26.6.14

Emoção - Capitulo 20

 
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Atualmente
Chicago, 25 de dezembro de 2014

DEMI ACORDOU na manhã de Natal se sentindo bem, quentinha e confortável. E aquilo não era só por causa do homem nu, incrivelmente lindo e sexy deitado junto a ela, mas também porque a ventilação logo acima do sofá-cama estava soprando um ar quente e constante.

A energia elétrica voltou. Aleluia.

Ela ficou deitada ali durante alguns minutos, aliviada, mas também um pouco triste. Energia elétrica era bom. Ótimo, na verdade. Mas sinalizava uma coisa: um retorno à normalidade. O mundo real estava batendo às portas do pequeno ninho do amor deles, lembrando-os de que na verdade aquele espaço era um edifício de escritórios de seis andares em Chicago.

Durante 36 horas eles conseguiram fingir que o restante do mundo não existia. Agora que tinham luz novamente, estavam a apenas um telefonema de distância de todo mundo.

Demi devia aproveitar isso e telefonar para Sam, que talvez estivesse preocupado. Com sorte, ele teria estado ocupado demais para tentar contatá-la. Mas no mínimo ela precisava ligar para ele e lhe desejar feliz Natal… ou pelo menos um bah, que bobagem!

Ela se perguntava se o Natal iria ser feliz para ela. Antes de ontem, ela teria rido de tal ideia. Agora, no entanto, honestamente, não tinha certeza.

Provavelmente seria inteligente impedir mais perdas, agarrar-se à lembrança do presente que ela já havia recebido neste ano, e sair enquanto a coisa estava indo bem. Ela e Joe haviam compartilhado uma véspera de Natal fantástica… pela segunda vez na vida dela. Mas eles já haviam provado uma vez que não tinham como fazer durar muito além disso. Então que tipo de tola ela seria ao deixá-lo voltar ao seu coração outra vez, do mesmo jeito que ela permitira que ele voltasse aos seus braços?

Qualquer um poderia criar uma lembrança adorável e romântica das festas de fim de ano e um pouco de neve. Eles nunca tinham tentado existir no mundo real.

E talvez não devessem. Talvez não fossem destinados a isso.

Entristecida por aquela ideia, Demi sentou-se lentamente e se espreguiçou. Ela espiou a parede de janelas, olhando por cima do ombro de Joe, e percebeu que não apenas havia parado de nevar, como o céu estava tentando ficar azul e ensolarado. Também havia um som distinto, algum tipo de motor nos arredores.

Curiosa, ela saiu da cama e foi até a janela, que dava vista para o estacionamento. Para sua surpresa, já estava quase todo limpo. Um caminhão com um arado estava trabalhando no lote, e uma mini escavadeira estava cuidando dos montes de neve nas calçadas.

– Droga – sussurrou ela. Agora não apenas estavam eletronicamente conectados ao mundo, como o status “isolados pela neve” estava prestes a mudar também. A aventura do feriado particular havia chegado ao fim.

– Feliz Natal – disse ele da cama, a voz rouca de sono.

Embora ela quisesse responder de forma gentil, as palavras ficaram um pouco presas na garganta, a qual foi se apertando a cada segundo desde que ela acordara.

– Bom dia.

– Está mais quente aqui, ou é só porque estou olhando para você nua?

Ela riu baixinho e voltou à cama, se abaixando para beijar Joe enquanto engatinhava para ficar ao lado dele.

– A energia voltou. E o estacionamento está quase limpo.

Ele franziu a testa.

– Lembre-me de demitir aquela empresa de limpeza de neve.

Joe não soava nem um pouco mais feliz do que Demi sobre ser “resgatado”. Talvez porque, tal como ela, ele não tinha certeza do que iria acontecer quando eles retornassem à realidade.

Será que eles tinham o que era necessário para ir além do fim de semana? Para de fato fazer um relacionamento diário funcionar? Com os laços que Joe tinha com a família, com a empresa, com a cidade… e Demi com sua necessidade por vezes caprichosa de mudar de direção e explorar novas oportunidades, quando eles eram feitos para ficar juntos?

Ela não fazia ideia. Nem queria conversar sobre isso com ele ainda. Precisava pensar. E provavelmente seria melhor fazê-lo sozinha.

– Acho que você devia ligar para sua família avisar que está bem – disse Demi. – Provavelmente eles estão preocupados.

Ele assentiu.

– Ouça, por que você não vem comi…

Ela sabia o que ele ia pedir e ergueu uma das mãos, espalmada.

– Obrigada, mas não, obrigada.

– Tenho certeza de que eles adorariam conhecer você.

– Bah, que bobagem, lembra-se?

– Demi…

– Por favor, não – retrucou assim que ela se levantou, pegou suas roupas e começou a vesti-las. Por mais que gostasse de ficar nua na cama com Joe, ela sabia que as coisas tinham mudado. Sentia-se muito menos livre e muito mais preocupada do que estivera na noite anterior. A presença do restante do mundo no relacionamento estranho deles a deixava desconcertada. Enquanto há algumas horas ela estivera repleta de nada senão contentamento e satisfação, agora as únicas coisas que preenchiam sua cabeça eram perguntas e preocupações.

