20.6.14

Emoção - Capitulo 2

 
~

Antes
Nova York, 23 de dezembro de 2008

HUM. DECISÕES, decisões.

Demi honestamente não tinha certeza sobre qual seria a melhor ferramenta para o trabalho. Afinal, não era todo dia que ela encarava um projeto de tal magnitude. Como estudante de fotografia na Universidade de Nova York, ela normalmente passava mais tempo se preocupando em criar coisas em vez de desmembrá-las.

Uma faca grande? Não, ela podia não conseguir o ângulo certo e acabaria se cortando.

Tesoura? Provavelmente não era forte o suficiente para cortar aquilo.

Lâmina? Ela duvidava que seu depilador Vênus desse conta da tarefa, e não fazia ideia de como conseguir uma daquelas lâminas antiquadas de cortes reto se não fosse roubando de um barbeiro.

Uma motosserra ou um machado?

Provavelmente um exagero que daria em morte. E matar não era o objetivo.

Afinal, ela não queria matar Alex Marshall. Só queria separá-lo de seu pedaço favorito de sua anatomia traidora. Ou seja: o pedaço que ele utilizara para traí-la.

Demi nem mesmo percebeu que estivera pensando alto. Não até sua melhor amiga, Miley, que estava sentada diante dela em uma cafeteria e livraria da moda em Manhattan, intervir:

– Você não vai cortar o pênis dele, então pare de fantasiar a respeito.

Ninguém engasgou perante as palavras de Miley, então obviamente ela não fora ouvida pelas pessoas ao redor. Não era surpreendente; elas estavam enfiadas em um cantinho nos fundos da cafeteria. Além disso, a Beans & Books estava apinhada de compradores em frenesi devido à percepção de que só tinha um dia e meio de compras antes do Natal. Cada pessoa ali estava escutando apenas a contagem regressiva para a festa tiquetaqueando na própria cabeça.

– E você, já parou de fantasiar sobre fazer sexo com Freddie Prinze Jr. e Jake Gyllenhaal ao mesmo tempo? – apontou ela.

– Ei, isso pode realmente acontecer um dia – disse Miley com sorriso. – Pelo menos é possível. Ao contrário da possibilidade de você, Miss Simpatia, realmente dar uma de Lorena Bobbitt nas fuças de um cara, mesmo que ele mereça totalmente.

Na verdade não eram bem com as fuças de Alex que Demi queria… dar uma de Lorena Bobbitt. Ela sabia, no entanto, que Miley estava certa. Demi não era o tipo violento, exceto em suas fantasias. Ela podia até se divertir encenando um joguinho, mas sabia que aquilo não iria render nada.

– Posso pelo menos sofrer e fazer planos durante uma hora?

– Claro. Mas deveríamos fazer isso bebendo cerveja ou tequila em um bar. Café em uma loja lotada simplesmente não combina com sofrimentos e planos de vingança.

Verdade. Principalmente agora, que aquele lugar não era mais o mesmo local silencioso e aconchegante que ela adorava frequentar desde que se mudara para Nova York há três anos e meio. Aquele já havia sido seu lugar favorito para encontrar os amigos, fazer trabalhos da faculdade ou simplesmente aproveitar o silêncio em meio ao perfume de grãos de café arábico recém-moídos.

Desde uma reforma recente, no entanto, o lugar se transformou de uma cafeteria bonitinha e pouco visitada para um local ensandecido, um ímã de cartões de créditos repleto de livros superfaturados, calendários e artigos de papelaria. Os moradores da cidade mestres na arte da multitarefa foram atraídos para o lugar a fim de matar dois coelhos com uma cajadada só. Ali poderia comprar um presente de última hora para a tia-avó Susie – um livro de enfeitar mesinhas de centro ridiculamente caro chamado A vida particular dos gnomos de jardim, talvez – enquanto aguardavam por seu latte light batido de baunilha com chá de romã.

O Natal havia sido reduzido a oportunismo, breguice e bebidas da moda. Felizmente, para ela, Demi havia abandonado a festividade há alguns anos, sem intenção de retornar.

