13.9.15

Faça Meu Jogo - Capitulo 11 - Último


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Dia dos Namorados – 14 de fevereiro

JOE DESEJAVA que o único dia do ano reservado para os amantes ocorresse em março. Teria ajudado muito se pudesse falar com São Valentim e trocá-lo de lugar no calendário com São Patrício, no dia 17 de março, só desta vez. Talvez os fabricantes de cartões de felicitações não fossem gostar, nem as indústrias de flores ou chocolates, mas ele realmente ia gostar de um mês extra antes da chegada do grande dia do romance e do amor: todas as coisas que ele possuía há alguns dias, antes de Demi ir embora de sua casa.

Todas as coisas que ele pretendia ter novamente. Com ela.

Tinha sido infernal vê-la partir. Mas no instante em que Joe entrou na cozinha e a viu triste, com uma expressão resignada, ele soube que ela estava caindo fora. Não podia fazer nada senão permitir que ela fosse, não por causa daquela besteirada do “se você ama muito alguma coisa, deixe-a ir. Se voltar, é porque era sua. Se não voltar, é porque nunca foi sua”, mas porque ele a conhecia bem o suficiente para saber que não adiantava tentar convencê-la a não ir embora.

Quando Joe foi para o segundo andar, ele teve breves esperanças de que ao vê-lo encarar a situação calmamente, embora por dentro ele fosse uma massa revolta de raiva, frustração e desejo, ela fosse perceber que estava cometendo um erro e mudar de ideia. Ouviu-a subindo para recolher suas coisas, e aguardou no banheiro, não debaixo do chuveiro, mas de pé do outro lado da porta fechada. Meio que se perguntando se ela ia bater.

Quase certo de que ela não o faria.

Ela não bateu.

Por mais forte que fosse, Demi não era do tipo que tomava decisões importantes no calor do momento. Ela era do tipo que se recolhia-pensava-avaliava-daí-avançava-cautelosamente.

Joe só queria ser capaz de dar mais tempo a ela para sentar-se em Chicago, pensar, avaliar, antes de voltar para ele. É por isso que teria sido melhor se o Dia dos Namorados fosse dali a um mês.

Com um mês para pensar sobre isso, Joe sabia, sem sombra de dúvida, que Demi telefonaria, mandaria e-mails ou apareceria à porta dele.

Talvez não por razões emocionais.

Não para compromisso e casamento e uma vida inteira juntos. Mas só porque ela o desejava, e então lhe enviaria um convite para ir a Washington para fazer o joguinho de senador e assessora ousada. Sexo. Não amor. Ela era tão sexualmente viciada nele como ele era nela, e no prazo de 30 dias ela estaria morrendo de vontade do tipo de intimidade quente, selvagem que os dois tinham dividido desde o primeiro dia.

Então, sim. Ela telefonaria, ou mandaria um torpedo.

E ele iria.

Tudo bem. Ela podia usá-lo para satisfazer suas necessidades mais profundas, porque Joe sabia que ele ia ser preenchido com a mesma fome por ela. E o jogo iria recomeçar.

Entretanto ele iria, principalmente, porque no fundo sabia que qualquer dia desses Demi descobriria finalmente que o amava também.

Ela o amava, e disso Joe não tinha nenhuma dúvida. Demi simplesmente não havia reconhecido ainda. Ou então ela viera com um milhão de razões para justificar porque a coisa toda não iria funcionar e optara por não se permitir amá-lo.

Tudo bem também. Ele não precisava que ela dissesse as palavras. O sexo era o suficiente para entrelaçar suas vidas até que ela estivesse preparada, e em um mês, ela estaria morrendo por isso.

– Maldito seja você por ter nascido em fevereiro, São Valentim – murmurou Joe.

