22.10.14

Um Pequeno Milagre - Capítulo 8


~
Joe foi visitar Demi enquanto ela ainda estava internada, e ocasionalmente a via na cantina, e parava para conversar um pouco e saber como ela e Willow estavam indo.

E ela estava indo muita bem.

Demi via progressos todos os dias.

E não apenas com Willow. O gelo estava derretendo entre ela e sua mãe, também. Ela fazia uma visita dia sim, dia não, inicialmente com o pretexto de ver a neta, depois para levar suprimentos para Demi, e finalmente, apenas para levar um presente.

Também foi Rita quem mostrou ser uma improvável fonte de conforto, quando o leite de Demi começou a diminuir de repente.

— Quanto mais você se estressar com isso, pior vai ficar. — Rita disse firmemente, enquanto Demi chorava, usando a bomba para tirar o leite do seio que tanto detestava. Mas com apenas três semanas, Willow mamava muito pouco no seio da mãe antes de ficar exausta, e tinha que receber a alimentação por meio de um pequeno tubo, que ia de sua boca até seu estô­mago. Demi estava lutando para produzir leite suficiente, e odiava a sala asséptica onde sentava por horas, para produzir apenas uns poucos mililitros.

— É importante que ela receba o meu leite. — Demi ran­gia os dentes. O especialista em lactação havia dito aquilo a ela.

— É mais importante que ela se alimente. — Rita se recu­sou a recuar, ela estava cansada da pressão que a filha estava sofrendo, e frustrada por causa de Demi. — Eu também não pude amamentar você, Demi. Eu tive que começar a dar a mamadeira quando você só tinha quatro dias.

— E olhe só para mim agora.

Ela estava sobrecarregada, sentada ali, chorando frequente­mente, os nervos à flor da pele, olheiras escuras e profundas por causa das mamadas a cada duas horas, falida, e ainda por cima, mãe solteira. Aquela era, na verdade, a sua primeira vaga tentativa de brincar com a mãe nos últimos tempos, e por um momento Rita não entendeu. Então, ao abrir a boca para con­tinuar com o sermão, a ficha caiu, ela olhou nos olhos da filha e começou a rir, e Demi também.

— Você se deu muito bem — Rita disse, quando as garga­lhadas diminuíram e as lágrimas, que nunca demoravam mui­to a chegar naqueles dias, enchiam os olhos de Demi. Aque­la era a coisa mais amável que sua mãe lhe dizia em muito, muito tempo. — Vá almoçar. — Rita apanhou a mamadeira com a quantidade pequena de leite, colou um rótulo com o nome de Willow e colocou-a na geladeira. — Eu termino tudo por aqui. Vá relaxar um pouco.

Mas Demi não conseguia relaxar.

Demi preferia muito mais a rotina segura que ela mesma havia estabelecido. Vivendo na pequena área reservada para as mães, ela estava feliz com seu quarto espartano, e as noites que passava conversando com outras mães ansiosas. Seus dias eram preenchidos amamentando Willow ou retirando leite, ga­nhando mais autoconfiança com a filha sob o olhar vigilante da enfermeira, e demorando horas para escolher o que comer no cardápio que recebia uma vez por dia. Mas de vez em quan­do, sua mãe insistia para que ela fosse "relaxar". E Demi detestava aquilo.

Não havia muita coisa para fazer.

Chamar os jardins do hospital assim era um grande exage­ro, o estoque dos caramelos preferidos de Demi na lojinha de presentes acabara havia tempo, e ela já tinha lido cada uma das revistas disponíveis pelo menos duas vezes. Ela havia ido visitar o setor de emergência algumas vezes, mas parecia sem­pre chegar na hora errada, o departamento estava constante­mente cheio e as pessoas, ocupadas, e ela ficava sentada, sen­tindo-se estranha e sozinha, na sala de convivência. Mas, acima de tudo, ela detestava a cantina, onde o melhor meio de se autodescrever era "quase, mas não exatamente".

Quase uma funcionária do hospital.

Quase uma paciente.

Quase uma mãe.

Mas ela não usava uniforme.

Não tinha uma pulseirinha de identificação no braço.

E nem um bebê no colo.

E o que era pior, suas colegas, quando estavam presentes, a chamavam para comer com elas, e depois de alguns minutos falando sobre o progresso de Willow, Demi ficava sentada, brincando com o iogurte, ouvindo Deb tagarelar sobre o fim de semana louco que tivera, e Meg resmungar sobre estar de plantão durante as noites seguintes,

E então ela o viu.

