~
A ESTILISTA, Sveta Brevda, era alta, maníaca e magrela como um cachorro galgo, e ela brandia suas opiniões com punho de ferro. A primeira parada, na Dior!, ensinou Demi a se despir rapidamente, deixar a postura ereta e manter a boca fechada.
Ela perdeu o constrangimento de ficar nua lá pela sétima loja. Não importava quem estivesse no provador. Vendedores.
Amigos de vendedores, homens, mulheres.
Provavelmente até o cara da entrega de pizza estava parado na saída, balançando a cabeça enquanto a observava deslizar em um vestido colado ao corpo e usando absolutamente nada por baixo, como se ele estivesse escolhendo cortinas. Mas as roupas eram…
Demi não tinha adjetivos para classificar. Isso deixava claro o quanto as roupas eram fantásticas. E os acessórios? Meu Deus, ela tinha morrido e ido para o céu. Mesmo que os sapatos torturassem seus pés, que não conseguisse respirar nos dois vestidos que eram um número menor do que o seu, ou estivesse sendo virada, inclinou-se, estimulada a desfilar como um pônei de exposição, pois a tortura valia totalmente a pena, porque ela poderia ficar com tudo.
Mesmo considerando a parte em que a assistente grisalha da Prada enfiou a mão no corpete e levantou os seios nus de Demi, agora eis aí um belo relato para o blog.
Tudo isso feito com a velocidade de uma montagem de cenário: táxis eram chamados segundos antes de elas saírem, as seleções de roupas eram feitas de forma sobrenatural e perfeita, e ela finalmente entendeu o valor de um bom estilista.
A única coisa que faltava era Joe. Demi continuava a querer lhe contar as coisas, para ver a reação dele, sentir a mão dele em seu cóccix, mas ele estava trabalhando, e ela também. Só que aquele trabalho a fazia sentir-se como uma rainha de baile e como uma verdadeira modelo, mesmo com todas as roupas necessitando de bainha. Mas, principalmente, como alguém que havia cometido um erro que seria corrigido momentaneamente.
Joe não era do tipo que cometia erros desta magnitude. No entanto, teria sido melhor se eles tivessem conversado. Demi mandou um torpedo para ele enquanto estava em um táxi, o único momento em que conseguiu parar para fazê-lo, mas Joe estava em reunião, de modo que a resposta teria de esperar.
JOE PRECISAVA trabalhar para manter sua expressão suave, falar como se a visita de seus pais não tivesse sido algo indesejado e uma enorme coincidência, considerando a conversa que ele tivera com Rebecca na noite anterior. Joe sempre gostara tanto de Rebecca. Ela era uma aliada, alguém para lhe dar cobertura, sua amiga. A traição realmente foi um golpe duro. Droga.
– Nós não estamos aqui para tomar muito do seu tempo, Joe – disse o pai dele, com o olhar examinando a sala de estar. Ele e seus pais estavam ocupados catalogando todas as mudanças, as novas luminárias, a chapa que substituíra os tijolos ao redor da lareira. Eles só tinham ido à casa de Joe algumas vezes ao longo dos anos. Ele sempre preferia recebê-los em território neutro, embora tivesse ido às reuniões familiares, normalmente uma vez por ano, onde quer que estivessem sendo realizadas. Joe não havia ignorado seus pais completamente.
– Você sem dúvida deve ter notado que Andrew está começando sua campanha e levando isto bem a sério – disse o pai com a voz modulada e suave. Essa tinha sido uma das primeiras lições dos Winslow. Fale suavemente. Faça-os escutar. – Estamos muito satisfeitos com os endossos que ele tem recebido, mas o comitê está fazendo o orçamento da publicidade, e naturalmente o nome do seu grupo de blogs surgiu.
Então aquilo não tinha sido coisa de Rebecca. Joe não conseguia distinguir o tom de seu pai. Mais uma lição aprendida quando ele era garoto. Nunca entregar nada, nem na expressão, nem no tom, nem na postura.
Os Winslow eram a imagem da elegância por excelência. Os pais de Joe não usavam nada pomposo, porém tudo era meticulosamente escolhido para evocar o status deles. Os relógios mais caros, sapatos artesanais italianos, alfaiataria das melhores mãos de vários países.
Os pais dele impunham respeito, e faziam todo mundo de fora da família sentir-se pequeno e insignificante. Educados ao extremo, eles irradiavam poder e privilégio.
Cristo, o que eles tentaram fazer com ele. Joe tinha certeza de que não iriam mencionar que esta na verdade deveria ser a campanha dele caso ele não tivesse sido tão rebelde.