Porque ao passo que 30 dias teriam sido suficientes para reverter o jogo, cinco podiam não ser suficientes. No curto espaço de tempo desde que fora embora, Demi pode ter ficado um pouco nervosa, mas ela era teimosa. Provavelmente iria segurar a situação por mais tempo que isso, não importando o quão incrível tivesse sido o sexo entre eles durante as noites em que ela dormira na cama dele.

Joe não tinha escolha, no entanto.

Era 14 de fevereiro, e o romântico dentro dele simplesmente não podia deixar o dia passar sem ao menos dar sua melhor cartada de sedução. Pela primeira vez ele estava apaixonado pela mulher certa no Dia dos Namorados. Precisava fazer alguma coisa a respeito.

E era por isso que ele estava sentado em um avião que agora aterrissava no aeroporto O’Hare, em Chicago. Tinha reservado o melhor quarto que poderia conseguir de última hora em um hotel exclusivo da cidade. Hoje à noite, ele queria estar lá com ela, lembrando-a de que Demi tinha feito a escolha certa ao aparecer.

Ou ele terminaria sentado sozinho no quarto, jogando uma caixa de chocolates no lixo, observando as pétalas de rosas murchas espalhadas pela cama e desejando que não ter desperdiçado uma caixa de champanhe devidamente derramada na banheira. Sem mencionar as ostras que já tinha encomendado ao serviço de quarto.

Ele foi definitivamente esperando pela primeira opção.

Felizmente, ele tinha um cúmplice em seu plano para atrair Demi para uma noite de romance sexy. Por mais que odiasse fazê-lo, Joe entrara em contato com tia Jean e pedira a ela para ligar para a Clear-Blue Air, afinal ela era a pessoa mais indicada para pedir informações sobre a agenda de Demi. A tal mulher de quem ela falava muito bem, Ginny, fora extremamente útil, seja porque gostasse de sua tia-avó ou porque amasse seu empregador. Talvez uma combinação de ambos.

Pelo que a mulher dissera, Joe tinha algumas horas antes de Demi voltar para Chicago, vindo de Cincinnati. Algumas horas para chegar ao quarto, montar o cenário, então telefonar para ela e perguntar se Demi tinha coragem de vê-lo novamente tão cedo.

Entretanto pedir diretamente talvez não fosse adiantar. Desafiá-la, provavelmente sim.

Todas essas coisas se agitavam na mente de Joe enquanto ele seguia o longo fluxo de passageiros desembarcando até o terminal. Mais um pensamento lhe ocorreu também: se isso não funcionasse, ele simplesmente teria de voltar no mês seguinte para participar das festividades de São Patrício e visitar alguns pubs de Chicago. Demi ficaria muito linda usando um chapéu de duende. Ou sexy demais se só usasse o chapéu e mais nada.

Sorrindo diante de tal ideia, Joe não seguiu para o ponto de táxi, mas, sim, para os escritórios da Clear-Blue Air. Ele dissera a Ginny que daria uma passadinha quando chegasse, só para marcar território e certificar-se de que a agenda de Demi não tinha mudado. Ele provavelmente poderia ter telefonado para pegar essa informação, mas desconfiava que a mulher quereria falar com ele pessoalmente.

Falando em ligar… telefone.

Enquanto caminhava, ele pegou o celular no bolso e discou. Uma olhadela nas barras na telinha e Joe confirmou que estava sem sinal. Então talvez Ginny não fosse uma romântica incurável secretamente, apenas estivesse acostumada ao serviço telefônico instável dentro do aeroporto. Porém, ela podia ser ambos.

Ao passar pela segurança, que tinha o nome de Joe na lista de visitantes autorizados para a ala de escritórios, ele seguiu as instruções que Ginny lhe dera. O aeroporto era imenso, ele sempre soubera disso. Mas nunca tinha imaginado a quantidade de espaço que o público nunca via. O corredor parecia continuar por blocos e mais blocos.

Claro que o escritório da Clear-Blue Air era no final do referido corredor.

Ele acelerou os passos quando percebeu que horas eram. Tinha imaginado que aquela missão iria demorar alguns minutos… Ele já havia descido do avião há meia hora.

