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— Trata-se
de uma anemia aplástica...
pode ser fatal...
Como ex-colunista de uma proeminente revista de
esportes, Joe Jonas possuía
um vasto vocabulário. Mas as
palavras anemia aplástica
não
significavam nada para ele. Fatal, certamente
sim.
Nem cinco minutos atrás
ele estava no seu apartamento de Houston, fazendo as malas para uma
viagem, depois de conseguir uma rara entrevista com um famoso
jogador de futebol. Agora, seu irmão
médico estava lhe dizendo
que ele podia estar morrendo.
De modo algum aquilo podia estar lhe acontecendo agora.
Joe tinha uma grande profissão,
que lhe custara anos para construir. Estava envolvido num
relacionamento de oito meses com uma mulher que passara a significar
mais para ele do que algum dia pensara ser possível.
Tinha apenas 35 anos e muita coisa para fazer antes de morrer. Mas,
considerando a aparência do
rosto de Kevin, ele não
podia ter muita escolha no que se referia ao assunto.
Precisando sentar-se rapidamente, Joe tirou um jornal de
cima de sua espreguiçadeira
favorita.
— Você tem
certeza disso?
— Absoluta. —
Depois de tomar um lugar no sofá,
Kevin inclinou-se para a frente e disse: —
Você está
com um nível perigosamente
baixo de células sanguíneas
vermelhas e brancas, e de plaquetas. Isso significa que está
na classificação moderada
da doença.
Joe pensou sobre como ele levara a vida no limite, a fim
de alcançar proeminência
no seu campo, e como algumas vezes abria mão
do sono. Também cometera
mais do que suas cotas de erros ao longo do caminho.
— O que causou isso, pelo amor de Deus?
— É idiopático,
o que significa causa desconhecida. Só
acontecem aproximadamente três
casos para cada milhão de
pessoas neste país
anualmente.
Sorte minha.
— Então eu
simplesmente fico sentado, esperando a morte, ou há
algo que você pode fazer
para resolver isso?
— Eu sou médico
plantonista, Joe, e você um parente, portanto, não
posso tratá-lo. Apenas
concordei em pedir o exame de laboratório
como um favor, quando você
começou a ter fadiga e o
nariz sangrando. Mas conheço
um bom hematologista que cuidará
do seu caso.
Joe começou a
ficar com raiva. Raiva direcionada ao irmão,
que estava decidido a abandoná-lo,
o que não era muito lógico.
Mas ele não podia perceber
lógica naquele momento.
Levantando-se, começou
a andar de um lado para o outro.
— Não pode me
dizer alguma coisa sobre o que estou enfrentando, Kev,ou mamãe
e papai desperdiçaram todo
aquele dinheiro nos seus estudos?
Seu irmão
levantou as mãos com as
palmas para a frente.
— Calma, Joe.
Se ele tivesse mais energia, atravessaria a parede com
um soco.
— Tente permanecer calmo quando alguém
acaba de lhe decretar uma sentença
de morte.
— Isto não
precisa ser uma sentença de
morte. Você pode fazer um
transplante de medula óssea.
Depois de dar alguns suspiros profundos, Joe retomou seu
lugar na espreguiçadeira.
— O que isso envolve?
— Você terá
de ser submetido a um processo para destruir toda a sua medula óssea
antes do transplante. Isso envolve duas semanas de quimioterapia.
Pós-transplante, necessitará
de seis meses a um ano para se recuperar. Precisará
limitar seu contato com o público
em geral, até que seu
sistema imunológico volte ao
normal.
Além de um
grande cansaço, Joe não
se sentia tão doente.
Entretanto, não tinha
intenção de deixar que a
doença interferisse no seu
trabalho.
— De modo algum posso considerar o transplante por no
mínimo três
meses. Os campeonatos de futebol começam
em algumas semanas e tenho pelo menos dez entrevistas agendadas.
Necessito ganhar a vida.
— Não se
estiver morto.
A declaração
do irmão golpeou-o em cheio.
— Não existe
um remédio que posso tomar
para deter isso?
Kevin suspirou.
— Você pode
fazer transfusões por alguns
meses, mas isso é apenas
paliativo, não uma cura.
Mais cedo ou mais tarde terá
de fazer o transplante, a fim de sobreviver.
Pelo menos isso era algo positivo. Mas ele ainda tinha
perguntas a fazer.
— Esse transplante garante a cura?
