2.10.14

Losing It - Capitulo 23


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EU FUI ATRÁS DELE assim que as cenas terminaram. Atores circulavam ainda em seus trajes. Professores parabenizando seus alunos, e todos gravitaram ao redor dos seus grupos, fazendo planos para o final de semana. Todos os outros pareciam calmos e contentes, e eu sentia como se o mundo estivesse terminando. Caminhar em direção ao Joe se equiparava a caminhar para uma sala cheia de anthrax.

 Mas eu fui do mesmo jeito.

 Com sorte, ele não estava conversando com ninguém, apenas verificando algo no seu telefone. Eu fiquei atrás dele por alguns minutos. Apenas ao estar perto assim dele me afetou. Isso realmente era como um veneno. Eu o inspirei, e eu pude sentir derrubando as paredes e a proteção que eu tinha construído.

 Eu não sei se eu fiz algum barulho ou se ele me sentiu atrás dele, mas ele se virou e olhou para mim. Por uma fração de segundos, eu achei que ele sorriria. Então sua expressão mudou, e ele se tornou cauteloso. Como se ele não confiasse em mim. Em seguida seu rosto ficou em branco.

 Eu tinha todas essas emoções e memórias empurrando-se contra as minhas barricadas, tentando derramar-se em uma abertura. Ele pareceu como se não se importasse nada.

 Eu queria desembuchar e correr, mas eu sabia que era uma má ideia.

Não é exatamente normal avisar seu professor que você poderia tê-lo dado mono.

 — Nós podemos conversar... em particular? — eu perguntei.

 Ele olhou ao redor da sala, e eu podia imaginar onde seus olhos foram. Para Eric provavelmente. Talvez para Cade. Ou Dom. Para quem quer que fosse que ele estivesse olhando, ele permaneceu focado lá conforme dizia —, Eu não acho que seja uma boa ideia, Demi.

 Tá, eu esgotei as boas ideias há muito tempo.

 — Não irá demorar muito —, eu prometi a ele.

 Ele olhou para mim, finalmente. Eu queria acreditar que eu vi uma suavidade em seus olhos, mas eu posso ter imaginado isso. Eu fazia isso o tempo todo. Tudo o que eu tinha que fazer era fechar meus olhos, e eu podia vê-lo chegando na minha direção, seus lábios milímetros dos meus. Mas sempre... sempre eu abria meus olhos e não era real.

 Uma mão se dobrou no meu ombro, e me puxou a um abraço. Era Eric. Ele começou a falar, sobre ensaios e roupas e o recesso da primavera, e todas essas coisas que eu só não tinha espaço na minha cabeça.

 Eu olhei para Joe, sorrindo para o seu chefe. Seu sorriso estava apertado, de lábio-fechado. Quando foi a última vez que eu vi o seu esplêndido sorriso?

 Talvez eu não tivesse que contar a ele. Quero dizer, eu não estava sequer doente.

 Não é como se ele estivesse ficado com o restante daquela festa (eu esperava). E se eu nunca ficasse doente, ele nunca teria que saber. E mais, ele evidentemente queria apenas esquecer que a nossa pequena aventura alguma vez aconteceu. Quero dizer, ele tinha falado sobre mudar de emprego, Pelo amor de Deus. E desde então, eu fui cuidadosa em não olhar para ele por muito tempo ou ficar muito perto ou dar qualquer indicação de que eu não estivesse superado isso como ele superou. Porque por mais ruins que as coisas fossem, seria definitivamente pior se ele desaparecesse por completo.

 Tá. Eu contaria a ele se eu tivesse que contar. Sem necessidade de trazer isso à tona se não era na realidade um problema.

 Eu disse com licença, disse adeus para Eric e Joe. Depois eu voltei a fingir. Ao menos minha educação estava tendo alguma utilidade, mesmo se eu nunca conseguisse fazer nada a mais com ela. Ela me ensinou a mentir.

***

No último dia na escola antes do Recesso da Primavera, eu acordei exausta e estava tão frio que eu usei um suéter para a aula de Joe, mesmo embora fosse primavera no Texas. Era bastante óbvio, ou deveria ter sido, mas eu estava tão preocupada em sobreviver ao dia e chegar ao recesso que eu empurrei de lado meu mal-estar.

 Joe nos soltou mais cedo, não antes de dizer —, Desculpe por dar a vocês tarefa de casa no recesso, mas quando vocês voltarem – eu quero um plano definitivo do que vocês farão em 23 de Março, e para aqueles que não olharam no calendário é o dia depois da sua graduação.