Quando finalmente estava a poucos metros da porta, notou ela sendo aberta por dentro. Ele deu um passo para sair do caminho, a fim de deixar a pessoa passar, não prestando muita atenção. Pelo menos, não até que uma mulher emergiu. A mulher que ele não queria ver, pelo menos não até esta noite.

– Ah, que inferno – murmurou ele quando todos os seus planos viraram fumaça.

Demi o fitou, os olhos arregalados, boquiaberta, muda. Ela provavelmente temia que ele tivesse se transformado num perseguidor psicopata.

– Ei – disse ele baixinho, perguntando se ela se enfiaria de volta no escritório para evitá-lo por completo.

Em vez disso, ela fez algo muito mais chocante. Algo que o tirou do eixo.

Sem uma única palavra, Demi largou a bolsinha de viagem que carregava durante a noite, deu um passo em direção a Joe, jogou os braços ao redor do pescoço dele e o beijou como se não o visse há pelo menos… um mês.

ELE ESTAVA ali. Ela não conseguia acreditar que ele estava realmente ali, que ele tinha vindo até Chicago para vê-la no Dia dos Namorados.

Ao beijar Joe, sentir o calor do corpo dele, inalar seu aroma e reviver todos os prazeres de sua boca, ela flagrou lágrimas lhe inundando os olhos. Ela o amava, sentia saudade dele. E tinha finalmente encontrado o homem que poderia lhe oferecer a liberdade para voar quando ela precisasse, mas que estaria sempre esperando quando ela retornasse. Ou então ele simplesmente iria atrás dela.

Finalmente, o beijo terminou, e Demi sorriu para ele.

– Você veio.

– Claro que vim. – Balançando a cabeça e semicerrando os olhos em confusão, ele disse – Você deveria estar em Cincinnati.

Uma punhalada rápida de preocupação a fez perguntar:

– Ai, Deus. Você não esperava que eu estivesse aqui? Você não veio aqui para me ver?

Ele jogou a cabeça para trás e riu, apertando os braços ao redor da cintura dela.

– Sua doida, é claro que vim aqui para te ver. Mas eu tinha um plano grandioso de sedução tramado, e você não me deu mais do que uma hora para chegar no hotel e definir tudo.

– Há um sofá no meu escritório – disse ela, o tom seco. – Para você e para mim, não precisaria de mais nada.

– É verdade. – Ele se inclinou e lhe beijou a testa, murmurando: – Mas quero te dar mais que isso.

Ela suspirou, virando-se para que o rosto macio roçasse no rosto com a barba por fazer dele.

– Acho que está tudo bem então. A mesa de Ginny fica bem em frente à minha porta.

– Então vamos ao hotel.

Soou ideal para Demi. Ansiosa para ir, para ficar a sós com Joe em algum lugar para que pudesse contar a ele todos os pensamentos selvagens que passavam por sua cabeça, e os sentimentos mais ousados prestes a fazê-la explodir emocionalmente, ela escorregou dos braços dele e se abaixou para pegar sua bolsa. Ele tomou a bolsa dela, colocando-a sobre o ombro, junto à dele.

Ela não discutiu; a bolsa não era exatamente um fardo porque não estava muito cheia. Havia uma camisola de seda vermelha, um par de meias sete oitavos. Apenas as necessidades básicas. Não o que ela normalmente embalava para viagens de trabalho, porque ela definitivamente não ia para Cincinnati depois de dar de cara com Joe. Ah! Não era de se admirar que Ginny tenha ficado olhando para o relógio e a atrasando com perguntas idiotas. Ela estava preocupada em não deixar Demi voar para Pittsburgh já que Joe estava voando para Chicago.

– Então por que você não está em algum lugar acima de Ohio? – Ele quis saber enquanto caminhavam em direção ao terminal, o braço de Joe em volta da cintura dela, os quadris e coxas roçando a cada passo.

