20.6.14

Emoção - Capitulo 7

 
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CONSIDERANDO A beleza de Demi, Joe não esperava que o ex dela fosse um cachorro total, mesmo sendo um completo idiota. Ele devia ter alguma coisa para ela considerá-lo atraente. E muito embora não a conhecesse há muito tempo, ele já tinha bastante certeza de que não era por causa do dinheiro. Ela simplesmente não parecia ser desse tipo. Não havia nada de falso nela… e ele saberia. Ele procurou. Intensamente.

Era impossível não procurar, não tentar conhecer tudo a respeito dela. Sentados frente a frente na cafeteria, eles entraram em uma conversa descontraída e tranquila, do tipo que tornaria necessário meia dúzia de encontros para alcançar com qualquer outra garota. Então as coisas foram de calorosas e amigáveis para sensuais e promissoras.

Ele não devia ter começado a pensar na vida sexual de Demi, muito menos falar a respeito. Porque estava muito difícil tirar aquilo da cabeça… ou parar de elucubrar sobre aquele olhar que ela ostentava durante o longo silêncio que compartilharam.

Saindo para deixar as ferramentas na caminhonete, e então rumo ao metrô para seguirem até o bairro do ex-namorado imbecil, Joe se flagrou mais surpreso ainda com cada atitude de Demi.

Ela nunca parava de falar, mas não tagarelava sobre coisas estúpidas e fúteis. Ele não ouviu a palavra sapatos nem uma vez. Ou maquiagem. Ou compras.

Ela falava sobre a cidade… sobre o quanto amava sua energia, seu ritmo, sua empolgação.

Ela parou para fotografar… Coisas que nunca ocorreriam a ele como sendo interessantes, como uma pilha de sacos de lixo ou uma velha bicicleta enferrujada encostada em uma cerca.

Ela contou sobre seus planos de ir para a Europa depois que se formasse, para fotografar qualquer coisa que se mexesse e muitas coisas inanimadas.

Ela comprou um daqueles cachorros-quentes nojentos de um carrinho, e de fato comeu o troço.

Deu uma nota de 5 para um mendigo. Também deixou mais 5 para um sujeito recolhendo donativos, mesmo tendo admitido não gostar realmente do Natal, alegando que sua resposta favorita ao “Feliz Natal” de qualquer pessoa era “Bah, que bobagem!”

Ele custou a acreditar nessa última declaração. Ela era bonitinha, doce e generosa demais para ser uma rabugenta. Mas ele enxergava algo sombrio na expressão dela toda vez que falava sobre a festividade, e suspeitava que ela estivesse falando sério sobre não gostar dela.

Fora isso, porém, ela riu muito.

Sorriu para estranhos. Virou o rosto para cima para ir ao encontro da neve que caía e lambeu a umidade dos lábios. Risada doce, lindo sorriso, lábios sensuais.

No fim das contas, além de atraí-lo totalmente, ela o encantava. Era uma descrição antiquada, mas combinada. Demi era, sendo bem simplista, charmosa. E adorável. E sensual para diabo. Cada minuto passado com Demi fazia Joe gostar dela ainda mais… e o deixava mais determinado a assegurar que seu ex traidor não tivesse a chance de magoá-la outra vez.

Resumindo, ela era fantástica. Então, não, ele definitivamente não a enxergava se envolvendo com alguém desprovido de quaisquer qualidades redentoras. O tal Alex, que morava em um edifício alto com apartamentos que provavelmente custavam cinco vezes o aluguel de seu próprio apartamento minúsculo, devia ter alguma coisa para atrair alguém como Demi.

Então ele conheceu o perdedor, cara a cara, e compreendeu.

Alex Marshall era mimado, bonito e polido… Um desses herdeiros cujo nome da família provavelmente nunca fora contaminado pelo mau cheiro do trabalho verdadeiro durante algumas gerações. Mas a coisa principal a respeito dele, a coisa que atrairia qualquer garota, era seu charme fervoroso.

Ele o apresentou no instante em que abriu a porta e viu Demi. Ele até mesmo deu um jeito de chorar quando disse a ela o quanto lamentava por ter permitido que alguma vadia o tivesse induzido a fazer algo ruim, ha, e o quanto desejava voltar no tempo, e o quanto estava feliz por ela ter voltado.