– Encare a realidade, amiga, a vingança não faz seu estilo. Você é tão violenta quanto um Smurf – Miley sorriu. – Ou quanto os elfos do Papai Noel.

– Não tem graça – disse Demi revirando os olhos. – Não tem graça nenhuma.

A amiga sabia o quanto ela odiava a fantasia boba que tinha de usar em seu “estágio” com um fotógrafo local. Estágio? Ha. Ela ficava ridiculamente vestida como um elfo de Natal não remunerado, limpando a baba dos queixos das crianças enquanto estas ficavam sentadas no colo do Papai Noel. O que poderia haver de mais triste para alguém que sonhava em se tornar uma fotógrafa séria? Alguém que estaria indo embora para estudar em Paris no mês seguinte, e que esperava morar lá definitivamente depois da formatura? Alguém que planejava passar os próximos anos fotografando pela Europa, uma foto por vez?

Aquela garota não deveria se importar com Alex. Aquela garota não se importava com Alex.

Mas, naquele momento, Demi não se sentia como aquela garota. Apesar de todas as fantasias violentas, o que esta garota sentia agora era mágoa.

– Você sabe, em nenhum grau, ainda não consigo descobrir por que saí com ele, para começar. – Ela engoliu em seco, com força. – Eu já devia saber.

O sorriso de Miley desapareceu e ela esticou o braço para apertar a mão de Demi. Miley tinha sido testemunha daquele que fora o momento mais humilhante da vida de Demi. O dito momento foi quando Demi entrou no apartamento do namorado, Alex, para arrumar uma enorme festa surpresa de aniversário, que estaria marcada para esta noite.

Surpresa! Seu namorado é um idiota mentiroso e traidor!

Alex já havia dado início à sua comemoração de aniversário.

Diferentemente de sua alegação de que iria “dar uma passadinha” na casa da família para celebrar, Alex aparentemente resolvera permanecer na cidade e “dar uma passadinha” nas partes íntimas da vizinha.

Pelo menos era quem Demi pensava ser a garota ajoelhada em frente ao sofá com Alex Jr. em sua boca quando ela e Miley entraram no apartamento. Demi não tinha muita certeza. Elas só viram a parte de trás da cabeça da mulher de traseiro desnudo… ah, traseiro e, hum, o restante das regiões ali embaixo desnudas. Eca, eca, eca. Ela ainda estava lutando contra a ânsia de enfiar dois palitinhos de misturar café nos olhos para arrancar a imagem gravada em suas retinas. Se um dia já tivesse havido qualquer dúvida sobre a própria heterossexualidade, a reação de Demi àquela visão teria dado fim a ela completamente.

– Talvez eu devesse pedir ao Nick para dar uma surra nele.

Nick, o namorado de Miley, era tão largo quanto uma mesa, e poderia partir Alex como um graveto. Só havia um probleminha:

– Ele é mais pacifista do que eu – disse Demi com um sorriso, sabendo que na verdade Miley só queria fazê-la rir. Nick era o sujeito mais gentil do planeta. – Além disso, nós duas sabemos que Alex não vale esse esforço.

– Não, não vale. – Então Miley sorriu. – Mas fico contente porque você ainda conseguiu dar umas boas espetadas nele. Ainda não acredito que você perguntou a ele se a loja estava sem pirulitos de aniversário e se era por isso que ele tinha buscado outra coisa para ser chupada.

Essa, Demi tinha de admitir, havia sido uma tirada muito boa. Essa era uma ocorrência rara; o tipo de tiradinha na qual ela normalmente teria pensado horas depois, quando estivesse revivendo a experiência terrível em sua mente. Embora, nesse caso, já que ela estava sentindo-se mais triste agora do que qualquer outra coisa, ela poderia muito bem se imaginar perguntando a Alex por que ele fora tão mentiroso.

Se ele tivesse dito a ela que não estava funcionando e que ele queria sair com outras pessoas, será que ela teria ficado arrasada?

Não. Um pouco decepcionada, provavelmente, mas não devastada.

Mas ser traída… e superar o fato? Isso machucava.

– É claro, eu não teria sido capaz de dizer o mesmo. Estaria ocupada arrancando os apliques da cabeça daquela vadia – acrescentou Miley.

