6.10.14

Keeping Her - Capitulo 1


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JOE

O alarme tocou muito cedo.

Eu bati para silenciá-lo, e então fui ao alcance da Demi. Encontrei apenas lençóis amarrotados e espaço vazio. Minhas pálpebras pareciam estar presas para baixo por sacos de areia, mas me sentei e os mantive abertos. 

Minha voz estava rouca pelo sono quando a chamei.

— Amor? Cadê você? 

Alguma coisa fez barulho na cozinha em resposta. Sentei, o cansaço se foi com a constatação de que a Demi estava de pé. E ela estava cozinhando. 

Isso não poderia ser um bom sinal. 

Joguei as cobertas, e o ar frio da manhã agrediu minha pele nua. Vesti as calças do pijama e uma camiseta antes de caminhar pelo corredor até a cozinha.

— Demi?

Outro barulho.

Um murmúrio de um palavrão.

Então eu virei o pelo corredor e entrei em uma zona de guerra.

Seus olhos arregalados encontraram os meus. Seu rosto, seu cabelo, nossa pequena cozinha estava coberta de farinha. Algum tipo de massa estava manchado sua bochecha e as bancadas.

— Amor?

— Estou fazendo panquecas. 

Ela disse isso de um jeito que parecia com o “não fui eu” quando se está preso sob a mira da arma de um policial. Eu abaixei os meus olhos para tentar não rir, só para ser devastado pelas pernas nuas aparecendo para fora da enorme camisa que ela usava. Minha camisa.  Merda. 

Eu amei suas pernas desde a primeira vez que as vi quando a ajudava com uma queimadura que ela tinha recebido em minha moto. Eles me levaram à loucura tanto agora quanto naquela época. 

Eu poderia ter estudado durante horas a forma de suas coxas e do jeito que elas se estendiam em direção aos quadris. Eu poderia ter sido arrastado pelo sentimento de posse que cresceu em mim ao vê-la vestida com minhas roupas. Havia dezenas de coisas que eu queria fazer naquele momento, mas um cheiro irritante fez meu nariz coçar, e algumas mechas de fumaça começaram a rodear a Demi vindas do fogão em suas costas.  Eu alcancei a panela, onde encontrei uma massa de alguma coisa preta e deformada.  Tirei a panela do fogão, e ouvi um rápido sopro na respiração da Demi atrás de mim.

Outro mau sinal. 

Tão rápido quanto pude, joguei a "panqueca" no lixo, e coloquei a panela na pia. Eu disse:

— Por que não saímos para tomar café?

Demi sorriu, mas eram um daqueles chorosos, oscilantes tipos de sorrisos que fariam todo cara querer correr para as montanhas. Eu estava bem acostumado com as malucas pirações da Demi. Mas chorar. . . isso ainda era um território terrivelmente desconhecido.

Ela desabou em uma cadeira próxima, e bateu a cabeça na mesa. Eu fiquei ali, abrindo e fechando as mãos, tentando decidir o melhor rumo a tomar. Ela virou a cabeça para o lado, pressionando seu rosto contra a mesa, e me olhou. Seu cabelo preso em todas as direções, o seu lábio inferior sofrendo em seus dentes e o olhar em seus olhos, mexeu com algo no meu peito. Como um formigamento no meu coração. Tudo que eu sabia era que algo estava errado, e eu queria consertar. “Como” era a questão. 

Eu fui para frente e me ajoelhei ao lado de sua cadeira. Seus olhos estavam vermelhos e sua pele estava mais pálida do que o normal. Eu perguntei: 

— Há quanto tempo você está acordada?

Ela deu de ombros. 

— Desde as quatro. Talvez perto das três. 

Suspirei e levei a mão até seu cabelo rebelde. 

— Demi...

— Eu li, lavei um pouco as roupas e limpei a cozinha — ela olhou ao redor — estava limpa. Eu juro. 

Eu ri e me inclinei para pressionar um beijo em sua testa. Puxei outra cadeira e sentei do lado dela. Abaixei minha cabeça do lado da dela, mas ela fechou os olhos e virou a cabeça para o outro lado. Ela disse:

— Não olha pra mim. Estou uma horrorosa. 

Eu não ia deixar ela se safar assim. Deslizei um braço por baixo de seus joelhos e a puxei para meu colo. Ela choramingou meu nome e então enterrou sua cabeça em meu pescoço. Eu segurei seu queixo e a fiz olhar em meus olhos. Não poderia ser coincidência que isso estava acontecendo no dia que a gente deveria ir para Londres conhecer meus pais. Ela tem sido extraordinariamente calma sobre isso até agora. 