Então ele viu Joe, que estava fora do campo de visão, perto da parede do corredor.

– Quem é ele?

Dando um passo adiante, Joe disse?

– Ele é o amigo de Demi, Joe. Estamos aqui para pegar o pacote que ela esqueceu. Agora, poderia pegá-lo, por favor? Estamos com pressa.

Sim. Não porque ele tinha coisas para fazer, mas porque estava com pressa para tirar Demi de perto daquele canalha que a magoara, mesmo que ele tivesse lhe cutucado apenas o orgulho, e não o coração. Sinceramente, Joe teve vontade de arrancar a mão do sujeito quando este de fato esticou a mão e tentou tocar Demi. Felizmente, ela deu um passo para o lado, ficando longe dele.

O queixo do sujeito batia no peito de Joe. Ele ficou boquiaberto, então cuspiu, dizendo finalmente:

– Quem é você?
 
Joe olhou para Demi e deu de ombros.

– Ele tem problemas mentais ou coisa assim? Como eu já disse, sou Joe. Estou aqui para certificar de que você vai entregar o pacote a Demi, e que não vai tentar nada.

– Demi, você está falando sério? Você trouxe esse sujeito para esfregá-lo na minha cara, me deixar com ciúme ou coisa assim? – Ele tentou segurar a mão dela. – Amor, você não precisa fazer isso, você sabe que vou te aceitar de volta.

– Cara, esqueça. Você foi chutado – disse Joe.

O olhar de Alex foi quente o suficiente para fritar um ovo.

– Cuide da sua vida. Por que você está aqui afinal?

Demi se colocou entre eles.

– Joe é um amigo.

– Ah, claro, tá bom. Há quanto tempo ele tem sido seu… amigo?

Ela bateu um dedinho nos lábios, como se pensando, então lançou um olhar breve e malicioso a Joe.

– Ah, há cerca de uma hora.

Alex gaguejou. Demi o ignorou.

– Ele só quis vir para o caso de você resolver ser um idiota com meu presente.

O sujeito zombou.

– Ah, é? E o que ele vai fazer se eu disser que não vou te entregar?

Joe cerrou os punhos e enrijeceu o maxilar. Deu um passo em direção à porta. Não conseguia se lembrar de já ter se sentido tão ávido para socar alguém, mas achava que não. Algo no modo como aquele babaquinha falava com Demi fazia nascer o herói super protetor nele.

Ela ergueu uma das mãos, detendo-o.

– Tudo bem. Alex, por favor, não seja um chato com isso. Você pode simplesmente entregar minha encomenda? – Ela vasculhou na bolsa e pegou um chaveiro. – E aqui está, estou devolvendo.

Ele arrancou a chave da mão dela, lançou mais um olhar para Joe, então retornou ao apartamento. Voltou alguns segundos depois, empurrando uma caixinha embrulhada em um papel de presente para ela. Estava amassada, suja, um pouco rasgada.

Demi ficou olhando para o pacotinho, o lábio inferior tremendo, então o pegou. Um leve agitar da caixa fez ressoar um tilintar. O papel no qual o presente estava embrulhado estava molhado.

O que quer que houvesse dentro, contivera algum tipo de líquido. E estava quebrado.

– Você não fez isso – sussurrou ela, a voz densa. Os olhos estavam úmidos por causa das lágrimas iminentes.

Alex deu de ombros.

– Ei, só achei que não devia ser importante, se você deixou aqui, então eu ia jogar fora.

Aparentemente o desgraçado já tinha jogado. Contra uma parede.

Furioso, Joe deu mais um passo em direção a Alex.

– Seu babaca imbecil.

Dessa vez Demi estava distraída demais por causa do presente arruinado em suas mãos para detê-lo.

Ótimo. Aquilo deixava Joe livre para colocar as mãos em seu ex-namorado e enfiá-lo de volta no apartamento. O sujeito tropeçou em uma mesa, cambaleando para trás alguns passos antes de cair sobre seu traseiro arrogante.

– Mais um passo e vou chamar a polícia! – guinchou ele. Obviamente o bonitinho não estava acostumado a ter ninguém ameaçando seu serzinho perfeito e mimado.