– Ela não me traiu, Alex traiu. – Então, curiosa, Demi perguntou: – Como você sabe que eram apliques?

– Querida, aquele carpete não combinava nada com aquelas cortinas.

Embora uma gargalhada tenha saído de sua boca, Demi também gemeu e jogou uma das mãos sobre os olhos, desejando um colírio de água sanitária.

– Nem me lembre!

Engraçado o fato de ela realmente conseguir rir do assunto. Talvez aquilo dissesse muito a respeito de seus verdadeiros sentimentos por Alex. Aquela sessão de queixas-de-namorada não tinha exatamente a ver com o coração partido de Demi, mas com a frustração de suas expectativas.

Ela realmente queria que Alex fosse um sujeito legal. Um cara bom.

Encare, você só queria alguém na sua vida.

Talvez isso fosse verdade. Ver Miley, a ex-devoradora de homens, tão feliz era inspirador. Porém o noivado recente de seu irmão Sam também a afetara. A pequena formação familiar dela, que fora tornada ainda mais diminuta depois que ambos foram deixados a sós no mundo após as mortes dos pais, iria mudar. Sam havia encontrado alguém, estava formando uma nova família, uma que ela sempre receberia bem, mas da qual não faria parte essencialmente.

Ela desejava algo assim também. Ou pelo menos a possibilidade de ter algo parecido. Talvez lá no fundo ela simplesmente não quisesse carregar sua virgindade consigo pela Europa, e tivesse esperado finalmente ter encontrado o sujeito que iria realmente a inspirar a resolver esse assunto.

Sim, provavelmente esse fora o motivo pelo qual ela baixara a guarda e se deixara envolver com Alex, mesmo sabendo que ele não era o sujeito certo a longo prazo. Para ser totalmente honesta, ela sabia que estava mais triste pela ideia de perder o namorado, do que por perder o sujeito em si. Isso sem mencionar o fato de continuar a carregar o manto da virgindade em volta do pescoço.

– Bem, pelo menos você não dormiu com ele! – disse Miley, que havia tido mais amantes do que Demi tivera aniversários.

– Um brinde a isso – respondeu bebericando o café, falando sério. Porque estar presa a um hímen era melhor do que o perder para alguém tão podre.

Algo dentro dela deve ter reconhecido essa característica nele, fazendo-a se conter. Lá no fundo, ela sempre soube que havia algo de errado naquele relacionamento, mesmo com Alex tendo se desdobrado para fazer parecer certo.

Talvez Demi realmente fosse a virgem mais velha de Nova York, tendo se mantido assim durante o colegial por causa da reputação de durão de seu irmão, e ao longo da faculdade devido à própria veia romântica enraizada. Qualquer que fosse o motivo, ela esperara durante todo esse tempo. Então, ela não chegara a ponto de pular na cama com Alex só porque ele dissera gostar de sua fotografia e porque abria a porta para ela quando saíam, ao contrário da maioria dos caras da faculdade que ela conhecia.

Que bom. Porque tudo tinha sido uma farsa. O sujeito legal, paciente e gentil não existia. Alex vestira o personagem do mesmo jeito que alguém vestia uma fantasia de Dia das Bruxas, deslizando para dentro dela para ser o homem que Demi desejava, e então a retirando, juntamente ao restante de suas roupas, quando ela não estava por perto. Ele não deveria estar estudando para ser advogado, um ator seria muito mais adequado. Deus, ela poderia ter sido mais ingênua?

Talvez Sam estivesse certo. Talvez ela não tivesse nada que caçar viver sozinha em Nova York, ou pior, ir para a Europa. Talvez ela fosse uma ovelha no meio de lobos. Devia ter simplesmente ficado no subúrbio de Chicago onde haviam crescido, ter feito um curso técnico, ter feito seus retratinhos de primeira comunhão como era costume local, casando-se com um sujeito bom da cidade e ter colocado mãos à obra para produzir priminhos para os futuros filhos de Sam. Pelo menos assim ela não estaria sentada ali, toda triste por ter sido traída por alguém que tinha esperado ser seu Príncipe Encantado.

– Está mais para Rei Malvado – murmurou ela.