– Gostaríamos muito de utilizar a relação familiar nos dois blogs mais adequados para este tema, o Dollars e o NYPolitic.
– Não – disse Joe. – Não vou promover a pauta da família em meus blogs. É impróprio, considerando que acho Andrew uma escolha monumentalmente ruim para o senado.
O celular de Joe vibrou novamente, e ele o tirou do bolso e encontrou mais uma mensagem de Demi. Não podia lê-la agora.
– Nós não estamos pedindo mudanças editoriais ou seu apoio pessoal – disse a mãe dele. – Só queremos espaço em destaque para propaganda. Isso significaria uma receita expressiva para você.
Joe olhou para sua mãe, sabendo que estava irritada por ele não ter lhes oferecido bebidas. Seria apenas sinal de educação, a coisa certa a se fazer, mesmo para hóspedes indesejados. Na casa dela, nada disso teria acontecido. Ele sorriu quando olhou ao redor. Aquele era o lar dele.
DEMI E seu pelotão pararam novamente na Madison Avenue, desta vez para ver os sapatos. Ou talvez uma bolsa, ela não tinha certeza. E aquele sotaque bielo russo de Sveta não ajudava, era quase ininteligível. Demi passava a maior parte do tempo fazendo sim com a cabeça e tentando acompanhar e não se deixar humilhar nos templos da moda: Versace, Chanel, Anna Sui. Eram aqueles tipos de lojas que só tinham alguns itens expostos artisticamente num esnobismo minimalista. Onde recepcionistas deslumbrantes serviam um champanhe excelente e conheciam todos os detalhes do design e da fabricação das roupas em exposição. A música era sempre… interessante. Nada que você ouviria dentre as dez mais do rádio, porque isso poderia ser conseguido nos shoppings de New Jersey.
As etiquetas de preço eram de fazer hiperventilar. E mesmo que as seleções para Demi não fossem o top dos tops de linha, elas ainda eram extravagantemente bizarras. Na verdade, Demi estava em outro mundo, na vida de outra pessoa. O mundo de Joe. Como ela posou para mais uma fotografia usando um par de saltos que, provavelmente, a deixariam aleijada depois de cinco passos, ela lembrou a si que era uma mera visitante. Uma turista. Nada mais.
O PAI de Joe se levantou e nem mesmo foi capaz de controlar a forma como a pressão arterial subiu, avermelhando seu rosto.
– Andrew é da família, Joseph. Ele é um Winslow. Temos permitido que você defina o seu próprio curso, se divirta, mas você está interferindo em nosso legado. Não vou aceitar isso.
Joe se aproximou da porta, foi até o armário onde pendurara os casacos dos pais.
– Hum. É bom saber que algumas coisas não mudam. Vocês continuam presos à crença absurda de que têm alguma influência sobre mim ou minha vida. É bom manter nossas tradições.
– Joe – disse a mãe, tão ofendida quanto o pai de Joe, porém menos corada. – Já chega. Nós somos seus pais.
Ele se aproximou e estendeu o casaco à mãe.
– Obrigado pela visita. Espero que tenham tido boas férias em St. Barts.
Ela olhou para o marido, que pegou os dois casacos das mãos de Joe. Não chegou a rasgá-los no tranco. Mas foi por pouco.
– Nós nos lembraremos disso, Joseph – alertou o pai.
– Espero que sim. – Joe os conduziu até a porta. Quando foi fechada atrás deles, ele ainda estava tremendo de raiva. Precisava esfriar, relaxar a respeito daquela visita, a respeito das mensagens. Queria que Demi estivesse ali.
Ele nunca havia mencionado seus pais a Demi, nem perguntara sobre os dela. Eles não eram amigos. Sim, Joe ficava à vontade com ela. Tudo bem, isso não acontecia mais com a mesma frequência. Mas não. Ele não ia falar com Demi sobre seus problemas paternos. Jesus.
Pegou o telefone celular e clicou no primeiro dos torpedos dela. Quando chegou ao seu escritório, Joe estava sorrindo.
FINALMENTE, ELES tinham roupas mais do que suficientes para Demi enfrentar pelo menos uma semana de festas. A mais extravagante era o vestido Marchesa para a estreia do filme Cortesã. O vestido de noite, preso com alfinetes por um bando de costureiras para caber no corpo dela, estava tão fora de sua alçada que chegava a doer.
