25.6.14

Emoção - Capitulo 16 e 17 - MARATONA 4/5 e 5/5


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Atualmente
Chicago, 24 de dezembro de 2014

ELES ESTAVAM isolados pela neve.

Totalmente presos em um mundo branco.

Parado à janela de seu escritório e analisando a situação no sábado de manhã, Joe só podia balançar a cabeça, admirado. Não via uma tempestade como aquela em anos, provavelmente desde a infância. Ele tentava estimar quanto de neve havia caído; a julgar pelo modo como havia subido nas laterais de seu utilitário, ele diria pelo menos 90cm até agora. E continuava a cair, rodopiando, girando, soprando para cima, para baixo, para os lados.

Aquela nevasca poderia entrar para o livro dos recordes.

– Você saiu e levou seu calor humano com você – grunhiu Demi do sofá-cama.

– Desculpe.

Ela estava dormindo quando ele saiu da cama, alguns minutos antes. Agora estava encolhida sobre o lado vago, os cobertores puxados até o nariz, como se ela estivesse tentando sugar qualquer calor residual.

Estava adorável e sensual para diabo.

E um pouco reservada.

Embora não estivesse congelando, em qualquer aspecto, a temperatura definitivamente havia caído abaixo do que normalmente ficava no prédio. Não que eles tivessem notado de fato durante a noite. Deus, eles não notaram. Na verdade, Joe poderia jurar que havia um inferno queimando naquele cantinho de Chicago. Porque ele e Demi mudaram o conceito de quente ao longo de horas longas e eróticas depois que ela acordara e o encontrara na cama.

– Como está lá fora?

Afastando da mente as imagens sensuais de como eles exploraram e deram prazer um ao outro na escuridão, ele sorriu.

– Como se o Papai Noel tivesse resolvido se mudar para cá e tivesse trazido o Polo Norte com ele.

– Ah, isso é perfeito – disse Demi, soando sarcástica.

– Qual é o problema, você tinha grandes planos para hoje? – De algum modo ele duvidava que tivesse. Demi não parecia mais fã do Natal agora do que parecera seis anos atrás.

Ela pensou no assunto, então balançou a cabeça.

– Na verdade, não. Sam vai trabalhar durante todo o fim de semana. Eu estava pensando em ficar em casa, na preguiça, entrar na internet e gastar o dinheiro que sua empresa me pagou ontem.

Bem, ela não podia fazer compras, mas ficar dentro de casa, na preguiça, soava ideal. Principalmente quando se eles fossem preguiçosos entre os momentos enérgicos tais como os que tiveram na noite passada.

Deus do céu. Demi se transformara em uma mulher selvagem.

Vendo-a estremecer, Joe esclareceu: uma mulher selvagem com frio.

– Aqui – disse ele, indo até a cama, levando duas xícaras de café que ele havia acabado de coar.

– Então a energia voltou? – perguntou ela, parecendo tanto aliviada quanto decepcionada.

– Temo que não – respondeu ele, balançando a cabeça. – Felizmente, muitos fornecedores vêm aqui. Um deles fabrica uma cafeteira elétrica movida a bateria e sugeriu que adquiríssemos uma para sítios de construção que ainda não receberam instalações elétricas. Nós adquirimos… e eles nos deram algumas para o escritório como um agradecimento pelo contrato fechado.

– Deus abençoe as amostras grátis – disse ela, sentando-se e deixando as cobertas caírem em seu colo. Joe conseguiu não espirrar o café em Demi. Vê-la à luz do dia, tendo sido tão nebuloso quanto foi, era o suficiente para fazer a terra tremer. Isso sem mencionar o órgão sexual dele.

Joe não tinha percebido que era possível ser tão insaciável a respeito de outra pessoa. Eles tinham feito sexo três ou quatro vezes durante a noite, e ele estava pronto para possuí-la outra vez. Antes estava escuro, e agora ele queria ver o rosto dela corar enquanto chegava ao clímax, enxergar o corpo perfeito dela enquanto lambia cada centímetro dele.

– Maravilhoso – murmurou ela quando bebeu um gole, então soprou o vapor que saía da xícara. – Creme, sem açúcar… você lembrou.

– É claro que lembrei – murmurou Joe. Ele se lembrava de tudo.

Era curioso, considerando que ele se esforçara tanto ao longo dos anos para tirar Demi de sua mente. Mas ela se recusara a ir embora, assombrando suas lembranças mesmo quando ele estava com outras mulheres, sendo que duas relações foram sérias, e durante tantas outras mudanças.

