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Ele já
estava de pé às seis, em um raro dia de folga. Ele tinha caixas para abrir, e
uma cozinha para pintar, mas, em vez disso, Joe caminhava pela rua com as
chaves do carro de Demi na mão. Ele daria uma olhada no carro, iria correr na
praia, e depois resolveria o problema das caixas. Joe abriu a garagem e, depois
de ligar a ignição, o carro começou a funcionar, fazendo um barulho enorme.
Então, não era a bateria.
As oito, ele
telefonou para o mecânico.
— Você quer
meu conselho? — O mecânico olhou para o que dificilmente poderia ser
chamado de motor e franziu o cenho.
— Não. — Joe
fez uma careta. — Só conserte o carro, coloque-o em condições de
rodar, por favor.
— Os
pneus estão carecas...
— Compre
uns decentes, de segunda mão — Joe disse, porque em contraste com
aquela pilha de ferro-velho, quatro pneus novinhos chamariam muita atenção.
Levou o dia
inteiro, mas por volta das seis ele voltou ao hospital para devolver as chaves
para ela.
— Como
Willow está? — ele perguntou a ela.
— Um
pouco melhor, obrigada. — Demi parecia completamente esgotada. O
cabelo dela precisava ser lavado, e havia grandes manchas negras sob seus
olhos, como se ela tivesse passado delineador e esfregado os olhos em seguida,
só que ela não usava maquiagem havia semanas. — O resultado da primeira
cultura de sangue deve sair logo, mas ela está sem febre desde a hora do
almoço.
— E
quanto à gasometria? — ele inquiriu.
— Está melhor. — Ela
sacudiu a cabeça, confusa. Demi não estava pensando como enfermeira, mas como
mãe, ouvindo os médicos e a equipe da terapia intensiva. — Ela vai
ficar no oxigênio...
Ele queria
mais informações, queria falar com o neonatologista, ver os raios-X do bebê e
os resultados dos exames de sangue com os próprios olhos.
— Eles
me deixaram segurá-la — ela disse a ele, trêmula.
— Isso é uma
boa notícia.
— Minha
mãe está com ela agora.
Tudo o que
ele podia fazer era levá-la até a cantina e comprar-lhe um chocolate
quente e um pouco de cereal da máquina, e foi apenas quando ele lhe entregou
as chaves do carro que Demi se lembrou do que ele estava fazendo ali. Ele não
estava ali para saber notícias de Willow, na verdade.
— O que
havia de errado com o carro? — Ela quis saber.
— Precisava
de uma bateria nova. — E de uma ignição nova, e discos e pastilhas de
freio, e amortecedores, e... mas ele preferiu não entrar em detalhes.
— Quanto
custou? Tem um caixa eletrônico aqui no hospital — ela disse.
— Não
foi muito caro. Nós podemos resolver isso quando Willow melhorar — Joe
disse tranquilamente. Com um bebê tão doente, Demi precisava de um carro
que funcionasse imediatamente, o tempo todo, Joe disse a si mesmo. E ele estava
investindo na própria sanidade também, pensou. Pelo menos ele não seria mais
acordado às duas da manhã... Não que ele tivesse se importado, na verdade.
Com toda a
honestidade, ele teria detestado descobrir, no dia seguinte e por outra pessoa,
o que havia acontecido.
Ele mal
havia dormido nas últimas 24 horas, mas, apesar disso, sua mente parecia
muito clara, de repente.
Demi
precisava de um amigo, um amigo verdadeiro, e talvez ele pudesse ser esse amigo
por enquanto, talvez ele pudesse ajudá-la, pelo menos até Willow ir para
casa.
— Eu
estive pensando — Joe disse. — Quando Willow melhorar, que tal
tirarmos um dia de folga?
— Onde? — ela
perguntou.
— Podemos
ir velejar — Joe sugeriu, mas ela imediatamente sacudiu a cabeça.
— E se
acontecer alguma coisa? Levaria muito tempo para chegarmos aqui — ela
protestou, ansiosa.
— Nós
não vamos cruzar o Equador, vamos apenas dar um passeio na baía! Nós poderíamos
ir almoçar.
— Eu
não acho uma boa ideia, mas obrigada, de qualquer forma. — Ela
sacudiu a cabeça.
— Não
diga não — Joe disse.— Pense no assunto. Ela não pensou no
assunto.
Havia muitas
outras coisas no que pensar.