— Tudo vai ficar bem, amor. Eu prometo. 

— E se ela me odiar?

Então era esse o motivo. Minha mãe. A Demi mal conseguia aguentar a sua mãe arrogante; e parecia cruel que o universo achou correto de nos dar duas. Mas eu estava bem mais preocupado com o que a Demi iria pensar do que com o que minha mãe iria pensar. A Demi era honesta, doce e ingênua, e minha família... bem, não tanto. 

Eu forcei um sorriso e disse:

— Impossível.

— Joe, eu por acaso ouvi suficientes ligações com sua mãe para saber que ela é muito... opinativa. Eu seria estúpida de não me preocupar com o que ela irá pensar de mim. 

— Você seria estúpida de pensar que qualquer coisa que minha mãe poderia dizer iria ter importância. 

E não teria importância pra mim. Mas teria para a Demi. Tarde da noite quando nosso apartamento estava em silêncio, a imagem da minha mãe como uma predadora e a Demi como a presa, viviam surgindo na minha cabeça. Uma semana. Nós só precisaríamos sobreviver uma semana. Eu acariciei meu polegar em seu queixo e acrescentei:

— Eu amo você.

Tanto que me assustava. E eu não me assusto fácil. 

— Eu sei... eu só...

— ... queria que ela gostasse de você. Eu sei. E ela vai. — Por favor, Deus, faça com que minha mãe goste dela. — Ela vai gostar de você porque eu te amo. Ela pode ser um pouco desgastante, mas como qualquer mãe ela quer me ver feliz. 

Ou pelo menos eu esperava que fosse assim que ela enxergaria as coisas. 

O queixo da Demi inclinou-se um pouco, trazendo seus lábios para perto dos meus. Eu senti sua respiração sobre minha boca e meu corpo reagiu quase que instantaneamente. Minha coluna se endireitou, e eu fiquei intensamente consciente de suas pernas nuas envolta do meu colo. Ela disse:

— E você está? Feliz?

Deus! Às vezes eu queria dar uma sacudida nela. De tantas maneiras, ela superou suas piores inseguranças, mas em momentos de estresse elas pareciam vir à tona. Melhor do que desperdiçar meu tempo respondendo, fiquei de pé com ela embalada em meus braços, e fui para o corredor. 

— O que você está fazendo? — Ela perguntou.

Eu parei por um momento para pressionar um beijo forte em sua boca. Seus dedos se enrolaram em meu pescoço, mas eu me afastei antes que ela me distraísse de mostrar meu argumento. 

— Estou te mostrando como eu estou feliz. 

Acotovelei a porta do banheiro para abri-la e passei pela cortina do chuveiro. A Demi deu um gritinho e segurou forte no meu pescoço enquanto eu abria o chuveiro com ela ainda em meus braços. Ela levantou a sobrancelha, um sorriso malicioso aparecendo eu sua boca. 

 — Nosso chuveiro te faz feliz?

— Você me faz feliz. Nosso chuveiro apenas serve pra muitas coisas. 

— Como você é responsável. 

Eu tirei uma mancha de massa de panqueca de suas bochechas e sorri.

— É, essa é a palavra. 

Coloquei-a de pé, mas seus braços ficaram enfiados em meu pescoço. Quando ela sorriu pra mim assim, eu esqueci tudo sobre a farinha no rosto dela ou seu cabelo bagunçado. Aquele sorriso me pegou e se estabeleceu em algum lugar dos meus ossos.  

Eu beijei sua testa e disse:

— Vamos deixar você limpa. 

Encontrei a bainha de sua grande camisa e comecei a puxar sobre sua cabeça. Eu não tenho certeza onde a camisa foi parar porque quando percebi que ela não usava nada por baixo, minha visão diminuiu e focou só nela. 

Deus! Ela é maravilhosa. 

Se você tivesse me dito, dois anos trás, que eu estaria me casando com uma garota que eu conheci apenas há um ano, eu teria te chamado de louco. Minha história romântica era não terrível, que eu nunca pensei em mim como o tipo que se casa. Até ela. 

Demi limpou a garganta e meus olhos voltaram para ela. Para sua boca. Para sua pequena cintura que parecia perfeitamente esculpida para caber em minhas mãos. 