Demi olhou para ele e ambos ficaram se encarando. Ela não tentou erguer o cobertor, não corou ou fingiu constrangimento por estar sentada bem diante dele tão lindamente nua. Joe estava preocupado, achando que ela fosse ter algum tipo de dúvida ou insegurança sob a luz fria do dia. Mas ele estava errado. Ela parecia confiante, até mesmo serena. Como se não se arrependesse de nada.

Ele sorriu diante de tal percepção.

– O que foi?

– Eu meio que esperava que você fosse pular da cama, se enrolar nos lençóis e me acusar de molestá-la durante a noite.

Ela riu.

– Acho que fui eu quem molestou você. Embora você tenha se arrastado para minha cama enquanto eu dormia.

– Minha cama, Cachinhos Dourados. Falando nisso, não tenho mingau para te oferecer para o café da manhã, mas há uma tonelada de sobras da festa no refeitório.

Ela não pareceu se importar com a comida, optando por se concentrar na primeira parte da declaração dele em vez disso.

– Sua cama? Você está falando sério?

– Tão sério quanto um enfarte.

Ela olhou ao redor, tomando nota de seu tamanho e mobiliário. Tinha, ele sabia, provavelmente uma metragem quadrada muito maior e mobílias melhores do que a casa inteira dele no Brooklyn.

– Então se a cama é sua, acho que isso significa que esse escritório é seu também? Quero dizer, você não estava simplesmente se esgueirando na cama de seu chefe, já que ficou preso aqui também?

– É minha – disse ele com uma risada. – Presumo que você não notou a placa de identificação na mesa.

Ela deu uma olhada para lá. Mesmo dali era fácil distinguir o “diretor- executivo” antes do nome dele. Demi arregalou os olhos, voltou a atenção para ele.

– Você realmente administra esse lugar?

– Sim, realmente administro.

– Uau – disse ela, se recostando no travesseiro. – Quero dizer, eu sabia que você era talentoso, mas de marceneiro a diretor executivo em seis anos? isso é bem notável.

Joe deixou sua caneca de lado e se sentou na poltrona oposta a ela. Levantando as pernas com jeans, ele usou a ponta desdobrável do sofá-cama como apoio, cruzando os pés descalços.

– Não é tão notável, na verdade. Eu herdei o cargo. A empresa é da minha família.

Demi ficou de queixo caído. – Seu pai… – Sim.

– Como ele está? – perguntou ela. – Ele…

– Saiu da fase crítica? Sim, saiu. Levou muito tempo, muita fisioterapia e ele ainda não recuperou totalmente as funções do lado direito, mas conseguiu superar. – Rindo, mas apenas meio brincando, ele acrescentou: – Ele ainda é o mesmo tirano exigente que sempre foi.

Seria necessário mais do que um derrame para fazer o velho deixar de ser mandão, intrometido e teimoso. E Joe já devia saber; ele lidava com aquela opinião autoritária e agressiva todo santo dia. O nome dele podia estar no topo da página da Elite Construction, mas seu pai ainda detinha uma boa quota das ações. Eles tiveram alguns poucos conflitos intensos quando o Jonas pai começou a se sentir como seu velho eu novamente. Só mais tarde, no ano anterior ou coisa assim, é que ele admitiu que Joe estava fazendo um trabalho excelente, e parou de questionar todas as mínimas decisões.

Não que Joe não fosse muito grato por seu pai ter sobrevivido, é claro. Embora eles não estivessem se dando muito bem na época, ele ficara chocado e arrasado quando o derrame do pai ocorrera, seis anos atrás. Embora ele estivesse com apenas 55 anos de idade, ninguém achou que fosse superar, nem os médicos, nem o pessoal da empresa. Ninguém, exceto a família, que sabia que o Paul Jonas era teimoso demais para fazer o que todo mundo tinha previsto que ele faria.

– Estou tão feliz que ele sobreviveu – murmurou Demi.

– Obrigado.

Joe não duvidava que ela estivesse falando de coração. Mas também não duvidava que a mente de Demi tivesse vagado pelos mesmos caminhos que a dele: a época do derrame do pai. Ela estava lá quando Joe recebera o telefonema apavorado de sua irmã, bem no amanhecer do dia de Natal. Após um fim de semana de pura empolgação e felicidade com Demi, o mundo de Joe desabara com uma conversa.