Enquanto
Willow se recuperava do que acabara sendo um caso grave de pneumonia, e
começava a ganhar peso regularmente, o dia de receber alta ficava cada vez
mais perto. O leite de Demi havia por fim secado completamente, e para seu
desgosto, Willow estava agora tomando a mamadeira, mas pelo menos aquilo lhe
proporcionava um pouco mais de liberdade, e significava que ela podia voltar
para casa de vez em quando, e até mesmo ir ao médico sozinha!
— Demi?
Joe passou
por ela ao atravessar o corredor da entrada principal. Entre a multidão, as
cafeterias e a loja de presentes, lá estava Demi, branca como papel e
perdida em seu próprio mundo.
— Demi... — Ele
bateu de leve no ombro dela, para chamar-lhe a atenção. — Está tudo
bem?
Ela fez um
esforço visível para se concentrar.
— Tudo
bem — ela respondeu, finalmente.
— Willow?
— Ela
está bem — disse Demi, sem dar os detalhes usuais das últimas
semanas. Normalmente, ela descrevia cada progresso, e Joe viu-a umedecer os
lábios secos.
— E
você?
— Eu
estou um pouco enjoada — ela admitiu. — Eu ia comprar
alguma coisa para beber, mas a fila está enorme.
— Vá se
sentar. Eu vou buscar uma bebida para você. — O simples fato de ela
não ter protestado disse a Joe que ela não estava mesmo se sentindo bem.
Claro que
havia uma fila na cafeteria, mas ele podia ser bem arrogante de vez em quando e
simplesmente a ignorou, indo diretamente para frente e apanhando duas garrafas
de água e uma de suco... oh, e um bolinho.
— Aqui
está. — Ele colocou as coisas na mesa, e Demi tomou um grande gole de água.
— Como
você conseguiu ser atendido tão rápido? Eu já tinha desistido.
— Vantagens
do emprego. — Joe piscou para ela. — Eu trouxe alguma coisa
para você comer, caso esteja com fome.
Demi franziu
o nariz.
— Quanto
eu lhe devo? — Ela vasculhou a bolsa, procurando algum dinheiro, mas
Joe sacudiu a cabeça.
— Não
seja boba.
— Coloque
na minha conta! — Demi disse, e se inclinou para a frente,
descansando a cabeça no braço por um instante, e deixando tudo passar, o
barulho, o movimento do hospital, a luz das janelas, tudo, menos a voz
preocupada de Joe.
— Será que
eu devia tomar o seu pulso? — ele provocou, gentilmente, para
esconder a preocupação real.
— Não.
— Você não
está sendo uma companhia muito boa hoje. — Ele levantou a testa
dela um pouco, viu seu rosto pálido, e deitou-lhe a cabeça de volta no
antebraço.
— Eles
me disseram para esperar meia hora... — Ele ouviu a voz abafada dela
responder. — Eu deveria ter ouvido.
— Será que
eu devia pedir uma maca na emergência? — ele perguntou, divertido.
— Por
favor, não! — Ela sentou-se lentamente, e deu um sorriso fraco.
— Melhor
agora?
— Melhor. — Ela
expirou pesadamente. — Já é a segunda vez que você me
salva de passar vergonha.
— Um
parto não é motivo para ter vergonha — ele observou.
— No
meio da rua, com uma multidão em volta?
— Tudo
bem. — Ele sorriu. — Então, podia ter sido embaraçoso...
se eu não tivesse conseguido levar você para a relativa privacidade do
que agora é o meu jardim! E talvez também fosse embaraçoso desmaiar
na frente da loja de presentes. Mas o que aconteceu, para você se sentir
mal assim?
— Acabei
de fazer o exame pós-natal.
— Oh. — Ele
era médico, então, por que suas orelhas estavam ficando vermelhas? Ele poderia
entrar na sala de convivência da emergência naquele exato minuto, em meio a um
grupo de enfermeiras que não iriam interromper a conversa só porque ele
estava presente.
— Ele
sugeriu que eu colocasse um DIU, para o caso improvável de eu querer retomar a
minha atividade sexual nos próximos cinco anos!
Ela
realmente o fazia rir, mesmo das coisas mais estranhas.
— Você vai
querer, mais cedo ou mais tarde — ele disse.
— Eu
duvido! — Ela deu outro gole grande na garrafa de água, e então
beliscou o bolinho. — Me parece muito barulho por nada, para dizer a verdade...
bem, "nada" não seria a palavra exata — ela observou. — Uma
briga em família, um bebê na unidade de terapia intensiva... — Ela
interrompeu a lista de desgraças, ele não estaria interessado em nada daquilo,
especialmente quando ela chegasse à parte em que o pai de Willow não
queria conhecê-la. — De qualquer modo, ele também sugeriu que eu me
deitasse por meia hora depois do exame.
