~
Por
causa
do choro interminável
de Carly, Joe quase não
ouviu a campainha.
— Obrigada por vir, mamãe
— disse ele depois de abrir
a porta e conduzir Denise para a cozinha.
— Obrigada por me telefonar, querido. —
Ela colocou a bolsa e as chaves no balcão
e sorriu. — Estou feliz por
ajudar. Agora, deixe-me ver a menininha.
Joe entregou o bebê
para a avó e encostou-se
contra um dos armários da
cozinha para observá-las
juntas.
Felizmente a fascinação
de Carly pelo colar de pérolas
da avó fizera seu choro
cessar. Se ele soubesse que um colar acabaria com o choro da criança,
teria contatado o joalheiro local e ordenado um o mais rápido
possível.
— Ela esteve irritada durante toda a manhã
e não quis comer —
disse ele mesmo que Carly parecesse tudo menos irritada naquele
momento.
Denise não
pareceu se importar que o bebê
agarrasse as pérolas e as
enfiasse na boca.
— Ela pode estar com a dentição
despontando.
— Não é
muito cedo para os dentes? —
Cada dia surgia mais uma novidade, e Joe não
gostava que ela estivesse crescendo tão
depressa.
Denise deu um tapinha no traseiro de Carly, enquanto
caminhava em volta da cozinha.
— Seu irmão
David teve o primeiro dente aos quatro meses e a boca toda em dez
meses. Tive de desmamá-lo
mais cedo que o resto de vocês.
Quando sua mãe
moveu-se ao lado dele, Joe afastou uma mecha de cabelos da testa de
Carly.
— Ela não
parece normal hoje. Eu provavelmente reagi de forma muito exagerada,
mas é duro quando não
consigo deixá-la feliz
independentemente de todas as minhas tentativas.
Denise inclinou a cabeça
e olhou para ele por alguns momentos.
— Agora você
entende, não entende?
— Entendo o quê?
— Como é amar
alguém mais do que a si
próprio.
De alguma maneira, aquilo doía.
Mas ela estava absolutamente
certa.
— Sim, eu entendo. E imagino que essas preocupações
não vão
parar muito em breve.
— Elas nunca param, Joe. Esta é
a razão porque sou tão
cautelosa no que diz respeito a você.
Levei tempo para me recuperar quando quase o perdi no parto. E sei o
quanto você ressentiu-se
disso, tanto quando estava crescendo como mais recentemente, durante
sua doença. A qualquer hora
que uma criança sofre, os
pais também sofrem, se são
realmente pais.
Finalmente, uma admissão
de culpa da mãe dele. Mas de
algum modo Joe sentiu como se não
mais precisasse expor seu descontentamento. Ela fizera o que fizera
por amor a ele.
— Está tudo
bem, mamãe. Ser pai tem me
ajudado a compreender sua tendência
em me tratar como criança e
em preocupar-se incessantemente. Eu superei isso.
— Então você
me perdoa por sufocá-lo
constantemente com os cordões
do meu avental?
Joe sorriu, mas o sorriso rapidamente desapareceu.
Sorrir não era algo que
tinha vontade de fazer depois de sua confrontação
com Demi.
— Sim, eu a perdôo.
Conquanto que você me perdoe
por todas as vezes que errei. Aparentemente, não
aprendi com meus erros, porque os cometi novamente.
Ela colocou a palma da mão
na face dele.
— O que você
fez, meu doce rapaz?
Joe pegou Carly dos braços
da mãe e colocou-a no
balanço, depois puxou uma
cadeira da mesa do café da
manhã.
— Sente-se. Isso pode levar algum tempo. —
Depois que sua mãe se
acomodou, Joe contou o que havia transpirado entre ele e Demi três
dias atrás. Terminou com: —
Eu causei um estrago permanente no nosso relacionamento, não
contando a Demi o que ela precisava ouvir. Agora não
há esperança
para nós.
— Oh, Joe. Sempre haverá
esperança. Você
somente tem de continuar acreditando e aproveitando o tempo que ainda
tem com ela.