Toda a sua vida mudara rapidamente. Antes disso, ele sabia que um dia iria voltar a Chicago e tomar seu lugar ao lado do pai na empresa. Mas tinha achado que teria tempo, uns dois anos, pelo menos, para viver a vida que desejava. Que inferno, naquele momento em particular ele chegara até mesmo a cogitar perguntar a Demi se ela achava que ele poderia fazer serviços de carpintaria na França, por um ano ou dois. A relação deles ficou séria assim rápido assim.

Então o telefone tocou. Os soluços da irmã finalmente fizeram sentido, e ele seguiu para o aeroporto imediatamente. Por mais que tivesse odiado largar Demi no dia de Natal, ela compreendera totalmente. Se havia alguém capaz de entender, esse alguém era… Demi também recebera seu telefonema terrível durante as festas de fim de ano.

Ele não perdeu tempo fazendo as malas, nem mesmo uma bolsinha. Estava desesperado para voltar a Chicago, convencido de que o pai estava à beira da morte. E apavorado, percebendo que as últimas palavras trocadas com ele tinham sido furiosas.

A vigília no hospital foi longa e difícil. Ele teve de lidar não apenas com a preocupação, e com a família, mas também dar um reforço e cuidar da empresa. Isso, em si, fora uma luta, considerando que ele era tão jovem. Mas Joe não ia deixar a coisa toda ir a pique enquanto seu pai lutava pela vida.

Apesar de estar tão ocupado, ele encontrara tempo para telefonar para Demi todos os dias na primeira semana, principalmente sabendo que ela mesma tinha um aniversário de morte para enfrentar. A cada ligação, ela expressava preocupação com o pai dele mas inevitavelmente a conversa se voltava para os preparativos de sua viagem iminente. Os planos dela. A ótima vida dela.

Então houve um intervalo de poucos dias entre os telefonemas.

Depois de uma semana.

E aí estava quase na hora de ela ir embora para passar o semestre no exterior.

E Joe parou de telefonar.

– Eu nunca parei de pensar em você. Juro, você estava na minha cabeça constantemente. – Ele chegou ao ponto, à coisa principal que queria dizer. – Desculpe, Demi.

– Pelo quê?

– Você sabe pelo quê. Eu não conseguia parar de pensar em você… mas também não tinha forças para telefonar.

Ela enrijeceu, não respondeu por um segundo, então soltou um casual: “Ei, não se preocupe. As linhas telefônicas eram famosas por serem pouco confiáveis naquela época.”

Ele conseguiu enxergar através daquele humor fingido. E no dia anterior ela se mostrara muito magoada; de jeito nenhum que ela havia superado tudo em apenas uma noite.

Mas talvez a noite anterior ao menos tivesse aberto a ela a possiblidade de Joe não ser um aproveitador, que a levara para o passeio de sua vida e depois a abandonara.

– Você sabe, eu nunca voltei para Nova York.

Ela arqueou a sobrancelha.

– E sua casa? Suas coisas?

– Contratei alguém para cuidar disso naquele inverno, assim que ficou óbvio que não apenas meu pai teria uma longa recuperação pela frente, como praticamente nunca mais seria capaz de trabalhar.

– Deve ter sido bem complicado.

– Complicado não serve nem para começar a explicar como foi. – Ele passou uma das mãos pelo cabelo e suspirou. – De qualquer forma, eu não tinha a intenção de entrar nesse assunto todo. Eu só o trouxe à tona para poder finalmente explicar o que eu sempre quis dizer a você, mas nunca tive a chance.

Ela o olhou com cautela.

– E isso seria…?

Joe sustentou o olhar dela, desafiando-a a não acreditar nele.

– Que eu me apaixonei por você naquele fim de semana em Nova York.

Ela inspirou de forma audível, e balançou a cabeça lentamente.

Joe assentiu, sem se preocupar em parecer um idiota ou em temer qualquer tipo de rejeição. Talvez algo maravilhoso fosse acontecer entre ele e Demi agora. Talvez não, e a noite anterior fosse ser sua lembrança definitiva de um relacionamento que ele um dia pensou que definiria toda sua vida. Mas, não importava o que acontecesse, ele lhe devia a verdade sobre o passado.

– É verdade. Eu estava loucamente apaixonado por você.

– Você podia ter me dito…

– Com qual objetivo?