— E é claro
que você não ouviu — ele disse, um pouco severamente.
— Eu
estava me sentindo bem — Demi respondeu.
— Bem,
escute o médico da próxima vez — ele ordenou. A cor estava voltando
para os lábios dela agora, e para seu rosto. Tinha sido agradável sentar e
conversar, mas ela havia estado longe por um bom tempo, e queria voltar para
dar a mamadeira para Willow.
— Eu
preciso voltar para a unidade de terapia intensiva... — Ela ainda
estava um pouco pálida.
— Talvez
fosse melhor você esperar mais uns dez minutos — ele sugeriu.
E ela
provavelmente teria esperado, mas o pager que ela usava disparou, alertando-a
que Willow estava acordada e pronta para mamar.
— Eu
preciso ir.
— Eu
acompanho você — Joe ofereceu, ainda preocupado com a cor dela.
Eles andaram
juntos pelos corredores para o elevador, e Joe a acompanhou até a entrada
da unidade de terapia intensiva, e quando eles chegaram, Demi ficou nervosa de
repente.
— Você quer
entrar? — Era uma oferta aparentemente tão casual. — Você vai
notar uma grande diferença nela...
— Eu
adoraria — Joe disse, e ela pode ouvir o "mas" antes mesmo
que ele dissesse a palavra, sabia que iria ouvi-la antes de ser pronunciada. — Mas
eu realmente preciso voltar para a emergência. Outra hora, talvez?
— Claro. — Ela
não o compreendia, simplesmente não conseguia compreendê-lo, Ele parecia gostar
da companhia dela, estava sempre por perto quando ela precisava, e ainda assim, às
vezes, tudo o que ele queria era se afastar dela! — Ei... — Ele
se virou. —Você pensou sobre aquele passeio de barco comigo?
— Eu
acho que não vai dar — Demi recusou. — Eles estão dizendo
que Willow pode estar pronta para receber alta na próxima segunda-feira, e eu
tenho muita coisa para organizar.
— Bem,
eu estou de folga neste final de semana — disse Joe. — Então,
a oferta está de pé... qualquer coisa, me avise.
***
Ela estava
pronta.
Bem, tão
pronta quanto era possível! Todas as roupinhas novas de bebê haviam sido
lavadas com sabão neutro, havia fraldas e lenços umedecidos e mamadeiras e
leite em pó, o bercinho que Joe havia montado, e que Demi havia forrado
com pequenas mantas. Tudo o que faltava agora era Willow, e ela chegaria amanhã.
As enfermeiras tinham praticamente empurrado Demi para fora, insistindo para
que ela passasse um dia em casa, e sugerindo enfaticamente que ela não voltasse
antes da manhã seguinte, que ela aproveitasse uma última noite de
sono sem interrupção, enquanto podia.
Os pais
dela, tendo-a ajudado a se instalar, haviam voltado para casa, e sem nada para
fazer, Demi havia decidido descer a rua para comprar uma revista, com a
intenção de sentar-se na praia para ler. Na verdade, aquela era a desculpa que
ela havia para passar pela casa nova de Joe!
Era
estranho, estar do lado de fora, ao ar livre, estranho, estar caminhando ao sol
da tarde, em vez de ficar de vigília no berçário. Mas as enfermeiras não tinham
lhe dado opção, e ela decidiu aproveitar.
Ela estava
vestindo shorts jeans e uma blusa branca de amarrar no pescoço, roupas de antes
da gravidez que na verdade estavam um pouco grandes para ela agora. Ela
calçava sandálias de couro vermelho, e a sensação do sol a bater-lhe nas
pernas era deliciosa, era delicioso andar pela rua, embora ela tivesse a
impressão de que esquecera alguma coisa, e checava o telefone constantemente
para ver se o hospital havia ligado e ela não havia ouvido, ou vasculhava a
bolsa para verificar se trouxera as chaves. Para ela, já era completamente
anormal estar ali sem Willow.
Mesmo assim,
o mundo havia continuado a girar muito bem sem ela. As árvores estavam
carregadas de flores, a baía estava azul e brilhava no horizonte, e lá estava
Joe, com seu novo barco preso ao para choques de seu carro.
— Lindo — Demi
comentou, andando em volta do barco e inspecionando o novo bebê dele. — Lindo
mesmo.
— Eu
acho que estou apaixonado. — Joe sorriu, passando a mão pelo novo
brinquedo de forma afetuosa, e Demi só pôde rir. — Como está Willow?
— Muito
bem. Ela parece uma verdadeira fraude: está saudável demais para
permanecer no hospital.