Carly chorou novamente, fazendo Joe tirá-la
da cadeira de balanço.
— Isso é o
que eu quero dizer, mamãe.
Ela parece estar com alguma dor.
Denise franziu o cenho e sentiu a testa de Carly.
—Aparentemente, ela não
tem febre, mas isso não
significa nada. Ouvi dizer que o vírus
de uma gripe terrível está
evoluindo. Ela pode ter pegado o vírus
na creche.
— Verdade. Mas até
agora ela não tem outro
sintoma.
— Se pegou o vírus,
você logo saberá.
E se isso acontecer, dê-lhe
a maior quantidade de líquidos
que puder. Criancinhas desidratam muito rapidamente. —
Ela olhou para seu relógio e
levantou-se. — Sinto muito
precisar correr, mas tenho uma reunião
com a diretoria da biblioteca em 15 minutos. Ficarei feliz em voltar
depois, se você quiser.
Joe levantou-se também
com Carly embrulhada seguramente nos braços.
Naquele momento, sua filha não
parecia nem um pouco aflita. Talvez um dentinho estivesse
nascendo.
— Apreciei muito seu conselho, mamãe.
— Mas ele ainda não
possuía um plano de ação
no que se referia aos seus problemas com a mãe
de sua filha. — Eu gostaria
de saber o que fazer.
— Isso é
fácil, querido. Ligue para
Demi se você ainda está
preocupado com o bebê.
Afinal de contas, ela é
pediatra.
— Eu quis dizer que não
sei o que fazer com relação
a Demi. O pensamento de vê-la
partir está me matando.
Novamente sua mãe
acariciou-lhe o rosto.
— Se eu fosse você,
começaria por lhe dar algum
espaço.
— Ela
está
bem, Joe.
***
Considerando o modo que Carly se comportava no momento,
alegre por observar seu mobile acima do berço,
chutando os pezinhos contra o colchão,
Joe tinha de concordar.
— Você não
a viu esta manhã, Demi. O
choro dela era diferente, como se alguma coisa a estivesse
machucando.
Ela voltou do berço
e o fitou.
— Eu chequei a temperatura e examinei a barriga de
Carly. Uma vez que ela não
tem nenhum outro sintoma, provavelmente sente uma pequena dor de
barriga. O cereal pode não
estar combinando com ela.
— Ela recusa qualquer cereal —
disse ele, — Tomou somente
um pouco da mamadeira esta manhã
e não quis mais nada desde
então. Na verdade, não
tem se alimentado bem nos últimos
dias.
Demi checou seu relógio.
— Passam somente alguns minutos do meio-dia. Tente lhe
dar outra mamadeira dentro de uma hora ou coisa assim.
— E se ela não
aceitar?
— Então me
ligue e verei o que fazer. —
Demi inclinou-se e beijou o rosto da filha. —Mamãe
vai voltar para o trabalho agora. Tente ser boazinha com papai.
Quando Demi saiu do quarto, Joe seguiu-a até
o hall.
— Você se
incomoda de parar por um segundo para falar comigo?
Ela virou-se e cruzou os braços
sob os seios.
— E disso que se trata, Joe? Você
me chamou em casa a fim de que pudéssemos
conversar?
Ele decidiu tentar amenizar a atmosfera usando um pouco
de seu charme.
— Você é
a melhor pediatra que conheço.
A expressão
cínica de Demi dizia que ela
não estava impressionada.
— Eu sou a única
pediatra que você
conhece. Contudo, Carly tem sua própria
médica e você
encontrará o número
dela pregado no refrigerador.
Mas estou quase certa de que sabia disso, o que me traz de volta à
primeira teoria. Seu pedido para que eu viesse até
aqui não era somente por
causa de Carly.
A tentativa de charme foi substituída
por ira.
— Se você
sinceramente acha que eu usaria nossa filha como uma peça
de jogo, então sua opinião
sobre mim é pior do que eu
pensava.
Ela esfregou as têmporas
e olhou para o chão.
— Não sei o
que pensar. Sei que Carly parece perfeitamente bem e que poderíamos
ter lidado com isso pelo telefone.
