25.10.14

Um Pequeno Milagre - Capítulo 12


~

— Joe Jonas.

Ela não ouviu o telefone tocar, apenas a voz de Joe quando ele o atendeu.

— Belinda Hamilton está de plantão neste final de semana. Não, eu a vi, ela estava no hospital mais cedo. — Ela sentiu os lençóis se movendo, Joe levantando da cama, ouviu o som do chuveiro ligado antes que a conversa estivesse terminada, e dois minutos depois, Joe, ainda molhado do banho, estava ao lado dela, vestindo os jeans.

— Eu preciso ir ao hospital.

— Algum problema?

— Talvez, Belinda não está atendendo às chamadas. — Ele a beijou e aquilo a confortou, mas de forma quase sin­cronizada, no momento em que ele saiu, as horas de sono dela terminaram, porque Willow acordou. Demi desceu as escadas e preparou uma mamadeira para a menina, e então a colocou na cama para alimentá-la. Foi a mamada noturna mais fácil da vida de Willow, a mamadeira estava vazia em poucos minutos, e ela adormeceu novamente. Willow mere­cia um abraço por ser uma menina tão boa, pensou Demi, e arrumou os travesseiros, aconchegando-se à filha e deter­minadamente ignorando a voz de sua mãe em sua cabeça, que lhe dizia que ela não deveria deitar-se na cama com o bebê.

E foi aquela cena que Joe encontrou quando voltou para casa. Depois de lidar com o problema no trabalho, ele passara no posto de gasolina, comprara suprimentos e estava pronto para cair na cama de novo. Durante o caminho de volta, tudo havia parecido lógico, e ele se sentira tão seguro. Ele havia ido até a casa de Belinda. Certo de que ela estava em casa, ele havia esmurrado a porta, e sentira uma pontada de medo, o mesmo medo que sentira quando chegara à casa e encontrara Jen. A casa silenciosa, e uma sensação horrível de que algo estava errado.

— Belinda! — ele gritara. — Eu vou chamar a polícia se você não abrir a porta.

— Desculpe! — A porta se abriu, e ele viu que os olhos dela estavam inchados de tanto chorar. — Eu não posso ir trabalhar.

— O que aconteceu? — ele perguntou, espantado.

— Você pode cobrir por mim hoje?

— Claro.

— Você pode ligar para a recepção do hospital e pedir a eles que avisem a você, se houver algum problema?

— Vou fazer isso agora — Joe disse, impedindo que ela fechasse a porta, quando ela tentou dispensá-lo. — Belinda, o que está havendo?

— Infecção intestinal.

— Não me venha com essa! — ele exclamou.

— Por favor, Joe.

Não era da conta dele. Desde que ela estivesse bem, era o que importava, mas o coração dele ainda estava acelerado quando ele entrou em casa, o gosto metálico do medo perma­necia em sua boca, e ele tomou um copo de água e mais outro antes de subir as escadas.

E então ele viu as duas na cama, enrascadas como duas gatinhas, dormindo tão tranquilamente, tão perfeitas e ino­centes. Mas ele havia se reconectado com o passado naque­la noite, havia sentido o gosto do medo novamente ao bater à porta de Belinda, e talvez aquele, Joe decidiu, tivesse sido o sinal que ele pedira a Jen. Talvez aquilo tivesse sido um aviso.

Demi se mexeu, acordou, e viu Joe sentado na beirada da cama.

— Como estão as coisas?

— Movimentadas. Eu tive que resolver algumas pendên­cias, já que eles não conseguiram encontrar Belinda.

— Isso não é típico dela — Demi comentou, franzindo a testa. — Você acha que ela está bem?

— Ela está bem — disse Joe. — Bem, não exatamente. Eu passei pelo apartamento dela no caminho de volta. Ela disse que está com infecção intestinal, mas eu acho que... — Ele não terminou. A vida pessoal de Belinda só dizia respeito a ela, e não devia ser comentada. — Não importa.

Demi sentiu que havia acabado de ser relegada a um se­gundo plano, sabia, embora fosse algo quase indefinível, que o que ela mais temia, perder o que acabara de encontrar, já havia acontecido.

— Eu vou colocar Willow de volta no carrinho. — Ela pen­sou que Joe iria pegar o bebê no colo, mas ele não o fez, então Demi levantou da cama e foi para o quarto de hóspedes, onde acomodou a filha no carrinho. Como Willow acordou e come­çou a resmungar, ela levou o carrinho de volta para o quarto de Joe, e encostou-o em um dos cantos enquanto ele se despia e ia para a cama.

