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Atualmente
Chicago, 23 de dezembro de 2014
EMBORA ELE soubesse que Stella estava com os cheques dos subcontratados prontos, Joe esperava que levasse um tempinho para ela encontrar o de Demi. Enquanto houvesse pessoas no edifício, seria fácil demais para ela escapar. Quanto mais tempo levasse, maiores seriam as chances de ela não conseguir evitá-lo durante a saída.
No entanto, de algum modo, ela quase conseguiu. Ele nem mesmo percebeu que ela estava indo embora, até ver uma cabeça com cabelos densos e escuros enfeitada por um chapéu de elfo verde com penacho entrando no elevador.
– Droga – murmurou ele.
– O quê?
Notando a expressão surpresa de um de seus gerentes de projeto, que havia parado para conversar depois que o sr. Whitaker foi embora, Joe murmurou:
– Desculpe, eu só me lembrei de uma coisa que esqueci de resolver.
Como pegar o endereço e telefone de Demi, além de sua promessa de se encontrarem muito em breve para que pudessem conversar. Sobre o que conversariam exatamente, ele não sabia. Seis anos pareciam muito tempo para ter uma conversa tipo como-você-tem-passado. Então talvez ele ignorasse os “como você tem passado” em favor do “o que vai acontecer agora?”
Então ele se lembrou de que Stella havia contratado Demi. Stella certamente sabia como entrar em contato com ela. Além do mais, Demi mencionara estar morando ali, trabalhando ali… não devia ser difícil encontrá-la na internet.
Então, sim, ele podia ser razoável, maduro e paciente a respeito disso.
Podia esperar até depois das festividades e então telefonar para ela em algum momento de janeiro para dizer um olá e ver se ela gostaria de encontrá-lo.
Mas alguma coisa, talvez o olhar dela quando dissera que ele saberia seu paradeiro se tivesse telefonado nos últimos seis anos, não o deixaria esperar. Ele não poderia ter dito isso diante de ninguém na festa; não tinha certeza se teria encontrado as palavras certas, mesmo que ambos tivessem sido deixados a sós. Ainda assim, Demi merecia uma explicação. Mesmo que a considerasse esfarrapada e optasse por continuar a odiá-lo, Joe se sentiria melhor caso se explicasse.
E aí começaria a se empenhar para fazer Demi deixar de odiá-lo.
– Obrigado pela festa, senhor Jonas – disse seu funcionário. – As crianças realmente adoraram.
– Fico feliz. Ei, um ótimo feriado para você e sua família – respondeu Joe, já seguindo para a porta cerrada da escada de emergência.
Era uma opção. O elevador podia fazer algumas paradas a caminho do saguão no térreo, ainda havia funcionários em outros andares, fazendo fechamentos pré-feriado. Se ele se apressasse, poderia alcançá-la lá embaixo.
Ele podia não estar mais segurando um martelo ou fazendo trabalho braçal pesado dez horas ao dia, mas Joe se exercitava nas horas livres. Então descer correndo seus lances de escada não o cansou de fato. Assim que ele irrompeu pelas portas que davam para o saguão ladrilhado do prédio, surpreendendo Chip, o segurança mais velho do local, a porta do elevador estava acabando de abrir, e várias pessoas saíram, algumas carregando caixas, sacolas de presentes, pratos de comida, pastas para trabalhar em casa.
Uma delas não carregava nada, no entanto usava um chapéu bobo.
– Como você…?
– Escadas – disse ele. – Você realmente ia embora sem se despedir?
– Você realmente me perseguiu por seis lances de escada abaixo?
Ele revirou os olhos.
– Perseguir? Isso é um pouco dramático.
– Você está ofegante e suado – acusou Demi, dando um passo adiante e franzindo a testa. – Nem tente dizer que não correu por cada degrau no caminho.
Ele não conseguiu conter um sorrisinho.
– Pego no flagra.
– A pergunta é… por quê?
– Eis uma pergunta melhor. Por que você iria embora sem se despedir?
– Nós nos despedimos há muito tempo – rebateu ela.
Ele assobiou.
– O que foi?
– Você ainda está realmente brava comigo.
Ela aprumou aqueles ombros magros e empinou o queixo.
– Isso é ridículo.
Demi obviamente estava tentando ostentar um olhar fulminante, porém, com aquele chapéu bobo e o penacho pendurado batendo em seu rosto, ela só conseguia ficar adorável. Joe não conseguiu evitar erguer uma das mãos e recolocar o penacho no lugar, a ponta de seus dedos roçando na pele macia da bochecha dela.
Demi encolheu como se tivesse sido tocada por ferro quente.
– Não.
– Jesus Cristo, Demi, você me odeia? – sussurrou ele, percebendo pela primeira vez que aquilo podia não ser mera bravata. Será que era possível que, durante os últimos seis anos, enquanto ele estava sentindo-se péssimo, mesmo enquanto se parabenizava por ter estar fazendo a coisa certa, madura, ela o estava odiando?