– Preciso de um tempo – disse Demi a ele. – Eu só gostaria de ir para casa e tomar um banho.

– E a ceia de Natal?

Os sanduíches com as sobras do peru tinha parecido perfeitos. Ir com Joe até a casa dos pais dele para uma refeição grandiosa com uma família imensa?

Nem tanto.

– Por favor, não pressione – disse ela, ouvindo o tom da própria voz e ficando furiosa consigo. Ele estava tentando compartilhar algo especial… a festa da família dele.

– Tudo bem – disse Joe. – Eu compreendo.

Como Demi não conseguia compreender a si mesma, ela duvidava dele, mas não queria discutir. Não depois do dia maravilhoso que eles haviam tido ontem e das noites lindas, maravilhosas, incríveis naquele sofá-cama estreito.

– Você pode usar o telefone da minha mesa se quiser ligar para Sam – informou Joe. – Se a energia voltou mesmo, então as linhas deveriam estar funcionando. É só discar nove primeiro.

Agradecendo a ele, Demi terminou de se vestir e foi até a mesa. Pegou um recado de Sam na caixa postal e deixou outro recado para ele. Verificou seu telefone celular, ainda sem sinal, e resolveu ligar para o telefone de casa para ver se havia algum recado.

Ela discou para casa, então digitou a senha. Quando ouviu que tinha dois recados deixados na sexta-feira, franziu a testa, percebendo que não tinha parado para escutá-los quando chegou em casa.

Estava ocupada demais se masturbando na banheira enquanto pensava em Joe.

Uma voz que ela não reconheceu veio do fone.

– Srta. Lovato, aqui é Janet Sturgeon, sou da revista Parents Place. Desculpe por ligar pouco antes do Natal, mas é que eu realmente queria falar com você. Todos na redação simplesmente amaram seu ensaio fotográfico.

Ela comemorou mentalmente. Mas a voz não tinha terminado.

– E é claro que todos nos lembramos do trabalho excelente que você já fez para a gente. De qualquer forma, estamos fazendo algumas mudanças aqui em nossa matriz e estávamos pensando se você estaria interessada em vir a Nova York para conversar sobre um cargo permanente conosco? Estamos buscando um diretor artístico. Todos realmente gostamos do que você faz e achamos que você se encaixaria muito bem em nossa equipe.

O queixo de Demi foi caindo lentamente enquanto ela escutava. Ela estava esperando por um Sim, gostamos do seu trabalho e vamos pagar X por ele. Mas uma oferta de emprego? No mínimo, a oferta por uma entrevista de emprego? Ela nunca havia imaginado.

Bem, aquilo era uma mentira, é lógico que ela havia imaginado. Tinha pesando várias vezes em sair daquela piscina infantil que era seu trabalho como autônoma e ir para o imenso oceano das grandes publicações. E a Parents Place era um bom trecho do oceano. Uma oportunidade de trabalhar para eles, de ser a diretora artística de uma publicação nacional de grande porte… sinceramente, era como se alguém tivesse acabado de lhe entregar o primeiro prêmio da loteria sem ela nunca ter comprado o bilhete.

Sua mente começou a vaguear e ela não ouviu o número de telefone que a pessoa que ligou deixou no fim. Demi salvou o recado para escutar outra vez quando chegasse em casa e ficou pensando no que dizer quando retornasse a ligação no dia seguinte.

– Demi? Você está bem?

Joe a estava observando de lá da alcova. Ele havia terminado de se vestir e passou uma das mãos pelo cabelo grosso e desgrenhado, estava perfeito, sexy e lindo. O coração de Demi deu uma cambalhota no peito do jeito que sempre fazia quando ela olhava para aquele homem na claridade total do dia. E até na total escuridão.

Só que agora, havia uma leve sensação de aperto em seu coração também.

Não seja boba, você nem mesmo sabe ainda se conseguiu o emprego. Ou se vai aceitá-lo.

Verdade. Ela não podia se permitir ficar chateada a respeito de algo que possivelmente poderia acontecer, e o reflexo disso entre ela e Joe. Pelo que Demi sabia, não havia ela e Joe. O fim de semana tinha sido fantástico e maravilhoso… mas ela já admitia que poderia não haver mais nada além.

Não vai haver se você estiver em Nova York.

O que a fazia se perguntar: será que ele se importaria se ela fosse embora?

Será que ele pediria que ela não fosse?

– Demi? Está tudo bem? Era o Sam?

Ela balançou a cabeça lentamente e colocou o fone no gancho. Tentando manter a voz firme, assim não iria revelar nem empolgação, nem a turbulência incrível que aquilo poderia significar para eles, Demi contou sobre o telefonema.

Joe não reagiu de cara. Nem sorriu ou a parabenizou imediatamente. Nem mesmo franziu a testa e insistiu dizendo que ela não podia nem pensar em ir embora agora, quando havia tanta coisa entre eles no ar.

Então talvez não haja nada no ar.

Talvez tudo tenha se estabelecido naquela cama nas últimas 36 horas, e esteja tudo acabado, e nós dois devamos apenas ir viver nossas vidas alegremente.