 Dom riu atrás de mim —, Ainda estar bêbado na noite anterior conta como um plano definitivo?

 Eu nem sequer tive a energia de rolar meus olhos.

 — Alguns de vocês eu verei amanhã no ensaio, e o resto – tenham um ótimo recesso de primavera! Não sejam presos ou se casem ou nenhum desses tipos de coisas! Curtam o resto do seu dia.

 Eu acho que houve aplausos, mas minha cabeça parecia um pouco confusa. Eu guardei minhas coisas, e decidi que eu realmente não precisava ir ao restante das minhas aulas hoje. Eu deveria ir para casa e dar um cochilo. Um cochilo parecia ótimo. Eu estaria bem depois que eu dormisse um pouco mais.

 Eu me senti tonta enquanto eu cambaleei em direção à porta.

 Eu não tinha percebido que todos tinham ido embora até que Joe e eu estivéssemos sozinhos, e ele perguntou —, Você está bem, Demi?

 Eu assenti. Minha cabeça parecia que estava cheia de algodão.

 — Apenas cansada —, eu disse a ele. Eu estava coerente o suficiente para me certificar que minha resposta estivesse cuidadosamente neutra – sem necessidade de ser uma megera.    — Obrigada, entretanto, tenha um bom recesso! — Minha voz soou distante, e precisou de toda a minha concentração para sair pelas portas e para o meu carro.

 O caminho para casa foi um mistério. Definitivamente eu estava dirigindo, mas eu não conseguia me lembrar das ruas ou sequer de girar o volante, mas em seguida eu estava na frente do meu apartamento, tão perto da minha cama.

 Eu queria cair bem em cima dela, mas minha neurótica necessidade de pendurar um calendário ao lado da minha cama me relembrou que eu tinha ensaio essa noite. Eu programei o alarme para 5 da tarde, então eu teria tempo para preparar o jantar de antemão, eu programei outro para 5:05 da tarde apenas no caso de eu acidentalmente desligar o primeiro. Em seguida a cama desmoronou ao meu redor, e eu tinha despencando de cabeça, para dentro do esquecimento.

 Minutos mais tarde, o mundo estava gritando e estava tão alto que eu tentei pressionar minhas mãos contra minhas orelhas, mas elas estavam mortas, sem vida ao meu lado. Eu engoli, e minha língua parecia farpada, minha garganta queimava como lábios rachados.

 Deitar de bruços pareceu como mover montanhas.

 No relógio lia-se 5:45 da tarde.

 Eu pisquei e o li novamente.

 5:45 da tarde.

 O mundo ainda estava gritando e finalmente, finalmente, eu ergui minhas mãos e empurrei o meu alarme até que o barulho parou.

 Eu engoli novamente, mas minha língua parecia muito grande. Meu cuspe chamuscou como ácido no seu caminho descendente.

 Atordoada, eu olhei para o relógio novamente. Eu estava atrasada. O ensaio começava em quinze minutos. De alguma forma... eu não sei como, de verdade... eu me empurrei para fora da cama. Minhas pernas tremeram como se o chão fosse um barco e embaixo dele o mar. Havia coisas que eu precisava fazer... eu sabia disso, mas eu não podia pensar em nada além dessa sensação incômoda de que havia algo que eu estava deixando passar. E estava tão frio, onde estava meu casaco? Eu precisava do meu casaco.

 Enroscada na coisa mais quente que eu pude encontrar, eu cambaleei para fora em direção ao meu carro. O mundo girou por um segundo, como uma criança se recusando a ficar sentada. Eu estendi uma mão para me firmar, mas não havia nada ali para me capturar. Eu me lancei lateralmente. Eu não caí, mas consegui me firmar, escassamente. Eu olhei para o chão; eu estava tão cansada. Seria tão ruim ficar ali? No chão?

 Estava tão frio, entretanto. Eu de verdade deveria entrar se eu fosse me deitar... ou entrar no meu carro. Eu tinha tempo para um cochilo no meu carro?

 Eu sacudi minha cabeça, tentando clarear a névoa, e algo terrível chocalhou ao redor do meu crânio. Doeu. Deus, doeu. Eu pressionei a dor com minhas mãos, tentando entender por que, e eu engoli novamente, o que doeu, também. Tudo doía. Tudo.

 Eu não conseguia mais me levantar. Levantar era muito difícil. Eu estava quase no chão, alcançando-o, pensando que o asfalto estaria quente contra minha bochecha quando algo me fisgou por detrás.

