que tivesse o dia todo para refletir sobre o que
eles tinham feito na noite anterior... e nesta manhã...
talvez ela questionasse a própria
inteligência.
Poucos minutos depois Demi desligou o telefone e caiu de
costas sobre o travesseiro.
— Era minha mãe.
— Eu já tinha
calculado. — Joe virou-se
de lado para encará-la. —
Um tanto cedo para ela estar ligando para você.
— Sim, mas ela conhece minha agenda. Também
queria me avisar que ela e meu pai estão
partindo para a Europa esta noite. E o mais importante: soube que um
pediatra local está se
aposentando dentro de dois meses. Ele está
procurando alguém para
assumir seu consultório.
Joe foi dominado por uma forte sensação
de urgência, e medo de que
pudesse perdê-la se não
agisse rapidamente. Precisando de maior proximidade com Demi, bateu
no espaço ao seu lado.
— Venha aqui. Você
está muito longe.
Ela aproximou-se e se aninhou na dobra do braço
dele.
— Preciso me aprontar para trabalhar.
— Ainda é
muito cedo — disse Joe. —
E pegarei Carly na casa de Dinah e a manterei comigo o dia todo, se
você concordar.
— É o
que eu gostaria, Joe. Você
provou que pode tomar conta dela, portanto não
vejo motivo para que Carly volte para a creche enquanto eu e ela
estivermos aqui.
Ele gostou de ter obtido a confiança
de Demi no que dizia respeito a Carly, mas não
gostou da parte do "enquanto eu e ela estivermos aqui".
— A que horas você
tem de estar no hospital?
— Não antes
das 8h30.
Joe olhou para o relógio.
—Passa um pouco das 7h,
Ela bateu a ponta do dedo no queixo.
—Agora, pergunto-me como podemos passar a próxima
hora e pouco. Espere, tive uma idéia.
Demi passou a mão
pela barriga dele, mas antes que ela alcançasse
seu alvo intencional Joe agarrou-lhe o pulso e deteve-lhe o
progresso.
— Por mais que aprecie sua idéia,
precisamos ter uma conversa antes.
Ela levantou o lençol
e sorriu.
— Parece que o seu "moleque travesso" gosta
mais da minha idéia. Sim,
aquele "moleque", definitivamente, tinha vontade própria.
— Eu quero conversar sobre a noite passada. Ela
afastou-se e fixou ò olhar
no teto.
— Você não
precisa dizer nada, Joe. Sei o que a noite passada significou. Ambos
precisávamos de diversão.
— Diversão? —
Aquilo fez com que ele saísse
da cama e pegasse uma calça
de pijama. Uma vez vestido, sentou-se na beira da cama, ao lado dela.
— Foi muitíssimo
mais do que isso para mim, Demi.
Ela fechou os olhos e disse:
— Não
complique o assunto, dizendo o que você
acredita que eu quero ouvir, Joe.
— Não lhe
dizer que eu não quero que
você vá
embora em absoluto? Ele não
tinha o menor direito de pedir aquilo para Demi, mas não
foi capaz de impedir que as palavras saíssem
de sua boca.
— Você não
fala sério.
— Sim, eu falo. —
E ele falava, mesmo que o pedido fosse feito no momento errado.
— Você só
está dizendo isso por causa
de Carly.
Ele entendeu por que ela pensava assim.
— Admito que não
posso suportar o pensamento de você
levando-a para longe de mim, mas não
quero perdê-la novamente,
também.
Demi sentou-se e abraçou
os joelhos contra o peito.
— Digamos que eu fosse louca o suficiente para
considerar levar nosso relacionamento para o próximo
nível. Aonde iremos daqui?
Você está
planejando mudar-se para Atlanta e eu estou voltando para o
Mississipi. E mesmo se nós
resolvêssemos isso,
viveríamos juntos?
Ele queria mais do que aquilo, contudo, não
podia oferecer mais naquele momento. Não
até que soubesse com certeza
o que o futuro lhe reservava.
— Eu não
tenho todas as respostas ainda, mas viver juntos é
um começo. Não
quero desistir de nós.
— E o que acontece se você
se cansar de mim?
— Não vou me
cansar de você, Demi. Eu...
— Droga, ele não
era bom em revelar suas emoções.
Nunca fora. — Eu gosto de
você.
— Eu gosto do meu carro, também,
Joe. E se me recordo corretamente, no último
verão em Cabo você
disse que gostava de mim, e depois rompeu nosso relacionamento, na
semana seguinte.