Eram quase oito da noite quando o táxi chegou na casa de Joe. Sveta não precisa se anunciar. O pessoal da recepção assentiu respeitosamente quando os porteiros a ajudaram a trazer sacolas e mais sacolas, caixas e mais caixas. Demi se apoiou na parede espelhada do elevador, em seguida inspirou profundamente algumas vezes antes de elas entrarem na casa de Joe. O olhar dela foi imediatamente atraído para o corredor que levava ao quarto dele, e a realidade do novo acordo entre eles a deixou aflita. Em seguida, Joe entrou no átrio, e tudo o mais ficou vago aos sentidos dela.
Ele sorriu abertamente quando os olhares de ambos se encontraram. Demi estremeceu quando ele se aproximou, sabendo que ele iria tocá-la, e que ela estava autorizada a retribuir o toque, mesmo diante de Sveta e dos porteiros. Que bênção confusa. Ela podia tocá-lo, mas não tê-lo para si.
Demi não se arrependia de sua decisão de manter o relacionamento fora do quarto. Era a decisão acertada, o jeito maduro de prosseguir. E também era uma porcaria.
– Isso é coisa demais – disse ela, enquanto encarava os olhos escuros de Joe. Ele acariciou os braços dela, e as palmas pairaram pela pele até os pulsos, depois subindo novamente. Ele a beijou, na boca, sim, mas no momento em que houve um indício de calor, ele recuou. Demi se perguntou para quem estava sendo a exibição daquele beijo. Sveta? O restante da equipe? Tinha que ser.
– Não é – disse ele. – Faz parte do show.
– Joe, eu vi as etiquetas de preço.
Ele sorriu.
– Quase tudo foi de graça.
– Nada é grátis. Eu sei que há uma permuta, mas nem mesmo sou famosa.
– Você vai ser.
– Em uma semana? Duvido.
Ele a conduziu mais para dentro de seu apartamento enquanto Sveta levava os porteiros por um corredor, os saltos estalavam tão rapidamente que Demi se perguntava se seria rude sugerir a ela passar a beber café descafeinado.
– Você não vai estar na capa da People – disse Joe –, mas vai ser conhecida na cidade, onde importa.
Ele fez uma pausa, com a palma da mão quente na pele de Demi. Quando voltou a falar, a voz soou meio apertada, tal qual os dedos dele.
– Você está com um Winslow agora, e os Winslow são o centro do poder nesta cidade, você não sabia?
Demi parou. Não tinha certeza do que estava acontecendo, mas sentia-se desconfortável. O que tinha acontecido durante aquela reunião? Joe dispensou as dúvidas e inseguranças dela, disse-lhe que estava tudo bem, mas obviamente aquele não era o caso.
– Todas as peças de roupa vão ter um monte de milhagem nos blogs – explicou ele, soltando Demi. A voz tinha mudado de volta para algo menos estridente, algo mais Joe. – Além de suas barras laterais, tenho alguns colaboradores de moda que vão linkar você nas próximas semanas. Garanto que vai haver um monte de versões das peças na Macy’s em abril.
Demi forçou um sorriso, mesmo sabendo que ele estava chateado, que aquele último discurso era um modo de ele conseguir se reorientar. No entanto, Demi não tinha o direito de pedir a ele para se abrir com ela, para lhe dizer qualquer coisa coisa sobre sua vida privada.
– Já trabalhei num primeiro rascunho do material que será montado por uma equipe de designers de primeiro escalão.
– Mal posso esperar para ver.
– Mal posso esperar para ver.
O estalo dos saltos de Sveta anunciava sua entrada na sala de estar.
– Venha se vestir agora.
Demi verificou com Joe.
– É uma sala de imprensa. Usada para esse tipo de coisa.
– Você arruma todas as suas mulheres?
Ele abriu a boca, mas Demi correu para acompanhar Sveta, não querendo ouvir a resposta.
A sala em si se entregava, no entanto. Havia espelhos, estações de cabelo e maquiagem, racks de roupas. Muitas prateleiras continham roupas masculinas, mas havia peças femininas também, todas deslumbrantes. Em concordância chocante às boas maneiras, havia um biombo num canto. E também havia gente. Cinco pessoas: um delas era um fotógrafo que Demi vira na festa da Mercedes. Seu assistente estava acertando a iluminação. Ao lado, havia painéis gigantes em rolos para mudanças de cenário, peças de tecido, prontos para serem posicionados para qualquer tipo de fotografia.
Havia até mesmo uma máquina de costura num canto, a qual Demi desejava examinar. Provavelmente era a Ferrari das máquinas de costura e ela ficou com tanta inveja de chorar por uma semana.
– Troque de roupa – disse Sveta, segurando o vestido roxo com decote em V adquirido da coleção Victoria Beckham.
