26.9.15

Escolha - Capitulo 9 MARATONA (3/5)


~

– PROVE ISSO e me diga se você acha que precisa de mais sal. – Rebecca se afastou de modo que Lilly pudesse experimentar a sopa.

Ela obedeceu e fingiu uma tosse.

– Engraçadinha. – Depois de acotovelá-la na cintura de leve, Rebecca viu seu primo em pé à porta da cozinha do porão da Igreja de St. Mark. Ele não estava olhando para ela, ou, ela imaginou, procurando por ela. O olhar dele estava em Demi.

Ainda havia muitas risadas misturadas ao vapor que pairava acima do fogão industrial. Rebecca estava fazendo uma panela gigantesca de sopa de ervilha, Lilly estava cozinhando chilli, e mesmo com aquele monte de panelas e o forno bem quente, o porão continuava frio. Aquilo não duraria muito tempo, no entanto, não se acontecesse o que Demi achava que iria acontecer.

Era difícil desviar o olhar de Joe. Ele estava com a guarda tão baixa como ela jamais tinha visto. Como um adulto, pelo menos. Havia uma consciência aguda nos olhos dele, uma concentração que falava de uma fome que nada tinha a ver com a sopa de ervilha.

Uma de suas mãos estava apoiada no batente da porta, a outra segurava papéis. Ele estava elegante em seu casaco sob medida: azul-marinho, no comprimento das panturrilhas, perfeitamente moldado. Tal qual o próprio Joe.

O sujeito sabia o que ficava bem nele, sabia que aquele tipo de visual o fazia se safar, e o que faria as pessoas ao redor erguerem as sobrancelhas. Nada era despropositado. Nem on-line, nem pessoalmente, nem em uma caminhada até a mercearia da esquina. Vê-lo desejando Demi tão descaradamente era como vê-lo nu. Não que ela tivesse qualquer experiência pessoal com isso, mas estivera com Joe em situações familiares, momentos particulares de pesar, de apuros, de fracasso, de sucesso, e isso era novidade.

Rebecca sorriu para o próprio brilhantismo. Ela era incrível. Sabia que ele ia gostar de Demi. E que Demi iria gostar dele, mas mesmo Rebecca, no auge de sua convicção, não tinha adivinhado que eles iriam tão longe tão depressa.

Ela teria feito um “toca aqui” consigo mesma se pudesse, por ser tão esperta. Ninguém na família acreditou que Joe fosse se apaixonar. Ele sempre estivera com muitas mulheres, nunca com apenas uma mulher. Não Joe. Seu carrossel não tinha parado de girar desde a puberdade, e ficava entediado rapidamente. Nada poderia ter sido mais perfeitamente adequado ao seu primo nesta era de gratificação instantânea. Joe nasceu para isso, respirava isso, trabalhava com isso. Tudo muito rápido, e o restante era para os fracos e sem brilho.

Demi não era maçante, para dizer o mínimo.

Rebecca se virou para a amiga. Tinham tentado se falar por telefone durante o dia todo, e Lilly apareceu logo depois que elas chegaram à cozinha, então tudo que Rebecca sabia era que Demi tinha ido com Joe a uma festa super chique na noite anterior, um belo segundo encontro, e havia escrito um relato em primeira mão sobre a tal festa no blog esta manhã.

Se isso não fosse um testemunho da genialidade de Rebecca, então ela não sabia mais o que poderia ser.

As coisas ficaram realmente interessantes quando Demi se virou e avistou o homem de pé à porta.

Se ao menos a porta ficasse mais perto da área de preparação da comida. Era difícil saber para onde olhar. Demi agora era uma demonstração da mulher moderna sob completa luxúria. Ela aprumou as costas, prendeu a respiração, exibindo o peito à luz mais positiva possível. O suéter barato de cashmere que usava abarcava os seios perfeitamente, e Rebecca sabia que Joe estava tendo um pequeno ataque cardíaco diante deles.

Em seguida, as bochechas de Demi foram tomadas por um rubor. Meu Deus, nem Renoir poderia ter pintado algo tão habilmente. Ela arregalou os olhos, entreabriu os lábios e seus feromônios certamente começaram a gotejar.

Os únicos sons eram o borbulhar lento vindo do fogão, o silvo do aquecedor. Mesmo Lilly, que tinha vindo hoje à noite para beber alguns drinques e ter a companhia das meninas depois de cozinhar, captou que alguma coisa estava acontecendo.