– Outra pessoa pegou meu voo – disse ela a ele. – Está muito frio em Ohio.

Mesmo rindo daquilo, considerando que estava um frio de lascar ali em Chicago, Joe sacudiu a bolsinha dela. – Então para onde você estava indo?

Houve uma pitada de divertimento na voz dele, como se já soubesse a resposta. Bem, é claro que ele sabia. Ele sabia que ela estava indo vê-lo. Ele não tinha percebido isso até chegar ali, obviamente, mas assim que a vira, assim que Demi jogara os braços ao redor dele e o beijara com todo amor que sentia, como Joe poderia não perceber que ela gostaria de estar com ele exatamente neste dentre todos os feriados?

– Para onde você acha, bonitão?

– Daytona? Com certeza é um lugar mais quente.

– Não é tão quente quanto Pittsburgh.

Ele parou quando ela confirmou, tomando-a nos braços para beijá-la outra vez. Desta vez não foi doce e suave, mas profundo e ávido, como se estivesse pensando nela desde o minuto em que Demi saíra da casa dele, desejando-a por todo esse tempo.

Ou talvez ela estivesse projetando os próprios pensamentos e sentimentos. Tanto faz. Tudo que Demi sabia era que a boca doce de Joe estava cobrindo todos os milímetros da sua, e que ela não queria que acabasse.

Finalmente, porém, porque a porta do escritório se abriu e vozes nas proximidades se intrometeram, o beijo acabou.

– Vamos sair daqui – sussurrou ela, entrelaçando o braço no dele e guiando-o de volta ao terminal. – Acho que precisamos conversar.

Entretanto ainda não. Demi não queria ter qualquer conversa profunda e importante enquanto eles caminhavam pela área pública do aeroporto. Estava repleta de viajantes frenéticos para chegar a seus destinos, resmungando diante das longas filas na parte da segurança.

Já que fizer “Desculpe, fui uma idiota e eu te amo” estava fora de cogitação, Demi preencheu o tempo com algo um pouco menos pessoal.

– Você não vai acreditar no telefonema que recebi esta manhã. – Ela pretendia contar quando o encontrasse na casa dele esta noite. Pelo menos, se ele a deixasse entrar.

Não que isso fosse capaz de impedi-la. Já sabia que uma das janelas dele não travava direito: felizmente o visitante de Las Vegas não tinha percebido isso.

– De quem?

– Do policial Parker. Acho que ele ficou muito curioso para descobrir por que um bandido de meia-tigela nos seguiria até Chicago e depois até a Pensilvânia, caso ele não tivesse realmente derrubado a joia que tinha roubado.

Joe a fitou com interesse.

– Será que ele tem alguma teoria sobre o que aconteceu?

– Sim. Acontece que o dono da loja aparentemente era tão desprezível quanto o bandido. Nosso amigo Teddy realmente derrubou sua sacolinha naquela noite, bem à porta da loja. O proprietário encontrou e a escondeu, e em seguida entrou em contato com a seguradora. Parker conseguiu fazê-lo confessar a coisa toda.

Joe assentiu, aparentando tanto alívio quanto sentia por causa daquela notícia.

– Então não temos de nos preocupar mais com o Sr. Lebowski.

– Correto. – Sorrindo, ela acrescentou: – O que significa que você não tem de trocar seu gnomo de jardim por uma Magnum .357.

Ele riu, e um silêncio camarada caiu novamente entre eles. E permaneceu quando chegaram ao carro dela e entraram, sem dizer muita coisa, uma vez que Joe já tinha dito a Demi o nome do hotel onde ficariam hospedados. Era como se ele já soubesse que ela queria dizer muita coisa a ele, e não quisesse que a conversa começasse até que estivessem completamente a sós. Ela não queria distrações causadas por espectadores curiosos, ou pela necessidade de manter as mãos no volante.

Além disso, um pouco de silêncio era bom. Ela precisava de tempo para colocar tudo em palavras.