– É claro que não odeio você – disse ela, soando irritada. Como se estivesse falando a verdade, mas não estivesse exatamente feliz por tal fato. Então ela queria odiá-lo?
– Podemos por favor nos sentar em algum lugar e beber uma xícara de café?
Uma expressão melancólica cruzou o rosto dela, como se Demi também estivesse se lembrando do primeiro encontro deles naquela cafeteria em Nova York.
– Não posso – murmurou ela. – Preciso ir ao banco antes de fechar, e antes de começar a nevar.
– Eu vou andando até lá com você.
– Estou de carro.
– Eu vou de carro com você.
Ela bufou.
– Você continua persistente, não é?
– Só quando é importante.
– E quando foi que me tornei importante para você?
No dia em que nos conhecemos. Ele não disse tais palavras, mas suspeitava que ela enxergasse aquela resposta em seus olhos.
– Olha, Joe, juro que não estou guardando rancor – disse ela. – Então você não precisa desviar do seu caminho para tentar fazer as pazes comigo.
– Não é isso que estou fazendo. Eu só… Senti saudade de você. Muita.
– Como você pode sentir saudade de alguém com quem ficou durante apenas um fim de semana, anos atrás?
– Você está me dizendo que não sentiu a mesma coisa? – Se ela dissesse que não, ele se convenceria a acreditar. Ele a deixaria em paz. Consideraria aquilo uma daquelas lições de vida nas quais uma lembrança de determinada época considerada perfeita se mostra algo muito menor do que isso para a pessoa com quem você a compartilhou.
Demi não respondeu de imediato. Sem querer que ela passasse batido sobre aquela história, respondesse sem pensar, Joe levantou uma das mãos. Havia algumas mechas dos cabelos sedosos dela caídas no rosto. Ele passou os dedos nelas, sentindo o calor subir por todo seu braço. Ela fechou os olhos, os cílios escuros em contraste à pele clara. E ele pôde jurar que ela chegou a aninhar o rosto na mão dele por um instante.
Joe gemeu, como se impotente para resistir a ela agora do mesmo jeito que ficara naquele primeiro dia, no elevador. Ignorando o olhar surpreso do guarda, que era a única pessoa no saguão, Joe se inclinou para Demi e roçou os lábios nos dela, delicadamente, exigindo nada além de uma chance.
Ela hesitou pelo mais breve dos instantes, então derreteu ao encontro dele. Dessa vez não havia nenhuma caixinha amassada separando os corpos deles; ele ficou satisfeito ao descobrir que ela ainda se encaixava perfeitamente no corpo dele, como sempre. As curvas delicadas acolheram os ângulos rijos dele, os pés se separando um pouco quando ela roçou as pernas nas dele e arqueou para ele.
A doçura chamejou para o desejo, exatamente como tinha acontecido na primeira vez que se beijaram. Joe pôs as mãos nos quadris dela e a puxou para mais perto. Varrendo a boca de Demi com a língua, ele ousou ir mais além. Ela, é claro, aceitou a ousadia, recebendo o que ele oferecia e arriscando mais ao erguer os braços para enlaçar o pescoço dele. As línguas investiram juntas, quentes, lânguidas e profundas, fazendo Joe pensar em como jamais ao menos imaginara que beijar outras mulheres poderia ser tão bom quanto beijar esta. Tudo em Demi era tão inebriante agora quanto tinha sido. Talvez até mais, porque Demi não era mais a garota doce com cara de estudante. Ela agora era mulher, em cada centímetro. E ele tivera o imenso privilégio de transformá-la naquela mulher.
Talvez fosse isso que tornasse esse beijo diferente do primeiro. Antes, havia curiosidade e surpresa, navegando em uma onda de pura atração.
Agora eles sabiam o que poderiam ser um para o outro. Conheciam o prazer que eram capazes de criar juntos. Sabiam como era estar nus, excitados e grudados enquanto a sanidade recuava e o desejo tomava conta de cada pensamento consciente. E de muitos sonhos.
Ela ergueu a perna sutilmente, entrelaçando-a ao redor da dele, e Joe ecoou o leve gemido que ela emitiu quando arqueou mais intensamente ao encontro dele. Não havia como ela não sentir a ereção rija dele, assim como o calor entre as coxas que instintivamente o embalava.
Os seis anos caíram por terra, juntamente ao tempo, lugar e quaisquer preocupações sobre uma possível plateia. Só existia aquilo, só os dois, explorando algo que esteve faltando na vida deles por tempo demais.
Embora ele se sentisse ausente em relação a tudo no mundo, exceto a Demi, Joe finalmente percebeu um pigarrear, Chip?, seguido por um som de campainha que indicava a chegada do elevador. O deslizar das portas foi seguido por um rugido surdo de vozes risonhas; os últimos convidados da festa… ou seja, seus funcionários estavam prestes a ir para casa.
Ele e Demi findaram o beijo rapidamente e se separaram.
– Déjà vu outra vez – murmurou ele. Só que, dessa vez, eles tinham sido flagrados do lado de fora do elevador.