Rebecca se voltou para Joe novamente, e ele deixou a mão cair, dando um único passo para dentro da cozinha. Ele parecia estar lutando para não sorrir. A curva começou a se formar nos cantos dos lábios, que logo ficaram sérios de novo, mas, um segundo depois, o sorriso reiniciaria.

De volta a Demi, e era como a partida de tênis mais lenta de todos os tempos, a bola invisível bem dentro dos limites da quadra, os arremessos para frente e para trás lânguidos e elétricos ao mesmo tempo. A sopa de Rebecca iria queimar em um minuto caso ela não mexesse a panela. – Joe – disse ela. – E aí?

Rebecca quase riu pelo modo como ele se sobressaltou com a voz dela. E quando ela olhou para Demi, o rubor se espalhou pelo rosto e pelo pescoço, e ela começou a piscar sem parar.

– Vim para mostrar a Demi o blog dela. – Ele ergueu os papéis, como se a prova fosse necessária.

– Vai ser meio difícil ela enxergar de lá do outro lado da cozinha.

O sorriso de Joe finalmente se libertou, assim como suas pernas. Ele entrou, cruzando o cômodo até Demi.

– Aquele é o Joe Winslow – sussurrou Lilly, e Rebecca não a ouvira se aproximando. Felizmente ninguém viu o sobressalto de Rebecca porque os olhares estavam no centro do palco. Até mesmo o de Lilly.

– Sim, é ele.

– Por que Joe Winslow está na nossa cozinha? Com Demi?

– Porque ela está saindo com ele.

– O quê?

O questionamento veio em voz alta. Muito alta. Alto o suficiente para suspender toda a ação. Lilly sorriu e acenou de forma constrangida.

– Lilly Denton. Oi.

– Joe Winslow – cumprimentou Joe. – Oi.

O momento passou. Rebecca arrastou Lilly para o fogão, e Joe voltou a circundar Demi.

– Ela está saindo com ele? – perguntou Lilly, sua voz era um sussurro outra vez. – Desde quando?

– Há pouco tempo.

– Como você sabe disso?

– Obviamente você não lê o blog dele.

– Eu leio, mas estive muito ocupada nos últimos dias. – Lilly lançou mais uma olhadinha furtiva. – Isso vai me ensinar a colocar o trabalho em primeiro lugar.

– Tudo bem, não é por causa do blog dele, eu sei porque Joe é meu primo, e seu chilli está queimando.

Ambas pegaram colheres de tamanho industrial e começaram a mexer as panelas como as bruxas em Macbeth. – Sério, que diabos? – disse Lilly.

– Eu armei o encontro deles.

Lilly, que era um mistério para Rebecca, uma amizade em construção, mas cautelosa, tão cautelosa, abriu a boca, daí deve ter repensado. No entanto, ela se aproximou um passo de Rebecca.

– Explique. Em detalhes, por favor. E lembre-se, estou segurando uma colher imensa e juro por Deus que vou usá-la se você continuar sendo enigmática.

– Eu não costumo armar encontros – respondeu Rebecca. – Especialmente para Joe porque tem um monte de malucas correndo atrás dele, mas ele e Demi… eles combinam.

– Antes da troca de cartões? Durante? Porque se Joe Winslow era um cartão de troca, então quero meu dinheiro de volta.

– Você não pagou por nada.

– Rebecca.

– Certo. Ele não era um cartão. Tecnicamente.

– Saí com dois caras dos cartõezinhos. O primeiro foi um cara maravilhoso, desde que você estivesse disposta a tolerar o amor fervoroso dele pela mãe. O segundo disse que queria um relacionamento, mas suas atitudes foram completamente de um sujeito que queria um casinho de uma noite só.

– Eu sei. Meus encontros também não foram avassaladores, embora eu tenha ficado sabendo que Paulie conheceu alguém fantástico, e que o encontro de uma noite apenas de Tess se transformou em três.

– O que ainda não explica Joe Winslow – disse Lilly, franzindo a testa.

– É complicado, e vamos nos aprofundar mais no assunto quando sairmos para beber, mas se ficar falando com você, não vou escutar o que eles dizem, então vamos continuar mexendo as panelas e calar a boca.

JOE ENGOLIU em seco, se perguntando pela 50ª vez o que estava fazendo na cozinha do porão de uma igreja se movimentando de forma desastrada como um adolescente em seu primeiro encontro. Demi estava lendo as páginas do blog que ele tinha impresso, e ela teve a gentileza de não mencionar que ele não precisava vir vê-la ou imprimir as páginas, já que o blog estaria no ar na manhã seguinte bem cedo.