Mesmo um suspiro profundo não
fez nada para aliviar sua raiva.
— Isso lhe serviria muito bem, não
é mesmo? Sem conexão
pessoal ou coisa assim. Você
não fala comigo há
três dias, e sequer olhou
para mim agora.
Demi finalmente ergueu o olhar para ele.
— Você me
prometeu que não faria isso.
— Prometi que não
tocaria em você. O que não
significa que não podemos
ser civilizados. Talvez isso seja o que está
errado com nossa filha. Ela sente a tensão
entre nós, e não
está nada feliz com isso,
assim como eu não.
— Talvez seja apenas o calor, Joe.
Houston poderia estar sofrendo com uma onda de calor
severo nas últimas duas
semanas, mas a temperatura na casa tinha sido reduzida. Joe teria
preferido um discurso bombástico
ao silêncio de Demi.
— Talvez você
esteja inclinada a me punir pelas próximas
semanas.
Ela desviou o olhar novamente, indicando a Joe que ele
tocara na verdade.
— Eu realmente preciso ir —
disse ela. — Estamos
oferecendo exames de rotina no hospital esta tarde, e tenho de
examinar pelo menos 20 crianças.
Também preciso falar com
Macy antes de começar minhas
consultas.
... Apreensão o
assolou.
— Sobre o quê?
— Como falei noites atrás,
não me sinto confortável
morando aqui com você,
Acredito que seria melhor se levasse Carly e voltássemos
para o apartamento.
Pânico
substituiu apreensão.
— Não faça
isso, Demi. Não a tire de
mim ainda. Deixe-me ter esse tempo com ela.
— Preciso voltar ao trabalho, Joe.
—Vá em
frente! — Ele fez um gesto
impulsivo em direção ao
pequeno escritório. —
Volte para o trabalho, mas primeiro, quero deixar uma coisa bem
clara: você pode me detestar
por tanto tempo quanto quiser, e pode levar Carly para fora da casa
ou fora do estado, mas eu não
vou me afastar. Planejo estar na vida da minha filha permanentemente,
e isso significa aniversários
e formaturas e, se Deus quiser, levá-la
pela nave da igreja até o
altar. Se eu tivesse uma chance, nós
compartilharíamos tudo isso
juntos, como uma família.
Porém, uma vez que isso não
é mais uma opção,
você precisa pensar bastante
sobre como quer lidar com nosso futuro relacionamento. Qualquer
conflito entre nós vai
afetar Carly.
— Não posso
fazer isso agora, Joe. —
Ela olhou para o hall, mas antes de desaparecer de vista encarou-o e
disse: — Se você
notar qualquer sintoma a mais no bebê
e ficar preocupado, leve-a para o hospital e pergunte pela dra.
Roundtree, a chefe da pediatria. Ela me localizará.
Joe queria impedi-la de ir embora, implorar uma vez
mais, convencê-la que ele
tinha, de fato, se tornado a espécie
de homem que podia ser fiel e honesto. Queria contar-lhe novamente
que a amava. Em vez disso, deixou-a ir embota, sabendo que era apenas
uma questão de tempo até
que Demi partisse para sempre... a menos que ele pudesse encontrar um
meio de convencê-la que eles
pertenciam um ao outro. Se pelo menos tivesse uma pista de como fazer
isso.
***
A cafeteria
estava lotada tanto com funcionários
como com familiares de pacientes, todavia não
levou muito tempo para Demi localizar sua ex-colega de casa sentada
perto da janela. Não muitas
médicas residentes pareciam
supermodelos louras.
— Você tem um
minuto? — perguntou quando
chegou à mesa.
Macy ergueu os olhos do sanduíche
que estava comendo e indicou uma cadeira com a mão.
— Sente-se. Você
está com uma aparência
horrível.
Demi sentia-se horrível.
Pegou uma cadeira e uniu as mãos
à sua frente.
— Eu preciso lhe pedir um favor.
— Contanto que isso não
envolva ser babá. Você
sabe como me sinto em relação
a crianças.