– Hein?!

– Nada. Só estou pensando no Alex.

Miley assentiu, franziu a testa e murmurou:

– Por que a maioria dos homens são babacas? Menos o Nick, claro.

– Seu palpite é tão bom quanto o meu.

– Deve ter homens decentes por aí, certo?

– Sam é um deles – admitiu Demi. – E meu pai com certeza era.

– O meu também é. – Miley enrugou a testa, pensativa. – Seu pai era gerente de uma concessionária de carros, não era?

– Sim.

– E seu irmão Sam é policial. Meu pai trabalha em vendas, e Nick é caminhoneiro. Hum.

– O que quer dizer?

Miley batia a pontinha do dedo sobre a boca.

– A maioria dos caras com quem você saiu eram como o Alex. Ricos, futuros advogados, políticos, médicos… E babacas, todos, sem exceção.

Demi assentiu, reconhecendo o ponto de vista.

– E esses eram os tipos que eu namorava antes de conhecer Nick.

Ela começou a compreender.

– Ahhh.

– Então talvez você precise procurar por um sujeito simples, que trabalha duro para ganhar a vida, que não teve tudo na mão.

Aquilo soava ideal. Infelizmente Demi não conseguia se lembrar da última vez que conheceram alguém assim. Esse tipo de sujeito com certeza não parecia existir no campus da Universidade de Nova York.

– Um sujeito tão sensual que faça você grudar na cadeira quando vir os músculos dele sob o suéter enquanto ele trabalha – disse Miley, soando perdida em seus pensamentos. Ela estava olhando além de Demi, como se visualizando esse pedaço de mau caminho do proletariado. – Alguém que saiba como usar as mãos, e que tenha autoconfiança suficiente para não precisar se exibir diante de uma mulher.

Desacostumada a ver Miley sendo tão minuciosa em suas descrições, mas definitivamente gostando da descrição, Lucy apenas concordou.

– Alguém como ele.

Dessa vez, o olhar de Miley apontou e ficou especulativo. Surpresa, Demi se virou rapidamente para olhar por sobre o ombro, em direção à esquina na frente da loja, e viu o ele em questão.

E, ai, uau, e que ele!

Ele era jovem, 20 e poucos anos, provavelmente, assim como ela. Mas não se assemelhava muito aos caras com quem ela interagia diariamente na faculdade. Usava um par de jeans gastos, posicionados mais embaixo nos quadris muito estreitos. E o cós da calça ficava mais baixo ainda por causa do cinto que ele usava, pesado por causa de diversas ferramentas. Martelos poderosos, chaves de fenda longas, brocas de aço. Tudo duro. Forte. Rígido.

Tire sua mente do cinto de ferramentas dele.

Ela o fez, sacudindo a cabeça brevemente para voltar a atenção para outra direção. Claro, não havia outra direção para a qual se ir… ele era sensual de todos os ângulos.

Então ela ficou olhando para aquilo. Errr… para ele.

Demi ergueu o olhar, absorvendo todo o pacote alto, esbelto e poderoso. Embora usasse as ferramentas do ofício, não tinha o biótipo de um trabalhador musculoso de construção. Era forte, sim, mas com uma beleza jovial. Um Hugh Jackman como o do filme Kate & Leopold, e não como em Wolverine.

Delícia.

O corpo inteiro dele relatava histórias de trabalho duro. Um conjunto impressionante de músculos abominais visivelmente ondulados sob a camisa tingida pelo suor. O peito largo e braços densamente musculosos se movimentando com uma precisão quase poética enquanto ele terminava de instalar uma estante nova nos fundos da livraria.

Ele ergueu um braço e limpou um lustro de suor na testa, gesto que só serviu para enfatizar a beleza do rosto dele, visto apenas de perfil. Ele possuía um queixo marcante e quadrado, um nariz reto. Maçãs do rosto proeminentes destacavam as cavidades com uma leve barba por fazer logo abaixo, conferindo ao rosto magro dele um ar de juventude e poder.

