30.6.14

Stripped - Capitulo 1

 
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— Não, minha filha não se vai envolver com qualquer comportamento lascivo e pecador como a dança, — Papai me diz, seus olhos azuis brilhando. — É nojento e obsceno e totalmente sexual. Eu vi o tipo de dança que aquelas... aquelas prostitutas se envolvem, e que chamam de academia. Você não vai participar.

Eu fechei meus olhos e contive a vontade de gritar e bater o pé. Tenho dezesseis anos e já sou grandinha. Bater o meu pé não me faz parecer uma adulta. Pelo menos, é o que minha mãe me contou. — Papai, por favor. Por favor. Eu não vou fazer nada disso. Vou ser discreta, eu prometo. Você pode ver cada dança, cada equipamento. Só... por favor. Favor, por favor, deixe-me dançar. — Eu fecho minhas mãos na minha frente e as mergulho na altura dos joelhos, dando-lhe os meus melhores olhos de cachorrinho.

Ele está oscilando. Eu posso sentir isso nele. — Demi, eu não aprovo a dança. Deus não aprova a dança.

Minha mãe vem para o meu resgate: — Eddie, você sabe que não é isso o que as Escrituras dizem. Você está apenas sendo um velho dinossauro rabugento, Davi dançou diante do Senhor. Os Salmos mencionam danças para honrar o Senhor em várias passagens... — Ela desliza para o lado e pressiona o braço de meu pai, descansando a mão sobre seu ombro. — A nossa filha sabe diferenciar o certo do errado, e você sabe disso. Ela só quer trazer glória a Deus usando os talentos que Ele lhe deu.

— Por favor, papai. Eu não vou permitir qualquer coreografia vulgar ou sexual. — mal posso respirar a partir do peso que queima de esperança no meu peito.

Ele olha de mim para minha mãe e para trás. Posso vê-lo mastigando-o em sua cabeça. — Eu vou permitir isso... por agora. Mas, ao primeiro sinal de qualquer coisa pecaminosa ou ímpia, vou retirá-la de lá tão rápido que você não vai ter tempo para sua cabeça girar. Você me ouve, criança?

Eu o abraço, e grito de alegria. — Obrigada, obrigada, obrigada!

— Não me decepcione, Demi. Você é a filha de um pastor. Você tem que dar um exemplo adequado para toda a comunidade.

— Eu vou, papai. Eu vou ser o melhor exemplo. Prometo, eu prometo. — giro longe dele e danço alguns passos que fluem, em seguida, estabeleço um arabesco, e eu seguro por um momento. Eu me viro de costas para ele. — Veem? Nada de errado com isso, não é?

Ele só aperta os olhos para mim. — Eu tenho que terminar de preparar o sermão de domingo.

Papai é o fundador, executivo e pastor da Igreja Contemporânea Batista de Macon, uma das maiores igrejas em todo o estado da Georgia. Vovô Lovato foi um dos melhores pregadores de uma pequena igreja batista reformada no sertão da Georgia, então papai cresceu como filho de um pastor, foi preparado para sucedê-lo toda a sua vida. Vovô era ainda mais rigoroso do que o papai, tão impossível quanto parece. Ele nem sequer me aprova vestindo calças ou shorts, assim como uma criança, mas meu pai me deixa usar, contanto que os shorts não sejam muito curtos ou as calças muito apertadas. Para vovô, as mulheres deveriam ficar na cozinha, usar vestidos, e eram vistas e não ouvidas. Ele é um pouco como um fóssil, meu avô. Ele nunca aprovou o fato de que o meu pai ensinava uma mais moderna e contemporânea teologia Batista.

Eu estive dançando em segredo desde que tinha quinze anos, assisti a vídeos na internet para aprender, vendo “So You Think You Can Dance” no meu laptop e tentando imitar a coreografia. Minha mãe me ajudou um pouco no ano passado, levando-me para dançar em aulas nas manhãs de sábado, dizendo a papai que estávamos fazendo a manicure-pedicure. Ele não aprovava manicure-pedicure tanto quanto outras coisas, mas tinha dificuldade em dizer não para mim e mamãe, então ele nos deixava ir. Ele não precisava saber sobre as aulas de dança secretas, enquanto minha mãe estivesse me levando. Claro, mamãe e eu realmente íamos à manicure-pedicure após a dança, mas isso não vem ao caso .

Eu sorri para o papai e danço fora de sua visão. Minha mãe está me esperando na cozinha.
 
— Pronto, Demi. Agora você pode dançar tanto quanto quiser e não se preocupar com qualquer uma de nós ficar em apuros.

Eu abraço minha mãe e dou-lhe um beijo na testa. — Obrigada, mãe. Eu sei que você não gostava de mentir para o papai...

Ela me olha, me silencia com um dedo sobre os lábios. — Eu nunca menti. Nem uma vez. Ele perguntou se íamos fazer nossas unhas, e isso nós fizemos. Se ele não perguntou onde mais fomos, não estava mentindo. Se ele me perguntasse diretamente se eu a levava para aulas de dança, eu teria dito a ele . Você sabe disso.

Eu não discuto com ela, e vou para o meu quarto mandar um e-mail a Sra. LeRoux dizendo que eu posso juntar-me oficialmente a trupe, eu me pergunto sobre as evasões de minha mãe. Não era mentira por omissão, não dizer ao papai o que estávamos fazendo? Ele não nos deixaria ir, se soubesse. Se ele descobrir agora, eu nunca vou ter a possibilidade de sair do meu quarto novamente. Eu não sei que tipo de problema uma esposa poderia entrar, mas sei que papai iria ficar com raiva de minha mãe por sua cumplicidade.

Eu olho através dos vídeos que a Sra. LeRoux carregou no site desde a semana passada. Ela leva uma câmera de vídeo durante todas as aulas, e então, no final do dia, faz o upload do conteúdo no seu site. Ou melhor, ela tem sua filha, Catherine, para fazê-lo. Se nós não vamos para a aula, Catherine e Sra. LeRoux postam o vídeo do dia e cortam a maior parte dele, deixando em pedaços, que é supostamente para nos ensinar algo. Ninguém sabe disso, mas a Sra. LeRoux começou esta prática principalmente por minha causa.

Viu algum tipo de potencial em mim na primeira aula que eu participei no início deste ano. Ela amava o jeito que eu dançava e aplaudia o fato de que tudo que eu fazia, tinha aprendido sozinha. Ela me deu uma bolsa de estudos para que eu pudesse participar de forma gratuita. Como eu não podia assistir tantas aulas como todos os outros fizeram, ela começou a gravar as aulas, ensaios e práticas do grupo para que eu pudesse acompanhar. Outros estudantes começaram a observá-los e isso acabou sendo bom para todas.

Quando a primeira aula de grupo no meio da semana acontecesse naquela quarta-feira, eu já teria praticado toda a coreografia, bem como a parte do solo que eu estava trabalhando. Papai tinha me visto praticar no porão, sentado na escada com os dedos apertados no corrimão, os olhos seguindo cada movimento meu. Foi estressante, honestamente. Ele estava me olhando só para ver se eu fracassava, para ver se isso era obsceno, ou se a extensão da perna exposta era impróprio ou sensual demais para mim.

Na quarta-feira depois da escola, o treino é dividido em duas partes, 45 minutos cada. A primeira parte é o grupo da coreografia, passando por cima da peça com onze meninas que a Sra. L projetou, certificando-se que cada um de nós conhecesse nossos movimentos individuais e que toda a peça fluísse adequadamente. A segunda parte é a instrução, onde a Sra. L nos ensina um novo movimento ou técnica, demonstrando e fazendo com que cada um de nós experimentasse na frente da classe. Ela corrige, se necessário. Eu estou lutando um pouco com o trabalho em grupo, já que eu nunca dancei em um grupo antes de hoje. Eu continuo errando o pas de chat no meio, perdendo uma etapa e batendo em Devin, a garota ao meu lado.

Por fim, a Sra. L para o treino e me traz para a frente, e todos os outros se alinham na barra ao longo de uma parede. — Demi, você está indo muito bem, minha querida, mas você precisa aprender essa
parte. Você pode fazer o pas de chat perfeitamente sozinha, mas por alguma razão, quando você faz com as outras meninas, você bagunça. Por que acha que isso acontece?

Sra. LeRoux é uma mulher pequena, com 1,52m. De altura, com cabelos grisalhos e olhos cinzentos pálidos definidos em seu belo rosto. Ela é francesa, tendo se mudado para a Georgia há vinte anos com o marido, que morreu de repente, deixando-a com dívidas. Ela abriu um estúdio de dança com o último de seu dinheiro e abriu caminho para a prosperidade, uma lição de cada vez. Eu já a vi dançar antes, e ela não é um daqueles professores que não podem fazer o que eles ensinam. Sra. LeRoux pode te fazer chorar com uma rotina de dois minutos. Como professora, ela é ardente, feroz e exigente, mas justa e compassiva em todas as coisas. Ela nunca te critica, mas ela espera que você faça o seu melhor e se recusa a te deixar fugir com menos. Eu a amo muito.

Fico na frente da classe e considero a questão da Sra. LeRoux. — Eu nunca tinha dançado em um grupo antes.

— É o mesmo que dançar sozinha, minha querida. Você deve apenas ser mais consciente das pessoas ao seu redor. Este pas de chat é simples. Brincadeira de criança. Você é talentosa o suficiente para não ter nenhum problema. Tente novamente sozinha, por favor. — Ela faz um gesto com a mão para eu fazer o movimento.

Eu respiro fundo, me ponho no agachamento, que leva para o pas de chat. É um movimento de balé, desde que o treinamento Sra. L é principalmente ballet, embora o estúdio também se concentra em dança contemporânea, jazz e moderno. Cada peça que ela coreografa tem uma tendência para o balé, eu descobri, o que é bom para mim.

Eu amo a naturalidade fluindo do ballet, mesmo eu não gostando da rigidez do mesmo. Eu danço para ser livre, para me expressar.

Faço uma série de passos e saltos, e eu sei como acertá-los. Fazê-los sozinha nunca foi o problema.

— Muito bom, Demi. Perfeito. Agora, Lisa, Anna, Devin, tomem suas posições ao redor dela. Eeee... comecem. — Sra. L acena para nós quatro executarmos a parte da rotina juntos.

Eu passo os dois primeiros saltos sem problemas e, desta vez, concentro toda a minha atenção em Lisa à minha esquerda e Anna à minha direita, fazemos piruetas juntas e começamos a segunda série de saltos. Devin está atrás de mim no início da série, mas acaba na minha frente depois de uma pausa, reajustamos nossas linhas, piruetas, e saltamos novamente. Este momento, a pirueta, é onde estou tendo problemas. Eu estou muito perto de Devin, e meus braços batem contra o dela e nós girávamos em direções opostas, com Lisa e Anna girando para o outro lado de nós em direções opostas. É uma sequência bonita, ou pelo menos vai ser se eu conseguir acertar esse passo.

Não é tecnicamente uma pirueta, de acordo com a definição do balé, uma vez que nossas mãos não estão arcadas em cúpula acima de nossas cabeças, mas estão afastadas para criar uma espécie de efeito vórtice no centro dos nossos quatro corpos. Se fosse uma pirueta de balé simples eu não teria nenhum problema, pois meus braços estariam contidos dentro da esfera dos meus cotovelos e joelhos, mas com os braços estendidos assim...

Sinto a ponta do meu antebraço esquerdo encostar em Devin, e apesar de terminar a manobra, eu sei que estraguei tudo mais uma vez.

— Está melhor, senhorita Lovato, melhor. Mas agora novamente. Desta vez... foco. Observe Devin. Suas mãos devem passar por cima dela em cada rotação. Novamente, vai. — Sra. LeRoux aponta imperiosamente e dá passos para trás.