– Eu poderia quebrar seu dentes antes de eles chegarem aqui – rosnou Joe.

O outro se arrastava para trás enquanto Joe o seguia, passo a passo.

– Olha, sinto muito, está bem? – desculpou-se ele. – Demi, por favor, você sabe que eu não faria nada para magoar você. Foi um acidente.

– Acidente uma ova – disse Joe quando se abaixou a agarrou o sujeito pela gola de seu suéter de grife.

Ele cerrou a mão direita, mas antes que pudesse fazê-lo voar para socar Alex, Demi lhe agarrou o braço.

– Solte-o. Por favor, Joe, simplesmente vamos sair daqui. – Ela ofereceu um olhar seco ao ex. – Ei, Alex me fez um favor. Se eu tinha qualquer dúvida sobre ele ser uma pessoa repugnante e odiosa, isso eliminou totalmente meus dilemas.

– Amor…

– Vá se ferrar, Alex – rebateu ela.

Joe sorriu, então, como um extra, empurrou o sujeito até ele cair no sofá, se esparramando em cima dele.

Joe olhou para Demi, vendo que ela abraçava o pacotinho junto ao peito, aparentemente sem se importar por estar molhado. Era como ver alguém que acabara de perder seu bem mais precioso. Ninguém merecia uma traição, a humilhação e então, para completar, ter algo importante destruído. Lembrando-se do que ela havia dito, sobre a família ser apenas ela e o irmão depois da morte dos pais, Joe sentiu o coração se apertar no peito, sabendo o quanto o presente do irmão devia significar para ela.

A própria família o enlouquecia às vezes, principalmente seu pai excessivamente controlador, mas ele não conseguia imaginar a vida sem eles. Ela era tão jovem para suportar aquele tipo de tristeza. De uma coisa ele sabia, Demi Lovato devia ser uma jovem muito forte. E indulgente, se estava determinada a impedi-lo de arrebentar a cara de seu ex.

– Por favor, podemos simplesmente ir embora? – pediu ela.

Sim. Ela parecia bastante determinada. Sorte de Alex, muito embora aquilo não deixasse Joe muito feliz.

– Tudo bem – disse ele a ela.

Ele lhe deu o braço e a guiou até a porta, olhando por sobre o ombro antes de saírem. O ex ainda estava no sofá, um sorrisinho de sarcasmo nos lábios.

Como se ele tivesse sido o lesado em toda aquela confusão.

O poço fervente de raiva dentro de Joe se revertera para um fervilhar lento, e ele percebera que precisava sair dali antes que a coisa voltasse a esquentar. O babaca de camisa de grife finalmente tinha percebido os méritos de ficar calado, mas aquele olhar no rosto dele estava tirando Joe do sério. Se o outro abrisse a boca outra vez, ou uma única lágrima caísse dos olhos de Demi, ele iria acabar com a raça do moleque.

Demi apertou o braço de Joe, como se soubesse o que ele estava pensando. Então ele não o faria. Mas havia algo que não o permitia sair sem um último tiro.

– Ei, cara, não se preocupe. Eu não bateria em você. Não me arriscaria a estragar esse seu rostinho bonito, pois, para mim, parece que você realmente precisa dele.

– O que você quer dizer? – rebateu o outro, começando a se levantar. Encorajado, talvez, por Joe estar admitindo que não teria batido nele?

Dê-me apenas um motivo, moleque.

Joe deu de ombros quando Demi seguiu pelo corredor, na frente dele.

– Quero dizer, parece que você precisa de toda ajuda necessária. Pelo que eu soube, você não tem apenas um pescoço fininho, tem um pintinho fininho também. – Fazendo um tsc, ele balançou a cabeça. – Pior ainda, um pintinho murcho, esquisito.

O rosto de Alex explodiu em rubor e ele começou a murmurar, mas não conseguiu dizer nada propriamente. O que, na cabeça de Joe, confirmava o que Demi havia dito a respeito dele. Um sujeito com um grama de autoconfiança teria rido, ou zombado. Alex simplesmente parecia querer chamar a mamãe para obrigar ao garoto novato a parar de dizer coisas malvadas para ele.

– Ah, a propósito – acrescentou ele: – Feliz aniversário.