— Tudo
pronto para amanhã? — ele perguntou.
— Mais
pronto do que nunca.
— Você vai
ficar muito bem — ele disse, para incentivá-la.
— Então,
você vai velejar? — Ela não iria pedir para ir com ele, Demi
decidiu, mas se ele a convidasse novamente...
— Eu
acabei de voltar — Joe disse. — Eu saí com um amigo,
ainda não estou muito seguro para velejar sozinho.
— Oh,
não! — Demi concordou, sorrindo, mas seu coração se apertou um
pouquinho, percebendo que havia, literalmente, perdido a chance com ele. — A
rampa não é o lugar certo para praticar.
— Bem,
eu ainda sou um novato, mas é bom velejar de novo. Eu havia esquecido
como é bom.
— Há outra
rampa de partida perto do riacho — Demi disse — caso você queira
sair com o barco sozinho. Provavelmente, ela é a menos movimentada
por aqui, e você não vai atrapalhar os outros.
— Você já fez
isso antes, então? — ele perguntou, curioso.
— O tempo
todo — Demi disse, com um sorrisinho prepotente. — Bem,
quando papai e eu ainda nos falávamos, eu costumava ir pescar com ele.
— Você? — Joe
levantou as sobrancelhas. — Pescando?
— Não,
sonhando — disse Demi. — Mas estou "pescando''
agora...
Levou um
segundo para Joe entender o que ela queria dizer, e quando entendeu, ele
sorriu.
— Vamos,
então.
Era a tarde
perfeita para velejar com um barco novo, a baía estava calma, com pouquíssimo
vento. Para um iniciante, ele fez um trabalho bem decente, dando ré com o
carro para encaixar o barco na rampa, e saindo para lidar com o barco enquanto
Demi assumia o volante, exatamente como ela fazia quando saía com o pai.
Depois de estacionar o carro, ela caminhou até a água, e Joe segurou
sua mão enquanto ela subia no barco. O motor novo começou a funcionar, e ela
estava muito feliz por ter aceitado o convite, muito feliz, enquanto Joe manobrava
o barco, de sentir a brisa em seus cabelos e simplesmente respirar novamente,
depois daquelas últimas semanas.
Joe
observava, enquanto lentamente ela relaxava.
Ela havia
perdido muito peso desde o nascimento de Willow, e vendo a silhueta esguia dela
aparecer, ele percebeu o quanto ela estivera doente, e provavelmente desde o
dia em que ele a conhecera. Muito tempo passado no hospital, tanto como paciente
quanto cuidando de Willow, havia deixado Demi com uma cor pálida, nada
saudável. Mesmo assim, o ar do oceano estava trazendo de volta um pouco de vida
ao rosto dela, e quando ela não checou o telefone durante dez minutos seguidos,
Joe soube que finalmente, mesmo que por pouco tempo, a Demi de antes estava de
volta.
Eles pararam
um pouco e Joe serviu a comida que eles haviam comprado durante uma parada
rápida na delicatessen. A distância, Melbourne tinha um brilho dourado,
iluminada pelo sol do final da tarde. Willow estava indo para casa amanhã, e
tudo estava certo no mundo, mesmo que às vezes as coisas parecessem
diferentes.
— Assustada
a respeito de amanhã? — Joe perguntou.
— Assustada,
mas pronta — Demi admitiu.
— Você vai
ser uma ótima mãe — disse Joe.
— É
melhor que eu seja... — Demi sorriu. — Ela estará em
casa em poucas horas.
Ele
desembrulhou galinha ao molho de estragão e maionese, que estava tão deliciosa
quanto da primeira vez em que eles haviam compartilhado aquela refeição,
acompanhada de água mineral com gás. Para Demi, era uma grande felicidade
simplesmente fazer uma pausa, fugir um pouco antes que sua vida mudasse mais
uma vez, no dia seguinte.
— Você tem
como buscá-la, está tudo resolvido? — Joe verificou.
— Papai
e mamãe estão chegando — Demi informou. — Apareça lá em
casa à tarde, se você quiser, eu convidei alguns amigos, e nós
vamos fazer um churrasco.
— Você não
deveria ir devagar nos primeiros dias? — Joe perguntou, em dúvida.
— Esse é o
plano — Demi disse, com uma fagulha de sua antiga verve. — Eu
vou me livrar de todos de uma só vez!
Eles
poderiam ter ido para casa depois do jantar, mas não foram. Joe estava
brincando de marinheiro, enquanto Demi ficava deitada no convés do pequeno
barco, os pés apoiados nas bordas, e escutava o som calmante das ondas. Ela não
se lembrava de relaxar assim desde o nascimento de Willow, desde antes de
Willow nascer, talvez, na verdade, ela jamais houvesse relaxado assim na vida.