Voltamos para a posição inicial, pulo, pulo, pulo... pausa, conjunto, giro ...

Eu faço-o perfeitamente, sorrindo em exultação. A próxima série de saltos flui naturalmente, e com algum sinal da Sra. L, que eu não vejo, as outras garotas se juntam a nós sem um sussurro de interrupção. O resto da peça é fácil. Fazemos três vezes mais, e agora é suave como a seda deveria ser.

O período de instrução é fácil. Aprendemos algumas técnicas básicas de jazz. Depois que todos os movimentos ganham a satisfação da Sra. LeRoux, ela nos libera. Ela me chama de lado, enquanto eu reúno minhas coisas.

— Demi, um momento?

Larguei minha bolsa e fui ficar na frente dela. — Sim, senhora LeRoux? 

Ela sorri para mim. — Você esteve bem hoje. Estou orgulhosa de você.

— Obrigada.

— Como está seu solo? 

Inclino a cabeça de lado, um movimento incerto. — Muito bem, eu acho, — eu digo. — Estou presa perto do fim, apesar de tudo. Não consigo fazer a transição suavemente de um lado para o outro.

— Mostre-me.

— Desde o início, ou ...?

Ela acena a mão dela. — Sim, sim. Desde o início. Deixe-me vê-lo.

Eu chuto meu saco de roupas para a borda da sala com o meu pé, e em seguida, tomo posição no centro da sala. Eu faria melhor com a minha música tocando, mas não é assim que funciona com a Sra. LeRoux. Ela espera que você saiba todos os passos e os movimentos de cor, com ou sem música. Ela diz que a música deve adicionar alma e expressão para a peça, mas não deve ser uma muleta.

Faço uma pausa por alguns momentos, afundando nesse local em minha mente, onde eu posso chamar o ritmo e deixá-lo passar por mim. Eu dobro os joelhos, estendo os braços para os lados, depois com as minhas mãos faço um círculo, deslizo um pé para fora e coloco o meu peso no outro pé. Minha perna estendida aumenta, meus braços à frente para me colocar em um arabesco de pés chatos. Eu mantenho, levanto para os meus dedos, e em seguida dobro na cintura e aponto meus dedos dos pés para o céu, deixando o momento me puxar para um spin diagonal, cabeça-pés-cabeça-pés. No final de três rotações, eu planto minhas mãos no chão e deixo a energia do giro me levar em mais uma parada de mão. Meu pé cai lentamente, e eu arco minhas costas até que estou fazendo a ponte, pés plantados, com as mãos plantadas, coluna arqueada, cabeça entre os braços. Eu me abaixo até o chão e torço em meu estômago, arrastando para frente, tentando expressar o desespero. Esta é uma peça que se destina a falar da minha necessidade desesperada de liberdade, o meu senso de confinamento. Partes da peça são selvagens e enérgicas, girando os braços distantes, flutuando sobre o chão. Outras partes são contidas, membros juntos ao corpo, deslizando pelo chão em passos de tropeço. Eu estou quase no final da peça, chegando ao lugar onde minha coreografia está presa.

Estou no centro da sala, de pé, saindo de uma pirueta, braços apertados contra o meu peito. Minhas mãos vão e empurram como se houvesse um muro, uma barreira invisível a minha frente. A barreira cede de repente e eu tombo para frente, tropeçando.

— Este é o lugar onde eu estou presa, — eu digo, bufando para respirar no meio da pista de dança. — Originalmente, eu tinha a intenção de cair para frente, mas acho que ele simplesmente não fica bom.

— Mostre-me o movimento original, por favor.

Eu faço a pirueta novamente, empurrando contra a parede imaginária, tropeço deliberadamente para frente, e deixo cair para frente. Eu me levanto e limpo o suor do meu lábio superior. — Viu? Isso... Não ficou muito bom.

Sra. LeRoux balança a cabeça, coçando a nuca. — Não, seus instintos estão corretos. Isso não está certo. — Ela me olha como se estivesse vendo-me em movimento, embora eu não esteja. Eu posso dizer que ela está trabalhando com a coreografia na cabeça dela.
 
— Ah, já sei. Ao invés de cair para frente, cambaleie, balance e gire no lugar, mas com equilíbrio. Algo como isso, sim? — Ela demonstra o que ela quer que eu faça. — Através do resto da peça, você está lutando contra as forças que prendem você, lutando para encontrar o seu equilíbrio e sua liberdade. Então, aqui, no final, você deve ser vitoriosa. Este é o propósito desta peça, certo? É uma expressão do seu sentimento de aprisionamento. Vejo isso. Então, agora, você deve romper. A parede dá forma. Então, quando você termina a pirueta, que está muito bem feita por sinal, em vez de apenas empurrar contra ela, você age como se estivesse demolindo-a. Esmagando e caindo contra ela. Deixe sua raiva sangrar através disso. Você está se segurando no final, Demi. Você está terminando isso fracamente. Isso deve terminar com força. Você deve sentir o poder em si mesma, certo? Este poderia ser um avanço. Não apenas em sua dança, mas na sua cabeça. Em sua alma. Em si mesma. Bata contra a parede. Eu acho que entendo um pouco das lutas em sua vida. Lutei contra elas também. Meu pai era muito exigente. Ele me colocou no balé quando eu tinha apenas quatro anos de idade. Dancei todos os dias por toda a minha vida. Tive poucos amigos e poucas atividades sociais. Havia apenas o ballet. Só ballet. Então eu conheci Luc. Ele me envolveu. Ele era um dançarino, também. Ele era tão fluido, tão forte. Cada coisa que ele fazia era bonito. Nós nos conhecemos em um vinhedo em le Midi. Que eu não me lembro exatamente onde fica. Perto de Toulouse, talvez. — Ela olha a meia distância, lembrando-se. Ela sacode a si mesma. — Não importa. Entendo. Você deve se libertar, em si mesma. Nesta dança.

Ela acena a mão dela em um gesto que significa novamente, mais um vez.

Eu corro através da parte de cima, e desta vez eu penso em cada regra que tenho que seguir, cada um dos meus amigos da escola que eu não posso ter, cada vez que me disseram que um par de jeans está muito apertado, ou uma blusa também, que estou usando muita maquiagem. Todas as expectativas sobre mim para ser uma perfeita garotinha do sul, a filha perfeita do pastor, a garota que eles esperam que venha a se casar com um homem de Deus que foi para o seminário, um homem jovem, chato, sem aspirações fora do púlpito e do rebanho.

Eu coloco tudo isso na dança. Quando eu pulo, eu atiro-me nisso. Quando giro no lugar, deixo todos os meus músculos me puxarem para o giro com toda a minha energia. Quando eu rastejo pelo chão, eu arranho as tábuas de madeira polida, como se estivesse implorando pela minha vida. Quando eu começo a bater nas paredes que me cercam, eu vejo o rosto do meu pai, ouço a sua voz e suas fortes críticas, e suas rigorosas formas ditatoriais, exigindo a perfeição, eu giro e giro e giro para ele. Finalmente, eu sinto que as paredes dão forma e tropeço para frente, giro no lugar, batendo, intencionalmente fora de balanço, balançando, girando em torno do chão como se encontrasse a alegria na dança espontânea de passos livres. Acabo de pé com a cabeça pendurada, com as mãos soltas ao meu lado, arfando o peito com a falta de ar.

Eu olho para avaliar a reação da Sra. LeRoux. Ela está encostada na parede, a mão cobrindo a boca, os olhos molhados.

— Perfeito, Demi. Apenas... perfeito. Senti tudo. Perfeito.

Seu olhar firme sobre meu ombro, e eu me viro para ver minha mãe me assistindo da entrada. Seus olhos refletem suas emoções, e eu sei que ela viu tudo. Eu sei que ela viu o que eu senti naquela dança.

Os cantos dos olhos estão apertados, a testa enrugada. Dirijo-me para longe dela, de volta para a Sra. LeRoux.

— Você acha que foi bom? — pergunto.

Ela acena com a cabeça. — Acho que foi um exemplo de seu potencial. Você pode ser uma magnífica dançarina, Demi. Você deve ser persistente e colocar todas as suas emoções em sua dança. Não se segure.

Eu me curvo para pegar minha bolsa, procurando uma toalha. Uno-me a minha mãe na porta, enxugando o rosto com o algodão branco áspero. Saímos e nenhuma de nós fala enquanto minha mãe nos leva através de Macon para nossa casa nos subúrbios. Eu me viro para olhar para ela, confusa por seu silêncio incomum. Normalmente ela é tagarela como uma gralha azul, depois da aula de dança. Ela era uma dançarina, também, até que ela conheceu papai e me teve. Ela gosta de falar sobre o que eu estou aprendendo, as várias técnicas e tal. Falando muito, revivendo seus dias como uma dançarina. Agora, porém, ela olhava pela janela e estava dirigindo com uma mão. A outra mão está pressionada em sua testa. Seus olhos se estreitaram, seus traços apertados.

 — Você está bem, mamãe? — Eu pergunto.

Ela me lança uma leve tentativa de um sorriso tranquilizador.

— Eu estou bem, querida. Só tenho uma dor de cabeça.

Eu dou de ombros e deixo que o silêncio se arraste.

— A sua dança foi bonita, Demi. — Sua voz é calma, como se falar muito alto poderia causar ainda mais dor.

— Obrigada, mãe.

— O que ela significa? 

Eu não respondo imediatamente, eu não sei como. Eu dou de ombros. — Só... às vezes eu me sinto presa...

Ela hesita neste momento. — Eu sei, querida. Ele só quer o melhor para você.

— O melhor dele não é necessariamente o meu melhor.

— Ele é o seu pai.

— Isso não significa que o que ele acha que é certo para mim é sempre a única opção.

Minha mãe esfrega em sua testa novamente, em seguida, estende a mão, sacudindo como se estivesse dormindo. — Eu não quero entrar nessa agora, Demi. Ele é o seu pai. Ele te ama, e ele só está fazendo o que ele acha que é certo. Você precisa ser respeitosa.

— Ele não é respeitoso comigo.

Ela me lança um olhar afiado de advertência. — Não, Demi. — Ela estremece, e depois vira os olhos para a estrada, piscando duro. — Meu Deus, esta é a pior, — ela murmura, mais para si do que para fora ruidosamente.

— Pior? — Eu fico olhando para ela com preocupação. — Você tem tido muitas dessas dores de cabeça? 

— Aqui e ali. Nada muito ruim. Geralmente começam na parte da manhã, e elas geralmente desaparecem por conta própria. — Ela aperta a mão em um punho e solta, apertando novamente.

Eu não tenho certeza do que dizer. Mamãe é forte. Ela nunca fica doente, e nas poucas vezes em que ficou, ela raramente reclamou e nunca teve tempo para descansar. Ela delegava poderes através dela até ficar melhor. Ela estar visivelmente com dor não é um bom sinal.

Ela deve realmente estar doente.

   — Você deveria ver um médico? — Eu pergunto.

Ela acena a mão. — É só uma dor de cabeça.

— O que há de errado com a sua mão, então?

— Eu não sei. Ela só... parece dormente. Está tudo bem agora.

Estamos em casa neste momento, e ela para o BMW na garagem e está fora de sua porta e entra em casa antes mesmo de eu puxar minha mochila fora do banco de trás. Eu olho papai enquanto passo por seu escritório quando faço meu caminho para as escadas. Depois que eu tomei banho, eu vou até a cozinha, esperando encontrar mamãe fazendo o jantar, mas a cozinha está vazia.

Papai ainda está em seu estudo, teclando em seu computador, preparando o sermão de domingo.