 Eu continuei alcançando, mas eu estava presa, um peixe pendurado na linha.

 Eu comecei a chorar porque minha cabeça estava martelando e minha garganta estava bloqueada como ferro. Eu ainda queria meu casaco, e eu não queria ser um peixe, e eu queria dormir.

 Dormir.

 Alguém me disse que eu estava bem. A fisgada se foi, e meu travesseiro me segurou mais uma vez, e eu devo ter sonhando. Dormir.

 Dormir possivelmente para sonhar.

***

Algo zumbiu. Eu pensei em abelhas. Eu estava voando com abelhas.

 — ... tudo bem. Eu não posso dizer o quanto ruim, mas ela definitivamente tem febre. Ela não está nada coerente. Mono, tá. Eu devo levá-la ao hospital? Você tem certeza? Você tem certeza. Tudo bem. Sim. Tchau.

 Eu estendi uma mão. Havia tantas palavras. Abelhas não deveriam falar. Isso não tinha sentido. Onde eu estava?

 — Onde? — Eu gemi, em seguida —, Ow —, porque tudo ainda doía mesmo depois do sono. Minha mão encontrou algo. Ou algo encontrou minha mão. E estava quente. E eu estava congelando. Eu suspirei. O calor encontrou minha bochecha e eu me empurrei nele, querendo mais.

 — Tanto frio —, eu disse ao calor.

 E então o calor respondeu, baixo e suave —, Eu não sei o que fazer.

 Eu agarrei o calor que segurava meu rosto e respondi,          — Mais.

 Em seguida o calor se foi, mesmo embora eu tentasse segurá-lo. O ar soprou passado por mim, e eu estava tremendo, tremendo, tremendo. Eu chorei e as lágrimas pareceram rios de gelo.

 — Frio —, eu disse. Eu engoli, mas aquilo parecia pior do que melhor. Eu odiava isso. Eu queria que isso acabasse. Por favor. Por favor.

 Por favor.

 — Por favor.

 — Eu estou aqui, amor. Aguente.

 O mundo tombou, inclinou-se lateralmente, invadiu. E ele me embalou, me levando com ele, mas ao invés de morrer, eu caí no calor, sólido e forte. Eu me agarrei a ele, querendo estar dentro dele, para fazer o tremor parar, para fazer tudo parar.

 Era o sol, e ele me segurou em seus braços, chamando-me pelo meu nome, tocando-me da testa aos pés. Eu caí no sono agarrada ao céu nos braços de uma estrela.

***

Quando eu acordei a seguir, minha cabeça estava clara o suficiente para saber que eu estava doente. Eu tive que respirar pelo meu nariz porque minha garganta estava muito inchada, muito sensível para suportar a passagem de ar. Meus músculos doeram e meu estômago parecia oco. Eu ainda estava com frio, mas não congelada. Descongelada. O sonho me chamou novamente. Eu ainda estava tão cansada.

 Mas eu sabia, sabia o que isso significava.

 Eu tinha pego mono depois de tudo.

 O que significava que eu tinha que contar à Joe. Mas isso poderia esperar até que minha cabeça não estivesse explodindo e meus pulmões parecessem cheios e minha garganta não estivesse em chamas. Uma vez que a febre cessasse, eu poderia ligar para ele.

 Eu me desloquei, desejando que meus joelhos e meus cotovelos e ombros parassem de existir porque agora eles não eram nada, além de dor. E em seguida, eu sabia que eu estava sonhando, que a febre tinha reordenado meu cérebro porque Joe estava ali sob mim, seu peito nu como meu travesseiro. Era cruel, essa febre. Mas eu sabia que era apenas porque eu tinha que pensar nele. Eu provavelmente ainda estava sonhando.

 Seus olhos estavam abertos, me encarando, não falando, apenas encarando. Não podia ser real.

 — Queria que isso fosse real —, eu sussurrei, antes de me entregar novamente.

 Dormindo.

 Dormindo.

***

Quando eu acordei novamente, os calafrios tinham parado, e eu estava sozinha. Mesmo embora eu soubesse que fosse um sonho, eu pressionei meu rosto no meu travesseiro, desejando que não tivesse sido.

 Eu não tinha percebido até agora, ou talvez apenas não tivesse admitido, mas mesmo agora eu estava apaixonada por Joe. Talvez eu nunca tivesse parado de estar apaixonada. Cada memória e fantasia me arrastavam mais para querê-lo. Embora ainda exausta, dessa vez eu tinha que me esforçar a cair de volta no sono.