Já havia pedido a ela para escrever um texto biográfico curtinho e no dia seguinte já iria ao ar. Demi já tinha dado um gostinho de seu trabalho, seu primeiro link na barra lateral sobre a festa no Chelsea Piers, e a coisa poderia ter acabado ali mesmo. Mas os acessos ao blog aumentaram, e Demi recebera mais de 700 comentários em sua coluna. Muito alentador.

Então Joe prosseguiu. Na manhã seguinte, haveria mais fotos de Demi, algumas da época da faculdade, uma de Nova York usando roupas casuais. Joe tinha esperanças de que aquilo desse início a um diálogo.

O olhar dele se dirigiu a Rebecca, que foi flagrada dando um meio-sorriso, e ele tocou no braço de Demi, interrompendo sua leitura.

– Já volto.

Demi assentiu e Joe foi até Rebecca. Ele sorriu para Lilly, então se virou para a prima.

– Tem um minuto? Lá fora?

Rebecca semicerrou os olhos, mas largou a colher e o acompanhou até a porta. Uma vez do lado de fora, ela estremeceu com o frio, mas não voltou para pegar o casaco.

– Você pode me agradecer agora – disse ela. – E mais tarde. Aceito presentes também. Quanto mais caro, melhor.

– Nós não estamos namorando.

– Eu leio o NNY, bobão – disse ela.

– Você lê o que escrevo no NNY. E evidentemente você não tem falado com sua amiga desde ontem antes do almoço.

– Verdade. Vamos sair assim que guardarmos a comida no freezer.

Quando Joe enfiou as mãos nos bolsos, Rebecca fez uma careta. O desgraçado deveria ter lhe oferecido seu casaco. – Por que armou um encontro com ela? – questionou Joe.

– Por que você me trouxe aqui para morrer congelada?

Ele revirou os olhos dramaticamente e tirou o casaco com um suspiro que teria deixado uma diva da Broadway orgulhosa. Ela se enrolou no casaco pesado de lã, o forro tão luxuoso quanto a alfaiataria.

– Porque ela faz o seu tipo.

– Não, não faz. Ela não faz meu tipo nem vagamente. Você ao menos me conhece?

– Sim. Conheço. E esses esqueletos com quem você sai todas as noites são uma piada. Imagino que você possa contar em uma das mãos só as mulheres das quais gosta de fato.

– Não faz diferença se gosto delas.

– Por acaso você é um dos poucos parentes que consigo tolerar – disse ela –, mas Joe, é hora de você seguir a vida. Você está com o quê, 32 anos?

– Trinta e um.

– Já passou dos 30. Você passou sua vida mandando seus pais e nossa família para o quinto dos infernos. Já deu. Você precisa começar a viver para você, e parar de dar poder a eles.

Ele a encarou com seus olhos imensos, boquiaberto, como se o frio não fosse capaz de penetrar seu choque.

– Do que diabos você está falando, Rebecca?

– Do Naked New York. Seu blog. Não dos outros, não dos blogs legítimos. Do seu. Daquele que aborda todos os aspectos da sua vida. Se é que se pode chamar de vida.

– Estou ganhando milhões.

– Você já tinha milhões. Olha, tenho que voltar para a cozinha. Faça o que quiser, mas pense nisso, tá? Como seria se suas noites fossem repletas de coisas que você realmente gostaria de fazer? Se você saísse com as pessoas de quem realmente gostasse?

– Você é maluca. A fundação Winslow tem deixado você muito frustrada.

– Sim, bem, talvez. Ah, e lembre-se. Não estrague as coisas com a Demi, Joe. Ela pode querer fazer parte do alto escalão da moda, mas é uma pessoa muito decente. Ela não está acostumada a pessoas como nós. Pise com cuidado.

– Já falei. Nós não estamos namorando.

– Do jeito que vocês dois se olham? Dou três dias. Quatro, no máximo.

– Está muito frio aqui e eu não estou te ouvindo mais. – Ele passou por ela e Rebecca o seguiu, se perguntando como um homem tão inteligente poderia ser tão idiota.

DEMI DESVIOU o olhar da página do blog quando Joe apareceu. Ele parecia com frio, e ela notou por que Rebecca o seguiu. Ele dera seu casaco à prima. Outra coisa legal, mas não no mesmo patamar do que ela estava lendo. – Você mexeu pouco no texto – disse Demi quando ele estava na frente dela.

– Não precisei. Você escreveu um belo texto.

– Uau. – Ela folheou as páginas, parou em sua foto em Nova York. – Por que você não disse nada sobre meu cabelo?

– O quê?

– É completamente… errado.