Joe bateu a porta, para não dar a Alex a oportunidade de vir com uma resposta devastadora. Não que ele pudesse, de fato, mas, cara, qualquer sujeito incapaz de se defender de acusações sobre órgãos sexuais pequenos não tinha muito como se garantir.

Só quando chegaram ao elevador, seguindo para o térreo, é que Joe olhou para baixo e notou os ombros de Demi tremendo. Era como se ela tivesse se segurado, mantendo as emoções sob controle até sair da visão do ex, mas agora que eles estavam a sós, a tristeza dela por causa dos eventos do dia veio desabando.

Joe a fez se virar para ele. Tinha a intenção de tomá-la nos braços, dar tapinhas totalmente sem jeito em suas costas ou fazer o que quer que os homens faziam para consolar mulheres chorosas. Mas antes que pudesse fazê-lo, percebeu que tinha cometido um enorme engano.

– Ai… meu… Deus – disse ela, entre arfadas, as quais não eram causadas por lágrimas, mas, em vez disso, por risadas. Ela olhou para ele, os lábios tremendo, os olhos brilhando de alegria.

– Você viu a cara dele?

– Vi – respondeu, sorrindo para ela, tão satisfeito por ela não estar arrasada por causa de Alex, que ele teve vontade de carregá-la e girá-la nos braços.

– Muito obrigada – disse Demi. – Você foi meu cavaleiro de armadura brilhante.

Ele sorriu e gesticulou para sua jaqueta.

– Carpinteiro de couro manchado, na melhor das hipóteses.

A boca bonita dela se abriu em um sorriso.

– De um modo ou de outro… Meu herói. – Então, ainda parecendo brincalhona, feliz, agradecida, ela ficou na pontinha dos pés e roçou os dedos delicados no rosto dele. Joe teve cerca de um segundo para processar ao que ela estava prestes a fazer antes e pressionar seus lábios suaves ao encontro dos dele.

Era um beijo de agradecimento, Joe não tinha dúvidas sobre isso.

Doce. Delicado. Simples.

Incrivelmente bom.

Deveria ter sido nada além de um roçar de três segundos de pele com ele, uma expressão de gratidão entre duas pessoas que realmente não se conheciam ainda, mas definitivamente queriam se conhecer.

Mas que se dane se Joe quis deixar a coisa rolar por aquele caminho. Assim que sentiu a boca de Demi, compartilhou de seu hálito doce, um impulso tomou conta. Ele ergueu as duas mão, colocando uma delas no rosto de Demi. A outra se enredou nos longos e densos cabelos, sentindo puro prazer naquela maciez, deixando com que deslizasse entre seus dedos como água.

Ele aprofundou o beijo, deslizando a língua para provocar a dela. Demi gemeu levemente, aceitando o que ele oferecia e pagando para ver ao inclinar a cabeça e abrir mais a boca. Obrigada e Sempre às ordens se transformaram em Eu quero você e Onde fica a cama mais próxima? em cerca de dez segundos. A doçura se foi, e o calor eclodiu quando as duas línguas investiram e se entrelaçaram.

– Cof, cof.

A voz levou um segundo para se intrometer. Porém mais um pigarro e um risinho abafado finalmente invadiram a consciência infundida de Demi. Aparentemente eles tinham chegado ao térreo. A porta do elevador havia se aberto e ambos estavam fornecendo um belo espetáculo às pessoas que aguardavam no saguão.

Cheio de pesar, Joe se afastou, olhando para o lindo rosto corado de Demi, observando o modo como os longos cílios pousavam sobre suas maçãs do rosto proeminentes. Ela manteve os olhos fechados um instantinho além, se inclinando um pouco em direção a ele. Porém a caixa de presente junto ao seu peito impediu que ela derretesse ao encontro do corpo dele.

E a plateia repentina e indesejada o impediu de tirar a caixinha dali.

– Chegamos – sussurrou ele.

Ela abriu os olhos. Vendo os estranhos observá-los, dois jovens rapazes abraçados, ambos sorrindo largamente e uma senhora de cabelos grisalhos cujo sorriso, se é que isso era possível, estava ainda mais largo, Demi gaguejou um pedido de desculpas.