Empurrando a bandeja pelo buffet enquanto escolhia o que comer no almoço, e Belinda estava a seu lado, vestindo uma saia preta justa e sapatos de salto agulha vermelhos, seus ca­chos negros caindo-lhe pelas costas enquanto ela ria de algu­ma coisa que ele estava dizendo, e Demi sentiu algo se aper­tando dentro dela.

Belinda era tão glamorosa, tão sensual e confiante, e inte­ligente, e tão... tão mais adequada para Joe. Demi tinha cer­teza de que se eles não estavam juntos ainda, era uma questão de tempo.

— Demi! — Ela estava tão imersa em seus pensamentos, que não percebeu que suas colegas já estavam deixando a mesa. — Você nos ouviu? — Meg riu da distração dela. — Precisamos voltar ao trabalho, apareça por lá qualquer hora.

— Está bem.

— E eu tenho certeza de que você ainda não está pensan­do nisso, mas quando se sentir pronta, venha conversar co­migo. Tente não deixar passar muito tempo antes de voltar a trabalhar...

— Não deixarei. — Ela se despediu e ficou sentada ali, sozinha, feliz em ter um tempo só para ela. Belinda e Joe não se aproximariam. As secretárias normalmente não sentavam com as enfermeiras, bem, na sala de convivência elas o fa­ziam, claro, mas não na cantina. Meg a perturbara, claro que era muito cedo para pensar em voltar ao trabalho, mas em al­guns meses, aquilo era exatamente o que ela teria que fazer, e era algo impossível de imaginar, naquele momento.

— Como vai você? — Demi ficou levemente espantada com o calor na voz de Belinda, e ainda mais surpresa quando ela colocou a bandeja na mesa e se juntou a ela. — Como vai Willow?

— Maravilhosa. — Demi enrubesceu um pouco, quando Joe também se juntou a elas.

— Você tem alguma ideia de quando vai poder voltar pra casa? — Belinda perguntou.

— Em uma ou duas semanas — Demi disse — se ela continuar indo bem. — Mas ela havia acabado de perder sua plateia, Belinda se desculpou para ir atender ao telefone, e de repente Demi e Joe estavam sozinhos.

— Você estará começando a mudança, nessa época. — Demi forçou a mente a pensar em algo diferente de Willow.

— Mais algumas poucas semanas, e você vai poder se mudar para a casa nova.

— Na verdade, eu estou me mudando neste final de semana — disse Joe. — O proprietário ficou bem feliz com um acor­do rápido, e eu estou pronto para me mudar.

— Oh... — Ela estava mexendo um pote vazio de iogurte com uma colherinha. — Eu ia voltar para casa por algumas horas no domingo, as enfermeiras estão insistindo para eu tirar uma noite de folga... eu estava pensando em fazer uma visita e agradecer a você por tudo...

— Eu não estarei mais lá — Joe disse, e fez uma pausa —, mas é claro que estou por perto, no final da rua.

Só que as coisas eram bem diferentes.

Eles eram amigos, mas principalmente por causa da proxi­midade, e embora ela não quisesse depender de Joe, nem de ninguém na verdade, ela se sentia um tanto confortada em sa­ber que ele estava a apenas algumas portas de distância.

— Você tem o número do meu telefone? — Joe perguntou. Demi sacudiu a cabeça, e ele anotou o número em um car­tão. — Aqui está. — Ele entregou o cartão a ela. — Ligue, se precisar de alguma coisa.

— Obrigada. — Ela guardou o cartão no bolso enquanto Belinda voltava para a mesa, mas ambos sabiam que ela não o usa­ria. Oh, eles ainda iriam parar para conversar, talvez, se ela esti­vesse caminhando na praia, mas não haveria mais visitas, nada de jantares em frente da televisão. Ele estava se mudando, e ela também tinha que seguir em frente, ela era mãe agora, o que, ele próprio havia admitido, a colocava fora do alcance de Joe.

Belinda disse alguma coisa que o fez rir, e eles tentaram incluí-la na conversa, mas não adiantou. Ela não lia um jornal havia se­manas, e não estava exatamente a par das últimas notícias, não havia ido a lugar nenhum, com exceção da unidade de terapia intensiva, o que significava que ela não fazia a menor ideia da existência do novo restaurante de frutos do mar sobre o qual Belinda tagarelava. Ela estava tão por fora de tudo, que era como se estivesse assistindo a um filme estrangeiro, Demi estava ocupa­da demais lendo as legendas para entender as piadas, e terminava rindo tarde demais. Quando finalmente ela conseguia entender o que estava sendo dito, eles já haviam mudado de assunto.