— Onde está a mamãe? — pergunto.

Ele olha por cima do aro dos óculos de leitura. — Ela está deitada. Ela tem uma enxaqueca, eu acho.

— Ela está bem? Ela disse que anda tendo dores de cabeça.

Ele se inclina para trás em sua cadeira. — Eu sei. Se não parar logo, vou levá-la para ver um médico para saber, ela querendo ou não.
 
— Vou fazer o jantar, então.

— Obrigado, Demi. Quando você terminar, veja se sua mãe quer alguma coisa. Ela pode não querer. — Ele se volta para o computador. — Eu vou comer aqui.

Eu vou para a cozinha e começo a fazer o jantar. Eu não sou tão extravagante como cozinheira como mamãe, mas posso fazer alguns bons pratos. Eu remexo na geladeira e vejo que ela reuniu os ingredientes para fazer frango condor leu, assim eu faço isso, levando para papai seu prato e uma lata de Diet Coke. Eu vou para cima para ver como minha mãe está, mas ela está dormindo com as cortinas fechadas contra a luz da noite. Mesmo durante o sono, a testa está enrugada com dor.

Eu fico preocupada, mas eu a afasto. Deixo o prato de comida no caso dela querer isso mais tarde, levando meu prato e Coca-Cola para o meu quarto para comer enquanto termino o dever de casa.

Exceto as dores de cabeça de mamãe, a vida é boa.

Então, por que eu sinto uma sensação de mal-estar?

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Oii!! possa ser que esse capitulo 1 não tenha sido muito bom, mas não o descriminem, ele pode ser importante para o decorrer da fic... Beijooos <3

Stripped - Prólogo

 
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Então, a pergunta é, como eu me meti nessa situação? Simples: o desespero. Quando você se depara entre ser um sem-teto com fome ou tirar a roupa por dinheiro, a escolha é mais fácil do que você      
imagina. Isso não se torna mais fácil, no entanto. Oh, não. Eu odeio isso, na verdade. Não há nada que eu gostaria mais do que parar e nunca ir para outro bar, nunca mais ouvir a batida techno pulsando em meus ouvidos, nunca mais sentir os olhares lascivos de homens com tesão novamente.       
Então, um dia, eu conheço um cara. Ele está no meu clube. Na minha frente e no centro. Ele observa-me fazer o meu número, e seu olhar está cheio de fome. Não é o tipo de desejo que eu estou      
acostumada. É algo diferente. Algo mais quente, mais profundo e mais possessivo. Eu sei quem ele é, é claro que eu sei. Todo mundo sabe quem Joseph Jonas é. Ele é o homem vivo mais sexy da revista People. Ele é o ator mais quente de Hollywood. Ele é o homem escolhido a dedo para o papel de Rhett Butler no remake de o Vento Levou.      
Ele é o tipo de homem que pode ter qualquer mulher no mundo inteiro apenas chamando-a com o dedo. Então por que ele está olhando para mim como se tivesse que me ter? E como faço para      
resistir a ele quando ele olha para mim com aqueles olhos intoxicantes, mutáveis e cheios de vivacidade? Eu sou virgem, e ele é o ícone americano da sexualidade masculina. Eu sou uma stripper, e ele é um homem acostumado a ter tudo e qualquer coisa que quer. E ele me quer. Eu sei que deveria dizer não, eu sei que ele é o pior tipo de jogador... mas o que a minha mente sabe, meu corpo e meu coração não. E então as coisas ficam complicadas.      
 
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OII!! bom, esse deveria ser o prólogo, mas é mais para uma sinopse um pouco grande né?? hahaha me desculpem, mais tarde, pela manha, provavelmente eu irei postar o capitulo 1 que é grande, na verdade os capitulos dessa fic vão ser grandes... só n posto agora pq estou morrendo de sono kkkk
 
Beijoos <3

Obrigada a todos que votaram, obrigada pelos comentários, fiquei muito feliz em saber que vcs gostaram da mini-fic Emoção, sério mesmo, Obrigada, eu amo vocês <3

28.6.14

Sinopses Mini-Fics!

 
Stripped
 

Demi é uma garota recatada e inocente de uma cidade na Georgia, filha de um rígido pastor de uma grande igreja batista e de uma doce e compreensível mãe. Seu pai a mantém sob rédeas curtíssimas, mantendo-a longe de tudo que, sob seu ponto de vista, seja pecaminoso. Sua mãe é tudo para ela, é quem a ama incondicionalmente, quem a compreende, quem a leva as escondidas às aulas de dança e quem intercede por ela quando seu pai é mais que intransigente. Até que Demi se vê sozinha, sem a aceitação de seu pai sobre a faculdade que deseja cursar e mudando-se para a grande e impiedosa Los Angeles. 
Joe é uma estrela de Hollywood, ator de muitos filmes famosos e considerado o homem mais sexy vivo pela revista People. Ele pode ter a mulher que desejar com um estalar de dedos, até que, um dia, aparece no clube que Demi trabalha, a vê dançar, prontamente percebe que ela não se encaixa naquele mundo sujo e degradante, e a quer. Muito. Desesperadamente. Com todas as suas forças. Mas será que aquela garota inocente sucumbirá ao seu desejo de protegê-la? Será que ele derrubará os altos muros que a cercam?   
 
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Lento
 
Chegou o dia de sorte de Demi Lovato. Em um lance ousado, a comportada garota da alta sociedade arrematou Joe Jonas, e o terá inteirinho à sua disposição... Entretanto, ela conhece bem a (má) fama de sua mais nova aquisição, e seu verdadeiro intento é mantê-lo a distância. Isto é, se ela conseguir resistir à tentação que já dominou todos os seus sentidos. Demi finalmente se entrega a uma noite de sexo selvagem, deixando Joe encantado... e desorientado. Como uma mulher irresistível, que se derrete ao seu toque mais sutil de forma tão intensa, subitamente se transforma na rainha da arrogância? Joe precisa desvendar os segredos de Demi, o que ele fará acariciando lentamente cada centímetro da pele dela…

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Blackout

Onde vocês estavam quando as luzes se apagaram?

Se não fosse o blackout, Demetria jamais teria revelado para Joe as fantasias mais pecaminosas com ele que passavam pela cabeça – e pelo corpo – dela. Além de ser o melhor amigo de Wilmer, seu noivo, ela achava que Joe a desprezava, certo? Também se não fosse pelo blackout, Joe nunca teria a chance de passar a noite com uma mulher que despertara seu desejo mais profundo desde que a conheceu. Antes, porém, ele precisa contar para ela algumas indiscrições do homem com quem está comprometida... As revelações não abalam Demi tanto assim, e Joe está mais do que preparado para curar qualquer mal com um beijo... Afinal, ambos não teriam cedido à tentação de tornar suas fantasias realidade se não fosse aquele apagão. Mas será que o encanto vai durar após o amanhecer e a chegada de Wilmer?
 

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Comentem qual será a próxima mini-fic, talvez amanha eu já poste, hoje não irei pq eu não vou estar em casa... Comentem, beijoos eu amo vocês <3
 
ps. eu ia colocar mais sinopses, mas eu estou muito animada por causa do jogo do Brasil que não consegui terminar de arrumar hahaha
 
BORA MEU BRASIL!!!!!

27.6.14

Emoção - Epilogo

 
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Dois anos depois

ENCOLHIDINHOS JUNTOS no sofá, Demi e Joe observavam pela janela da frente da casa enquanto os primeiros flocos de neve natalina começavam a cair. O meteorologista não previra uma grande tempestade… nada parecido com aquela que os prendera no prédio de escritórios de Joe dois anos antes, momento conhecido também como a melhor nevasca de todos os tempos. Não, a neve de agora caía silenciosa, doce, uma neve noturna tão suave e serena quanto os cânticos que tocavam baixinho no aparelho de som atrás deles.

Envolvida nos braços do homem que amava, ali na linda casa que eles haviam terminado de construir juntos e para onde se mudaram na última primavera, Demi não se importava se nevasse a noite toda. Ela possuía tudo, e a todos, de que necessitava, bem ali entre aquelas paredes.

– Aí vem a neve – murmurou ele, apertando o abraço.

– Aham.

Eles ficaram em silêncio por um instante, observando os flocos brancos caírem, lentamente no início, depois mais progressivamente. De repente Demi percebeu, olhando para aquela janela imensa com vista para o mar, que provavelmente estar ali era como estar dentro de um globo de neve. Talvez exatamente naquele que Joe lhe dera tantos anos atrás, e que agora tinha um lugar de honra no centro do consolo da lareira. Demi estava dentro de um lar feliz, sob a luz amarelada e quente que saía pelas janelas, com os carros estacionados na entrada e as sempre-vivas cheias de neve ao redor.

Ela sorriu, adorando aquela imagem, pensando naquela véspera de Natal. O que, se perguntava ela, aquela garota, aquela Demi de 22 anos, teria pensado se pudesse prever o futuro? Ela provavelmente não teria acreditado nele, e tal futuro a teria apavorado totalmente. Porém, lá no fundinho, ela sabia que teria ficado muito esperançosa… porque aquele dia lhe abrira os olhos para um mundo de possibilidades.

Tudo por causa do homem que a estava abraçando tão carinhosamente, cantarolando “Noite Feliz” enquanto lhe beijava a têmpora.

Ela olhou para ele, tão lindo sob o brilho da lareira, e sussurrou:

– Feliz Natal, Joe.

Ele retribuiu o sorriso e roçou os lábios nos dela.

– Feliz Natal, minha esposa.

Não havia mais bah, que bobagem para Demi. Não havia mais muros para evitar coisas como lembranças, festividades… e amor. Aquela parte da vida dela estava acabada.

Joe se espreguiçou um pouco e riu.

– Sou uma pessoa ruim por estar feliz por meus pais e seu irmão terem resolvido ficar em casa e vir aqui apenas amanhã, depois de constatarem as consequências da nevasca?

Ela riu baixinho, compreendendo-o tão bem.

– Não, a menos que eu também seja, porque me sinto da mesma forma.

Não que qualquer um deles estivesse de má vontade com as visitas… na verdade Demi adorava a família de Joe, assim como a nova namorada de Sam. Eles certamente tinham bastante espaço para todos na casa imensa. Mas ela não podia negar que estava feliz pelo modo como as coisas se encaminharam. Agora eles teriam a noite e a manhã seguinte só para eles, dando o pontapé para criarem lembranças e tradições natalinas só deles.

Demi estava pronta para isso. Pronta para incorporar os fantasmas de seus Natais anteriores ao seu presente e futuro. Pronta para abrir seu coração à época mágica de se doar, a qual ela outrora adorara tanto, tanto… e então seguir, modelando-a, mudando-a, moldando-a em algo que era só dela, e de Joe, e da família deles.

– Não é que eu não os ame…

– É só porque o dia de amanhã é tão especial – respondeu ela.

Muito especial. Não só porque era o primeiro Natal deles na nova casa. Não só porque era o primeiro Natal desde que haviam se casado no ano anterior, no dia de Natal. Não só porque ainda eram loucamente apaixonados e tão incrivelmente felizes. Nem mesmo porque Demi havia voltado a ser fã do Natal.

Não, eles estavam contentes por estar a sós porque ambos queriam saborear e se regozijar no presente antecipado que tinham recebido dez dias antes. Bem, na verdade, dois presentes.

Ambos estavam dormindo no andar de cima, em berços combinando, um usando um cobertorzinho azul, e outro, rosa. Eddie e Dianna, cujos nomes eram homenagens aos avós que eles nunca iriam conhecer.

Quando Joe sugerira os nomes, Demi pensou que fosse ficar desnorteada. Não de tristeza, mas por saber o quanto seus pais ficariam felizes por vê-la tão profundamente apaixonada por um homem tão incrível.