– Não precisa se desculpar – disse um dos sujeitos, abanando uma das mãos quando Demi e Joe saíram do elevador.

O outro assentiu em concordância.

– Diga-me que isso significa que você largou o sujeito do apartamento 6C.

Demi ficou boquiaberta.

– O qu…?

– Ele é podre – disse a mulher, se enfiando na conversa como se todos eles se conhecessem há anos. Na verdade, Joe suspeitava que fossem completos estranhos para Demi. – Um dissimulado.

Joe tossiu sobre o punho cerrado ao ouvir tal descrição, mas os dois sujeitos já estavam concordando.

– Ele é, com certeza.

– Nós nos conhecemos? – perguntou Demi, balançando a cabeça em confusão, confirmando a suspeita de Joe.

– Não – disse o sujeito de cabelos escuros. – Mas todos nós moramos no sexto andar. E, querida, o sujeito do 6C é nojento. Não faz seu tipo!

– Obrigada – murmurou ela, parecendo ainda mais constrangida do que antes. Considerando que completos estranhos estavam dissecando sua vida amorosa, Joe podia ver o motivo.

O homem de cabelos claros deu uma espiada em Joe.

– Você bateu nele?

– Não.

A sra. Velhinha Intrometida suspirou pesadamente.

– Que pena. Eu tinha esperanças que alguém fizesse isso. Aquele garoto podia aprender alguma coisa depois de uma surra.

– Bem, considerando o quanto conheço dele até agora, não duvido que um dia suas preces sejam atendidas – disse Joe.

Ele e Demi murmuraram despedidas para os três novos amigos, então seguiram para a portaria. Quando se aproximaram do porteiro, este ofereceu a Demi uma piscadela conspiratória, como se concordasse com a opinião dos outros moradores sobre seu ex. O que era legal, mas provavelmente servia para fazer Demi sentir-se ainda pior por ter namorado o dissimulado do 6C.

Ele pegou a mão dela e a apertou.

– Não se culpe por isso.

Ela arfou, surpresa, e parou a meio caminho do saguão. Olhando para ele, pareceu chocada por ele ter sido capaz de decifrar o que ela estivera pensando.

– Ele é um vigarista, Dem – disse Joe com um dar de ombros. – Ele se transformou no que você queria que ele fosse.

– Sim, foi isso – murmurou ela. – Mas como você sabia?

– Homens fazem isso o tempo todo, especialmente com garotas que não, hum… – Ele não queria ser grosseiro o suficiente para falar liberam, no entanto era isso que queria dizer.

– Saquei – disse ela. – E obrigada por não me dizer que fui uma completa idiota por não enxergar antes.

– Você enxergou – explicou ele reprovando a auto recriminação na voz dela. – E provavelmente esse é o motivo pelo qual você não, hum…

Dessa vez, durante a pausa dramática, enquanto ambos preenchiam as lacunas mentalmente, Demi de fato riu.

– Você realmente é um cara legal, não é?

– Tenho algumas ex-namoradas que discordariam, mas meus pais gostam de achar que sim.

– Acho que vou ficar do lado dos seus pais nessa.

– Vou me certificar de que eles saberão disso – respondeu ele com um sorriso.

Ela retribuiu o sorriso, então, sem dizer mais uma palavra, segurou a mão dele e se voltou para a saída outra vez.

Quando os dedos delicados se entrelaçaram aos dele, o coração de Joe saltitou. Ele a havia beijado, tocado… mas isso era um pouquinho mais. Não era um simples toque. Aquela mão apertada à dele estava tão relaxada e descontraída, como se ela já confiasse nele, como se eles já se conhecessem há semanas em vez de horas.

Joe sinceramente não sabia bem o que iria acontecer quando eles saíssem daquele prédio. Ele havia feito o que se propusera a fazer: acompanhá-la até a casa do ex-namorado para recuperar seu presente. Mas e agora? Eles não tinham feito outros planos. Era véspera de natal, as ruas estavam uma loucura, ele tinha milhões de coisas para fazer. Mas assim que saíram à luz daquele dia revigorante de dezembro, vívido com o ressoar da vida urbana, com as risadas e com a energia, Joe só conseguia pensar que a última coisa que queria era dizer adeus a Demi.
 

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