Ela levou alguns minutos para acalmar Willow, e quando ela voltou para a cama, Joe estava dormindo. Ou fingia dormir.

Ela ficou olhando para as chaves e para o telefone dele, e para o pequeno embrulho de papel do posto de gasolina, saben­do o que ele continha e percebendo que eles não precisariam.

E ficou pensando no que poderia ter acontecido para mudar tanto as coisas em tão pouco tempo. Ela disse a si mesma que estava imaginando coisas, que estava exagerando.

Talvez ele estivesse mesmo dormindo, e não apenas fingin­do. A vista da cama era mágica, e deveria tê-la acalmado, quando ela se deitou ao lado dele, mas não acalmou.

Eles haviam concordado em ir devagar, jantares e encon­tros, e o sexo certamente não havia sido um problema. Mesmo inexperiente como era, Demi sabia com certeza que o que havia compartilhado com Joe era muito mais do que ela ja­mais esperara ou imaginara. Então, o que estava acontecendo de errado entre eles?

Embora agir de forma fria e sofisticada não fosse exata­mente o seu forte, embora ela quisesse abraçá-lo, acordá-lo com o beijo que o corpo dela exigia que ela lhe desse, rolar na cama macia e sentir os braços dele ao redor dela, Demi resis­tiu à tentação.

Aquilo era importante demais para julgar mal. Então, ela levantou da cama, com relutância, e verificou como estava Willow, ainda adormecida, antes de aproveitar o momento de paz para tomar um banho, porque se permanecesse deitada certamente quebraria àquele silêncio tenso.

Ele ficou deitado, imóvel, à beira de tomar uma decisão. Joe sabia que ela estava acordada, sabia que ela estava espe­rando por ele, sabia que a noite passada a havia deixado con­fusa. Ele estava confuso, também.

Com Willow no quarto, ele não conseguira pregar o olho. Não eram as pequenas fungadas da menina que o mantinham acordado, era o silêncio que o atormentava.

Ele atravessou o quarto, verificou se ela ainda estava res­pirando, e é claro que estava. De fato, quando ele olhou para Willow, ela imediatamente abriu os olhos e sorriu para ele.

Mas Joe lutou para retribuir o sorriso. Em vez disso, ele tentou voltar para a cama, mas ela o tinha visto agora, e estava começando a chorar.

Deus, ele esperava que Demi não demorasse muito no banho. Joe desceu as escadas, fez café para os dois e preparou a mamadeira de Willow, rangendo os dentes quando o choro dela ficou mais forte, e imaginando se Demi já teria saído do chuveiro quando ele voltasse para o quarto.

Esperando que ela tivesse saído.

Ele voltou para o quarto, e colocou a mamadeira e as xíca­ras em uma mesinha, tentando ouvir por detrás da porta do banheiro, ele percebeu que o chuveiro ainda estava ligado. Será que ela não estava ouvindo Willow chorar?

Certamente que estava!

Joe olhou para o carrinho, pegou a chupeta do bebê e colo­cou-a em sua boca, mas Willow cuspiu-a, revoltada, com os olhos fixos nele, as lágrimas escorrendo, como se estivesse pedindo a ele para pegá-la no colo. E ele tentou, dizendo a si mesmo para fingir que estava no trabalho, onde ele operava no piloto automático, mas não estava funcionando.

Ele queria pegá-la no colo, e até mesmo colocou as mãos no carrinho, pronto para fazê-lo... mas se afastou, e tentou ba­lançar o carrinho em vez de segurar o bebê, rezando para Demi sair do chuveiro e vir acalmar a filha.

De que diabos ele tinha tanto medo?

Irritado consigo mesmo, Joe andou pelo quarto. Ele iria até lá, pegaria o bebê no colo, e acabaria logo com aquilo. Foi então que ele ouviu o bip do telefone de Demi.

Dean

Ele não leu a mensagem, mas sentiu um arrepio, como uma sombra, como um grande pássaro preto no céu, que pudesse, num voo rasante, tirá-las dele a qualquer momento...

— Willow! — Ainda molhada, enrolada em uma toalha, Demi correu para o carrinho, pegando a filha no colo, sentin­do seu rostinho quente e vermelho e voltando os olhos acusa­dores para ele. — Ela estava soluçando!