— Quero me mudar de volta com Carly, se não
tiver problema para você.
Macy parecia genuinamente surpresa.
— O que aconteceu com você
e o imbecil?
Demi soltou um suspiro profundo.
— É uma longa história.
— Ele fez alguma coisa vil? Porque, se for o caso...
-—
Ela pegou uma faca de manteiga e ergueu-a como um bisturi. —
Apenas me diga aonde encontrá-lo.
— É complicado, Macy. Coisas que
eu não planejei,
aconteceram. — Fazer amor
com ele novamente. Apaixonar-se por Joe, por exemplo. Como se um dia
tivesse deixado de amá-lo. —
Agora tudo parece ter saído
do controle, e preciso me afastar dessa situação.
Macy deixou a faca de lado e recostou-se na cadeira.
— Você dormiu
com ele?
— Somente uma vez. —
E eles não tinham dormido
muito. — Na verdade, quatro
vezes em 12 horas.
Macy arregalou os olhos.
— Quatro vezes? Eu não
sabia que o homem tinha tanta energia. E também
não conhecia este seu lado.
— Não preciso
dizer que fazia muito tempo. —
Para ambos.
— E agora você
deixou todos esses sentimentos se embaralharem em confusão.
— Macy parecia bastante
desgostosa. — Eu não
lhe avisei sobre isso?
Todos os avisos do mundo não
poderiam ter impedido que os sentimentos de Demi por Joe
ressurgissem. Mesmo agora, ela ainda o amava, alguma coisa que não
ousava admitir.
— Não é
somente sexo, Macy. Poucos dias atrás,
eu soube exatamente por que ele rompeu comigo.
— Outra mulher?
— Anemia aplástica.
Macy ficou boquiaberta.
— Esta é
nova. Eu já ouvi "Um
cachorro comeu meu celular" e "Estou me mudando para a
Malásia para viver numa
cabana", mas nunca ouvi um cara inventar uma doença
como desculpa.
Sua ex-colega de casa sempre fora cética
no que dizia respeito a relacionamentos. Demi começara
a concluir que talvez Macy tivesse uma justificativa para seu
ceticismo.
— Ele não
inventou a doença. Joe foi
submetido a um transplante de medula óssea,
oito meses atrás.
— Obviamente, ele foi bem-sucedido.
— Sim. Somente que, com a quimioterapia, talvez não
possa ter...
— Mais filhos. Não
é de admirar que ele
quisesse reivindicar Carly.
—Ter mais filhos não
teria tanta importância,
para mim. Pelo menos não no
grau que Joe assumiu que teria. Mas esta é
apenas uma razão pela qual
ele escondeu a verdade de mim.
— Quais são
as outras? — perguntou
Macy.
— Ele não
quis me envolver na severidade da doença
e prejudicar a minha carreira.
Macy deu um sorriso travesso.
— Não posso
acreditar que vou dizer isso, mas minha opinião
sobre o cretino acabou de melhorar. Quem pensaria que o sujeito tinha
alguma honra? Mas não estou
entendendo por que você quer
se mudar, agora que ele se abriu.
Ela ficou surpreendida ao ouvir Macy dizer algo
favorável acerca de Joe, e
também por estar sugerindo
que Demi permanecesse na relação,
— O problema é
que ele não me contou no
minuto que me mudei com ele. E também
teve muitas oportunidades de revelar o segredo desde então.
— Mas você
não deveria levar em
consideração o fato de que
ele finalmente lhe contou? —
perguntou Macy.
Aqui vinha a parte complicada.
— Sim, mas Joe também
falou que se pudesse fazer tudo de novo ainda não
me contaria, porque o problema era dele, não
meu. E este é o ponto
crucial do assunto. Ele não
tem ideia do que um compromisso com alguém
realmente significa. No que me diz respeito, não
posso estar envolvida com alguém
que não será
aberto e franco, querendo compartilhar o que quer que a vida lance
sobre você.
Macy ficou sentada em silêncio
por um momento, parecendo pensativa.