Demi havia achado que teria algumas horas antes de chegar à porta de Joe, em Pittsburgh, armada com um copo de café em uma das mãos e um saquinho de chá na outra. “Café ou chá?” Parecia uma boa fala de abertura. Arrancar um sorriso dele poderia garantir que ele não iria bater a porta na cara dela por ser uma bruxa tão covarde, que fugira dele na outra manhã sem lhe dar a polidez de uma explicação.

Finalmente eles chegaram ao hotel.

Ela assobiou enquanto caminhavam pelo saguão, devidamente impressionada. O sujeito fez um belo esforço para montar aquele pequeno refúgio de feriado.

– Não fique muito empolgada – murmurou ele enquanto se aproximavam da recepção. – Eu só fiz a reserva ontem. Eles provavelmente estão desesperados para tirar proveito de cada otário que conseguirem no feriado, de modo que pode acabar dormindo em uma caminha dentro do armário do zelador.

Demi riu, mas sinceramente, ela não se importava. Contanto que eles pudessem ficar a sós e houvesse uma cama por perto, tudo bem para ela.

Poucos minutos mais tarde, quando eles chegaram ao seu quarto, ela percebeu que Joe não precisava se preocupar. Nenhum deles estava rindo enquanto caminhavam para dentro e olhavam em volta. Apesar da reserva de última hora, o quarto era lindo, com uma enorme cama macia, mobília elegante e grandes janelas que davam para baixo na movimentada Avenida Michigan. Ela não tinha dúvidas de que ele pagara várias vezes a taxa do que teria sido em qualquer outra noite do ano.

– Nada mau – admitiu ele.

– É incrível – sussurrou ela, não se referindo exatamente ao quarto, mas a um fator nele.

Joe obviamente tinha sido específico com seus pedidos, porque havia centenas de pétalas de rosas vermelhas espalhadas em cima da cama luxuosa.

– Qual jogo vamos fazer aqui? – Ela quis saber, de repente um pouco cautelosa e desconfiada.

Aquilo parecia coisa de lua de mel. E ao mesmo tempo em que reconhecia mentalmente que não podia deixar Joe ir embora sem dar mais uma chance aos sentimentos que tinham um pelo outro, Demi não estava nada preparada para alianças e véus brancos.

Mentirosa.

Tudo, talvez aquele pensamento tivesse cruzado sua mente. Mas só no esquema “um dia, possivelmente”.

Definitivamente nada para breve.

Joe leu a expressão dela com precisão.

– Não se preocupe, se eu quisesse brincar de lua de mel, eu teria levado você a um daqueles lugares em Poconos, com camas em formato de coração e banheiras em formato de taça de champanhe.

Ela lhe deu um soquinho no braço, respondendo instintivamente:

– Nós não vamos passar nossa lua de mel na Pensilvânia!

Só depois que as palavras saíram é que Demi percebeu o que tinha dito. E reconheceu as implicações.

Vendo o calor nos olhos de Joe, ergueu a mão.

– Espere. Não foi isso que eu quis dizer. Eu não estou dizendo…

– Quer ficar de boca fechada? – pediu ele com doçura, com ternura. Daí ergueu a mão para acariciar o rosto dela, roçar o polegar na bochecha. – Apenas pare de pensar nisso, pare de falar sobre isso e me ame.

Foi simples assim.

Ela assentiu, ficando na ponta dos pés para pressionar os lábios contra os dele. Com a mesma doçura, o mesmo carinho. Quando o beijo terminou, ela manteve os braços ao redor do pescoço dele, olhando para o rosto bonito.

– Eu te amo.

– Eu sei.

Ela o beijou novamente.

– Eu não deveria ter ido embora no outro dia sem confessar isso.

– Eu entendo por que você o fez.

Franzindo a testa, ela baixou os braços e, lentamente, sentou-se na beirada da cama, tomando cuidado para não atrapalhar as pétalas.