Foi ela quem virou meu mundo. Eu não sabia como era conhecer uma pessoa cheia de alegria, que só de estar perto dela, eu era enviado para um lugar feliz. Eu nunca estive com alguém que tinha a habilidade de cativar cada parte de mim – mente, corpo e alma.

Corpo, claro, sendo o principal foco do momento. 

Ela soltou o lábio inferior, me chamando e disse:

— Por quanto tempo você vai me fazer ficar aqui pelada enquanto você está todo vestido? 

Eu sentei no vaso e sorri descaradamente para ela. Inclinei-me para trás, colocando uma perna em cima do outro joelho e disse:

— Eu poderia fazer isso o dia todo. 

E não estava mentido. Eu queria estudá-la, memorizá-la, ser capaz de fechar os olhos e ver o quanto ela era perfeita. 

Ela revirou os olhos e disse: 

— Sim, bem, pode ser um pouco embaraçoso se eu ficar nua o dia todo. Embora, seria bem mais simples passar pela segurança do aeroporto. 

Eu dei uma risada e ela acrescentou:

— Não era seu objetivo me distrair e me fazer menos auto consciente? Você está falhando em seu trabalho, Senhor Jonas.  

Bom, eu não poderia aceitar isso agora, poderia?

Eu agarrei sua cintura e a puxei pra frente até que meu queixo roçava abaixo de seu umbigo. Ela estremeceu em meus braços e essa reação fez meu sangue gritar pelas minhas veias. Deixei meus lábios tocaram-na delicadamente e disse:

— Você não tem nada que ser auto consciente. 

Suas mãos ficaram atadas ao meu cabelo e ela olhou para baixo pra mim com olhos vidrados. Mais firme dessa vez, eu arrastei meu lábios por seu umbigo até o vale produzido por suas costelas. Eu senti o gosto de farinha em sua pele até aqui e segurei uma risada. 

Acima de mim, ela suspirou e disse:

— Você está de volta com essa coisa de distração. 

De repente impaciente, eu fiquei de pé, puxei minha blusa sobre minha cabeça. Eu fui recompensado com um suspiro e um lábio mordido que fez com que fosse bem difícil não ficar convencido. E não tomá-la logo em seguida. 

Ela engoliu, chamando a atenção dos meus olhos para seu pescoço. Deus! Eu não sei o que tinha em seu pescoço, mas era constantemente minha ruína. Senti-me como um garoto adolescente, querendo marcar aquela pele pálida, sem defeito, como minha, de novo e de novo.  Acariciei meu polegar em seu ponto pulsante, e ela engoliu de novo, seus olhos surpresos. Eu enrolei meus dedos em seu bagunçado cabelo com cachos, e inclinei sua cabeça pra trás. 

— Que tal agora? — eu perguntei.

Se ela estivesse metade distraída como eu estava poder-se-ia dizer que consegui meu objetivo. Seus olhos saíram do meu peito nu e ela disse:

— uh... o que?

Eu ri, mas o som ficou preso na minha garganta quando ela passou seus dedos finos alisando meu peito até as calças do pijama. Seus dedos se enroscaram em volta da faixa da calça, e eu engoli. Olhando pra baixo, eu pude ver o jeito que suas curvas alcançavam meu corpo e eu não queria nada mais do que selar nossos corpos juntos. 

Antes que eu completamente perdesse a linha de raciocínio eu disse:

— Sem mais se preocupar com a minha mãe, certo?

Nenhum de nós dois. 

Ela me deu uma olhada meio ofuscada. 

Usei uma mão para puxá-la para perto, e a outra em seu seio. Então repeti:

— Sem mais preocupações.

— Você promete fazer isso toda vez que eu me preocupar?

Eu dei um rápido aperto na ponta de seu seio na minha mão. Ela se esquivou e então gemeu. Seus olhos se fecharam e seu corpo balançou em direção ao meu. Ela suspirou:

— Sem preocupações.

E eu pensei, graças a Deus!

Porque eu não podia esperar nem mais um segundo.

Eu esmaguei meus lábios nos dela, desejando pela centésima vez que eu pudesse fixar permanentemente nossas bocas juntas. Cada parte dela tinha um sabor divino, mas sua boca era a minha favorita. Era tão fácil me perder em seus beijos, principalmente porque eu posso ver que ela sentia o mesmo. Seu corpo se apertou contra o meu e suas unhas se afundaram no meu ombro como se ela estivesse pendurada em um penhasco e isso fosse à única coisa a segurando. Quanto mais forte eu a beijava, mais forte suas unhas se afundavam na minha pele. Eu passei a mão do seu pescoço até sua coluna e sua boca se afastou. Ela estremeceu em meus braços, com os olhos fechados. 