Aquilo, Demi sabia, era o maior presente de Natal que ela poderia ganhar. E ela estaria recebendo aquele presente todos os dias, pelo restante de sua vida.
 
~

Ah, mais uma mini-fic que chega ao fim :'(
eu espero que vc tenham amado essa mini-fic assim como eu amei, e assim como eu amei posta-la para vocês <3

Beijoos e mais tarde talvez eu já poste as novas sinopses ;)

Quem não mandou ainda, mande o numero para adicionar no grupo do whats:
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Alice, Dany, Debora, Giovanna, Kethleen, Mand, Roberta e Thaah são as que já estão participando do grupo. Beijos, eu amo muito vocês <3

Emoção - Capitulo 22 - Ultimo

 
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DE TODOS os natais de Demi, aquele devia estar no topo da lista dentre os piores.

Ah, tinha começado muito bem. De maneira mágica, na verdade. Ela havia acordado de manhã nos braços de um homem maravilhoso, certa de que nunca fora mais feliz em sua vida.

Mas desde que chegara em casa, sozinha, e começara a vaguear pela casa, sozinha, e comera comida congelada, sozinha, Demi não conseguia nem uma única coisa positiva naquilo.

Ela tentara fazer compras pela internet… entediante. Limpara o apartamento… mais entediante ainda. Respondera a alguns e-mail, verificara sua agenda, procurara voos para Nova York. Entediante. Entediante.

E devastador.

Devastador porque ela não queria voar para Nova York. Não sob aquelas circunstâncias, de qualquer forma. Não sem saber como Joe se sentia… se ele dava a mínima.

Naquela manhã, quando ela ouvira pela primeira vez a mensagem sobre a oferta de emprego em potencial, tinha sido empolgante, um enorme reconhecimento. Pensar que uma revista grande estava atrás dela por causa de seu talento era uma enorme massagem no ego e uma verdadeira confirmação de que ela havia feito a escolha certa quanto realizara mudanças em sua carreira.

Mas, particularmente, ela não queria voltar para Nova York. Gostava de Chicago. Gostava de morar perto do irmão outra vez. Gostava das pessoas que tinha conhecido, do estúdio que havia alugado e da vida que estava levando.

Mais importante, gostava de estar perto do homem que amava.

– Droga – resmungou ela naquela noite enquanto estava sentada no sofá, escutando músicas natalinas na estação de rádio da internet.

Ela o amava. Ela amava Joe Jonas. Sempre amara. Ele havia entrado em seu coração seis anos atrás e nunca mais o abandonara, apesar do tempo, da distância e de outros relacionamentos.

Algumas pessoas eram capazes de se apaixonar e se desapaixonar. Algumas amavam apenas uma vez na vida. Ela suspeitava ser do segundo tipo. O que seria maravilhoso, se ao menos ela não amasse um sujeito que não parecia se importar caso ela se mudasse para ficar a milhares de quilômetros de distância.

Sentindo muita pena de si, Demi quase não ouviu as batidas à porta. Primeiro, presumiu que fossem os filhos dos vizinhos brincando com seus novos presentes de Natal. Eles tinham passado o dia rindo, felizes, e ela sorrira ao ouvir os sons que penetraram nas paredes finas. Porém o barulho se repetiu, e ela percebeu que alguém estava batendo à sua porta.

Demi olhou para o relógio, notando que já tinha passado das 20h. Ela finalmente havia conseguido falar com Sam naquela tarde, e ele tinha dito que iria trabalhar durante a noite toda outra vez. Mas talvez tivesse conseguido uma folguinha ou coisa assim.

Ela foi até a porta e a abriu exibindo um sorriso. O sorriso esmoreceu assim que viu, não seu irmão, mas alguém que nunca esperava ver à sua porta esta noite.

– Joe?

– Posso entrar?

Surpresa, não apenas porque ele havia dito a ela que ia ficar com a família, mas também porque, até onde ela sabia, ele não fazia ideia de onde ela morava, Demi se afastou e o convidou a entrar.

– Como você…?

– Stella. Tinha tanto o endereço do seu estúdio quanto o da sua casa no BlackBerry.

– Está tudo bem? Sua família?

– Está bem. Agora provavelmente estão todos empenhados na maratona natalina do jogo de mímica.

Ainda sem saber por que ele tinha vindo, e sem saber o que dizer, Demi perguntou rapidamente:

– E o segurança da empresa?

– Ele vai ficar bem – respondeu.

– Fico feliz. – Retorcendo as mãos, ela finalmente se lembrou de sua boa educação. – Posso pegar seu casaco? Gostaria de se sentar?

Joe tirou o casaco, mas não se sentou na poltrona indicada por Demi. Em vez disso, soando e parecendo melancólico, ele olhou nos olhos dela e disse:

– Se eu fizer uma pergunta, você vai me responder com sinceridade?

– É claro.

– Certo. – Aproximando, perto o suficiente para Demi sentir o cheiro de sua colônia forte e o calor de seu corpo, Joe perguntou: – Você quer se mudar para Nova York?

Falando em perguntas diretas. Ela cruzou os braços, esfregando as mãos neles, para cima e para baixo, e pensou em sua resposta. Seu primeiro instinto era responder à pergunta dele com outra pergunta… você quer que eu fique?

Mas eles já haviam jogado o suficiente, perdido tempo suficiente girando em torno da verdade ou tomando decisões um pelo outro sem o benefício de uma conversa real, genuína. Então ela não seria nada senão honesta, tanto com ele quanto consigo.

– Não. Não quero.

Ele fechou os olhos e suspirou, tão visivelmente aliviado, Demi quase sorriu.

– Minha vez de fazer uma pergunta – rebateu ela.

– Tudo bem.

Inspirando fundo, e esperançosa de que sua voz não tremesse, ela perguntou:

– Você quer que eu fique?

Ele não hesitou, nem mesmo por um instante:

– Ah, sim.

Embora satisfeita com a veemência dele, ela inclinou a cabeça em confusão.

– Então por que mais cedo você agiu como se não se importasse?

– Por que você me fez pensar que queria se mudar?

Nenhuma das perguntas foi respondida durante um segundo… então ambos retrucaram em uníssono:

– Porque somos idiotas.

Uma gargalhada explodiu entre eles, então Joe chegou pertinho, colocando as mãos nos quadris de Demi e puxando-a para si. Ela levou as mãos aos ombros dele e o encarou, enxergando o calor e a ternura naqueles olhos verdes. Mesmo em silêncio, ela sabia que ele estava pensando, sabia o que ele estava sentindo. O que o coração dele estava lhe dizendo.

Porque o coração de Demi estava dizendo a mesma coisa a ela.

Eles tinham sido feitos um para o outro. Sempre foram. O tempo e a circunstância havia separados os dois, sim. Mas talvez tivesse que ser assim. Eles eram jovens e impulsivos. E ela não estava verdadeiramente pronta para aceitar o amor e a felicidade, para oferecer o tipo de relacionamento dotado da confiança e do amor que Joe merecia.

Agora Demi estava pronta. E eles tinham encontrado o caminho de volta para os braços um do outro. Havia levado anos, e exigido uma mudança de cidade, mas as vidas deles havia formado um círculo completo e nesta semana eles haviam recriado o passado.

Só que, dessa vez, seria completamente diferente. Eles não iriam deixar nada o atrapalhar.

Dessa vez, eles iriam fazer funcionar.

– Eu te amo – disse ele, e o coração de Demi cantarolou.

Ele pôs uma das mãos no rosto dela.

– Eu deixei você escapar uma vez. Eu não ia cometer o mesmo erro de novo.

– E se eu tivesse dito que queria ir para Nova York?

– Eu teria dito: tudo bem, quando partimos?

Demi começou a sorrir, pelo menos até notar que ele falava sério. Então só conseguiu encará-lo com expressão chocada.

– Você está falando sério?

– Muito sério.

– Mas como…

– Eu conversei com meu pai quando estava na casa dele hoje. Eu disse que havia deixado você ir embora uma vez, mas que não ia acontecer de novo. E que ao mesmo tempo que eu gostaria de continuar na Elite, se interferisse nisso, eu iria fazer o que era certo para mim para variar. Viver minha vida por minha conta, já que eu a vivi em função dos outros nos últimos seis anos.

– Como ele reagiu?

Joe desviou o olhar.

– Acho que foi o mais próximo que já vi meu pai de chorar.

Ela arfou.

– Não porque ele estava chateado, mas porque ele finalmente teve a oportunidade de me dizer o quanto era grato por tudo que eu tinha feito, e o quanto queria que eu fosse feliz. – Joe balançou a cabeça lentamente. – Para dizer a verdade, eu não acreditei. Ele nunca disse nada assim para mim antes.

Sabendo o quanto aquilo deve ter significado para ele, Demi ficou na ponta do pé e roçou a boca na dele.

– Estou tão feliz.

– Eu também.

– Mas seu pai não precisa se preocupar com nada, nem seus acionistas.

– Podemos ir se você quiser – insistiu ele.

– Não quero – insistiu Demi de volta, sendo completamente honesta. – Estou cansada de fugir para fazer coisas novas, para novos lugares, apenas para evitar me expor à dor e à mágoa outra vez. Não existe amor sem risco… mas não existe vida sem amor.

Então, percebendo que ela nunca havia dito aquilo de fato, Demi ofereceu a ele o presente mais honesto e genuíno que poderia pensar em dar.

– Eu te amo, Joe. Eu sempre amei, eu sempre amarei.

Ele sorriu ternamente, então se inclinou para beijá-la, lentamente, amorosamente. E sentir aquelas palavras nos lábios deixou o beijo tão mais doce, lhe deu tanto significado a mais.

Quando eles finalmente concluíram o beijo, permaneceram nos braços um do outro, dançando lentamente ao som da música natalina que tocava baixinho de fundo, “Joy to the world”.

Que apropriado. Pela primeira vez no que parecia uma eternidade, a vida de Demi parecia cheia de alegria até a borda. Porque Joe fazia parte dela. E ela sabia, lá no fundo de sua alma, que ele sempre faria.

– Feliz Natal, Demi – sussurrou ele ao encontro do rosto dela.

– Feliz Natal, Joe.

Ela o abraçou, desejando capturar aquele sentimento e gravá-lo em sua mente para sempre, como uma linda fotografia. O primeiro momento do restante de suas vidas.

Haveria muitos mais, ela sabia.

Alguns lindos, provavelmente alguns tristes.

Mas, não importava o que acontecesse, todos os momentos seriam repletos de amor.
 
~

Ahh, a mini-fic acabou :'(( mas ainda tem um epilogo bem fofo, e depois eu posto a sinopse das outras mini-fics para vcs escolherem, ok?? eu irei colocar mais, além das duas que eu já havia colocado :)

mandem seus números para eu adicionar no grupo, esta bem divertido :)
me mandem uma DM no twitter: @WorldJemi
ou um email: FanficsJemi@gmail.com

Beijoos <3

26.6.14

Emoção - Capitulo 21

 
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DEPOIS DE ir para casa para tomar um banho e trocar de roupa, e então telefonar para o hospital para ter notícias de Chip, que estava muito bem, Joe seguiu para a casa dos pais. A família paralisou as comemorações até que ele pudesse retornar. Então ele tentou fingir que se importava com o Natal e que não estava totalmente infeliz.

Ele não achou que tivesse sido bem-sucedido na empreitada. O sorriso estava rígido, a risada falsa e a tensão devia estar visível. Ele não conseguia manter a mente nas brincadeiras, se perdia no meio das conversas e em geral entrou em torpor na maior parte da tarde.

Só conseguia pensar em Demi. No tempo que passaram juntos… e no jeito como se separaram.