– Você sabe?

Ele puxou uma cadeira e sentou-se mais perto dela, apoiando os cotovelos nos joelhos, as mãos balançando entre as pernas entreabertas. A expressão era séria quando como ele disse:

– Todas as dificuldades que você certamente acha que enfrentaremos podem ser contornada. Minha família, sua família, nossos empregos, nossas casas. Toda essa coisa de geografia que não ensinam mais nas escolas.

Joe não precisava prosseguir. Demi já tinha percebido que nenhum daqueles problemas realmente importava. Podiam ser contornados. Na verdade, ela já tinha falado com seu tio sobre modificar seu horário de trabalho, para que pudesse, conforme Jazz sugerira, decolar de fora de Pittsburgh.

Tio Frank havia sido incrivelmente favorável depois de descobrir o motivo.

Incentivando-a a não deixar que seu mau exemplo a levasse a uma vida tão solitária quanto a dele, ofereceu-se para fazer o que fosse necessário para acomodá-la.

– Joe, eu…

– Deixe-me terminar, por favor. – Ele deu um sorrisinho como se desnudando completamente seu coração para ela.

– Eu te amo. E depois que conversamos na outra noite no carro, percebi que a vida é muito frágil para não ser passada com a pessoa que se ama.

Ela compreendia. Tinha pensado a mesma coisa na manhã em que fora embora… só que ela escolhera o caminho covarde de fugir para não ter de lidar com qualquer dor, perda e sofrimento. Ela acabou tudo e fugiu. Joe era muito mais ousado, mais disposto a arriscar o futuro em prol das coisas boas que ele poderia ter hoje.

Esse tipo de coragem emocional no mínimo dava a ele o direito de saber toda a verdade.

– Eu não fui embora porque estava com medo por mim, mas porque estava com medo por você.

– O quê?

– Não quero magoar você, Joe. Eu te amo muito. Acabei acostumada à ideia de que estou destinada a machucar os homens porque não sirvo para relacionamentos.

Ele balançou a cabeça.

– Isso é loucura, você não…

– Eu sei disso agora. Sentada em casa nas últimas noites, fazendo uma retrospectiva mental, percebi que todos os relacionamentos fracassados para os quais eu não era feita tinham uma coisa em comum.

– O quê?

– Eles não foram com você.

Ele a tomou nos braços, colocando-a em seu colo. Demi o abraçou, absorvendo o calor e a essência dele, então disse:

– Como um relacionamento amoroso pode funcionar quando apenas uma pessoa está realmente apaixonada?

– Não pode.

– Exatamente. E uma vez que percebi isso, uma vez que reconheci que eu nunca fui apaixonada por ninguém até agora, eu finalmente relaxei. Livrei-me da culpa, do remorso, da vergonha.

Ele a apertou.

– Você não tem nada do que se envergonhar.

– Diga isso às redes sociais – murmurou ela. Mas Demi rapidamente afastou tal pensamento. Não havia espaço para a escuridão agora, só havia luz e felicidade, paixão e possibilidades. Amor.

– Não há nada de errado comigo – admitiu ela, para ambos. – Eu apenas não me apaixono com facilidade.

– Nem eu.

– O que significa que nenhum de nós vai cair fora facilmente, certo?

Ele a beijou no topo da cabeça, prometendo:

– Nenhum de nós vai cair fora, de jeito nenhum.

Ele não tinha como saber disso.

Ninguém sabe de uma coisa dessas. Mas Demi acreditava nele. Com todo seu coração, com todos os instintos que possuía, ela acreditava nele.

– Não posso prometer que não serei insensível e egoísta às vezes – alertou ela. – Não posso dizer que eu nunca vou fazer algo egoísta e que nunca vou magoá-lo.

– Bem – respondeu ele, depois de pensar um pouco: – Não posso dizer que sempre vou me lembrar de baixar o assento do vaso sanitário ou de não espremer o tubo de pasta de dente pelo meio.