— Eu ia bater à porta e chamar você — ele disse, patetica­mente.

— Bater? — Demi olhou para ele, de boca aberta. — Você nem pensou em pegá-la no colo?

— Eu estava fazendo café — Joe disse, na defensiva. — E a mamadeira dela.

O que parecia bastante lógico e razoável, percebeu Demi, mas bebês não eram nem lógicos, nem razoáveis, e Willow precisava de colo.

— Você pode segurá-la para mim? — A voz de Demi tra­zia uma ponta de desafio. — Eu preciso me vestir...

— Eu preciso tomar banho e me vestir também — Joe mentiu. — O hospital acabou de ligar, eu preciso ir trabalhar.

— Joe... — Para alguém normalmente tão emotiva, a voz de Demi estava assustadoramente calma. —Eu não estou pedindo a você que a alimente nem que a troque, eu estou pe­dindo a você para segurar Willow por dois minutos.

— Desculpe. — Ele sacudiu a cabeça. — Eu tenho que me arrumar.

— Joe? — Ela não conseguia acreditar, não conseguia acreditar na maneira com que ele estava agindo.— Eu não estou lhe pedindo que...

— Olhe — Joe interrompeu — ela não é minha... — Ele não terminou, sua boca se fechou, antes que aquela manhã se tornasse um pesadelo, mas Demi terminou por ele.

— Não é sua o quê? Não é problema seu? — Ele não quise­ra dizer aquilo, mas era mais fácil concordar do que explicar. — Deus. — Demi deu uma risada seca. — Eu realmente sei escolher cretinos, não é?

Joe não respondeu, e ela continuou:

— O que exatamente você queria dizer com ir devagar, Joe? Que quando ela fosse para a faculdade nós poderíamos ir morar juntos? — ela disse, sarcasticamente.

— O pai de Willow acabou de mandar uma mensagem...

— Não ponha a culpa disso nele! — Demi retrucou. — Você está estranho comigo desde a noite passada. — Quando ele não respondeu, ela perguntou novamente: — O que você queria dizer com ir devagar, Joe?

— Eu não sei.

Ela olhou para a filha, a pessoa mais importante do mundo para ela, e soube o que precisava fazer.

— Eu não vou fazê-la passar por isso. — Willow estava co­meçando a choramingar. O colo de sua mãe era um lugar bom, mas seria ainda melhor com a mamadeira. — Eu deveria ter ouvido você desde o começo. Você não quer filhos, e eu tenho um bebê. — O telefone dela fez outro bip, e Demi rangeu os dentes. Que diabos Dean poderia querer?

— É melhor você ver o que o pai dela quer! — Joe já esta­va perdendo a paciência. Ela estava certa, Willow merecia coi­sa melhor do que ele, e a única forma de aquilo acontecer era terminar tudo, terminar de verdade. — Afinal, ela é responsa­bilidade dele.

— Correção! — Demi cuspiu, odiando-o demais naquele momento para chorar. — Ela é minha responsabilidade. Ele não respondeu, simplesmente foi para o chuveiro.

— Você pode até ficar feliz de se livrar de mim e de Willow, Joe — ela gritou para as costas dele. — Mas não faz ideia do que acabou de perder. — Ele fechou a porta atrás de si e soube, porque conhecia Demi, que ela teria partido quando ele saís­se do banho, que ela não ficaria ali para discutir. Ele ligou o chuveiro no máximo e rezou para que ela fosse embora logo, porque apesar da água abafar o som do choro de Willow, não abafaria o som do choro dele.

Não era Willow o problema dele.

Ele se sentou no chão do chuveiro e segurou a cabeça entre as mãos.

O problema era a sua própria filha.
***


Era uma dor como Demi jamais havia experimentado.

À rejeição não era somente a ela, ela podia lidar com isso, já havia lidado com isso no passado, e poderia lidar novamente agora. Era a rejeição a Willow que a machucava, uma dor tão aguda quanto a de uma ferroada, mas que não desaparecia.

Seria aquele o preço da maternidade? Que o homem de seus sonhos pudesse sé afastar dela tão facilmente? Bem, que fosse assim, então.
***

— Quanto tempo você vai demorar? — Sua mãe estava para­da à porta, segurando Willow no colo.

— Eu não sei — Demi estourou. Depois de semanas in­sistindo para que Demi falasse com o pai de Willow, agora que o momento chegara, sua mãe estava exigindo prazos! Será que ela não percebia o quanto aquilo era difícil? — Tem mamadeiras prontas na geladeira.