— Nada é cem
por cento garantido, Joe. A preparação
do próprio transplante
envolve riscos. Mas se quiser arriscar uma recuperação
completa, é sua única
alternativa. Felizmente, você
tem um gêmeo idêntico,
que é uma
combinação genética
perfeita de possível doador.
Não uma opção.
Não quando ele quase não
falava com seu irmão nos
últimos anos.
— Não vou
pedir a Nick para fazer isso, e, mesmo se eu pedisse, ele não
concordaria. Dê-me outra
escolha.
— Podemos fazer testes em outros irmãos
para ver se são compatíveis,
e eu também estaria disposto
a ser testado. Ou você pode
procurar por alguém
compatível através
de registro de doadores fora do parentesco. Mas, com qualquer dessas
opções, você
está aumentando suas chances
de rejeição.
— Não posso
esperar que nenhum de vocês
vire a vida de cabeça para
baixo por mim, portanto, vou arriscar e recorrer ao cadastro de
doadores.
Kevin parecia tão
frustrado quanto Joe.
— Você está
excluindo a família, como
sempre, Joe. Não seja tão
teimoso.
— Estou sendo prático.
Praticidade sempre lhe fora útil
no que dizia respeito a mascarar suas emoções.
E, agora, suas emoções
estavam passando de fúria
para medo. Mas medo era contraproducente, e ele jurou não
se render ao sentimento.
— Não tenho
tempo para lidar com isso agora. Preciso pegar um avião
em menos de duas horas, e tenho uma entrevista daqui a
aproximadamente quatro horas. —
Qualquer coisa para afastar sua mente da notícia.
— Cancele a viagem e arranje alguém
para ir em seu lugar, Joe. Até que
vá ao hematologista e decida
um plano de tratamento, seu sistema imunológico
não pode suportar a mais
leve infecçâo. Aviões
são terrenos férteis
para infecções.
Ótimo. Ele não
somente havia sido apresentado à
perspectiva de perder sua vida, como também
podia perder seu emprego.
— Eu trabalhei duro para ser bem-sucedido na revista
para jogar tudo fora agora.
— Um pouco de rejeição
é esperada nessa situação,
mas é melhor você
começar a encarar a
realidade... e logo. Está
doente e não tem nenhuma
chance de melhorar, a não
ser que receba a atenção
médica necessária.
A mente dele queria rejeitar aquela realidade, mas seu
instinto lhe dizia que era melhor aceitar o conselho do irmão.
— Cancelarei a viagem.
— Ótimo —
disse Kevin quando ele se levantou. —
Ligarei para o hematologista e pedirei que o atenda amanhã.
Nesse ínterim, você
deveria falar com mamãe e
papai, porque vai precisar de todo apoio possível,
especialmente durante a fase da quimioterapia. É
um período duro.
Se ele contasse aos pais agora, sua mãe
imediatamente assumiria o modo superprotetor, exatamente o que fazia
desde o dia que ele nascera e fora o gêmeo
frágil. Ele preferiria
evitar aquela cena pelo máximo
de tempo possível.
— Esperarei para contar aos nossos pais até
saber exatamente o que vai acontecer em seguida.
— Certo, mas não
espere muito tempo, Joe. E há
mais uma coisa que precisa saber. Você
tem cinquenta por cento de chance de ficar estéril,
por causa da quimioterapia. Se seu relacionamento com sua namorada
está firme, precisa discutir
isso com ela. Todavia, uma vez que ela é
médica, será
capaz de ajudá-lo a
obter todas as informações.
Naquele momento, Joe estava sobrecarregado de
informações, mas uma coisa
ficara bem claro: não podia
sobrecarregar Demi com seus problemas, não
quando ela estava tão perto
de concluir seus estudos. Não
quando ele poderia não ser
capaz de dar-lhe uma coisa que ela sempre dissera que queria...
muitos filhos. Mais importante: se o tratamento falhasse, ele
não gostaria que ela o visse
morrer.
— Demi e eu rompemos a relação.
— Uma mentira, mas ele
planejava tornar isso verdadeiro, e logo.
— Lamento que não
deu certo — disse Kevin. —
E sinto muito por não tê-la
conhecido. Ouvi dizer que é
uma boa mulher.
Ela era mais do que isso. Era a melhor coisa que já
havia acontecido a Joe.
Kevin caminhou para a saída,
mas parou antes de abrir a porta.