— É diferente desta vez.
— O que é
diferente, Joe, a não ser
que temos uma filha juntos.
Ele tinha de lhe contar a verdade, más
não podia falar tudo até
que obtivesse todas as informações.
Informações que estavam nos
resultados de laboratório
que Joe passara a temer o tempo todo.
Mas podia contar-lhe a única
coisa que talvez fizesse diferença,
algo que nunca lhe dissera antes. Decidiu reservar aquela declaração
para mais tarde, quando esta pudesse ser sua última
esperança.
— Como já
declarei, tive minhas razões
para fazer o que fiz no ano passado.
— Você está
certo. Já disse isso, Mas em
algum momento terá de
compartilhar essas razões
comigo.
— Eu sei, mas vai levar mais tempo do que temos essa
manhã. Quando você
chegar em casa esta noite, prometo que lhe contarei. —
Nesse ínterim, ele pretendia
aproveitar a hora que lhes restava e continuar a alimentar sua
esperança.
Joe rolou para seu lado, puxou-a de costas para seus
braços e beijou-a. Mas antes
que pudesse utilizar seus poderes de persuasão
o telefone tocou novamente. Desta vez, o telefone dele.
Se Dinah ainda não
tivesse a custódia
temporária de sua filha, Joe
não teria se incomodado em
responder. Mas por causa disso pegou o celular e disse irritado:
—Sim.
— Você vai
estar em casa esta tarde?
Ele sentou-se e jogou as pernas para o lado da cama.
— É quase de manhã,
Kevin. Não estou sequer
acordado.
Não era
necessariamente o caso. A pergunta de seu irmão
o deixara bem acordado.
— Pensei em passar aí
pelas 15h.
— Algum motivo em particular? —
Joe desconfiou que já
soubesse porquê.
— Tive de vir ao hospital cedo e fiz o que você
me pediu. Pedi urgência nos
exames. Mas prefiro não
discutir isso pelo telefone.
— Joe não
queria discutir aquilo em absoluto, particularmente se
Kevin sentia que precisava dar a notícia
pessoalmente. Aquilo podia significar apenas uma coisa.
— Certamente. Até
mais tarde então.
Ele desligou o telefone e caiu de costas sobre a cama,
sentindo como se seu mundo inteiro estivesse prestes a desmoronar.
Demi aninhou-se ao seu lado e beijou-lhe o pescoço.
— Está tudo
bem?
Nem um pouco.
— Sim. Kevin vai estar no bairro, e queria passar por
aqui para ver Carly. —
Somente mais uma mentira para adicionar às
muitas que ele vinha contando.
Ela levantou a cabeça
e examinou-lhe o rosto detalhadamente.
— Tem certeza de que não
há nada errado?
Joe não tinha
certeza sobre nada, exceto que agora tudo que queria era perder-se em
Demi, antes que tivesse que encarar a realidade mais uma vez.
Com isso em mente, envolveu-a nos braços
e sussurrou:
— Agora vamos voltar à
sua idéia, enquanto ainda
temos tempo.
O olhar
sombrio no rosto de seu irmão
quando ele surgiu na varanda serviu para confirmar as suspeitas de
Joe... a notícia não
ia ser boa.
Por mais que detestasse ouvir a verdade, abriu a porta,
deu um passo para o lado e disse:
— Entre, Kev.
Eles caminharam pelo hall em silêncio
e quando chegaram à sala de
estar Kevin enfiou as mãos
nos bolsos e olhou em volta.
— Demi está
aqui?
— Não ainda.
— O bebê?
—Tirando uma soneca. E agora que estabelecemos quem
está em casa e quem não
está, diga o que você
precisa dizer.
Kevin retirou um envelope do bolso interno do paletó
e entregou-lhe.
— Está tudo
aí.
Joe desdobrou o pedaço
de papel e leu o texto, o qual fazia pouco sentido para ele.
— Você se
incomoda de me explicar?
—A boa notícia
é que você
ainda está produzindo
esperma. A má notícia
e que está produzindo tão
pouco que está clinicamente
estéril.
Independentemente do quanto tinha se preparado para
ouvir aquela palavra, Joe ainda queria socar alguma coisa.
— Isso é
muito irônico. Alguns anos
atrás, ser estéril
podia não ter sido tão
importante assim. Mas agora que tenho Carly eu sinto que nada na
minha vida significou coisa alguma antes dela. —
Antes de Demi, também.