— Você vai voltar para buscar Willow, não vai? — Aquilo nem sequer merecia resposta, e Demi rangeu os dentes. — Talvez você devesse levá-la...

— Mãe! — Não era um estouro desta vez, mas um pedido para que ela parasse de se preocupar, de interferir... e então, Demi entendeu, teve a resposta da pergunta com que lutava havia semanas, não, meses, agora. Sete semanas como mãe, e Demi estava começando a compreender como as coisas funcionavam, aquela preocupação interminável, dolorida, duraria mais do que a gravidez, mais do que os primeiros dias ou meses. Ela estava condenada, para a vida inteira, a sentir aquele temor pela filha, da mesma forma que ocorria com sua própria mãe. E quando sua voz voltou, estava mais gentil, mais razoável, mais amistosa, até. — Eu não vou desfilar com Willow na frente dele, ele nem se­quer pediu para vê-la. Eu só vou ver o que ele quer.

— O que você quer?

— Eu não sei — Demi admitiu. — Algum tipo de pai para Willow, eu suponho...

— E se ele a quiser de volta? — Era a primeira conversa real que elas tinham em anos, e Demi estava finalmente pronta para responder honestamente.

— Ele me perdeu há muito tempo, mãe. Eu só vou me en­contrar com ele pelo bem de Willow.

— Tenha cuidado — Rita disse, e Demi assentiu.

— Não se preo... — As palavras morreram em seus lábios, e Demi sorriu. — Tudo bem, preocupe-se à vontade, mas você realmente não precisa. O que quer que ele tenha a dizer, Willow e eu vamos ficar bem.
***


Olhando para ele novamente, Demi se sentiu mais velha, e talvez, possivelmente, um pouco mais sábia.

Não havia mais nada daquele pico de adrenalina que ela sentira, como aluna, a cada vez que ele entrava na sala de aula, ela não enrubesceu quando ele falou, nem esperou ansiosa por cada palavra dele, Querendo ou não, ela havia verdadeiramen­te amadurecido, e podia ver Dean exatamente como ele era agora: uma triste caricatura de homem, que havia abusado da ingenuidade dela, que havia tirado vantagem da paixão perfei­tamente normal que ela sentira, quando era ele quem deveria ter pensado melhor.

As regras existiam por um motivo.

Foi um encontro muito rápido, e nem um pouco agradável. Ele queria certificar-se de que sua vida perfeita não estava para acabar, e de que Demi não iria, de repente, mudar de ideia e bater na porta dele, uma certeza que ela ficou bem feliz de dar a ele!

— O que você vai dizer a Willow? — ele perguntou, des­confiado.

— A verdade — Demi olhou para ele, friamente. — Pro­vavelmente, uma versão mais positiva. Eu vou omitir a parte em que você se ofereceu para pagar por um aborto, mas ela vai crescer sabendo a verdade. E quando ela tiver idade suficiente, o que ela vai fazer com essa verdade será decisão dela, Dean.

E então, não havia mais nada a dizer, absolutamente nada, è ela não se importava mais.

Demi se levantou e saiu da cafeteria, respirou fundo, e respirou fundo de novo. Até que finalmente ela se acalmou, e conseguiu deixar Dean no passado, de uma vez por todas. Ela colocou um pé na frente do outro, e repetiu o processo, continuou a colocar um pé na frente do outro, e percebeu que estava andando.
Caminhando e prosseguindo com o resto de sua vida.
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Aqui, meus amores <3333 Estão gostando msm da fic ♥ Ela já está bem no finzinho, esse é o penúltimo capítulo... Comentem para o próximo! Beijos, amo vcs ♥
Bruna.

8 comentários:

  1. Posta o outroutro hj pf, preciso saber oq esse idiota do Joe vai fazer kkkk

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  2. Joe mto idiota, serio, q raiva dele
    Posta outro please

    -Nathalia-

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  3. Que vontade de dar uns tapas nesse Joe. Ai que raiva...... posta.....

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  4. Penultimo??
    Como assimm?
    Postaa maais *-*

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  5. Tadinho, ele passou por uma barra sozinho, é difícil pra ele tbém. Ela vai entender quando souber a história. Tem segunda temporada?

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  6. To morrendo ja esperando o outro haha

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  7. Joe é muito idiota msm
    Posta o outro please

    -Nathalia-

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