— Não fica
enfadonho ser tão rígida
ao ponto que você não
pode ceder um pouco e aceitar que as pessoas cometam erros por boas
razões?
Certamente ela não
ouvira sua amiga corretamente.
— Não sei o
que você está
dizendo.
Macy sentou-se empertigada e cruzou os braços,
parecendo uma mãe
desaprovadora, prestes a dar um sermão.
— Vamos apenas pensar sobre isso um minuto. Ele não
lhe contou no início que
estava doente para protegê-la.
Você lhe disse que tinha um
namorado, uma mentira infame, para se proteger. E se bem me recordo,
você não
tentou arduamente entrar em contato com Joe quando descobriu que
estava grávida, o que também
me leva a acreditar que isso tinha a ver com autoproteção.
Estou no rumo certo?
Demi detestou admitir. Macy colocara alguns pontos
válidos.
— Mesmo assim, não
poso mais viver com ele. É
doloroso demais saber que talvez nós
não possamos resolver nossas
diferenças.
— Você nunca
as resolverá se desistir
agora. A menos que seu dilema envolva a recusa de Joe em ter um
compromisso verdadeiro.
— Ele quer se casar comigo. Eu simplesmente não
sinto que posso confiar que Joe ficará
por perto se sofrermos algum golpe da vida.
Macy pegou as mãos
de Demi nas suas.
—Você sabe
que a amo como meu laparoseópio
favorito, Demi. Você é
uma das médicas
melhores e mais brilhantes por aqui. Vai ser uma pediatra de alto
nível. Mas agora está
agindo de maneira tão tola
porque não pode ver o que é
certo na sua frente.
Macy realmente a chamara de tola?
— Você se
importa de explicar minha aparente falta de inteligência?
Macy ergueu o dedo indicador.
— Primeiramente, a menos que Joe venha a ser um pai de
baixa qualidade, não é
uma boa idéia que você
negue a Carly a oportunidade de ligar-se a ele. —
Ela juntou o dedo do meio ao indicador. —
Em segundo lugar, você
poderia parar e considerar por que está
realmente fugindo.
Claramente, Macy estava inclinada a dissecar os motivos
de Demi.
— Eu não
sabia que você havia mudado
de especialidade, de cirurgia para psiquiatria —
disse Demi.
— Estou apenas sendo direta, Lovato, como sempre fui.
Pelo que pude deduzir, você
está com medo de perder Joe
porque viu muitas perdas na sua vida inteira. Tanto com as crianças
que seus pais adotaram enquanto você
crescia como com as crianças
que trata sendo médica
agora. Está recusando as
possibilidades porque é mais
fácil proteger-se de novas
perdas. Mas, como dizem: "Quem não
arrisca não petisca,"
Embora Macy pudesse muito bem estar correta nisso tudo,
Demi sentia que seu coração
não poderia aceitar outra
perda se isso envolvesse Joe abandonando-a mais uma vez. Mas
concordaria com a declaração
de sua amiga sobre o relacionamento de Carly com Joe.
— Você está
certa sobre uma coisa: não
me mudarei com o bebê agora,
especialmente porque estaremos partindo para o Mississipi em poucas
semanas. Ela precisa conhecer melhor o pai no tempo que nos resta em
Houston.
— Então você
não vê
nenhuma espécie de futuro
com o pai do bebê? —
perguntou Macy.
— Não nesta
atual contingência. Não
a menos que Joe encontre um meio de me provar que está
nessa relação por longo
período.
—- Então
talvez você devesse lhe dar
uma oportunidade para provar isso. —
Macy levantou-se da mesa. —
Estou indo para uma cirurgia, mas estou feliz que tivemos esta
conversa, dra. Lovato. Boa sorte com seu dilema, mas lembre-se, dê
um tempo, essas coisas têm
um modo de se resolverem por si mesmas. Apostaria minha Harley que
alguma coisa acontecerá para
fazê-la mudar de idéia.
E quando isso acontecer, procure-me e me conte que estou certa sobre
tudo.
Quando
Carly
começou
a chorar, Joe voltou ao quarto do bebê
e tirou-a do berço.