Ela riu baixinho.

Ele pensou um pouco mais.

– Eu não posso prometer que vou deixar você me algemar da próxima vez que brincarmos de polícia e ladrão… mas posso concordar com alguns lenços de seda.

Ela riu mais, como se soubesse o que aquilo significava para ele. Então Joe ficou mais sério.

– Não posso dizer que nunca vou trabalhar até tarde. Ou que algumas vezes não vou querer ficar sozinho com meus pensamentos. Em alguns dias do ano meu humor vai ficar sombrio e eu não vou querer falar sobre isso.

Percebendo a mesma pitada de tristeza que ouvira na voz dele na outra noite, Demi compreendeu.

Totalmente.

– Tudo bem. Mas não posso prometer que não vou tentar sequestrar você do trabalho de vez em quando para que eu possamos voar para Aspen e esquiar um pouco.

Ele sorriu.

– Isso soa bem. Especialmente porque não posso prometer que não teremos de lidar com uma das minhas irmãs de TPM, surtando e telefonando no meio da madrugada porque teve uma briga com o namorado e precisa de uma carona.

A família de Joe fazia parte da vida dele. Demi sabia disso. E a maneira como ele se importava com eles era uma coisa de que ela mais gostava dele. Ainda assim, a lembrança do primeiro encontro com os familiares dele se intrometeu. Mordiscando o lábio, ela perguntou:

– Será que todos eles me odeiam?

– Não! Nem um pouco. Na verdade, duas de minhas irmãs apareceram na minha casa ontem à noite me perguntando por que eu ainda não tinha vindo até aqui para reconquistar você.

Ela deu um suspiro de alívio. Embora não quisesse admitir, a ideia de um casamento tinha, de fato, rondado sua mente uma ou duas vezes. Ela imediatamente deu uma de Demi e começou a se preocupar sobre como seria ter damas de honra que a odiavam em sua festa de casamento.

Além disso, tinha Jazz. E sua irmã, Abby. Ai, Deus…

Não pense nisto isso agora.

– Também devo informar que minha mãe ligou para pedir desculpas e me pediu para lhe dizer que, apesar de seu comportamento naquela primeira noite, ela não seria uma sogra perversa. O que é verdade… Ela tem andando triste ultimamente, mas nunca foi agressiva ou tentou interferir na minha vida. Eu é que sempre fiquei cuidando da vida deles.

– Isso é porque você é um homem muito bom – sussurrou ela.

Um homem realmente bom, sexy e divertido.

Um homem que ela merecia.

Pela primeira vez, Demi se permitiu acreditar que era possível. Que poderia fazer o homem certo feliz. Ela o merecia, sim.

Joe era aquele homem certo.

Embora as pétalas de rosa acenassem, e ela estivesse louca para se livrar de suas roupas e tirar a roupa de Joe, assim ele poderiam expressar seu amor da forma mais básica e sensual possível, teve de acrescentar mais uma coisa. Mais uma promessa de que pretendia manter:

– Eu nunca vou fugir de você, Joe.

– Claro que vai. – Ele sorriu com ternura. – Mas eu sempre irei atrás de você.

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Acabou... Mas amanhã tem história nova.
Comentem o que acharam dessa fic.
Bjinhos xoxo

5 comentários:

  1. Puta merda, num tem quando a história começa perfeita e termina perfeita? Essa é a história, eu amei, demi e joe sempre juntos,felizes e se amando, tão lindo, beijos

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  2. Essa historia foi simplismente perfeita e não creio que acabou tão rapido mas já to ansiosa pra proxima

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  3. Aaaaaiii melhor fic apaixonada pista mais

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  4. Simplesmente amei essa história!!! Essa merecia segunda temporada!!! Aoaixonada pelos dois!!! Posta mais....

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  5. Amei <3 Poderia mesmo ter 2 temporada!!!!! Esperando a proxima!!! Posta Logo

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