Demi obedeceu, até parece que teria a ousadia de fazer qualquer outra coisa. Em segundos ela tirou sua roupa de trabalho velha e entrou no vestido magnífico, até porque a única roupa de baixo era uma calcinha fio dental barata. Bege, de propósito.
No momento em que Demi saiu de trás do biombo, foi coberta por um avental, sentou-se em uma cadeira e foi atacada por um monte de mãos tocando seu cabelo, seu rosto, suas unhas. As luzes deixavam tudo mais intenso, mais quente, mais assustador, e quando alguém disse “Está aberta”, ela abriu a boca, e daí alguém puxou seu cabelo para que ela ficasse na posição certa.
Sua intimidade nunca tinha sido tão invadida. O cheiro de muitos hálitos e colônias passou de enjoativo para desagradavelmente pegajoso, e se aquilo não acabasse logo, ela ia ter que tomar providências, impedi-los de alguma forma.
– Ei.
A voz de Joe cortou o ambiente e em dois ou três segundos tudo que a tocava, escovas, dedos, lixa de unha, curvex, se afastou. Demi suspirou de alívio, e notou que estava segurando os braços da cadeira de maquiagem tão firmemente que os nós dos dedos estavam brancos.
Ela observava Joe no reflexo do espelho, sentia a mão dele em seu ombro. – Eu nem sequer perguntei – disse ele. – Você já comeu alguma coisa hoje?
– Eu almocei.
– Mas isso foi o quê, oito, nove horas atrás?
– Por aí.
Os olhos de Joe semicerraram-se no espelho e ele se virou para Sveta.
– Quanto tempo até ela ficar pronta?
– Cinco minutos. Unhas da mão esquerda. Rímel. Batom.
– Não passe o batom ainda. Termine o restante. Imagino que você também não tenha comido. Não, não olhe para mim desse jeito, você precisa comer alguma coisa. Tem comida na cozinha. O suficiente para todo mundo.
Antes de se voltar para Demi, Joe lhe apertou o ombro e sorriu.
– Não vai ter nada pegajoso ou que escorra, mas sugiro manter o avental. Só para garantir. Podemos conversar sobre a festa de hoje à noite enquanto comemos.
Ela assentiu com a cabeça. Calmamente. Tocada pela consideração dele. Ela não havia percebido que seu pânico era a fome. Principalmente fome.
Incapaz de se virar, Demi ainda conseguia enxergá-lo do espelho quando Joe foi até a prateleira de ternos, pegou um e saiu. Da porta, ele se virou e piscou para ela.
Antes que ela pudesse ao menos sorrir, sua mão foi agarrada e a câmera começou a clicar sem parar.
A MELHOR parte depois do evento foi Demi, mas mesmo ela não fora distração suficiente para impedir Joe de pensar em seus pais. Tinha ligado para Rebecca, mas ela não retornara, e os seus pensamentos ficaram revolvendo naquela tarde. Como eles ousavam achar que ele seria tão sem moral e passaria dos limites promovendo a campanha dos Winslow em seus blogs? Deus do céu, aquilo o irritou.
Ele olhou para cima quando o garçom do Pyramid Clube chegou com vodca. Ele tinha deixado sua atenção dispersa de novo, embora nesse momento não houvesse muito mais a ser visto. Demi estava de pé contra a parede de tijolos pretos, linda com seu vestido roxo e saltos impossíveis, cercada por jornalistas experientes e aspirantes à fama.
Joe tinha avisado que isso iria acontecer. O texto do blog desta manhã assegurara a Demi o posto de celebridade de segundo escalão, o que significava “famosa por associação”. No entanto, ele tinha a sensação de que não ia levar muito tempo para ela fazer sucesso por conta própria.
A maioria das celebridades de verdade estavam amontoadas do lado de fora, no fumódromo, congelando seus traseiros enquanto falavam mal de todos lá dentro, e Joe deveria se juntar a elas, ele seria capaz de tolerar a fumaça durante alguns minutos. Mas Demi era muito mais atraente.
Ela ergueu o copo de suco de abacaxi, mas foi seu sorriso radiante que informou a Joe que ele tinha feito a escolha certa.
– Está se divertindo? – perguntou ele depois de se esquivar de bebidas e bêbados para chegar até ela.
– Estou meio atordoada – disse ela. Ou melhor, berrou. O nível de ruído nesse tipo de evento ia acabar deixando Joe surdo antes de chegar aos 40 anos.
– É tarde. Não vamos demorar a ir embora.
– Quando você quiser.