Revirando os olhos e olhando para ele como se Joe fosse um idiota, Demi disse:

– Talvez porque fosse bom ouvir tais palavras uma vez na minha vida?

Joe não conseguia imaginar que nenhum homem nunca tivesse se apaixonado por aquela linda mulher diante dele. Mas ele particularmente não queria imaginá-la com outro homem. A ideia em si o deixava enjoado.

– Talvez eu devesse ter dito – assumiu dando de ombros. – Mas eu estava encurralado.

Ela inclinou a cabeça, confusa.

– Demi, você estava prestes a viajar para abraçar o mundo.

Ela não tentou negar, porém uma expressão melancólica cruzou seu rosto, como se ela estivesse se lembrando da garota apaixonada e mal-humorada que havia sido. Dia desses, Demi tinha esperanças, ele descobriria o que a trouxera de volta, por que ela estava fotografando crianças quando tinha jurado que faria tudo, menos isso.

Agora, no entanto, Joe tinha a própria história para contar.

– Mas eu? Meu pai estava no leito de morte, minha família estava desmoronando, e eu era o único para segurá-los, e isso sem mencionar a empresa. – Ele se levantou da poltrona e caminhou até o sofá-cama, sentando-se ao lado de Demi e esticando a mão para acariciar uma mecha sedosa dos cabelos dela. – Minha vida era aqui. É aqui. A sua era… – Ele abanou uma das mãos – lá fora. Íamos viver em dois mundos diferentes, e por mais que eu quisesse você no meu, eu sabia que não ia acontecer. Só porque meus sonhos desmoronaram não significava que eu poderia pedir a você para abrir mão dos seus.

– Então… Você me deixou ir?

Um simples meneio de cabeça.

– Eu deixei você ir.

A umidade surgiu nos olhos dela, embora não houvesse lágrimas escorrendo ali. Fungando, ela inclinou o rosto para a mão dele, roçando a pele delicada contra a dele.

Eles ficaram em silêncio durante muito tempo. O cômodo estava quieto o suficiente para ele conseguir ouvir o pingar dos pequenos flocos de neve gélidos golpeando a vidraça. Então, com um suspiro baixinho, Demi olhou para Joe e sorriu.

– Obrigada por me contar – sussurrou ela.

– Não há de quê.

Nada mais. Nenhuma promessa. Nenhum pedido. Era como se eles tivessem acabado de limpar a lousa e pudessem recomeçar, do zero. E ver aonde aquela estrada os levaria.
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Mais um capítulo divo aqui pra vocês u.u haha
Comentem...Beijemi <3 XOXO!

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– TENHO DE admitir, Papai Urso, isso supera qualquer mingau.

Demi lambeu algumas migalhas de biscoito dos dedos, suspirando de satisfação diante do estranho café da manhã natalino que eles tinham acabado de dividir. Biscoitos, gemada, queijo e torradas, batatas chips, chocolate e frutas.

A comida da festa tinha sido farta e deliciosa. E ficou muito bem armazenada na geladeira imensa, que estava fazendo um ótimo trabalho segurando a temperatura, apesar da falta de energia. No entanto, se eles ficassem presos ali por muito mais tempo, iriam ter de jogar a gemada fora em favor das latas fechadas de refrigerante ou de suco de frutas.

– Acho que tem até mesmo algumas sobras de peru fatiado da ceia – respondeu ele. – Se chegarmos a esse ponto.

A julgar pelo modo como continuava a nevar, definitivamente poderia chegar a esse ponto.

Demi devia estar incomodada com isso. Devia estar preocupada por estar presa, devia estar pelo menos surtando por não ter uma calcinha sobressalente… não que esperasse ficar usando calcinha por muito tempo.

Mas a verdade era que ela não dava a mínima. Não tinha obrigações para com ninguém, não tinha planos para as festas, além de fazer compras. O irmão dela já havia sido escalado para trabalhar durante todo o fim de semana, e com aquele clima, ela duvidava que ele teria tempo de ao menos dar uma passadinha para vê-la antes de segunda ou terça-feira.

Então por que não passar alguns dias presa em um prédio seguro, com muita água e comida, e alguém para providenciar muita diversão? Se, isto é, ela conseguisse sobreviver a toda aquela… diversão.

– Acho que isso atende aos nossos requisitos de Natal não tradicional, hum?!

– Ei, eu até comi um biscoito em formato de sininho, não comi? – Então ela riu. – Embora, acredite ou não, eu tenha ficado um pouco menos rigorosa em relação a isso.