— Eu preciso voltar... — ela quase acrescentou "para alimen­tar Willow", mas aquele era um detalhe do qual eles não precisa­vam. O foco inteiro de sua vida seria apenas um fato sem impor­tância para a conversa deles. — Boa sorte com a mudança.

— Obrigado.
***


Era um alívio para Joe se mudar.

Estar longe dela, mesmo que fosse apenas no final da rua, o fazia sentir-se seguro. Não haveria visitas, nada de ouvir o bebê chorando ao passar pela casa dela.

Demi o havia afetado demais.

Desde o primeiro momento em que ele a vira na praia, ela o enfeitiçara, e de vez em quando, com ela por perto, de alguma forma ele esquecia suas próprias regras. Mas ao fechar a porta de sua unidade pela última vez, ele sentiu algo parecido com uma dor, quase uma onda de saudade das semanas que ele pas­sara ali, apesar dos vizinhos briguentos e da falta de ar-condicionado. Não havia sido de todo ruim, Joe pensou ao apanhar seus girassóis, que agora estavam quase da altura de seus om­bros, e colocá-los na caçamba da caminhonete que ele alugara, junto com o resto de seus pertences.

Ele quase pudera chamar aquele lugar de lar.
***

— Eu sinto muito por incomodar você... — Joe acordou ime­diatamente, mas como era apenas sua primeira noite na casa nova, ele teve dificuldades para encontrar o interruptor. Ele podia ouvir o pânico na voz dela, e começou a procurar seus jeans no minuto em que atendeu ao telefone. — Meu carro não quer pegar, e não consigo apanhar um táxi, já faz mais de uma hora...

— Espere do lado de fora — Joe instruiu, sem perguntar qual era o problema, porque certamente havia um problema, Demi jamais telefonaria para ele às duas horas da manhã se não fosse o caso. — Estou indo.

Acostumado a se vestir depressa por causa das emergências no hospital, ele estava de jeans, camiseta e tênis em menos de um minuto. Mais dois minutos e seu carro estava fora da gara­gem e descia a rua, e ela estava lá, do lado de fora das unida­des, esperando por ele.

Ela havia emagrecido tanto. Mesmo naqueles últimos dias, o peso parecia ter se esvaído dela, e ela estava branca como papel, iluminada pelos faróis do carro. Ele abriu a porta do veículo e ela entrou imediatamente.

— Obrigada. Você vai se arrepender de ter me dado o seu número — ela arfou.

— De jeito nenhum, estou feliz por você ter ligado. — Ele podia ver que ela estava tentando não chorar, tentando ficar calma, e ele não a pressionou com perguntas, simplesmente conti­nuou dirigindo e esperou que ela lhe contasse o que quisesse.

— O carro não queria pegar — Demi explicou. — Eu acho que é a bateria.

— Não se preocupe com isso agora.

— Eles disseram que ela teve duas crises de apneia... elas não aconteciam há algum tempo.

— Certo... — Ele esqueceu de sinalizar na rotatória, e xin­gou a si mesmo quando um carro buzinou furiosamente, que diabos, ele fazia este percurso quase todas as noites, quando o hospital o chamava. Ele tinha que se concentrar.

— A temperatura dela está alta também, e eles estão fazen­do exames de sangue... — ele não respondeu, apenas olhou para a estrada, enquanto ela falava nervosamente. — Eu pedi a eles que me ligassem... — Ela engoliu em seco, e conseguiu prosseguir: — Quero dizer, eu disse a eles que me ligassem se qualquer coisa acontecesse. Então, talvez não seja tão grave...

Ele duvidava.

Apesar de tentar não se preocupar com Demi, Joe estava preocupado. Ele a havia visto brincando com o iogurte, tinha percebido a dramática perda de peso dela, seu nervosismo, e ela praticamente havia dito a ele que as enfermeiras haviam insistido para que ela tirasse uma noite de folga, portanto elas não iriam telefonar para ela no meio da noite por nada.

— Ela estava indo tão bem! — Demi insistiu, embora ele não estivesse discutindo com ela. — Eu não a teria deixado, de outra forma.

Deus, quando o medo iria passar?, Demi perguntou a si mesma. Quando ela deixaria de viver em constante preocu­pação?

Passar pelo primeiro trimestre.

Passar pelas primeiras trinta semanas.

Controlar a pressão.

Sobreviver a um parto infernal.

Passar por aquelas primeiras e terríveis semanas na unidade de terapia intensiva.