Ele simplesmente não conseguia entender, não conseguia começar a compreender como ela podia ter passado o fim de semana com ele, fazendo tudo que fizeram, dizendo tudo que disseram, e então falar casualmente sobre se mudar de volta para Nova York. Não fazia sentido.

Ele sempre teria apostado seu último centavo que ela o amava, que sempre o amaria, assim como ele sempre a amaria. Mas as palavras nunca foram ditas por ela, nem mesmo quando ele confessara seus sentimentos por ela todos aqueles anos atrás.

Foi você quem a abandonou. Você partiu o coração dela, lembrava uma voz em sua cabeça. Então talvez não fosse tão surpreendente o fato de ela simplesmente não correr de volta para os braços dele.

Mas correr para a costa leste, em vez disso? Que sentido aquilo fazia?

– Então… Vai nos contar quem é ela?

Joe olhou para cima quando sua irmã caçula Annie, que não era mais sua irmãzinha, mas uma colegial do primeiro ano, entrou na sala.

– Perdão?

– Qual é, está na cara que você está com problemas com uma mulher. Não vimos você tão deprimido por causa de uma garota desde que você voltou para casa depois de ir embora de Nova York depois de perder aquela garota… Deborah?

– Demi. O nome dela é Demi – murmurou ele, desviando o olhar e franzindo a testa.

Ouvindo o arfar surpreso de Annie, Joe desejou ter ficado calado.

– Espere, estamos falando de Demi agora?

– Por que pergunta isso?

– Bem, você disse que o nome dela é Demi. Além disso, o jeito como você pronuncia o nome dela, maninho. É como voltar seis anos no tempo. Eu me lembro exatamente de como você ficou quando retornou, depois que papai ficou doente. Nunca vi você tão ligado a alguém.

Havia um bom motivo para isso. Ele nunca ficara tão ligado em mais ninguém.

– Então qual é a história? Por que você não a convidou para a ceia de Natal?

– Eu convidei. Ela… não gosta muito de Natal. – Ele não queria compartilhar detalhes sobre a vida particular de Demi, porém explicou: – Ela tem lembranças ruins dessa época do ano…

– Então onde está ela? Ela está aqui em Chicago?

– Sim, ela se mudou para cá. Ela está em casa, no apartamento dela agora.

– Cara! Que saco!

Ele revirou os olhos, ainda não muito acostumado a ouvir sua irmã falando como um sujeito de 18 anos, vocabulário que parecia ter sido adotado pelas jovens de hoje.

– Você a deixou sentada em casa, sozinha no apartamento dela, no Natal?

– Como eu disse, eu a convidei para vir. Ela quis ir para casa. Sozinha.

Annie meneou as sobrancelhas, e foi aí que Joe percebeu que tinha pisado na bola. De novo.

– Ir para casa, hein?! Tipo, ela estava com você nos últimos dois dias, durante sua grande emergência preso na neve?

– Cale a boca. –murmurou ele.

Ela riu.

– Olha, tudo que vou dizer é que, se eu estivesse saindo com alguém, e ele me deixasse sentada em casa sozinha durante o Natal, eu teria absoluta certeza de que ele não ligava a mínima para mim.

– Você não é Demi – resmungou ele.

– Que bom para você – disse ela, se levantando e saltitando até a porta. – Porque se eu fosse, eu teria dito até mais, cara, e faria você pensar que eu dava a você a mesma importância que você dava a mim.

Ela saiu da sala, deixando Joe sentado ali, sozinho. Porém as palavras de sua irmã permaneceram. Na verdade, de algum modo elas pareciam ficar cada vez mais altas… e mais altas.

Ele sabia que Demi não era do tipo que fazia joguinhos. Mas também sabia que ela devia estar se sentindo insegura em relação a eles, em relação a ele, agora. Considerando que ele a abandonara no Natal há seis anos e parara de telefonar logo depois, por que ela não teria dúvidas? Por que ela não teria questionamentos?

Por que ela não esperaria que ele não estivesse dando a mínima se ela resolvesse se mudar de volta para Nova York?

Será que, na tentativa de parecer calmo, racional e justo, Joe a fizera achar que ele não se importava? Será que esconder o medo de perdê-la outra vez tornara isso mais provável de acontecer?

Não. Isso não ia ficar assim. De jeito nenhum que ele iria deixá-la pensar que ele não a desejava. Demi podia até querer ir embora, podia enxergar esse grande passo profissional como a próxima coisa lógica a fazer em sua vida. Mas ele não iria deixá-la tomar essa decisão sem se certificar de que ela soubesse como ele se sentia.

O que significava que ele precisava ir conversar com ela. E dessa vez, ele não deixaria nada por dizer.
 
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Oii meus amores!!! esse é o penúltimo da fic, só falta o ultimo e o epilogo :((

Thay, vc pode mandar um email com o seu numero, ok?? manda pra esse aqui -> FanficsJemi@gmail.com ;)

Beijoos!! eu amo vocês <3

Emoção - Capitulo 20

 
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Atualmente
Chicago, 25 de dezembro de 2014

DEMI ACORDOU na manhã de Natal se sentindo bem, quentinha e confortável. E aquilo não era só por causa do homem nu, incrivelmente lindo e sexy deitado junto a ela, mas também porque a ventilação logo acima do sofá-cama estava soprando um ar quente e constante.

A energia elétrica voltou. Aleluia.

Ela ficou deitada ali durante alguns minutos, aliviada, mas também um pouco triste. Energia elétrica era bom. Ótimo, na verdade. Mas sinalizava uma coisa: um retorno à normalidade. O mundo real estava batendo às portas do pequeno ninho do amor deles, lembrando-os de que na verdade aquele espaço era um edifício de escritórios de seis andares em Chicago.

Durante 36 horas eles conseguiram fingir que o restante do mundo não existia. Agora que tinham luz novamente, estavam a apenas um telefonema de distância de todo mundo.

Demi devia aproveitar isso e telefonar para Sam, que talvez estivesse preocupado. Com sorte, ele teria estado ocupado demais para tentar contatá-la. Mas no mínimo ela precisava ligar para ele e lhe desejar feliz Natal… ou pelo menos um bah, que bobagem!

Ela se perguntava se o Natal iria ser feliz para ela. Antes de ontem, ela teria rido de tal ideia. Agora, no entanto, honestamente, não tinha certeza.

Provavelmente seria inteligente impedir mais perdas, agarrar-se à lembrança do presente que ela já havia recebido neste ano, e sair enquanto a coisa estava indo bem. Ela e Joe haviam compartilhado uma véspera de Natal fantástica… pela segunda vez na vida dela. Mas eles já haviam provado uma vez que não tinham como fazer durar muito além disso. Então que tipo de tola ela seria ao deixá-lo voltar ao seu coração outra vez, do mesmo jeito que ela permitira que ele voltasse aos seus braços?

Qualquer um poderia criar uma lembrança adorável e romântica das festas de fim de ano e um pouco de neve. Eles nunca tinham tentado existir no mundo real.

E talvez não devessem. Talvez não fossem destinados a isso.

Entristecida por aquela ideia, Demi sentou-se lentamente e se espreguiçou. Ela espiou a parede de janelas, olhando por cima do ombro de Joe, e percebeu que não apenas havia parado de nevar, como o céu estava tentando ficar azul e ensolarado. Também havia um som distinto, algum tipo de motor nos arredores.

Curiosa, ela saiu da cama e foi até a janela, que dava vista para o estacionamento. Para sua surpresa, já estava quase todo limpo. Um caminhão com um arado estava trabalhando no lote, e uma mini escavadeira estava cuidando dos montes de neve nas calçadas.

– Droga – sussurrou ela. Agora não apenas estavam eletronicamente conectados ao mundo, como o status “isolados pela neve” estava prestes a mudar também. A aventura do feriado particular havia chegado ao fim.

– Feliz Natal – disse ele da cama, a voz rouca de sono.

Embora ela quisesse responder de forma gentil, as palavras ficaram um pouco presas na garganta, a qual foi se apertando a cada segundo desde que ela acordara.

– Bom dia.

– Está mais quente aqui, ou é só porque estou olhando para você nua?

Ela riu baixinho e voltou à cama, se abaixando para beijar Joe enquanto engatinhava para ficar ao lado dele.

– A energia voltou. E o estacionamento está quase limpo.

Ele franziu a testa.

– Lembre-me de demitir aquela empresa de limpeza de neve.

Joe não soava nem um pouco mais feliz do que Demi sobre ser “resgatado”. Talvez porque, tal como ela, ele não tinha certeza do que iria acontecer quando eles retornassem à realidade.

Será que eles tinham o que era necessário para ir além do fim de semana? Para de fato fazer um relacionamento diário funcionar? Com os laços que Joe tinha com a família, com a empresa, com a cidade… e Demi com sua necessidade por vezes caprichosa de mudar de direção e explorar novas oportunidades, quando eles eram feitos para ficar juntos?

Ela não fazia ideia. Nem queria conversar sobre isso com ele ainda. Precisava pensar. E provavelmente seria melhor fazê-lo sozinha.

– Acho que você devia ligar para sua família avisar que está bem – disse Demi. – Provavelmente eles estão preocupados.

Ele assentiu.

– Ouça, por que você não vem comi…

Ela sabia o que ele ia pedir e ergueu uma das mãos, espalmada.

– Obrigada, mas não, obrigada.

– Tenho certeza de que eles adorariam conhecer você.

– Bah, que bobagem, lembra-se?

– Demi…

– Por favor, não – retrucou assim que ela se levantou, pegou suas roupas e começou a vesti-las. Por mais que gostasse de ficar nua na cama com Joe, ela sabia que as coisas tinham mudado. Sentia-se muito menos livre e muito mais preocupada do que estivera na noite anterior. A presença do restante do mundo no relacionamento estranho deles a deixava desconcertada. Enquanto há algumas horas ela estivera repleta de nada senão contentamento e satisfação, agora as únicas coisas que preenchiam sua cabeça eram perguntas e preocupações.

– Preciso de um tempo – disse Demi a ele. – Eu só gostaria de ir para casa e tomar um banho.

– E a ceia de Natal?

Os sanduíches com as sobras do peru tinha parecido perfeitos. Ir com Joe até a casa dos pais dele para uma refeição grandiosa com uma família imensa?

Nem tanto.

– Por favor, não pressione – disse ela, ouvindo o tom da própria voz e ficando furiosa consigo. Ele estava tentando compartilhar algo especial… a festa da família dele.

– Tudo bem – disse Joe. – Eu compreendo.

Como Demi não conseguia compreender a si mesma, ela duvidava dele, mas não queria discutir. Não depois do dia maravilhoso que eles haviam tido ontem e das noites lindas, maravilhosas, incríveis naquele sofá-cama estreito.

– Você pode usar o telefone da minha mesa se quiser ligar para Sam – informou Joe. – Se a energia voltou mesmo, então as linhas deveriam estar funcionando. É só discar nove primeiro.

Agradecendo a ele, Demi terminou de se vestir e foi até a mesa. Pegou um recado de Sam na caixa postal e deixou outro recado para ele. Verificou seu telefone celular, ainda sem sinal, e resolveu ligar para o telefone de casa para ver se havia algum recado.

Ela discou para casa, então digitou a senha. Quando ouviu que tinha dois recados deixados na sexta-feira, franziu a testa, percebendo que não tinha parado para escutá-los quando chegou em casa.

Estava ocupada demais se masturbando na banheira enquanto pensava em Joe.

Uma voz que ela não reconheceu veio do fone.

– Srta. Lovato, aqui é Janet Sturgeon, sou da revista Parents Place. Desculpe por ligar pouco antes do Natal, mas é que eu realmente queria falar com você. Todos na redação simplesmente amaram seu ensaio fotográfico.