– Sério?

– Miley tem filhos agora, e eu realmente passei algumas festas de Natal com eles há alguns anos. Foi… legal.

Mais do que legal. Tinha sido adorável. Meigo, saudável e divertido. E, sim, um pouco doloroso. Mas após muitos anos, Demi fora capaz de baixar a guarda e deixar um pouco da mágica da época retornar ao seu coração. Ela não estava pronta para sair e cortar um pinheirinho ou baixar uma cópia de ”Então é Natal”, volume 948, no seu mp3. Mas conseguia pelo menos cantarolar Noite feliz, a música natalina favorita de sua mãe, sem irromper em lágrimas.

– Devo dizer que estou curioso…

– Sobre?

– Paris. Europa. Fotografar a semana de moda, chegar à capa da Vogue?

Ela suspirou, lembrando-se daquela garota, daqueles sonhos. Do quão importantes eles tinham sido certa vez, quando ela estava fugindo de qualquer coisa que se assemelhasse à vida que ela outrora tivera e tão dolorosamente perdera. A mudança total de planos a havia ajudado a fugir das lembranças durante um tempinho, mas não para sempre. Em algum momento, ela teria de as encarar.

Ela explicou para ele, da melhor maneira possível, se perguntando se a explicação iria fazer algum sentido para qualquer outra pessoa.

Quando Demi terminou, Joe assentiu lentamente.

– E agora que você sabe que não precisa cruzar meio mundo para não se importar muito com as pessoas ou com as coisas… você está feliz?

Uau. Ele obviamente lera as entrelinhas. Ela não havia mencionado nada sobre não querer se importar com as pessoas. Mas não podia negar que era verdade.

– Estou feliz – confessou. – Amo o que faço… lembra-se de como eu jurava que nunca trabalharia com crianças?

– Muito embora você fosse ótima nisso.

– Exatamente. Acho que eu era a última pessoa a enxergar isso. Mas eu adoro, e sou boa. Fiz mais sucesso com meus retratos infantis do que já fiz com os de adultos. Na verdade, publicaram uma foto minha na revista Time do ano passado.

Ele assobiou.

– Sério?

– Sim. Tive algumas fotos escolhidas por agência de notícias, revistas e catálogos. Eu mandei um ensaio fotográfico para uma revista sobre maternidade e espero que eles me chamem para fazer trabalhos como freelancer.

– Parece maravilhoso – disse ele de coração. – Estou realmente feliz por você.

– Obrigada. – Lembrando-se de repente de uma coisa, e sabendo que ele ficaria interessado, ela disse: – Ah, adivinhe em quem trombei em Nova York há mais ou menos um ano?

Ele ergueu uma sobrancelha curiosa.

– Lembra-se de Alex, o babaca?

O desdém de Joe dizia que ele lembrava.

– Por favor, me diga que ele terminou na cadeia e que virou a mocinha de algum valentão.

– Não, mas o pai dele terminou.

Joe ficou de queixo caído.

– A família dele administrava uma daquelas empresas “grandes demais para falirem”. Só que faliu durante o colapso financeiro. Papai foi para a cadeia e a família perdeu tudo. Alex estava muito humilde, e muito pobre, quando dei de cara com ele.

– Não poderia ter acontecido com um sujeito melhor.

Quase incapaz de se lembrar da garota que tinha sido quando pensava que Alex poderia ser “o cara certo”, Demi falou:

– Acho que isso te coloca a par do que tem acontecido comigo.

E Joe já havia deixado Demi a par do que havia acontecido com ele. Uma vida repleta de família, trabalho e obrigações. Sem muito tempo livre, pelo jeito que tinha soado, embora ele aparentemente tivesse tido tempo de começar a construir a própria casa dos sonhos… ah, Demi adoraria vê-la.

Quanto à vida pessoal de JOe, embora ela não tivesse extraído nada, pois não desejava ser intrometida, Demi meio que sentira satisfação quando ele admitira não ter tido nenhum relacionamento romântico com duração maior do que seis meses. Com isso então, eram dois.

– Espere, e o seu irmão? –perguntou Joe. – Ele ainda te dá globos de neve horrorosos em todo Natal?

Ela riu, pensando na coleção que aumentava a cada ano. Com a exceção do Papai Noel hippie quebrado, ela ainda possuía cada um deles.