Deus, ela não queria acreditar naquilo. Mas era possível. Para Joe, podia ter sido coisa de uma noite só. Talvez ele não desse a mínima se ela fosse embora. Ela simplesmente não sabia. E, sinceramente, não tinha certeza de como abordar o assunto.

– Estou vendo. Bem, isso é empolgante – disse ele finalmente.

– Poderia ser – respondeu Demi cautelosamente.

– Quando você voltaria a Nova York?

Grite, droga. Demonstre algum tipo de emoção.

– Ela disse que queria me entrevistar imediatamente, essa semana se possível.

– Não creio que os aeroportos vão abrir por um dia ou dois. Talvez no fim da terça ou quarta-feira.

– Talvez – disse ela, se perguntando como ele poderia estar tão tranquilo, por que ele não queria revelar nada do que estava pensando.

Por que ele não estava dizendo a Demi que não queria que ela fosse.

Mas ele não fez nada. Em vez disso, ainda calmo e racional, como se eles tivessem acabado de jantar num encontro em vez de passar por uma maratona sexual emocionalmente carregada durante 36 horas, ele a ajudou a arrumar o escritório e o refeitório, ocultando as evidências do idílio selvagem de fim de semana que havia ocorrido ali. Tudo retornou ao seu lugar, os casacos emprestados voltaram ao armário, a comida foi guardada cuidadosamente. Até o sofá-cama foi arrumado e dobrado. Não havia nenhuma evidência de que eles haviam estado ali.

Perceber aquilo deixou Demi incrivelmente triste. Mas não havia nada que ela pudesse fazer a respeito.

Finalmente, não restando mais nada a fazer, eles vestiram roupas quentes e desceram. Não tiveram problemas para sair para o estacionamento, e Joe pagara um extra ao seu contratado por desatolar os carros deles. Então, por volta de meio-dia, eles estavam prontos para ir embora, nenhum dos dois preocupados com o trajeto de carro, considerando que as escavadeiras e caminhões de sal passaram a noite toda em ação.

Chicago era uma cidade acostumada a lidar com a neve. Apesar da nevasca perversa na véspera de Natal, as coisas muito provavelmente iriam voltar ao normal bem depressa. Se algo fosse voltar ao normal de novo um dia. No momento, Demi não tinha muita certeza sobre a definição dessa palavra.

– Tem certeza de que vai ficar bem dirigindo sozinha para casa? – perguntou Joe.

Ela assentiu.

– Vou ficar bem, são poucos quilômetros.

Ele abriu a porta do carro para ela. Estava quente lá dentro; ela havia deixado em ponto morto durante alguns minutos enquanto eles estavam lá fora se despedindo. Ou não estavam se despedindo. Até agora, eles não tinham dito nada.

Demi não tinha certeza do que estava esperando que ele dissesse. Ou se ele também estava esperando. Ou do que cada um poderia dizer para ficar tudo bem, para que ambos compreendessem a situação atual e futura.

No fim, não disseram muita coisa.

Joe simplesmente se inclinou e roçou a boca na de Demi, o hálito de ambos se misturando no ar gelado. Então ele sussurrou:

– Feliz Natal, Demi.

Ela deu um sorriso trêmulo e assentiu.

– Tchau, Joe.

O coração dela estava berrando para que ela dissesse algo mais. O cérebro também. Mas ela não conseguia encontrar as palavras, não sabia o que Joe queria ouvir.

Então simplesmente entrou no carro, observou Joe entrar no dele, e aí ambos saíram dirigindo.
 
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Ah a mini-fic esta acabando ://
não se esqueçam de comentar, quanto mais rápido vocês comentam, mais rápido eu irei postar :)
Beijoos <3

não se esqueçam de mandar o numero de vocês para eu adicionar no grupo no whats, até agora só a Mand, a Roberta e a Alice que me mandaram... mandem!!
twitter: @WorldJemi
email: FanficsJemi@gmail.com

 

6 comentários:

  1. Menina do céu, não pode acabar!!!!!!!
    Eu amo essa min fic não sei o que fazer pra aceitar que ela está no final....
    Posta mais!!!!!!!!!!

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  2. posta logo os restos dos capitulos e começa outra min fic. estou ansiosa para saber como esta acaba bj

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  3. Existe outra criatura mais teimosa que a Demi? kkk
    santo Deus que vontade de esgana-la e o Joseph também u.u
    Não estou preparada psicologicamente quando a fic terminar eu amo ela é tão awn :( <3
    Mari tmb quero entrar no grupo do whats como eu falo com você, não entro muito no twitter k :p
    Beijão, a fic está cada dia mais linda!

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  4. Mari, ta perfeita, posta mais, por favorrrrrr! Eu quero entrar no grupo também, já te segui la no tt, segue de volta pra mim te mandar dm? É @dinkydemi

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  5. mari! ta perfeita! por favor poste mais eu nao aguento muito tempo sem ler essa mini fic, hahahaha. beijo! ❤️

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  6. OMG Está perfeito!!
    Obrigada Mari por postar essas preciosidades!!! Bju!!

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