Ela comemorou mentalmente. Mas a voz não tinha terminado.

– E é claro que todos nos lembramos do trabalho excelente que você já fez para a gente. De qualquer forma, estamos fazendo algumas mudanças aqui em nossa matriz e estávamos pensando se você estaria interessada em vir a Nova York para conversar sobre um cargo permanente conosco? Estamos buscando um diretor artístico. Todos realmente gostamos do que você faz e achamos que você se encaixaria muito bem em nossa equipe.

O queixo de Demi foi caindo lentamente enquanto ela escutava. Ela estava esperando por um Sim, gostamos do seu trabalho e vamos pagar X por ele. Mas uma oferta de emprego? No mínimo, a oferta por uma entrevista de emprego? Ela nunca havia imaginado.

Bem, aquilo era uma mentira, é lógico que ela havia imaginado. Tinha pesando várias vezes em sair daquela piscina infantil que era seu trabalho como autônoma e ir para o imenso oceano das grandes publicações. E a Parents Place era um bom trecho do oceano. Uma oportunidade de trabalhar para eles, de ser a diretora artística de uma publicação nacional de grande porte… sinceramente, era como se alguém tivesse acabado de lhe entregar o primeiro prêmio da loteria sem ela nunca ter comprado o bilhete.

Sua mente começou a vaguear e ela não ouviu o número de telefone que a pessoa que ligou deixou no fim. Demi salvou o recado para escutar outra vez quando chegasse em casa e ficou pensando no que dizer quando retornasse a ligação no dia seguinte.

– Demi? Você está bem?

Joe a estava observando de lá da alcova. Ele havia terminado de se vestir e passou uma das mãos pelo cabelo grosso e desgrenhado, estava perfeito, sexy e lindo. O coração de Demi deu uma cambalhota no peito do jeito que sempre fazia quando ela olhava para aquele homem na claridade total do dia. E até na total escuridão.

Só que agora, havia uma leve sensação de aperto em seu coração também.

Não seja boba, você nem mesmo sabe ainda se conseguiu o emprego. Ou se vai aceitá-lo.

Verdade. Ela não podia se permitir ficar chateada a respeito de algo que possivelmente poderia acontecer, e o reflexo disso entre ela e Joe. Pelo que Demi sabia, não havia ela e Joe. O fim de semana tinha sido fantástico e maravilhoso… mas ela já admitia que poderia não haver mais nada além.

Não vai haver se você estiver em Nova York.

O que a fazia se perguntar: será que ele se importaria se ela fosse embora?

Será que ele pediria que ela não fosse?

– Demi? Está tudo bem? Era o Sam?

Ela balançou a cabeça lentamente e colocou o fone no gancho. Tentando manter a voz firme, assim não iria revelar nem empolgação, nem a turbulência incrível que aquilo poderia significar para eles, Demi contou sobre o telefonema.

Joe não reagiu de cara. Nem sorriu ou a parabenizou imediatamente. Nem mesmo franziu a testa e insistiu dizendo que ela não podia nem pensar em ir embora agora, quando havia tanta coisa entre eles no ar.

Então talvez não haja nada no ar.

Talvez tudo tenha se estabelecido naquela cama nas últimas 36 horas, e esteja tudo acabado, e nós dois devamos apenas ir viver nossas vidas alegremente.

Deus, ela não queria acreditar naquilo. Mas era possível. Para Joe, podia ter sido coisa de uma noite só. Talvez ele não desse a mínima se ela fosse embora. Ela simplesmente não sabia. E, sinceramente, não tinha certeza de como abordar o assunto.

– Estou vendo. Bem, isso é empolgante – disse ele finalmente.

– Poderia ser – respondeu Demi cautelosamente.

– Quando você voltaria a Nova York?

Grite, droga. Demonstre algum tipo de emoção.

– Ela disse que queria me entrevistar imediatamente, essa semana se possível.

– Não creio que os aeroportos vão abrir por um dia ou dois. Talvez no fim da terça ou quarta-feira.

– Talvez – disse ela, se perguntando como ele poderia estar tão tranquilo, por que ele não queria revelar nada do que estava pensando.

Por que ele não estava dizendo a Demi que não queria que ela fosse.

Mas ele não fez nada. Em vez disso, ainda calmo e racional, como se eles tivessem acabado de jantar num encontro em vez de passar por uma maratona sexual emocionalmente carregada durante 36 horas, ele a ajudou a arrumar o escritório e o refeitório, ocultando as evidências do idílio selvagem de fim de semana que havia ocorrido ali. Tudo retornou ao seu lugar, os casacos emprestados voltaram ao armário, a comida foi guardada cuidadosamente. Até o sofá-cama foi arrumado e dobrado. Não havia nenhuma evidência de que eles haviam estado ali.

Perceber aquilo deixou Demi incrivelmente triste. Mas não havia nada que ela pudesse fazer a respeito.

Finalmente, não restando mais nada a fazer, eles vestiram roupas quentes e desceram. Não tiveram problemas para sair para o estacionamento, e Joe pagara um extra ao seu contratado por desatolar os carros deles. Então, por volta de meio-dia, eles estavam prontos para ir embora, nenhum dos dois preocupados com o trajeto de carro, considerando que as escavadeiras e caminhões de sal passaram a noite toda em ação.

Chicago era uma cidade acostumada a lidar com a neve. Apesar da nevasca perversa na véspera de Natal, as coisas muito provavelmente iriam voltar ao normal bem depressa. Se algo fosse voltar ao normal de novo um dia. No momento, Demi não tinha muita certeza sobre a definição dessa palavra.

– Tem certeza de que vai ficar bem dirigindo sozinha para casa? – perguntou Joe.

Ela assentiu.

– Vou ficar bem, são poucos quilômetros.

Ele abriu a porta do carro para ela. Estava quente lá dentro; ela havia deixado em ponto morto durante alguns minutos enquanto eles estavam lá fora se despedindo. Ou não estavam se despedindo. Até agora, eles não tinham dito nada.

Demi não tinha certeza do que estava esperando que ele dissesse. Ou se ele também estava esperando. Ou do que cada um poderia dizer para ficar tudo bem, para que ambos compreendessem a situação atual e futura.

No fim, não disseram muita coisa.

Joe simplesmente se inclinou e roçou a boca na de Demi, o hálito de ambos se misturando no ar gelado. Então ele sussurrou:

– Feliz Natal, Demi.

Ela deu um sorriso trêmulo e assentiu.

– Tchau, Joe.

O coração dela estava berrando para que ela dissesse algo mais. O cérebro também. Mas ela não conseguia encontrar as palavras, não sabia o que Joe queria ouvir.

Então simplesmente entrou no carro, observou Joe entrar no dele, e aí ambos saíram dirigindo.
 
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Ah a mini-fic esta acabando ://
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25.6.14

Emoção - Capitulo 19

 
~

ELES TIVERAM uma noite e tanto. Uma noite fantástica, até onde dizia respeito a Joe.

Depois que ele e Demi organizaram o estúdio e foram embora, não seguiram diretamente de volta ao Brooklyn. Em vez disso, passearam um pouco pela cidade. Ele até mesmo a convenceu a ir até o Rockefeller Center para patinarem no gelo. Claro que ficaram espremidos com os milhares de pessoas que tiveram a mesma ideia, mas valeu a pena.

Eles passaram por cada vitrine decorada na Park Avenue e na Fifth Avenue, andando uma longa distância até a Macy’s e se acotovelando em uma fila para ver a decoração de lá também. Demi resmungou bastante, mas sob as reclamações Joe ouvia algo que lhe tocava o coração. Uma doçura, uma empolgação, um desejo que ela não havia verbalizado, mas que ao mesmo tempo estava lá.

Debaixo daquilo tudo, daquele verniz reluzente “vou viajar para ver o mundo” e “eu não ligo para Natal”, havia uma garota inocente de 22 anos. Uma que havia perdido sua âncora muito jovem e que não confiava que o mundo não iria golpeá-la novamente. Complicado.

Ele não teria admitido, mas Joe realmente gostava de tentar persuadir Demi a aproveitar o período festivo, apesar dos próprios esforços dela para desgostar daquilo tudo. E ao passo que Joe não estava totalmente certo se ela gostaria do presente que ele havia comprado antes de retornar para ajudá-la no estúdio naquela manhã, ele tinha esperanças de que ela pelo menos compreendesse suas intenções por trás dele.

– Estava ótimo – disse ele quando pousou o garfo sobre o prato vazio. Eles tinham acabado de jantar à mesa da cozinha minúscula dele.

Demi insistira em cozinhar para ele, muito embora tivesse alertado não ser muito adepta de nada chique. Assim, havia sido a primeira “refeição caseira” que Joe comera em eras, e ele nunca achara um bolo de carne tão gostoso.

Ele se levantou para limpar a mesa e a cozinha.

– Deixe-me ajudar – disse Demi, começando a se levantar também.

– Você cozinhou – disse ele. – Vá sentar e relaxar um pouco. Eu cuido disso.

– Tem certeza?

– É claro. – Ele se deu conta, de repente, do caráter doméstico que a coisa toda estava tomando. O que era um tanto bizarro, considerando que eles se conheciam há um dia e meio.

O melhor dia e meio do mundo.

Aquela era uma percepção maluca, mas era verdade no entanto. Joe não conseguia se lembrar de ter tido uma época melhor desde que conhecera Demi Lovato. Sinceramente, pensar no que viria a seguir o deixava mais empolgado do que qualquer coisa em muito tempo.

Limpando a cozinha rapidamente, ele foi até o outro cômodo e encontrou Demi sentada no sofá, com a cabeça recostada e os olhos fechados. Ela havia ligado o som e uma música de Natal tocava suavemente ao fundo. Ele estava prestes a abrir a boca e provocá-la sobre ter quebrado a própria regra quando viu a lágrima na bochecha dela.

Sem dizer uma palavra, Joe se juntou a ela no sofá, puxando-a para si, de modo que ela pousasse a cabeça no ombro dele. Eles ficaram sentados em silêncio durante um longo tempo, escutando a música, observando jeito como o flash bobo da câmera, agora coberto com uma folha de plástico verde, refletia lampejos de luz na árvore de Natal.

Finalmente, Demi se ergueu em meio aos braços de Joe e olhou para ele.

– Esse é o melhor Natal que já tive em muito tempo.

– Fico feliz. Não está tradicional demais para você?

– Não. Está perfeito. – Ela umedeceu os lábios. – Eu sei que você é muito próximo da sua família, e provavelmente é difícil para você compreender isso tudo…

– Consigo compreender com meu cérebro – disse ele, falando sério. – Mas meu coração não quer nem mesmo tentar compreender. Simplesmente não consigo imaginar como deve ser isso.

O pai o enlouquecia, mas Joe ainda o amava, assim como à mãe. Ele não conseguia sequer imaginar ter seu mundo arrancado de debaixo de seus pés, assim como ocorrera com Demi, não conseguia compreender essa coisa de receber um telefonema informando que as pessoas que você sempre presumiu que fossem estar ali, de repente se foram.

As pessoas esperavam superar a expectativa de vida de seus pais, era natural. Mas só até atingiram a meia-idade. Não até que seus próprios filhos tivessem a oportunidade de conhecer seus avós. Os pais dele mesmo eram bem jovens, estavam apenas nos seus 50 e poucos anos, e Joe esperava totalmente mais uns 20 ou 30 anos discutindo com o pai e sendo mimado pela mãe. Ele não teria isso de nenhuma outra maneira.

– Posso te dizer como é – explicou ela. – É como acordar um dia e perceber que alguém arrancou seu coração do peito. Sua vida não é mais contada pelos anos que você já viveu, ou por aqueles que você ainda tem. Ela passa a ser medida antes e depois daquele evento.