Eu inclinei minha testa contra sua testa e puxei seu peito nu até o meu. Entre o vapor do banho e sua pele, nosso pequeno banheiro parecia uma fornalha. Eu nunca imaginaria que eu sentiria tanta paz enquanto meu coração batia e minha pele queimava, mas isso é o que ela trouxe pra mim. Eu sempre achei que amor era essa coisa francamente complicada, bagunçada e feia. Possivelmente porque, enquanto crescia, eu não tive muito exemplo de como um relacionamento deveria ser. Eu não sabia que poderia ser de outro jeito. Mas a Demi afastou o cinza e fez tudo parecer preto e branco. Não importava a questão, ela era a resposta. 

Ela era meu tudo – o pulmão que me permitia respirar, a batida do meu coração, os olhos que me deixavam enxergar. Ela se tornou parte de mim, e tudo que resta é um pedaço de papel que vai dizer ao mundo que nos somos tão inseparáveis quanto eu já sinto que somos. 

Era apenas um pedaço de papel. O sentimento era o que importava, mas parte de mim cantava com uma energia nervosa exigindo que nós tornássemos isso oficial. O mais rápido. Era a mesma parte de mim que se preocupava em como a Demi iria reagir a minha família... com o jeito que eu fui criado. 

Ela se afastou dos meus braços, mordendo seu já vermelho e inchado lábio inferior.  Então ela passou pela cortina do chuveiro e entrou na banheira. 

Odeio o medo que persegue esse meu amor por ela. 

Apesar do fato de que nosso relacionamento começou da maneira mais trabalhosa e impossível – relação entre professor e estudante – as coisas tem sido quase perfeitas desde então. Um mundo cor de rosa. 

Entretanto não poderia se manter desse jeito. A lógica, a realidade, e um conhecimento de longa data de minha mãe me fez certo disso. O sentimento sempre aparece do nada. Eu estaria a observando, a tocando, beijando e, de repente, por um infinitésimo momento eu sinto como se tudo estivesse a ponto de desabar. Como se estivéssemos balançando num precipício, e parece inevitável que eventualmente nos cairíamos. Eu não sabia como aconteceria. Suas inseguranças. Minhas teimosias. A interferência da mão do destino (ou família). Mas por alguns segundos. Eu poderia sentir que estava vindo. 

Então como sempre, ela me traria de volta. Esses segundos de inevitável incerteza se dissolveriam na magnitude de meus sentimentos por ela. A dúvida seria apagada pelo toque de uma mão ou a peculiaridade de um sorriso e eu me sentiria como se pudéssemos adiar essa queda para sempre ou mais um dia. 

Ela fez isso de novo, espiando uma ultima vez através da cortina do chuveiro vestindo nada além de um sorriso. Eu ouvi o padrão da água mudar e eu sabia que ela havia entrado debaixo do chuveiro. Então eu empurrei minhas preocupações pra longe em favor de uma utilização do meu tempo bem mais prazerosa. 

Eu chutei a ultima parte da minha roupa e me juntei a ela no banho. Nós não estávamos em Londres ainda, e eu não iria deixar o medo roubar outro segundo de perfeição do meu alcance.

Enquanto nos dois estivermos cuidando um do outro, nós conseguiríamos. Nós manteríamos nosso mundo cor de rosa. 

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Pessoas, oi! Tudo bem? Estou bem, obrigada! Eu sei que não tem 5 comentários na sinopse, mas como eu fechei o blog de surpresa to postando o capítulo para recompensar... Notaram algo diferente? Sim, o layout do blog! Mari e eu concordamos em mudar, e eu fiz esse aqui, básico, porém provisório... Desculpa se eu te assustei com o blog fechado, foi por uma boa causa \o/ Gostaram do capítulo? Comentem! Vou indo agora... Beijos, Bruna.

5 comentários:

  1. Tah divo
    Quero mais

    -Nathalia-

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  2. Que susto que levei com o blog de fechado, desculpa n ter comentado antes mas eu estudo, trabalho e faço cursinho .. Fiquei dois dias sem ler e acumulou capítulos quando eu terminava de ler um ja tinha outro postado, mas consegui acompanhar agora.... ♥
    Amei essa fic.

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  3. O capítulo 16 da fic emoção foi atualizado e está aparecendo como se tivesse postando hoje.

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