— Eu o informarei mais tarde sobre o horário
de sua consulta. Tente descansar, e ligue se precisar de mim, mesmo
que seja só para conversar.
— Obrigado, Kev. Gostei de ouvir isso.
—Não duvido.
E mais uma coisa: é normal
estar com medo.
Quando Joe não
conseguiu dar uma resposta, seu irmão
saiu, deixando-o sozinho para planejar o que precisava fazer em
seguida, e que envolvia dar diversos telefonemas.
Ele pensou em cancelar seu vôo primeiro e contatar a
revista depois. Mas uma ligação
era prioritária sobre as
outras, e também a que ele
mais temia.
Melhor acabar logo com aquilo, antes que tivesse tempo
para reconsiderar. Foi para o escritório,
pegou o telefone, segurou o aparelho com força
por alguns segundos, antes discar o número
que o conectaria com o hospital onde Demi passava a maior parte de
seu tempo.
Depois de
diversos toques, ela cumprimentou-o com seu usual:
— Dra. Lovato.
Apenas o som da voz dela encheu-o com opressivo remorso.
— Oi, Demi. Aqui é
Joe.
— Eu não
esperava notícias suas tão
breve. Pelo que me contou esta amanhã,
pensei que estivesse a caminho de Dallas
agora. Seu voo está atrasado?
—Não. Eu
somente quis falar com você.
— Estou feliz por ter ligado. Isso me dá
a chance de me despedir de você
duas vezes num dia.
Ele queria dizer permanentemente, e isso o estava
dilacerando.
— Há uma
coisa que preciso lhe dizer.
— Está tudo
bem, Joe? Você parece
estranho.
Ele estava qualquer coisa, menos bem. Talvez nunca mais
ficasse bem.
— Ouça, Demi.
Estive pensando, e a verdade é
que minha vida está louca
no momento, e a sua também.
Decidi que é melhor nós
darmos um tempo.
Houve um silêncio
antes que ela dissesse:
— Um tempo? Ou você
quer romper a nossa relação?
Ele apresentou todas as velhas desculpas que mantinha à
mão como jeans usado.
— Está
ficando sério demais entre
nós. Não
estou pronto para firmarmos a relação,
e duvido que você esteja
também.
— Entendo: Então
este é o
famoso discurso de rompimento. Teria sido mais bonito de sua parte se
tivesse sido menos covarde e falado isso pessoalmente.
Se Joe fizesse isso, Demi sentiria que ele estava
mentindo, e talvez ele acabasse se entregando.
— Estou ocupado, Demi.
— Mas não tão
ocupado para me levar numa viagem de quatro dias num resort
uma semana atrás? —
Ela soltou uma risada amarga. —
O que foi aquilo, Joe? Uma despedida com estilo? E todas as coisas
que você disse sobre o
quanto gostava de mim? Eu nunca deveria ter acreditado em você.
Na ocasião, ele
tinha sido sincero em todas as palavras que dissera. Meu Deus, ainda
sentia tudo aquilo.
— Eu realmente gosto de você,
Demi.
— E eu o odeio por fazer isso comigo, Joe.
Ele podia sentir a tristeza na voz dela e desprezou a si
mesmo por ser o causador.
— Sinto muito. —
Uma declaração totalmente
inadequada, mas a única
coisa que ele poderia dizer.
— Também
sinto muito. Sinto por termos nos conhecido, e por você
ser um grande patife. Que Deus proteja a próxima
mulher que se envolver com você.
Quando ela desligou o telefone, Joe experimentou uma
terrível sensação
de perda que nunca conhecera. Embora ainda acreditasse que não
tinha outra alternativa, senão
abrir mão de Demi, não
pôde deixar de se questionar
se não acabara de cometer o
maior erro de sua vida.
Da vida que lhe restava.
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Oiii, muito obrigada as meninas que comentaram no meu posta anterior <3 eu espero que vocês gostem muito dessa fic, ela é bem fofa, e eu prometo postar bem rápido para compensar o tempo que eu passei sem postar aqui nesse blog.... Beijooos e comentem, quanto mais rápido comentarem, mais rápido eu postarei <3
Eu amo vocês *--*
postaaa mais! adorei o prologo
ResponderExcluirEla vai ter hot?
ResponderExcluirAí meu Deus eu simplesmente amei *--*
ResponderExcluirE to feliz que você voltou :)
Estou ansiosa pelo capítulo u.u
Posta mais :)
Fabiola Barboza :*
Posta+
ResponderExcluirChorando
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