Ela de fato riu um pouquinho, aquela risada doce e tépida que era tão tipicamente dela. Ao longo dos anos, Joe escutara aquele som na mente, sempre esperando de algum modo ouvi-lo outra vez, muito embora nunca se permitisse acreditar que um dia iria ouvir novamente.
– Espero que a gente não vá ouvir alguma senhora dizendo que o sujeito no sexto andar é dissimulado.
– Ei, meu escritório fica no sexto andar – disse ele com uma risada, satisfeito por perceber que Demi se lembrava daquele dia tanto quanto ele.
Um grupo saiu do elevador.
– Boas festas! – disse um de seus funcionários, que saiu com sua esposa grávida.
Joe meneou a cabeça para o casal, e para outros três que vieram a seguir.
– Desejo o mesmo. Cuidado aí fora… A nevasca vai ser feia.
Murmurando despedidas, o grupo rumou para a saída. Foram escoltados por Chip, que girou uma chave para operar as intricadas trancas eletrônicas que transformavam o local em uma fortaleza. Com o escritório fechado ao público hoje, Chip ficara ocupado bancando o porteiro, permitindo a entrada de funcionários para a festa e, agora que estava terminada, a saída deles.
Felizmente o guarda nunca reclamava.
Nem mesmo sobre o fato de ter trabalhado a noite toda, durante uma nevasca iminente, pouco antes de noite de Natal. Eles podiam até não ter segredos de estado para serem roubados, mas alguns de seus concorrentes arriscariam muita coisa pela oportunidade de pôr as mãos em documentos de pré-licitação. Com milhões de dólares em projetos de construções de alto nível em jogo, a espionagem corporativa nunca fora tão perigosa. Além do mais, a Elite havia investido muito dinheiro em computadores e equipamento. Manter a segurança em período integral do lugar era uma coisa que Joe impusera firmemente, indo de encontro ao seu pai avarento, que adorava botar um dedinho nos negócios, muito embora tecnicamente já estivesse aposentado.
– Espere, estou indo embora também – disse Demi quando Chip recomeçou a trancar as portas.
– Demi…
Ela ergueu uma das mãos e passou por Joe.
– Por favor, Joe, realmente preciso ir.
Ela soava mais determinada a ir embora do que tinha soado antes de ele beijá-la. Não que ele se arrependesse por isso. Nem um pouco.
Chip olhou para Joe, como se perguntando se deveria abrir. Joe assentiu uma vez. Não podia manter Demi ali contra sua vontade. Nada havia mudado; ele usara sua chance, e perdera.
Mas apenas por enquanto.
Definitivamente. Eles foram pegos de guarda baixa, tomados completamente de surpresa quando trombaram um no outro hoje. Agora, no entanto, ele sabia que Demi estava morando em Chicago. Não havia mais razões geográficas para fazê-lo desistir. E ele também não era mais jovem, raivoso ou rancoroso o suficiente para permitir que situações externas e exigências o fizessem se afastar dela pela segunda vez.
Era como se ela tivesse sido entregue de volta à vida dele outra vez, como o melhor presente de Natal. Aquele pelo qual você nunca esperava, mas quando rasgava o papel compreendia que era exatamente o que estava esperando.
Não, ele não estava a um passo de deixá-la escapar novamente, mas conhecia o velho ditado sobre escolher suas batalhas. Demi estava com a guarda alta, então estava desconfortável ali naquele território e não tivera tempo para avaliar o que tudo aquilo significava para si. Então ele lhe daria alguns dias para descobrir, e então tentaria novamente. Daí, na próxima vez que pedisse a ela que o ouvisse, ele não aceitaria um não como resposta.
– Adeus, Joe – disse ela, sem nem mesmo se virar para encará-lo. A voz dela veio suave, baixa, e ele suspeitava que ela estivesse tentando desesperadamente esconder suas emoções.
Ele precisava deixá-la ir. Precisava confiar que aquela era a coisa certa a se fazer para conseguir tê-la de volta.
– Adeus – respondeu ele. – E Demi?
Ela hesitou, então olhou para ele por sobre o ombro.
– Feliz Natal.
Uma breve hesitação, então um sorrisinho se abriu nos lábios perfeitos.
– Bah, que bobagem!
E então ela desapareceu no crepúsculo.
Tá perfeito
ResponderExcluirEu preciso de mais! Você podia fazer maratona né..... hahaha
ResponderExcluirPosta mais please typo asssssim
ResponderExcluirQ perfect
amor que cap mais lindo
ResponderExcluirnao demore a postar porque eu tenho abstinencia dessas mini fics...
um beijao!
Ai meu Deus, que perfeito! Mais, por favor <3
ResponderExcluirBoa noite minha linda!! Passei no seu outro blog e vim pra cá!! Quero lhe dizer que vou continuar tanto lá no outro blog quanto aqui rsrs
ResponderExcluirAdoro suas fics!! E amo também as suas mini fics!!bju!!