— Mas suponho que isso é
punição adequada para todos
os meus pecados anteriores.
Kevin meneou a cabeça.
— Você nunca
vai me convencer de que isso é
uma punição divina, Joe.
Muitas coisas más acontecem
para pessoas boas, e isso inclui você.
Não pediu para ficar doente,
não mais do que qualquer
outra pessoa.
Ele nunca ouvira aquilo vindo de seu irmão
mais velho. E jamais pensara que ouviria.
— Eu tenho feito algumas coisas ruins, Kev.
— O quê? Você
partiu alguns corações, e
tinha uma tendência a ser
egocêntrico? Isso não
o torna um homem extremamente mau.
As mulheres que possuíam
os corações partidos por
ele provavelmente discutiriam essa asserção.
— Você se
esqueceu do que eu fiz a
Selena.
—E David agradece a você
todos os dias por ter saído
da vida dela para que ele pudesse entrar. Talvez o seu método
para terminar o relacionamento tenha sido suspeito, mas os dois o
perdoaram por isso.
Quase o mesmo método
que ele usara para romper com Demi, somente que evoluíra
de um bilhete para um rápido
telefonema.
— Quando eu contar toda a verdade a Demi, ela não
vai me perdoar.
Kevin pareceu incrédulo.
— Quer dizer que ela ainda não
sabe que você esteve doente?
— Não, e
ainda não estou certo se
devo contar. — Ele ergueu o
laudo do laboratório que
estivera apertando na mão
fechada. -— Não
depois de ver isso.
— Como eu lhe disse, Joe, isso não
é o fim do mundo ou de sua
paternidade futura. Você
ainda pode ter filhos biológicos
se submeter-se a um dos tratamentos atuais. A gravidez teria que ser
assistida, significando inseminação
ou em vitro, mas ter outro bebê
não é
impossível.
A verdade era que ele não
queria mais bebês, a menos
que pudesse tê-los com Demi.
— Isso não
importa. Mesmo que Demi não
aceite que não podemos mais
ter filhos, quando souber que eu menti sobre tudo, jamais irá
querer chegar perto de mim novamente.
Kevin observou-o por alguns momentos antes de perguntar:
— Você a ama,
Joe? .
— Sim, amo. —
Ele pôs o papel sobre a mesa
de café e olhou para seu
irmão diretamente. —
Mas ainda vou perdê-la, Kev.
—Talvez, mas jamais saberá
ao certo a não ser que lhe
conte tudo. E se não fizer
isso, então,
definitivamente, a perderá,
porque ela vai partir se você
nem mesmo tentar convencê-la
a ficar.
Joe sentia o adeus inevitável
de Demi de forma tão certa
quanto sentia a alegria de sua filha ao sorrir e seu desgosto ao
chorar. Também sentia a
formação da impenetrável
armadura emocional que usara como autoproteção
na maior parte da vida.
Demi tinha sido a única
alma viva capaz de penetrar aquela armadura, e Joe percebeu que ela
provavelmente tentaria novamente. Nas próximas
horas, teria que decidir se permitiria.
No momento que chegou em casa, Demi sentiu como se os
eventos daquela manhã nunca
tivessem acontecido. Depois de toda a conversa dele sobre um futuro
juntos, Joe não tinha
parecido nem um pouco satisfeito devê-la.
Na verdade, quase não
falara com ela.
Tinha estado totalmente calado durante o jantar,
respondendo as perguntas sobre seu dia com o bebê
através de palavras
sucintas.
Então murmurara
algo sobre trabalho na sua coluna literária
antes de retirar-se para o escritório.
Ela não o vira
desde então.
Talvez Joe tivesse tido muito tempo para pensar sobre a
proposta que fizera, lembrando-se subitamente que não
queria compromisso fixo. Independentemente das razões
dele, ela pretendia quebrar o silêncio
e descobrir o que estava acontecendo.
Tão logo
colocou a filha na cama, Demi foi direto ao espaço
particular de Joe, disposta a um confronto. Esperava encontrá-lo
sentado atrás da mesa,
digitando num teclado, não
estendido no pequeno sofá de
couro preto, olhando para o espaço.
Ela atravessou a sala e aproximou-se.
— Bloqueio de escritor?
Quando Joe virou a cabeça
na sua direção, Demi ficou
surpresa pela tristeza profunda nos olhos dele.
— Eu não
estava escrevendo. Estava pensando.
— Sobre o quê?