O cabelo preto era razoavelmente longo, um pouco cacheado, e ele os afastou da testa com a mão impaciente. Ver aquelas mãos fortes em movimento fez Demi soltar um suspiro longo e lento, e quando ele se virou e ela viu a parte de trás, precisou suspirar novamente. Ai, nossa, o sujeito sabia mesmo como preencher um jeans.

Aparentemente ela não era a única mulher que havia notado. O que ela havia tomado como distração de fregueses mais cedo agora notava ser na verdade o apreço feminino pela bela demonstração de poder cru e masculino na esquina. Todas as outras mulheres do lugar ou estavam espiando discretamente ou claramente boquiabertas.

Ela estava boquiaberta. Não tinha como espiar sorrateiramente.

Finalmente percebendo que estava literalmente virada na cadeira para encarar, e provavelmente tinha baba escorrendo pelo queixo, Demi girou de volta para encarar Miley. A amiga ostentava uma expressão similar.

– Uau – admitiu.

– Uau vezes dois. Se eu não amasse Nick, estaria ali me oferecendo para cuidar da ferramenta dele.

Demi não conseguia evitar ser maliciosa quando estava perto de Miley.

– Aposto que precisa de lubrificante.

– Isso aí, garota!

– Mas acho que você teria de entrar na fila.

– Com você? – perguntou Miley, os olhos brilhando.

Demi balançou a cabeça.

– Acho que não. Traída e de coração partido uma hora atrás, lembra-se?

– Bem, traída, de qualquer forma – disse Miley, perspicaz como sempre.

– Touché – admitiu Demi, nem um pouco surpresa ao perceber que já estava se sentindo melhor. O que parecera um coração partido uma hora e meia atrás se sucedera para uma cãibra no coração. Agora mal era uma pontadinha.

Miley olhou para a própria xícara vazia e então para Demi.

– Mais um café?

– Claro.

– Saquei – disse a outra, pegando sua bolsa. Ela se levantou e foi até o balcão perto da entrada da loja.

Demi suspirou profundamente, então se obrigou a parar de pensar em Alex. Era hora de esquecê-lo. Ele não era amante dela, mal tinha sido um namorado que passara a mão no traseiro dela apenas uma vez no período de três meses. Absolutamente esquecível.

Além do mais, havia outras coisas com as quais se preocupar. Como o Natal, por exemplo, que seria apenas dali a dois dias. E o fato de que ela iria passá-lo sozinha.

A culpa é sua mesmo. Ela havia escolhido assim. Miley ia sair com Nick esta noite, então o apartamento ficaria vazio. Mas Sam implorara a ela que retornasse a Chicago para celebrar o Natal com a família da noiva dele. Demi se recusara, alegando que tinha muito trabalho a fazer durante o feriado.

A verdade era que ela não conseguia encarar um enorme Natal em família. A última festa tradicional que tivera tinha sido uma semana antes de seus pais terem sido roubados de sua vida por um idiota estúpido que resolvera comemorar uma promoção no trabalho bebendo algumas doses, e então resolvendo dirigir depois.

Há cinco anos, eram só ela e Sam, e cada Natal era cada vez menos tradicional em relação ao ano anterior. Há um ano, eles foram para o México, ficando esparramados na praia, ignorando toda a alegria ao redor enquanto bebiam rum e ouviam batuques.

Embora Sam estivesse pronto para voltar a mergulhar no espírito natalino com sua noiva, de algum modo simplesmente não conseguia encarar aquilo ainda. Sinceramente, ela não tinha nem certeza se um dia conseguiria. O Natal fora seu feriado favorito um dia; parecia quase um sacrilégio aproveitá-lo sem as duas pessoas que o tornaram tão especial durante os primeiros 17 anos de sua vida.

Agora havia mais um item a ser inserido na sua lista “por que eu ignoro o Natal”: ela havia sido traída, às vésperas do feriado. O anjo no topo da árvores de Natal de Alex havia sido testemunha da presença da vadia com extensões no cabelo que ficava por aí fazendo sexo oral no pênis de outras garotas. Err, no pênis dos namorados de outras garotas.

– Essa festa é muito supervalorizada – disse ela a si. – Melhor simplesmente a esquecer.

Isso sem mencionar outras coisinhas.

Como amor. Romance. E homens.
 

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