— Ei, menininha. Sei exatamente como você
se sente.
Ele pegou uma mamadeira da cozinha e carregou sua filha
para a sala de estar, onde se acomodou numa poltrona reclinável
e tentou novamente alimentá-la.
E mais uma vez ela recusou, seu choro aumentando de volume. Joe
desistiu da batalha com a mamadeira e segurou-a contra o ombro, até
que os soluços se
transformaram em fungadas.
Pelo menos descobrira como calá-la
por um momento. Depois de alguns minutos, sentiu que ela adormecera,
e pensou em recoloca-la no
berço de forma que pudesse
voltar a trabalhar. Tinha alguns currículos
de redatores em perspectiva para examinar. Alguns artigos sobre
beisebol para analisar. Precisava surgir com um tópico
para sua próxima coluna.
Mas enquanto continuava a segurar a filha, Joe percebeu
que não havia lugar algum
que quisesse estar mais do que ali. Embora pretendesse continuar
participando da vida da filha, como dissera a Demi mais cedo, não
teria muitas oportunidades como a atual, depois de agosto. Talvez
mesmo após um ou dois dias,
se Demi resolvesse voltar para a casa que dividia com Macy.
Joe fechou os olhos e decidiu que um pequeno cochilo
compensaria sua falta de descanso das últimas
noites. Não sabia quando
pegara no sono, ou por quanto tempo tinha cochilado, mas reconheceu a
angústia de sua filha quando
Carly ficou tensa nos seus braços,
levantou as pernas para cima e liberou um choro penetrante, como nada
que ele ouvira antes.
Ele aninhou-a nos braços
e notou a cor acinzentada de sua pele o modo como o pequeno peito
subia e descia rapidamente, como se ela lutasse para respirar.
Temendo por sua filha, as palavras de Dinah soaram na
sua mente: ... não
deixe ninguém
enganá-lo em
pensar que homens não
têm instintos
no que diz respeito a seus filhos. Tudo que você
tem afazer é
seguir esses instintos...
Seus instintos gritavam que sua garotinha estava
correndo sério perigo.
***
— Você
é chamada na sala de
emergência, dra. Lovato.
Demi retirou o estetoscópio
dos ouvidos e dirigiu-se para o residente magricela do segundo ano,
parado na soleira da porta da sala de exames.
— Não estou
cobrindo à emergência
hoje, Paulo.
Ele entrou na sala e pegou a prancheta sobre o balcão.
—Eu sei, mas isto tem a ver com
sua filha. Estou aqui para assumir seu lugar.
Ou Joe entrara em pânico,
ou alguma coisa estava seriamente errada com Carly. Demi tinha um
terrível pressentimento que
a última opção
era verdadeira.
Depois de murmurar um pedido de desculpas para a mãe
do pré-escolar
que estivera examinando, Demi
saiu correndo da sala e foi para o elevador que levava à
sala de emergência. Apertou
o botão de descida diversas
vezes, e quando o elevador não
chegou imediatamente, optou por descer as escadas de dois em dois
degraus. Chegou ao primeiro andar e passou por diversos pacientes
enquanto se dirigia diretamente para a entrada dos funcionários,
digitando o código duas
vezes antes que as portas finalmente se abrissem.
Uma vez no corredor da ala de enfermagem, Demi se
aproximou da atendente sentada atrás
do balcão.
— Minha filha é
Carly Lovato Jonas. Onde ela está?
— Sala 6 —
disse a jovem, seguido por: —
Seu marido está lá
com ela agora, Dra. Lovato.
Porque o bem-estar de Carly era primordial em sua mente,
Demi não viu razão
para corrigir a declaração
da mulher sobre seu estado civil e o de Joe. Em vez disso, correu
pelo corredor e virou um canto para encontrar Alice Roundtree em pé
do lado de fora de um cubículo
com Joe. Puro medo diminuiu seus passos, fazendo seu coração
disparar violentamente.
Quando Alice a avistou, acenou-lhe.
— Aqui está
ela agora.