 — Demi, acorde.

 Nenhum tempo passou. Isso deve ser um sonho.

 — Você precisa beber algo. Acorde.

 Eu tentei me virar para longe, rastejar mais fundo no sono, mas algo se arrastou contra mim, e eu estava sentada contra a minha vontade. Algo empurrou as minhas costas, recusando a me deixar deitar, então ao invés disso eu me inclinei de lado.

 Minha cabeça encontrou algo sólido. Eu não estava deitada, mas era algo próximo a isso. Eu fechei meus olhos.

 — Oh, não você não vai. Beba primeiro. Depois você pode dormir.

 Eu estava dormindo. Ao menos, eu achei que estivesse. Eu devo ter estado porque do nada uma xícara apareceu em minhas mãos. Estava quente, quase tão quente quanto as outras mãos enroladas em mim.

 Cheirava maravilhosamente, e eu deixei a xícara ser colocada aos meus lábios.

 Sopa.

 De galinha e macarrão, talvez. Tinha gosto salgado e quente, mas engolir era muito difícil. Eu empurrei a xícara para longe.

 — Por favor, amor. Eu estou preocupado com você. Eu não gosto de me preocupar com você.

 Eu conhecia essas palavras, e foi cruel para o meu subconsciente repeti-las para mim agora, quando ele não se importava mais. Eu olhei para cima, e ali estava ele, talvez até mesmo mais perfeito no meu estado de sono do que na vida real. Ele era o sol. Ele sempre foi o sol – brilhante e reluzente.

 Isso era muito. Eu estava doendo por dentro e por fora.

 — Eu sinto a sua falta —, eu disse ao meu sol. — Eu fui tão estúpida. E agora eu perdi a luz.

 Ele não respondeu que ele sentiu a minha falta. Ele não disse nenhuma das coisas que eu queria dele. Ele me disse —, Beba, Demi. Nós conversaremos quando você estiver bem.

 Eu fiz conforme ele pediu porque eu estava muito cansada para lutar, muito cansada para me fazer encarar a realidade. Lentamente, eu bebi, inclinando minha cabeça para trás e deixando o líquido deslizar pela minha garganta para que eu não tivesse que me esforçar muito para engolir. No meio da xícara, eu não podia tomar mais nada. Eu a empurrei para longe e ele me permitiu.

 — Agora você pode dormir. Durma, amor.

 Eu caí de costas contra os travesseiros, mas eu fui embargada por outra coisa, meu medo. Eu temia perder isso... esse espaço de sonho entre os mundos onde eu não tinha arruinado com tudo. Talvez Cade fosse chegar a seguir, e Selena. E por pouco tempo, minha vida poderia ser simples novamente.

 O Joe do sonho roçou uma mão sobre a minha testa.      — Eu acho que a sua febre está quase acabando. Isso é bom. Você deverá se sentir melhor pela manhã.

 Eu franzi o cenho. — Isso significa que eu terei que ligar para você logo.

 — Ligar para mim?

 — Para dizer a você que você pode ficar doente, também.

 Sua cabeça se inclinou lateralmente. Porque ele não entendia?

 — Você não acha que eu já sei?

 — Não você. Você não é real.

 — Eu não sou?

 — O Joe verdadeiro não estaria aqui. — Eu me enrolei no meu travesseiro, desejando que esse sonho não parasse.

 Não era mais legal. Não era real. Nós não éramos nada um para o outro... não mais.

 Mas o Joe do sonho, permaneceu ali, sua mão no meu cabelo, e eu me deixei acreditar nisso, por um pouco mais de tempo.

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Meninas, to amando postar para vcs! Mais um pq vcs merecem ♥ Ainda não li esse, mas o outro me deixou besta! Espero q tudo fique bem... Garotas, a fic tem mais 5 capítulos, sem contar com o epílogo. Mari me disse que tem uma continuação... Nem acredito que ela já vai acabar :c Enfim, comentem! Beijos, Bruna.

5 comentários:

  1. Nossa.. vcs tao qrendo que eu tenha um ataque..
    Ta cada vez melhor isso...
    To amando esse blog cada ve mais..
    Posta maiis hoje *-*-*-*-*
    Bjbj

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  2. To passada.
    Mas já vai acabar? Logo agora que estava ficando boa :'(

    -Nathalia-

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  3. Ai meus deuses a Demi pegou mesmo a doença??E como assim já vai acabar?
    Posta logooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooo pleaseeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeee

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  4. ela pegou a doença? tadinha...
    posta mais pfvr

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