Ele compreendia. Aquilo lhe partia o coração, mas ele compreendia definitivamente. Joe a abraçou, lhe acariciando o cabelo, lhe beijando a têmpora.

– Mas aí – sussurrou ela – o buraco começa a ser preenchido. Você se lembra dos bons momentos antes daquele evento e começa a reconhecer os bons momentos que vêm depois. – Ela se remexeu no sofá, olhando para Joe. Seus lindos olhos castanhos estavam luminosos, porém mais lágrimas marcavam suas bochechas. Como se Demi quisesse que ele visse que ela estava melancólica, mas não arrasada. – Nesse fim de semana você me proporcionou um bom momento, Joe. Eu nunca vou me esquecer.

Ele se abaixou, roçando a boca na dela em um beijo terno. Ela retribuiu, docemente, gentilmente, então sorriu para ele.

– Então – disse ele, sabendo que era a hora certa. – Tudo bem se eu te der seu presente de Natal agora?

Ela o olhou com cautela.

– Não é grande coisa – avisou Joe quando se levantou e foi até a árvore. Ele havia escondido um pacotinho embrulhado atrás dela quando tinham chegado em casa naquele início de noite.

– Você não devia ter comprado nada – insistiu Demi. – Não comprei nada para você.

Ele piscou e ergueu uma sobrancelha, flertando.

– Tenho certeza de que vou pensar em algo que você possa me dar depois.

– Hum… Por que não vemos o que tem aí, e então eu decido o que você merece receber em troca? – Ela pegou o presente, e embora um lampejo de medo ter lhe cruzado o rosto, e então ela mordeu o lábio levemente, Joe podia jurar também ter visto o brilho de um sorriso.

Ele se sentou na ponta oposta do sofá, observando-a abrir a caixa. Quando Demi abriu a tampa e ficou olhando em silêncio para o presente lá dentro, ele não conseguiu evitar se perguntar se havia cometido um erro.

Talvez fosse cedo demais. Talvez ela não estivesse pronta. Talvez ela fosse pensar que ele não compreendia sua situação, afinal.

Ele enfiou a mão na caixa e pegou o globo de neve, sacudindo-o cuidadosamente, observando o glitter prateado rodopiar em torno da imagem dentro dele.

Não era nada engraçadinho, do tipo que o irmão dela daria, e certamente não tinha a intenção de substituir o Papai Noel hippie que tinha sido quebrado.

Em vez disso, era simples, bonito… tradicional. Uma casinha com um telhado cheio de neve e uma guirlanda na porta. Uma luz quente, amarelada, vinha das janelas, em que era possível imaginar uma família reunida. Havia um carro estacionado na frente. Uma paisagem cheia de arvorezinhas. Retratava uma noite feliz de Natal, quando tudo estava tranquilo e reluzente.

– Eu só pensei que, como o outro estava quebrado…

– É lindo – sussurrou ela. – Absolutamente lindo.

Ela girou o botão na parte inferior, e começou a tocar Deck the Halls. Sorrindo, Demi colocou o globo na mesa cuidadosamente.

– Obrigada.

– Não há de quê, Demi.

A música no rádio acabou, e um locutor entrou para anunciar a hora: meia-noite em ponto.

Eles olharam para a árvore, então um para outro. Sem mais nenhum sinal de lágrimas, Demi sussurrou:

– Feliz natal, Joe.

Ela se levantou do sofá e estendeu a mão. Joe a tomou e eles caminharam juntos até o quarto dele. Trocaram beijos lânguidos e íntimos enquanto se despiam lentamente. Ao longo das horas noturnas, não fizeram sexo, fizeram amor. Joe nunca tivera muito certeza da diferença entre ambos antes, mas agora, ele finalmente compreendia.

Ele adormeceu com um sorriso no rosto, e tinha bastante certeza de que o sorriso havia permanecido durante toda a noite. Porque ele ainda estava sorrindo horas depois, na manhã de Natal, quando acordou e encontrou Demi nua em seus braços… e um telefone tocando.

– Que horas são? – perguntou ela com a voz cheia de sono.

Ele olhou para o relógio.

– São só 6h30.

Apenas uma pessoa telefonaria tão cedo. Sua irmã caçula era sempre a primeira a ligar no Natal, e ela provavelmente já havia verificado a caixa de e-mails e visto o vale-presente virtual enviado por ele.

Verificando o identificar de chamadas do celular, e vendo o número da casa dos pais, ele riu e o abriu, esperando ouvir a voz cheia de alegria de sua irmã tagarela.

– Alô?

Uma pausa. Um soluço.

E então o mundo desabou debaixo de seus pés.
 
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Enjoy!! já mandaram os números para eu adicionar no whats??? mandem por dm no tt, ou pro meu email fanficsjemi@gmail.com :)

Beijos. eu amo vocês <3

Emoção - Capitulo 18

 
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Antes
Nova York 24 de dezembro de 2008

POR MAIS que Demi tivesse gostado de permanecer na casinha de Joe e aprender tudo que havia para saber sobre fazer amor, ela precisava trabalhar na véspera de Natal. O fotógrafo com quem ela fazia estágio havia agendado famílias para fazerem retratos natalinos e ela precisava estar lá com os sinos a postos.

Literalmente. Bate o sino pequenino. Eles estariam presos aos sapatos bobos de elfo com ponta recurvada e ela tilintaria a cada passo.

Um dia, quando fosse uma fotógrafa mundialmente famosa, ela riria disso tudo. Mas agora não. Era simplesmente ridículo e constrangedor demais. Tanto esforço para parecer uma mulher madura, tranquila e controlada durante seu primeiro “dia seguinte”. Joe iria olhar para ela e achar que tinha passado a noite com uma adolescente.

– Por favor, me diga que vai usar essa roupa esta noite – disse Joe, sem se esforçar para esconder seu divertimento quando ela saiu do banheiro bem cedo na manhã de sábado.

– Ha, ha.

– Estou falando sério. Você está totalmente sexy. O elfo Hermie nunca teria ido embora do Polo Norte para se tornar dentista se você estivesse por perto.

– Bobo.

– Elfa. – Ele a agarrou pelos quadris e a puxou para si, rindo quando o penacho vermelho do chapéu lhe cutucou o olho. Joe ainda estava rindo quando pressionou a boca ao encontro dela para um beijo gostoso e profundo de bom-dia.

Demi se desequilibrou um pouquinho.

De algum modo, ela suspeitava que o beijo de Joe, ou até mesmo a simples lembrança do beijo dele, sempre a deixaria um pouco tonta.

– Você está pronta?

– Não pareço pronta? – disse ela com um suspiro aborrecido. Então acrescentou: – Você tem certeza de que não se importa em dirigir até Manhattan para me levar?

– Eu te disse, tenho coisas a resolver.

Eles tinham passado a manhã embrulhando e embalando os presentes dele para a família. Mas Demi suspeitava que houvesse transportadoras em outros lugares mais perto do que em Manhattan.

– Eu posso pegar o metrô.

– Esqueça – disse ele, encerrando a discussão. O tráfego para Manhattan não estava tão ruim quanto estaria em um dia útil. A maioria dos carros estava saindo da cidade… Obviamente pessoas que tinham ficado trabalhando até tarde do dia 23, e que agora estavam indo passar o feriado com a família.

Eles chegaram ao estúdio com cerca de meia hora de antecedência, e Demi, que tinha uma chave, o deixou entrar.

– Você realmente não precisa ficar – disse a ele quando acendeu as luzes.

– Vou ficar – insistiu Joe, se posicionando imediatamente diante de uma janela da frente para olhar a rua.

Demi sabia o motivo. Joe não confiava que Alex não apareceria para assediá-la. Não que um dos dois achasse realmente que ele tentaria algo violento em plena luz do dia, enquanto ela estivesse no trabalho. Mas ela não descartava que ele pudesse vir para tentar conversar com ela e saber por que ela permitiu que o incidente violento da noite anterior ocorresse.

Não mesmo. Na verdade, nesta manhã, com o incentivo de Joe, Demi já havia telefonado e conversado com alguém da delegacia perto de seu apartamento.

– Você normalmente fica sozinha aqui de manhã? – perguntou Joe quando, depois de dez minutos, ninguém chegou.

– Meu chefe sempre se atrasa. – Revirando os olhos, ela acrescentou: – Ele é do tipo gênio criativo irresponsável.

– Estou vendo – comentou Joe enquanto a seguia pelo estúdio, impregnado por um ar natalino. Havia um trenó imenso com almofadas de veludo em um canto, em frente a um cenário de neve. Ao redor havia montes de felpa branca para imitar neve. Criaturas silvestres, árvores decoradas, bengalinhas de doce e pingentes de gelo completavam o cenário. – Isso está bonito.

– Obrigada – agradeceu Demi, satisfeita com o elogio, já que havia sido ela a pessoa que projetara a cena peculiar. Seu chefe não costumava fazer nada além de colocar uma tela com cena de neve atrás de um banquinho antes de Demi chegar, e já a havia elogiado pelo aumento de movimento no estúdio, dizendo que ela possuía um talento especial para esse tipo de coisa.

Engraçado, na verdade, já que ela nunca tivera a intenção de voltar a fazer isso. Surpreendentemente, no entanto, é que enquanto olhava para os resultados de sua criatividade, Demi sentia uma pontada de tristeza ao pensar nisso. Ela havia se empenhado muito naquele trabalho e na verdade gostava de fazê-lo.

Esqueça. A moda em Paris supera as crianças no Polo Norte em qualquer época.

Certo. Definitivamente. Mesmo que ela adorasse ouvir os gritinhos de satisfação de algumas das crianças menorzinhas que vinham para as sessões natalinas, ela certamente iria adorar os gritinhos de milionárias enquanto espiavam as últimas novidades da moda na passarela.

Ao ouvir o celular tocar, Demi o pegou, reconhecendo o nome do dono do estúdio no visor.

– Oh-oh – murmurou ela, tendo esperanças de que aquilo não significasse que o sujeito iria atrasar mais do que o usual.

Depois de alguns segundos de conversa, ela percebeu que era pior do que isso.

– Você não vai vir hoje de jeito nenhum?

– Desculpe, não tem como evitar! Caí ontem à noite e machuquei meu joelho. Não consigo andar.

Hum. Considerando que o velho gostava de uma gemada batizada ao meio-dia, ela se perguntava como ele tinha caído.

– Temos apenas alguns poucos clientes agendados… você dá conta deles.

Demi gaguejou. Ela era uma estagiária… não remunerada. E ele realmente queria que ela fizesse aquele trabalho, na véspera de Natal?

– Eu sei que isso vai muito além das suas obrigações – disse ele. – Mas eu ficaria tão grato. Vou compensá-la totalmente pelo seu tempo.

Ela só estava imaginando o que ele considerava uma compensação justa. A julgar que ela havia trabalhado como uma escrava durante três meses sem ganhar um centavo, teria sorte se conseguisse faturar cem pratas.

Mas ela já estava lá. Era uma fotógrafa. E mesmo que nunca tivesse desejado tirar os tipos de fotos que ele tirava, era sua oportunidade de trabalhar profissionalmente. Então ela concordou.

Depois que desligou, ela explicou a situação, Joe se ofereceu para ficar e ajudar. Demi agradeceu, mas sabia que ele tinha coisas a fazer. Insistindo para que ele fosse enviar suas encomendas, ela acrescentou:

– Vou verificar a agenda, mas acho que só temos clientes marcados entre 10h e 13h. Se você puder retornar nesse intervalo e receber as pessoas conforme elas forem chegando, eu agradeceria.