– Você está linda – disse ele. – Foi difícil escolher qual foto usar. Todas eram ótimas.

Está bem, aquilo foi legal, legal demais.

A desconfiança de Demi deve ter ficado óbvia porque Joe lhe tocou no braço, fazendo-a encará-lo.

– Eu estou dizendo a verdade.

Ela ficou calada durante um tempinho. Não que tivesse muito a dizer, mas pareceu meio inconsistente em sua cabeça, impróprio para o que eram agora. Havia dúvidas, também, sobre o porquê de ele ter aparecido ali, o que aquilo significava, e por que diabos ela continuava a imaginar estar vendo desejo no olhar dele quando o desejo não era algo possível?

– Minha comida está no forno – disse ela.

– Claro – falou ele, olhando para ela, esperando por…?

– Depois de embalarmos tudo e guardarmos no freezer, nós vamos sair para beber.

– Nós?

– Rebecca, Lilly e eu. Quer?

– Quanta gente. Talvez pudéssemos reduzir um pouco?

Era tentador; é claro que Demi queria ficar a sós com ele, mas o fato de ele mesmo ter sugerido isso confundiu ainda mais a cabeça dela.

– A gente não tem se visto muito, por causa das festas, compromissos e tudo o mais. Entendo se você preferir não se juntar a nós.

– Não. Eu gostaria de ir, sim.

Bem, droga. Por que ele iria querer sair para beber com elas? Rebecca! Essa podia ser o motivo.

– Ótimo. Você pode nos ajudar a guardar a comida. Assim vai mais rápido.

– Formidável – disse ele, e Demi sorriu diante do tom impostado dele. – Agora que você sabe que eu preparo um chá maravilhoso, você vai me querer na cozinha para sempre.

A risada de Demi falhou, e um rubor atingiu o rosto de Joe. Ela acelerou, tanto que precisou olhar por cima do ombro para dizer:

– Não vou matar você. Prometo.

Ele parou completamente.

– Vou acreditar na sua palavra – disse ele, assumindo um tom bem-humorado, mas falhando. Demi se obrigou a se concentrar no preparo da comida, e não na confusão em sua cabeça.

O BAR não era muito vistoso. A maioria usava roupas de trabalho como Demi e suas amigas. Ela estava disposta a apostar que todos estavam se perguntando o que diabos Joe Winslow estava fazendo em um bar abaixo de chique em uma noite de quarta-feira.

E se Demi interpretara Joe corretamente, ele não parecia se importar. Chamou o táxi, insistiu em pagar pela viagem curta e, em seguida, as guiou bar adentro como se aquela fosse a próxima parada no passeio pela Semana de Moda.

As mulheres no lugar o devoravam com uma fome indisfarçável, o tipo de olhar que fariam até uma estátua corar, e Demi só conseguia pensar: era eu quem estava com ele na outra noite. Nua. Ela precisava parar com isso agora.

Eles pegaram uma baia nos fundos, e Joe sentou ao lado dela, grudadinho nela do joelho ao ombro. Teria sido mais fácil se ele não tivesse tirado o casaco, mas não, agora era só ele em sua camisa branca apertada, calças pretas retas e o corpo delicioso, contraindo os músculos nas coxas e bíceps…

– Demi?

– Hum?

– Bebida?

– Ah. Sim. Tequila Sunrise, por favor. Bastante Grenadine.

– Entendi. – Joe se levantou e ela imediatamente sentiu-se mais relaxada. Caramba, será que o sujeito não conhecia o conceito de espaço pessoal?

Lilly se inclinou sobre a mesa no momento em que Joe se afastou. A música não era ensurdecedora, mas mesmo assim ela precisou gritar.

– Ai, meu Deus, Demi, por que você não me contou que estava namorando Joe Winslow?

– Não estou. Não de fato.

Lilly lançou um olhar penetrante a Rebecca antes de se voltar para Demi.

– Não entendi.

– A coisa toda é um truque do blog para angariar leitores. Não é grande coisa.

– Tá bom – disse Lilly lentamente. – Diga isso a alguém que não tenha visto o jeito como ele olha para você.

– Sério, Lilly? Pare com isso. Será que um cara como ele sinceramente iria querer namorar uma garota como eu?

– Sim!

– Por que não?

Demi piscou para suas amigas. Claro que diriam isso. Qual era a alternativa? “Sim, você está certa, ele poderia conseguir algo muito melhor”?

– De qualquer forma – disse Demi, ignorando a ambas. – Está sendo ótimo. Eu tenho que ir a festas da Semana de Moda, e ele está publicando alguns textos meus, o que vai chamar a atenção dos meus chefes. É um passo enorme na escada para o sucesso. Todo mundo sai ganhando, principalmente eu.