Quando ela
abriu os olhos para dizer isso a Joe, de repente não se sentiu mais relaxada.
Porque ele a estava observando, simplesmente sentado quieto, olhando para ela.
Quando os olhos de Demi se abriram, ele não desviou os seus, apenas continuou
olhando, e ela olhou para ele de volta, para aqueles olhos verdes
contraditórios, que ao mesmo tempo procuravam por ela e resistiam a ela. Eles
olharam um para o outro em silêncio, revivendo aquele primeiro e único
beijo em suas mentes, e aquilo tudo só serviu para confundi-la, porque
naquele segundo ela teve certeza de que, sem Willow, haveria amor entre eles.
Sem Willow.
Era uma hipótese
impossível, que ela jamais desejaria imaginar. Ela viu algo brilhar nos olhos
dele, e poderia ter sido o vento ou o ofuscar do sol, ou poderia ter sido uma
lágrima, porque havia arrependimento gravado nas feições dele, e arrependimento
misturado com raiva nas dela,
Porque sem
Willow, eles seriam meros colegas, agora.
Sem Willow,
ela jamais teria ido morar do outro lado da rua dele.
Não podia
haver "sem Willow", e não poderia haver "Joe e Demi".
— O
momento não poderia ser pior, não é? — Ela não estava
brincando, e não estava dando um tiro no escuro a respeito dos sentimentos
dele, porque ali, na água, quando estavam apenas os dois juntos, sem
passado, sem futuro, apenas aquele momento no tempo, não havia a menor
possibilidade de um dos dois negar o que estava acontecendo.
— É verdade — Joe
disse, e não teve que continuar, ele havia colocado as cartas na mesa desde o
começo.
— Então,
eu não estou louca, nem imaginando coisas?
— Você não
está ficando louca... — Ele tocou no cabelo dela, apenas
segurando um cacho nos dedos, e como ele gostaria de contar tudo a ela, de
explicar, mas de que jeito? O alerta de Heath ecoava em seus ouvidos. Aquele
era o dia de folga dela, quando ela não deveria estar se preocupando com nada,
e ele não queria estragar tudo com a dor dele, não podia obrigar aquela jovem
mãe a carregar o peso dos seus medos por ela, por aquela criança.
— Eu
simplesmente não posso. — Aquilo tinha que ser suficiente.
— Eu
sei.
— Eu
disse a você, desde o começo.
— Você me
disse.
— Ainda
podemos ser amigos? — Joe perguntou, e a resposta dela foi a mesma
que estava gritando em sua própria mente.
— Eu
não sei.
Talvez
aquele fosse o último beijo deles, mas foi o mais doce de toda a vida dela.
Ele abaixou
a cabeça e encostou os lábios nos dela, e se homens de verdade não choram,
então, o grupo excluía Joe, porque ela sentiu a umidade dos cílios dele em seu
rosto quando ele a beijou. Foi o mais suave dos beijos, mas estava tão
misturado com arrependimento e amor, que a lembrança ficaria com ela para
sempre.
Ela não
precisou pedir a ele que a levasse para casa depois, ele simplesmente ligou o
motor do barco. Enquanto Joe dirigia, Demi colocou óculos escuros enormes
e tentou não chorar. A viagem para casa não foi nem agradável nem desastrosa,
e nem aconteceram outros beijos.
— Você quer
entrar? — ela ofereceu, quando ele estacionou em frente à casa
dela. Ela sabia exatamente o que estava oferecendo, sabia por que o ar estava
tão pesado com desejo, que não poderia haver dúvidas na cabeça de nenhum dos
dois.
— Demi... — As
articulações da mão dele estavam brancas, por causa da força com que ele
segurava o volante. — Vá para dentro.
— Só esta
noite — ela pediu. Ela queria um beijo de verdade, de despedida, ela
queria mais, e estava tentando convencer a si mesma de que
conseguiria lidar com a manhã seguinte. Rejeição era certamente a especialidade
dela: e ela odiava isso, agora.
— Boa
noite, Demi — ele respondeu.
Tadinha chotando aki ! Mais 1 hj por favoe
ResponderExcluirContinua...... não creio que ele vai embora...... posta logo....
ResponderExcluirAaah
ResponderExcluirposta maiis..
nao me deixa assim...
Maiiis
ResponderExcluirUau..... será que ele vai deixar essa oportunidade passar.... postaaaaaaa .m
ResponderExcluirCade o capítulooo?
ResponderExcluir