— Nós. —
Ele sentou-se e se recostou nas almofadas. —
Precisamos conversar.
— Isso foi o que você
disse esta manhã.
— Depois desta conversa, você
provavelmente vai querer desconsiderar tudo mais que eu falei esta
manhã.
— Eu não
entendo. — Oh, mas ela
temia que entendesse. Bem demais. Ele moveu-se para a beira do sofá,
passou os braços sobre os
joelhos e baixou a cabeça.
— Você deve
manter seus planos de voltar para sua cidade natal no próximo
mês.
Ela liberou uma risada melancólica,
embora quisesse chorar.
— Uau, Joe. E dizem que as mulheres são
volúveis. Esta manhã
você
queria que nós morássemos
juntos por tempo indefinido e agora quer que eu vá
embora. Mas não estou
surpreendida, razão pela
qual eu não tinha muitas
esperanças. —
Não era verdade. Ela
começara a ter esperança.
A imaginar uma vida que o incluía.
Ele ainda se recusava a olhá-la.
— Eu mudei de idéia
porque não posso lhe dar o
que você precisa.
A história
estava se repetindo.
— Eu sei, Joe. Você
não pode se comprometer com
uma pessoa. Não pode amar
somente uma mulher, se é que
até mesmo tem capacidade de
amar alguém.
Finalmente, ele levantou os olhos para ela.
— Você está
errada, Demi. Eu a amo. Estava apaixonado por você
quando â
dispensei no verão passado.
Nunca me senti dessa maneira em relação
a alguém antes de você,
ou desde você.
Quando o choque diminuiu, Demi lutou para encontrar sua
voz.
— Se isso for verdade, então
o que acha que preciso que você
não pode me dar?
— Isso não
importa.
A raiva, tristeza e frustração
de Demi fundiram-se, criando uma perfeita tempestade emocional.
— Importa para mim, droga! Você
me deve uma explicação,
Joe, e não vou embora até
que me dê uma.
Ele esfregou ambas as mãos
sobre o rosto antes de voltar a encará-la.
— Você está
certa. Mas vai precisar se sentar.
Demi deixou-se cair numa cadeira de frente para ele.
— Tudo bem. Estou pronta. —
Mas estaria de verdade?
— Antes de eu partir para Atlanta, fiz um exame de
laboratório —
começou Joe.—
Descobri o resultado somente hoje. Aquilo podia ser pior do que Demi
tinha imaginado.
— Oh, meu Deus, Joe, você
está doente?
— Eu sou estéril.
O pronunciamento levou um instante para penetrar na
mente de Demi. Quando finalmente se acomodou, ela disse:
— Evidência
do contrário está
dormindo no quarto. Sua filha. —
Certamente, ele não estava
sugerindo... — Se você
está insinuando que ela não
é sua filha...
— Sei que ela é
minha, Demi. Isso resultou de algo que ocorreu antes de rompermos. —.
Ele fez uma pausa antes de acrescentar; —
Na verdade, esta é a razão
pela qual eu rompi com você.
— Nada do que você
diz faz sentido, Joe. — E
ela precisava que aquilo fizesse sentido.
Joe uniu as mãos
e as apertou com força.
— Antes de irmos à
viagem para Cabo, eu fui a um médico.
Talvez você se recorde que
eu estava com muito menos energia do que usualmente.
— Você achava
que era por causa das muitas viagens que, vinha fazendo na ocasião.
— Não era.
Contraí anemia aplástica
idiopática. Passei seis
meses fazendo transfusões de
sangue, e quando isso não
funcionou, Nick concordou em me doar sua medula óssea.
Ele salvou minha vida.
Aquilo explicava o relacionamento renovado entre os
irmãos.
— E ele era o par genético
perfeito, porque é seu
gêmeo.
Ele passou a mão
pelos cabelos.
— Sorte minha. Mas a quimioterapia causou...
— A esterilidade. —
Pelo menos agora algumas coisas estavam se encaixando para Demi. —
A cicatriz debaixo de seu braço
se deve ao cateter central inserido perifericamente, que eles usaram
para administrar a quimioterapia.
— Sim.
Milhares de perguntas passaram pela mente de Demi, mas a
mais importante teve precedência:
— Por que você
não me contou quando foi
diagnosticado?
Ele baixou os olhos novamente.
— Porque você
tinha preocupações
suficientes com seu trabalho.
— Não é
uma razão boa o bastante.