– Eu coloco minha coleção exposta em casa todo fim de ano.

– Todos eles? – perguntou Joe, a voz delicada e séria.

Ela sabia o que ele estava perguntando. Sabia que ele estava imaginando se ela havia guardado o único presente de Natal que ele já lhe dera. Considerando que ela ficou de coração partido logo depois que Joe lhe entregara o mimo, a resposta provavelmente deveria ser não. Mas, na verdade, ela nunca fora capaz de se separar daquele presente especial, muito embora, toda vez que o tirava da caixa, se perguntasse a respeito de Joe. Onde ele estava, o que havia acontecido a ele.

Agora ela sabia. Ele estivera vivendo a vida do melhor jeito possível… depois de tê-la libertado para seguir seus sonhos.

– Sim, Joe – murmurou ele. – Todos eles.

– Fico feliz.

– Eu também. – Então, querendo manter seu humor leve, ela acrescentou: – O único que meu irmão me deu no ano passado teve de ganhar o prêmio de mais esquisito de todos os tempos.

– Conte-me.

– Sam encontrou um globo vindo de algum culto estranho que acredita que os três reis magos vêm de outro planeta. Baltazar possui pele verde e garras. Belchior tinha uma cauda cheia de espinhos. E o outro tinha pelos por todo o corpo.

Jogando a cabeça para trás, Joe gargalhou.

– Por favor, não me diga que o menino Jesus era um alienígena também.

– Não, mas ele parecia apavorado.

– E isso é alguma surpresa? Tipo, com todo o elenco de um episódio ruim de Jornada nas Estrelas parado diante dele?

Rindo quando percebeu exatamente com o que os três reis magos se pareciam, Demi se levantou e começou a recolher os pratinhos descartáveis que eles tinham usado para tomar o café da manhã tardio. Haviam comido no refeitório, já que era o lugar mais próximo não apenas com toda a comida, mas com todos os pratos e talheres também.

– Então… Está pronta para descer e verificar as coisas lá fora? – perguntou Joe.

Eles tinham concordado que, depois de comer, iriam descer ao saguão e tentar ter uma ideia de como as coisas estavam lá fora. Dali do sexto andar parecia que estavam presos em uma nave espacial que havia pousado em um planeta de marshmallow.

– Estarei pronta quando você estiver.

Embora não esperasse ir a lugar algum, os dois se vestiram com roupas bem quentes. Eles invadiram um armário de casacos para acrescentar camadas extras às próprias roupas. Havia alguns casacos, cachecóis e chapéus esquecidos ao longo dos anos… o suficiente para que não congelassem se ousassem pisar lá fora.

Uma vez tendo se arrastado seis andares abaixo até o saguão, e visto que a neve havia tomado quase toda a porta de vidro, no entanto, Demi percebeu que eles não precisavam nem ter se dado ao trabalho.

– Isso é loucura! – disse ela, ficando na ponta dos pés para tentar enxergar por cima da montanha branca. – Você consegue ver o estacionamento?

Joe colocou a mão em concha sobre um ponto do vidro que não estava obscurecido pela neve.

– Tem três montinhos ali… Presumo que sejam seu carro, o meu e a caminhonete do segurança. Seria necessário um trenó e uma equipe de cães para nos levar até lá, no entanto.

Isso significava que, mesmo que a energia elétrica voltasse e as ruas fossem limpas, eles não iriam a lugar algum até a empresa particular de remoção de neve que Ross havia contratado aparecesse para limpar as calçadas e o estacionamento. E quem saberia dizer quando isso ocorreria?

– Não vamos a lugar nenhum, vamos?

– Nada disso. – Ele se virou para encará-la. – Tudo bem? Quero dizer… você não está com medo por estar presa aqui, está?

Ela franziu a testa.

– Você se transformou em um canibal ou algo do tipo nos últimos seis anos?

Ele meneou as sobrancelhas.

– Está reclamando do que gosto de comer?

Deus do céu, ela nunca iria reclamar a respeito disso pelo restante de sua vida.

– Deixa para lá – disse Demi, sabendo que soava desequilibrada.

O sujeito era bom em distraí-la, colocando pensamentos selvagens em sua cabeça. Ele era bom em um monte de coisas. Em fazê-la rir, em fazê-la suspirar, em deixá-la louca. Em lhe dar um prazer incrível.