Então ela teria concluído as tarefas do dia e eles poderiam ir embora para fazer… o que quer que dois amantes, que eram estranhos há um dia, sendo que uma não era adepta do Natal… faziam no Natal.

Demi mal podia esperar.

– Pode contar comigo – prometeu ele enquanto seguia para a porta. Antes de sair, Joe disse: – Mantenha isso trancado até as 10h, certo?

Ela assentiu.

– Prometo que vou trancar. Não se preocupe.

Ele lhe lançou um daqueles sorrisos arrasadores, que iluminou seus olhos verdes.

– Não consigo evitar, Demi.

O jeito como dissera aquilo, o calor em sua expressão, fizeram Demi sorrir por vários minutos depois que Joe saiu. Mas, no fim, ela precisava arrumar as coisas para trabalhar.

Tendo liberdade para experimentar, ela resolveu tentar algumas ideias novas, contanto que os clientes estivessem de acordo. Então na hora em que o primeiro cliente estava programado para chegar, ela já havia brincado com alguns efeitos de luz, assim como algumas das lentes especiais de seu chefe.

Joe chegou bem na hora, e com a ajuda dele, ela passou as horas seguintes adorando seu trabalho. Pela primeira vez, não estava apenas agendando clientes, recebendo cheques, vendendo pacotes superfaturados de fotos e tentando fazer criancinhas irritadiças de fraldas molhadas rirem, ao mesmo tempo que concordava com todas as ideias de seu chefe. Ela estava criando, tentando novas poses, luzes e efeitos especiais. Conseguia sentir a energia enquanto trabalhava, e suspeitava que aquelas fotos fossem se mostrar muito especiais.

Assim que terminou com o último cliente, já eram mais de 14h. Joe tinha sido de grande ajuda, e uma vez que estavam a sós no escritório, ela o abraçou e o beijou.

– Muito obrigada… que dia divertido!

– Foi mesmo – disse ele rindo quando ela colocou as mãos em seus quadris e o apertou com mais força. – Você foi fantástica. Não sei se já vi alguém lidar tão bem com crianças como você.

Ela revirou os olhos.

– Eu não iria tão longe assim.

– Eu iria – insistiu ele. – Você foi realmente maravilhosa. Deveria se especializar nisso.

– Sem chance – bufou ela. – Tenho outros planos. Grandes planos.

– Como por exemplo?

Eles começaram a arrumar tudo, se aprontando para fechar o estúdio pelos próximos dias. E enquanto limpava, Demi contava a ele sobre sua viagem de estudos iminente no exterior. Sobre seus planos para fotografar ao redor do mundo. Sobre o futuro brilhante e exótico que ela imaginava para si, o qual nada tinha a ver com Papais Noéis, renas ou crianças bochechudas.

Joe surgiu com algumas perguntas, mas na maior parte do tempo, ele simplesmente assentiu, concordando que o futuro dela soava maravilhoso. Mas depois de tudo dito e feito, ele ainda murmurou:

– Ainda digo que você também se sairia muito bem fazendo o que fez hoje.

– Não vai acontecer – disse ela a ele, sabendo que Joe não compreendia totalmente. Como poderia? Ela não mencionara diretamente que sua necessidade de escapar para algum lugar bem longe tinha muito em comum com sua necessidade de evitar o Natal e todas as armadilhas de família feliz que vinham junto com ele.

Demi amava fotografia desde que tinha 12 anos, e seus pais lhe deram uma câmera “de verdade”. Ela se tornou a fotojornalista da família desde então, registrando todos os eventos e capturando todos os sorrisos maravilhosos.

Mas então a família e os sorrisos desapareceram. A perda deles foi quase mais do que ela seria capaz de suportar. Então sair para ver o mundo e os lugares exóticos e as pessoas através das lentes de uma câmera soava ideal para Demi, agora que ela não mais podia ver as pessoas que sempre amara. Empolgante, é claro… porém mais do que isso, soava muito menos doloroso. Ela não iria ficar de coração partido se uma foto sua não fosse parar nas páginas de uma revista. Sem se importar se seus temas eram a escolha inteligente, a escolha certa. O jeito perfeito de viver a vida.

A voz de Joe a tirou repentinamente de seu momento de melancolia.

– Então, garotinha, você foi boazinha durante o ano?

Dando meia-volta, ela notou que ele estava sentado no trenó, batendo no colo sugestivamente, como o Papai Noel mais sexy do mundo.

– Hum – disse ela, saltitando até ele. – Isso depende da sua definição de boazinha.

Ele a colocou em seu colo.

– Depois de ontem, você é minha definição de boazinha – ele disse a ela.

– Eles deveriam colocar sua foto na página do B do dicionário.

– Tem certeza de que não sou nem um pouquinho má?

Ele roçou o nariz no pescoço dela.

– Só do melhor jeito possível.

Sentindo-se acariciada e cálida, ela jogou a cabeça para trás, convidando-o para ir além, amando a sensação do rosto não barbeado contra sua pele. Quando Joe lhe beijou a fenda no pescoço, Demi suspirou. E quando ele baixou mais, para provocar no decote em V da blusa, ela se inclinou mais ainda para trás. Inclinou-se tanto, que caiu do colo dele, em cima de uma montanha de neve falsa.

– Ai – queixou-se Demi, mesmo enquanto morria de rir.

Ele saltou do banco e se ajoelhou ao lado dela.

– Você está bem?

– Estou bem.

– É melhor você me deixar olhar tudo e ter certeza de que você não se machucou.

Captando o tom devasso dele, ela fingiu um suspiro profundo e se afundou na felpa, que lhe amortecia como uma cama gigante de plumas.

– Talvez você devesse. Eu estou me sentindo um pouco fraca.

Com os olhos brilhando, Joe cumpriu sua ameaça. Lenta e gentilmente, ele acariciou o pescoço dela, roçando os polegares pelas clavículas, envolvendo os ombros. Como não poderia ter certeza de que ela estava bem apenas usando as mãos, ele começou a beijá-la, descendo pelo seu corpo. Cada vez que Demi suspirava ou estremecia, ele olhava para ela e perguntava.

– Isso doeu?

– Definitivamente não – murmurava ela, indo ao encontro da boca dele.

Ele não a provocou durante muito tempo. Nenhum dos dois conseguiria suportar isso. Como se não pudesse esperar para estar com ela de novo, embora tivessem saído da cama há poucas horas, Joe desabotoou a blusa de Demi, tirando a barra de dentro da saia de babados. Ele foi beijando pelos seios, contornando as pontas sensíveis através do sutiã.

– Hum – gemeu ela, enredando os dedos nos cabelos densos dele.

Demi adorava o fato de ele gostar tanto de seus seios, adorava o jeito como ele baixava a alça do sutiã e tomava cada seio na mão antes de sugar os mamilos intensamente. Cada sucção da boca dele enviava um choque de desejo pelo corpo dela, e as meias ficavam ainda mais restritivas do que de costume.

– Demi? – murmurou ele quando subiu a saia dela até a cintura e lhe envolveu a coxa.

– Hum?

– Como amanhã é Natal, isso significa que você não vai precisar mais dessa roupa?

– Acho que não – murmurou ela.

– Ótimo.

Ele não explicou o que aquilo significava, simplesmente mostrou a ela. Ficando de joelhos, Joe segurou a meia-calça e a puxou cuidadosamente. A meia rasgou, expondo o sexo dela completamente, pois ela não estava usando nada por baixo.

– Deus do céu – murmurou ele, apoiando-se nos calcanhares para admirá-la.

Ver aquela satisfação chocada no rosto dele dava a Demi uma enorme sensação de poder feminino. Ela abriu as pernas deliberadamente, revelando mais de si, amando o jeito como ele a mão dele tremia enquanto esfregava o queixo.

Não estava mais tremendo quando ele a tocou, no entanto, Demi sibilou quando os dedos longos e quentes a acariciaram, investigando a fenda viscosa entre as coxas. Ela estava úmida e pronta, desejando-o desesperadamente.

Felizmente Joe havia levado um preservativo, e Demi deitou na felpa fofinha, observando-o abrir a calça e vestir a proteção. Ela ergueu uma perna convidativamente, sabendo que ele gostaria de sentir o tecido sedoso das meias ao encontro de seu quadril nu.

Demi imaginava que ele gostaria de senti-lo em outros lugares também. Mas os quadris e aquele traseiro masculino incrivelmente durinho eram um bom começo. Sem uma palavra, ela o puxou para si, convidando-o para adentrar seu calor.

Ela ainda era novata o suficiente para arfar de susto quando ele entrava, mas Joe abafou o som com um beijo. A língua tépida fazia amor com a boca de Demi enquanto ele fazia mais pressão em seu corpo, até ambos estarem completamente unidos. Ela passou as pernas ao redor dele e ergueu os quadris para recebê-lo.

Ele prolongou as estocadas, preenchendo, estirando e lhe dando tanto prazer que Demi gritou dizendo o quanto estava bom. Ele era tão grosso e rijo dentro dela, e ela já estava acostumada àquilo o suficiente para desejá-lo indo com mais força, mais rápido. Mais fundo.

– Mais – exigiu Demi. – Você está sendo tão cuidadoso… pode parar. Eu quero tudo, Joe. Dê para mim.

Ele gemeu. Então, como se só estivesse aguardando pelo convite, ele recuou e investiu com toda a força.

Intenso, profundo. Incrivelmente bom.

– Ah, sim. Mais.

– Tem certeza?

– Absoluta – insistiu ela. – Dê tudo que você tem.

Ele não respondeu com palavras. Em vez disso, para a surpresa dela, Joe saiu de dentro dela e lhe segurou os quadris. Seus rosto era um esboço de desejo e ânsia, ele a deitou de bruços, então passou os braços em torno da cintura dela e a colocou de joelhos. Demi estremeceu, mais excitada do que jamais estivera em sua vida.

Ela estava úmida, excitada e pronta, e quando ele investiu nela por trás, Demi jogou a cabeça para trás e deu um gritinho.

Ainda enterrado dentro dela, ele agarrou suas meias outra vez. Mais uma investida e ele as rasgou completamente, da metade da cintura até a coxa, desnudando seus quadris completamente. Enchendo as mãos com os quadris dela, Joe mergulhou outra vez. Calor com calor, pele com pele. Demi estava prestes a ficar fora de si.

Ela gostava do sexo gentil, lento e carinhoso. Mas, ah, ela amava quando era quente, selvagem e malicioso. Na verdade, percebeu, ela adorava toda e cada coisa que Joe Jonas fazia.

Principalmente aquilo. E, oh, aquilo.

Eles se contorceram, ofereceram e receberam, e logo um orgasmo surpreendente a atingiu. Como se estivesse apenas esperando que ela atingisse tal ponto imediatamente enterrou o rosto nos cabelos dela, abraçando sua cintura apertadamente, e se soltou ao clímax também.

Eles desabaram juntos sobre a felpa.

Joe rolou, se deitando de lado, puxando Demi para si, ela de costas para ele, de conchinha. Demi teve dificuldade para recuperar o fôlego, mas, ah, Deus, valeu a pena.

Finalmente, quando a respiração de ambos havia se acalmado um pouco, Joe falou:

– Então, já que você terminou seu trabalho, esse foi o início oficial do feriado?

– Assim sendo – disse Demi, em tom veemente –, então Feliz Natal para nós!

Ele a abraçou mais pertinho. – E uma noite feliz.
 
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Demi bem safadinha hahahaha ai mais um hot, eu acho que ainda tem mais um hot antes do final, ainda faltam 5 capítulos para acabar... quem esta gostando dessa fic??? só 3 pessoas comentaram no capitulo anterior, eu acho que n esta legal :/

Beijoos <3