A perna dela estava balançando para cima e para baixo.

Quando aquilo iria parar? Quando ela conseguiria viver sem medo?

Eles haviam chegado ao hospital, e ele poderia apenas tê-la deixado lá, mas obviamente ele não o fez, então, eles estacio­naram na vaga do médico da emergência e ele usou seu cartão magnético para entrar pela porta dos fundos, sem ter que pas­sar pelo setor de emergência.

— Como ela está? — Demi estava tremendo demais, en­quanto passava pelo ritual de lavar as mãos. A sala era bastan­te iluminada, mesmo durante a noite, mas alguns dos bercinhos estavam cobertos com mantas, para simular o horário noturno.

Mas não o de Willow.

Ela parecia ter mais tubos e pessoas ao seu redor do que na noite depois de seu nascimento, e Demi ficou feliz quan­do a enfermeira-chefe veio diretamente até ela para dar as notícias.

— Ela está estável, Demi. — A voz dela era amável, mas firme, e o braço de Joe ao redor de Demi ajudava, aquela força ao lado dela enquanto ela processava as notícias. — Willow nos preocupou um pouco há algumas horas, ela teve uma crise de apneia, o quê não é algo anormal por aqui, mas ela não tinha uma dessas havia tempo, e depois ela teve outra, e começou a ter dificuldade para respirar. Nós fizemos uma gasometria, e a colocamos de volta no respirador, e o neonatologista fez alguns exames de sangue...

— Ela está com alguma infecção?

— Há alguns pontos escuros no raio-X dela — a enfermei­ra-chefe respondeu —, e nós a colocamos em antibióticos.

Eles estavam caminhando em direção ao bercinho dela, e Demi sentiu o coração apertar ao ver Willow, aparentemente de volta para o começo, cheia de tubos e agulhas, e lutando tanto para respirar.

Tudo o que Joe queria fazer era dar meia-volta e sair cor­rendo dali, mas em vez disso, ele ficou de pé com o braço em volta de Demi, observando as máquinas, em vez de olhar para o bebê. A cada acontecimento, ele era puxado para mais perto, arrastado para um mundo ao qual não queria pertencer.

— Ela estava indo tão bem... — Demi soluçou quando a viu, seu único alívio era o fato de que Bron, sua enfermeira favorita, era quem estava cuidando da menina. — Ela ia ser transferida para o berçário na semana que vem...

— É só uma recaída — a enfermeira-chefe disse, firme­mente. — Lembre-se de quando você chegou aqui na unida­de, e nós explicamos que estes pequeninos têm altos e baixos. Bem, Willow estava indo excepcionalmente bem... — E ela continuou a falar sobre montanhas-russas e todo o resto do jargão que Demi já estava cansada de ouvir, e que havia ousado pensar que pudesse ter deixado para trás. Tudo o que ela sentia agora era que havia voltado para o começo, espe­cialmente quando lhe disseram que não poderia pegar Willow no colo.

— Segure a mãozinha dela, por enquanto — disse Bron. — Nós estamos tentando mantê-la quietinha. E ela teve que se contentar com aquilo.

— Heath está chegando, agora. Você já o conheceu — disse Bron.

— Ele não é o médico dela — Demi observou.

— Não, ele é o clínico de plantão esta noite. Vá sentar-se na sala dos pais, e eu vou pedir a ele para ir conversar com você.

— Você é o pai? — Heath perguntou a Joe quando entrou na sala.

— Não, sou só um amigo — Joe explicou. Então, eles per­ceberam que Heath não estava mais prestando atenção neles, quando a enfermeira-chefe o chamou com urgência de volta à área dos bercinhos. Demi só conseguiu sentir um alívio car­regado de culpa, ao ver que o problema não era com Willow, mas com o pequenino no bercinho ao lado.

— Você não é só um amigo. — Demi olhou para Joe. — Não existe a palavra "só" quando se trata de você.

Joe tentou não analisar aquele comentário demais, era mais uma daquelas coisas... ela estava provavelmente grata pela ajuda dele naquela noite, e nas últimas semanas, e sem dúvida estava feliz por não ter que passar aquela noite infernal sozi­nha, até porque não seria Demi, na verdade, que iria enfren­tar o pior.

A espera para falar com Heath pareceu interminável, e ela não podia ir até Willow porque, além de estar cuidando dela, a equipe estava prestando atendimento intensivo para a crianci­nha no bercinho ao lado. Joe achava que seu trabalho era uma agonia de vez em quando, mas quando os pais do outro bebê chegaram, pálidos, chocados e visivelmente aterrorizados, ele não quisera estar no lugar de Heath ou da enfermeira-chefe nem por um milhão de dólares. Ao contrário de Demi, eles tiveram permissão para segurar o filho imediatamente.