Aos 22 anos, ela havia achado Joe Jonas o sujeito mais sensual que já havia conhecido. Agora, seis anos depois, ela sabia que ele era mais do que isso. Ainda sexy, ah, sem sombra de dúvida. Provavelmente mais ainda do que antes, na verdade, porque ele agora possuía uma tonelada de autoconfiança e a personalidade madura de um homem para combinar com o visual e com o charme.

Mas agora Demi o via como muito mais do que um carpinteiro duro de grana com um pufe e um abajur de lava. Ele era bem sucedido, muito inteligente e incrivelmente agradável. Ela havia notado o jeito como ele conversou com todas aquelas pessoas na festa no dia anterior; agora, sabendo que ele era o chefe delas, Demi estava ainda mais impressionada.

– Sério, você não está preocupada demais, está? – perguntou ele. – Temos muita comida, o prédio é seguro. E eu não acho que vá ficar insuportavelmente frio. Se ficar, podemos nos mudar para uma sala mais interna, sem janelas.

Ela balançou a cabeça.

– Sinceramente, não estou preocupada. A única pergunta é: o que vamos fazer para nos manter ocupados?

Ela acompanhou aquela pergunta com um adejar de cílios.

Joe deu um passo mais perto, colocando as mãos nos quadris de Demi. Mesmo através do enchimento das calças, do suéter, do capuz de alguém, do casaco de alguém e do casaco pesado dela, Demi sentiu o peso possessivo do toque dele.

– Tenho certeza de que vamos pensar em alguma coisa.

– Oh?

Ela ficou na pontinha dos pés, roçando os lábios no queixo dele, e sussurrou:

– Feche os olhos.

Ele obedeceu. Imediatamente.

– Conte até 20.

– Hum… Por quê? – Um olho se abriu e ela franziu a testa imediatamente. Ele voltou a fechá-lo. – Desculpe. Contando.

Um.

Ela de um passo para trás.

– Nada de espiar. Continue contando.

– Dois.

Um sorriso cruzou o rosto de Joe, como se ele a estivesse imaginando tirando as peças de roupa, se desfazendo das camas bem em cima da mesa da segurança. Hum. Aquilo meio que poderia ser interessante. Embora eles não pudessem ser vistos de forma alguma através das camadas de neve lá de fora, soava extremamente ousado.

– Três.

Demi balançou a cabeça e seguiu na ponta dos pés até a porta fechada da escada de emergência. Joe estava no quatro quando ela abriu a porta e no cinco quando ela a fechou detrás de si. Esperava que, quando ele chegasse aos 20, ela já estivesse de volta ao sexto andar.

Esconde-esconde em um prédio de escritório de seus andares. Soava como um bom jeito de passar o tempo. Principalmente se Demi se assegurasse de que estaria nua quando Joe a encontrasse.
 
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OII!! sentiram minha falta?? eu espero que sim, pq eu senti a de vocês!! quero me desculpar por não ter postado, eu fui esses dias para casa de minha vó e minha mãe insistiu para que dormíssemos lá, ai eu não tive como postar... bom, a Mand só não terminou a maratona, pq eu esqueci de deixar mais capítulos salvos para ela, aí infelizmente só deu até o 16 :/

depois eu irei postar um aviso lá em "A Sexóloga" para quem perguntou lá sobre a fic... :)

EU FINALMENTE CRIEI UM WHATSAPP!!!
Aeeeh!!
Então, irei criar um grupo aqui pro blog, mas aí vocês me passam os números de vocês pelo twitter, por favor, não postem aqui, ok?? eu irei adicionar todos!! <3

Beijoos <3 a mini-fic está acabando :/

4 comentários:

  1. Aí meu Deus eu amei esse capítulo... Gente esses dois se superam... E essa Demi danadinha, danadinha kkkkk
    Acho que o Joe vai ter um ataque kkkk
    Não quero que acabe :(
    Continuaa, Fabíola Barboza

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  2. Meu Deus, eu amei! Preciso que você poste mais, por favor! Beijossss <3

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  3. Boa tarde Mari!!! Senti sua falta aqui ni blog!! Que bom que está de volta!! Quanto a mini fic... o cap está incrível!! Que pena que está acabando!
    Bju!

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  4. Gente que epílogo foi esse? Ficou tão perfeito essa fic foi tão perfeita eu simplesmente amei e amei e amei de novo kkkkk
    Estou triste por que ela acabou .... Porém já quero uma nova u.u
    Beijos, Fabíola Barboza

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