— Onde está
Carly? — disse Demi quando
alcançou os dois.
— A equipe médica
está trabalhando nela agora,
portanto você precisa
permanecer aqui por alguns minutos.
O gosto amargo de bílis
subiu à garganta de Demi.
— Trabalhando nela?
— É invaginação,
Demi — disse Alice.
A palavra não
era estranha para Demi, apenas inteiramente inesperada e
amedrontadora.
— Eu a deixei não
mais do que duas horas atrás,
Alice. Não posso acreditar
que errei esse diagnóstico.
Normalmente o sorriso bondoso de Alice seria
confortante, mas naquele momento pareceu tenso.
— Você
aprendeu através de seu
treino que algumas vezes é
difícil detectar uma doença
—- murmurou ela. —
Antes de tudo, essa ocorrência
é mais comum nas crianças
do sexo masculino do que nas meninas, e, em segundo lugar, é
enganosa na sua apresentação.
Sem mencionar que você
estava pensando como mãe,
não como médica.
Como médicas, nós
algumas vezes reagimos quando se refere à
saúde de nossos próprios
filhos, porque achamos inimaginável
que nossos bebês fiquem
doentes.
— Isso não é
desculpa, Alice.
— Você é
humana, Demi. E se isso a faz sentir-se melhor, quando meu filho
tinha três anos caiu de um
balanço num playground e
quebrou a clavícula. —
Ela dirigiu seu sorriso para Joe. —
Eu erroneamente presumi, uma vez que ele estava tentando subir nas
prateleiras de livros naquela noite, que ele estivesse bem. Não
tirei o raio x até o dia
seguinte e foi somente depois que ele gritou, quando eu tentei
vesti-lo naquela manhã, que
descobri que ele tinha quebrado a clavícula.
Aquilo ofereceu muito pouco consolo a Demi.
— Quando Joe me chamou em casa para examiná-la,
eu apalpei a barriguinha de Carly e não
senti nada. Ela parecia perfeitamente normal na hora.
— Novamente, esta é
a natureza dessa doença —
disse Alice.
— Alguém, por
favor, pode me explicar o que está
acontecendo com minha filha? —
pediu Joe, evidenciando estresse na expressão
facial e no tom de voz.
— Eu estava prestes a fazer isso antes de você
chegar, Demi — disse Alice.
— A menos que você
queira explicar a ele.
Todos os termos médicos
que Demi armazenara no seu cérebro,
todas as peças de
conhecimento que ganhara num curso completo de dez anos,
temporariamente desapareceram.
— Agora eu não
posso pensar, portanto, vá
em frente.
— Há uma
parte do intestino de Carly que se dobrou como um periscópio
— continuou Alice. —
Normalmente, um procedimento não
invasivo pode ser feito a fim de recolocá-lo
no lugar, mas lamento que até
agora isso não funcionou.
Vamos ter de levá-la para a
cirurgia.
Cirurgia. A palavra surgiu
como uma bomba detonada na cabeça
de Demi.
— Vocês
tentaram tudo?
Alice pousou uma mão
gentil no braço dela.
— O máximo
que estamos dispostos a tentar. Ela está
mostrando sinais de acidez no sangue, e está
em estado de semichoque, portanto, precisamos agir rapidamente.
O mundo de repente pareceu surreal, deixando Demi muda.
Quando ela oscilou levemente, Joe pôs
um braço em volta de seus
ombros, como se sentisse que ela poderia desmaiar.
— Então você
acredita que isso é
absolutamente necessário? —
perguntou ele como se estivesse pronto para assumir o controle. Demi
estava disposta a permitir que ele assumisse.
— Em minha opinião
médica, esta é
a melhor opção para Carly —
respondeu Alice. — E se
Demi estivesse tratando de alguma outra criança,
ela concordaria.
A mesma enfermeira com quem Demi falara antes de
aproximar-se deles, apareceu com um fichário
na mão.
— Aqui está o
formulário de consentimento
para a cirurgia do bebê,
dra. Roundtree.