Rebecca pigarreou, e Demi, relutantemente, encontrou o olhar da outra. Ela não parecia satisfeita.

– Por que Joe está aqui esta noite? – Ela quis saber.

– Coisas do blog.

– Como os textos são mandados via internet, não teria sido mais fácil para ele, sei lá, enviar esse material para você por e-mail?

Demi abriu a boca, mas não tinha resposta.

EXCETO POR todo aquele discurso estilo psicologia para leigos de Rebecca em frente à igreja, Joe teve uma noite ótima. Ele poderia ter passado sem a parte de guardar comida na cozinha, se bem que não, isso também tinha sido muito legal. Rebecca estava certa sobre uma coisa: ele quase nunca fazia coisas normais. Nada de compras na mercearia, nada de compras em geral, não quando era fácil ter tudo entregue em casa ou organizado por sua faxineira.

Joe ia a exibições ou estreias, e não ao cinema. Ele recebia antecipadamente cópias de livros e filmes, convites para festas de Nova York a Milão, Paris, Londres, Dubai, Los Angeles. Ele não ficava fazendo vias sacras em bares, e esta noite era a primeira vez em muito tempo que bebia com pessoas reais em um bar normal em vez de estar com celebridades atrás de uma corda de veludo.

Ele gostou de tudo, desde a música na juke-box até as gargalhadas da multidão na happy hour depois do trabalho. Joe fora lembrado dos velhos tempos, quando ele estava apenas começando seu primeiro blog. A única parte chata da noite foi seu final. Colocando Demi em um táxi. Sozinha. E, em seguida, chamando um táxi para si.

Joe se consolou com o fato de que o dia seguinte seria repleto de ocupações para sua mais nova colaboradora no blog. Depois de oito horas no emprego, ela ficaria na correria com a estilista, daí haveria a festa de uma exposição de arte, a qual não começaria antes das dez. Demi teria sorte se conseguisse garantir umas quatro horas de sono, e como ele era um desgraçado egoísta, manteve-a acordada até tarde esta noite.

Não queria que a noite acabasse. Mas acabar mesmo assim, tal como todas as coisas, e em uma semana, mais ou menos, seu período com Demi seria mera lembrança. Se tudo desse certo, ele a usaria na nova coluna, e eles se esbarrariam em festas e lançamentos. Mas Joe superaria. Era isso que fazia. Era melhor assim.

Pensou novamente nas palavras de Rebecca. O fato de seus familiares sentirem-se atingidos pelo que ele fazia para viver era problema deles, não de Joe. Ele avisara a eles durante todos os anos do colegial que não ia seguir o protocolo. A ideia de ele entrar para a política era ridícula. Eles já deveriam saber disso, sem precisar dele para lhes esfregar isso na cara. Mas só viam o que queriam ver.

A resposta dele poderia parecer radical para qualquer um fora da família. Ser preso em um escândalo público em seu último ano na faculdade foi, ele admitia, um passo dramático. Mas Rebecca, dentre todas as pessoas, deveria ter compreendido. Ele fizera o necessário. Seu sucesso fora uma questão de habilidade, planejamento, e sim, sorte. Por que ele iria querer continuar a prosperar? Teria sido bom estar com Demi. Não dava para negar a atração. Mas ela não se encaixava. A não ser como um chamariz temporário, uma barra lateral, uma emenda no blog.

E na cama dele. Meu bom Cristo, ela se encaixava muito bem lá.

Joe olhou pela janela quando o táxi parou diante de seu prédio. A vida era feita de escolhas. Algumas mais difíceis do que outras. Diabo, ela era só uma garota. Ele tinha aprendido há muito tempo a não romantizar o sexo.

~
Não deixem de comentar.
xoxo

6 comentários:

  1. Incrível como ambos tentam negar e esconder a atração que sentem um pelo outro...
    Posta mais por favor :)

    ResponderExcluir
  2. Joe já tá com dúvidas,ele vai pisar na bola d vai acabar magoando a demi,To tão curiosa para o próximo capítulo

    ResponderExcluir
  3. To curiosa sobre esse dois mt bom posta mais!!!

    ResponderExcluir
  4. To curiosa sobre esse dois mt bom posta mais!!!

    ResponderExcluir
  5. To curiosa sobre esse dois mt bom posta mais!!!

    ResponderExcluir
  6. Esses dois conseguem ser mais trouxas que eu!

    ResponderExcluir