Porque já era tarde demais.
***

— Nós estamos preocupados com Demi — disse Heath.

Joe havia permanecido ao lado de Demi até Heath termi­nar de explicar tudo a respeito dos raios-X e exames de sangue de Willow, e fez todas as perguntas que Demi estava pertur­bada demais para formular, mas que certamente se arrepende­ria de não ter feito, mais tarde. Até que, finalmente, ela foi le­vada para sentar-se ao lado de Willow.

— Eu não sou o pai da Willow — Joe interrompeu.

— Namorado?

— Não. — Joe sacudiu a cabeça.

— Sinto muito. — Heath franziu a testa. — Bron me disse que você havia vindo até aqui algumas vezes, durante a noite, para ver Willow.

Pela primeira vez em toda a sua vida adulta, Joe estava che­gando perto de enrubescer, ele se sentia como se tivesse sido apanhado fazendo alguma coisa errada. Oh, ele fora até lá algu­mas vezes, mas nunca quando Demi estava por perto. Ele só queria ver, com os próprios olhos, como o bebê estava indo.

Obviamente, as pessoas haviam percebido!

— Eu sou um dos médicos do hospital. — Joe limpou a garganta, sentindo-se desconfortável. — E como eu disse an­tes, Demi é minha amiga. Eu venho até aqui de vez em quan­do para ver como o bebê está. Fui eu quem fez o parto...

— Entendo. — Mas obviamente, ele não entendia.

— Você disse que estava preocupado com ela? — Joe pressionou.

— Olhe, eu achei que você era o namorado dela. Sinto mui­to, o erro foi meu. Foi uma longa noite —disse Heath.

Joe percebeu que, se quisesse, poderia simplesmente se le­vantar e ir embora, ignorar a leve indiscrição, dizer boa noite para Demi e cair na cama pelo que restava da noite. Mas ele não quis fazer aquilo.

— Nós somos muito amigos — Joe disse. — Se eu puder ajudar, de qualquer forma...

— Ela precisa descansar. Foi uma coincidência excepcionalmente infeliz Willow ter ficado doente exatamente na noite em que nós a persuadimos a ir para casa. E com àquele bebê morrendo no bercinho ao lado, ela está hipervigilante, agora — Heath explicou. — Isso é comum em mães na situação dela, mas infelizmente, esta noite não ajudou em nada.

— O que eu posso fazer? — Joe perguntou.

— Não é algo que se resolva da noite para o dia — disse Heath, levantando-se e apertando a mão de Joe, antes de vol­tar para a unidade. — Ela precisa de apoio constante, precisa ser encorajada a descansar de vez em quando, assim que Willow melhorar, é claro.

O que significava um envolvimento maior ainda com mãe e filha, e isso era algo que Joe definitivamente não queria. Então, ele ofereceu a Demi mais praticidade, ao desejar boa noite a ela.

— Dê-me suas chaves. Vou resolver o problema do carro para você.

— Pode deixar que eu resolvo amanhã — ela disse.

— Demi. — Ele não iria discutir, nem debater o assunto. — Você precisa que o seu carro funcione, pelo bem de Willow. Então, me dê as chaves, e se for a bateria eu vou levá-la na oficina para que ela seja recarregada ou substituída, e se for outra coisa... — Ele viu os olhos dela se fecharem, em deses­pero, ao ver os problemas aumentando ainda mais. Ele queria arrancá-la dali, salvá-la da maré que avançava, mas estava com medo demais.

Medo de amá-la.

Só que, de certa forma, ele já a amava.

O problema não era Demi.
Era Willow.
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Heeeeeeeeey! Postando mais esse hj pq vcs são uns amores <3 Comentem bastante para o próximo! Beijos, Bruna.

8 comentários:

  1. MMaratona urgenteee, mereço depois de estar a 00:00 chorando lendo uma fic kkkk bjoos Lele

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  2. Socorro não tem como não amar mais, queria que Joe tivesse pego a Willow, sinto tanta pena da Demi, estou acabada por ela...
    Sam, xoxo

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  3. Aaaah :'(:'(:'(:'(:'(:'( posta mais. Daz maratona por favor !

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    1. Maratona por favor!!! Tadinha da Demi e da Willow... continua please!!!!

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  4. Tadinha da Willow
    Quero mais, posta outro please

    -Nathalia-

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