Quando Alice deu os documentos para ela, Demi gelou. Joe
imediatamente pegou a prancheta, folheou as páginas
e rascunhou seu nome, como se sentisse a urgência
da situação.
Depois que sua mente assimilou a realidade do que estava
acontecendo, Demi disse:
— Eu quero instrumentar durante o procedimento.
— Isso não é
permitido ou aconselhável —
disse Alice.— Franklin vai
fazer a operação e ele é
o melhor cirurgião pediatra
do estado. — Novamente
voltou-se para Joe. — Um
dos benefícios de ser
afiliada a esse hospital.
Demi não se
importava se o cirurgião
geral concordaria em fazer isso, ela ainda queria estar presente.
— Ela é minha
filha, Alice. Precisa que eu...
— Seja mãe
dela, não sua médica.
Demi virou-se ao som da voz familiar vindo atrás
dela, Uma voz pertencendo a ninguém
menos do que sua ex-colega de casa.
— Como você
soube que ela estava aqui, Macy?
— Vi o nome dela no quadro de cirurgia e eu vou
instrumentar, não você.
— Mas você
não faz pediatria.
— Você está
absolutamente correta. Usualmente, eu evito isso como vestidos de
noiva. Todavia, uma vez que este é
um caso muito especial que requer atenção
muito especial, estou fazendo uma exceção.
Você pode me agradecer mais
tarde. — Ela terminou seu
comentário com seu sorriso
marca registrada.
Sem dúvida,
Demi se sentiu melhor sabendo que Macy, que carregava a reputação
de uma das cirurgias mais talentosas do hospital, estaria lá
para tomar conta de Carly. Contudo, não
se sentiria completamente tranqüila
até que aquela provação
terminasse e ela estivesse segura que seu bebê
estava bem.
— Preciso vê-la
antes que a levem.
Alice abriu a porta e olhou dentro do quarto.
— Eles estão
trazendo Carly para fora agora. Mas nós
somente temos alguns minutos.
Quando eles empurraram a maça
através da porta aberta,
Demi tomou seu lugar de um lado, enquanto Joe moveu-se para o lado
oposto. Mesmo depois de todas as vezes que ela lidara com crianças
doentes, nada se comparava com ver o tubo nasogástrico
e medicação intravenosa
invadindo o minúsculo corpo
de sua filha. Nada doía mais
do que saber que não podia
ajudar dessa vez.
— Oi, meu amorzinho, mamãe
está aqui —
murmurou Demi enquanto tocava a mão
de Carly, lutando contra as lágrimas
que se recusava a derramar até
mais tarde. Uma guerra que quase perdeu quando Joe inclinou-se sobre
a grade, beijou o rosto da filha e sussurrou:
— Papai também
está aqui, menininha. E
estarei aqui quando você acordar.
Enquanto Demi estava prestes a desmoronar, Joe parecera
confiante, forte. Todavia, ao notar agora os olhos lacrimejantes
dele, ela reconheceu que ele também
estava arrasado pela doença
da filha.
Antes que eles levassem Carly embora, Demi beijou a
pequena testa, e passou a mão
sobre os cabelinhos macios. Quando ouviu seu bebê
chorar, começou a perguntar
se poderia subir no elevador com ela, mas não
estava certa por quanto tempo mais poderia segurar-se. Em vez disso,
observou Macy acompanhando sua filha na primeira parte da jornada na
qual Demi não podia tomar
parte.
— Quanto tempo levará
a cirurgia? — Joe perguntou
a Alice quando as portas do elevador fecharam-se.
— Pelo menos uma hora. Até
então, tudo que vocês
podem fazer é esperar.
~
Oii, a fic esta acabando, só tem mais um capitulo e um epilogo!! comentem e beijoos <3
Gentem.. que aflição! O.o tadinha da Carly. tomara que isso sirva prabque Joe e Demi se reconciliem de uma vez... Cap perfeito, Mari..
ResponderExcluirKisses!
To berrando!!! Ajsjsj aincaralho que dó da Carly nabsj ai vo chorar
ResponderExcluirPosta+
ResponderExcluir