— Eu pensei que poderia morrer e não
quis envolvê-la nisso.
Agora eles estavam indo a algum lugar.
— Eu sou médica,
Joe. Poderia tê-lo ajudado
através do processo,
respondido todas as suas perguntas. Poderia ter estado ao seu lado.
O olhar que ele lhe deu era tão
cheio de tristeza e remorso que bloqueou a respiração
de Demi.
— Eu não
queria que você me visse
daquele jeito.
Ela quis chorar por ele e por tudo que Joe sofrerá.
Queria agredi-lo verbalmente por ter deixado o orgulho interferir
entre os dois, mesmo que entendesse aquilo em algum nível.
Queria voltar no tempo e começar
de novo. Mas isso era impossível.
Joe descansou seu braço
nas costas do sofá e voltou
seu perfil para ela.
— Você tem
todo o direito de ficar furiosa comigo.
— Quando penso em todas as oportunidades que você
teve para me contar, sim, isso me deixa extremamente zangada —
disse ela. —
Mas quando penso sobre como poderíamos
ter estado juntos, nos apoiando durante sua doença
e minha gravidez, isso me deixa triste por termos perdido tanto
tempo.
O silêncio se
estendeu antes que Demi fizesse outra pergunta importante, que
poderia determinar se ele tinha... ou não
tinha... mudado, dependendo da resposta.
— Se você
pudesse fazer tudo de novo, teria me contado?
— Honestamente, não
sei, Demi. Talvez, se eu soubesse sobre o bebê,
mas, então, talvez não.
O fardo era meu para suportar, não
seu.
Não era a
resposta que ela estava esperando, mas pelo menos agora sabia o que
tinha de ser feito, mesmo que a decisão
a deixasse de coração
partido.
— Você está
certo, Joe — disse Demi,
ficando de pé. —
Você não
pode me dar o que preciso, e isso não
tem nada a ver com futuros filhos. Meus pais adotaram quase 100
crianças durante um espaço
de 30 anos, e há muitas mais
lá fora que precisam de
lares e famílias.
Joe prendeu-lhe o olhar.
— Se eu soubesse com certeza que você
se sentiria dessa maneira, teria lhe pedido em casamento esta manhã.
Naquela manhã
ela poderia ter dito sim.
— Foi melhor assim, Joe. Você
não me perguntou como eu me
sentiria sobre nada. Não me
deu qualquer escolha. Está
tão acostumado a dispensar
pessoas que não sabe nada
mais. Compromisso significa ficar ao lado do outro nos bons e nos
maus momentos... na saúde e
na doença. Eu não
tenho como saber se você vai
embora ou se vai se fechar para mim quando deparar com uma situação
difícil. Essa habilidade de
compartilhar tem sustentado meus pais e seus pais através
de seus casamentos. Eu não
me contento com menos.
— Não sei o
que você quer que eu faça,
Demi. — A voz dele era
calma e desprovida de emoção.
Demi queria que ele parecesse menos resignado. Queria
que ele discutisse seu caso, baixando a guarda. Que lutasse.
— Se eu tivesse de lhe contar isso, Joe, então
não haveria qualquer
esperança para nós.
Talvez ela o estivesse julgando muito duramente,
fechando sua mente para as possibilidades, mas não
queria arriscar ser ferida por Joe novamente. Melhor terminar aquilo
antes que acontecesse, a despeito da dor que estava sentindo no
momento. Por ele e por ela.
— O que faremos agora, Demi?
— Eu não sei,
Joe. —- E ela não
sabia. — Sei que não
estou segura se posso viver aqui com você.
— Apenas não
faça nada precipitadamente —
pediu ele. — Preciso ter
Carly na minha vida até que
você vá
embora mês que vem. Não
quero pressioná-la por nada
mais. Nem mesmo irei tocá-la.
Posso não gostar disso, mas
farei o que tenho de fazer, contanto que você
fique aqui.
— Preciso pensar sobre isso.
E isso é o que
Demi faria, provavelmente pelo resto da noite. Isto e chorar com
vontade.
~
Capitulo programado!! beijoos e comentem <3
Posta+
ResponderExcluirTadinhos..... Se amam tanto e estão sofrendo....... da vontade de chorar junto..... posta mais please!!!!
ResponderExcluirAí cara tipo nem sei o que dizer! Esse capítulo acabou comigo tipo de verdade!
ResponderExcluirContinua por favor...
Fabiola Barboza :*
Posta mais plz
ResponderExcluir