Na verdade, não estava tão tarde. Tinha acabado de passar da meia-noite. Mas Demi tinha trabalho a fazer na parte da manhã, precisava escrever o texto a ser linkado na barra lateral. E Joe queria algum tempo a sós com ela, no qual não precisassem ficar falando sobre quem deveria ser procurado, quem deveria ser evitado. Ele estendeu a mão.
Os flashes pipocavam enquanto eles seguiam para a saída. Não foi uma surpresa terem sido interrompidos várias vezes, entretanto a limusine não demorou muito a chegar.
Uma vez lá dentro, Joe entrou e esperou que Demi sentasse ao lado dele. Em vez disso, ela se encolheu contra a outra porta.
– Você está bem?
– Tudo bem.
– Você parece… fria.
– Não – disse ela, puxando a saia, evitando o olhar dele. – Estou bem. Talvez você pudesse ligar para a portaria do seu prédio e perguntar a eles a chegada estimada de um táxi por lá…?
– Nós vamos levar você para casa.
– Minhas roupas estão na sua casa.
– Você está usando suas roupas.
Ela olhou para ele.
– Verdade. Eu tinha me esquecido.
Joe se aproximou dela, preocupado.
– O que está acontecendo, Demi?
Ela cruzou as mãos no colo, com força.
– Eu ia te perguntar a mesma coisa.
– O quê?
– Você esteve nervoso durante a noite toda. Está certo que não te vi em muitos eventos, mas nas vezes em que vi você pareceu ser a pessoa mais relaxada do lugar. Hoje não. Na verdade, senti que tinha alguma coisa errada com você.
Joe se afastou dela, nem um pouco confortável por saber que havia mais uma pessoa capaz de decifrá-lo. Não eram muitas que conseguiam isso. Naomi. Rebecca. Seu colega de quarto da faculdade. Joe gostava que fosse assim. Foi necessário muito tempo para cultivar a imagem ideal para seu trabalho, e Demi, de Algum Lugar em Ohio, já havia perfurado seu exterior cuidadosamente elaborado de mais formas do que Joe gostava de pensar. Ele cogitou mudar de assunto durante o restante do trajeto, deixando claro para Demi que ela havia ultrapassado um limite. Em vez disso, ele encontrou o olhar dela.
– Meus pais vieram aqui hoje.
Ela certamente pareceu assustada diante da confissão dele. Mas não foi a única. Mal conhecia aquela mulher. E no entanto… – Eles queriam que eu fosse para a política – contou ele. – Desde que eu estava no colégio.
– Sério?
– Os Winslow têm grande influência política ao longo das gerações. Era hora de preparar um novo senador para Nova York. Minha família é formada por planejadores de longo prazo.
– Obviamente você não estava entusiasmado com a perspectiva…?
– Não. Não estava. Mas para eles isso não importava. Desde cedo fui ensinado que tinha a obrigação de trabalhar num cargo público. Que a nossa vida privilegiada significava que devíamos nos dedicar a uma causa maior, que o que desejávamos era imaterial. Isso soa muito bem na teoria, nobre e filantrópica. Mas tinha mais a ver com manter a família na camada superior da sociedade do que com filantropia. Meu destino deveria incluir a faculdade de Direito, um perfil no periódico Harvard Law Review, uma empresa de prestígio, um escritório municipal, um cadeira no Congresso, e então o Senado. Levando o estandarte da herança Winslow.
– Uau, não consigo enxergar você como advogado. Político então, nem pensar.
Ele deu um sorriso irônico.
– E você me conhece há o que, uma semana? O que isso lhe diz sobre minha família? – Joe olhou pela janela por um segundo. Esse negócio de confissão era tão esquisito quanto usar as roupas de outra pessoa. – Não é que eu não acredito em cargos públicos, eu acredito. Eu levo isso a sério. – Ele encarou Demi novamente. – Só que eu não queria era viver uma mentira.
– Então você resolveu se tornar um magnata da internet?
– Mais ou menos – disse ele, consciente de que seu meio-sorriso automático dizia mais do que a maioria de suas conversas com as mulheres com quem dormira. – Eu não imaginei que os blogs fossem se tornar tão grandiosos. Não estou reclamando. Eu estava no lugar certo e na hora certa. Eu queria ser independente.
– Funcionou. Você é. E muito bem-sucedido.
– Sim. Funcionou. E vai continuar a funcionar. – Ele estudou as próprias mãos. Joe era o único que deveria desconcertar suas companhias. Era muito bom nisso, mas Demi não estava nem perto disso, então fosse o que fosse, aquilo não era um jogo de poder. Não, ele havia aberto mais uma porta para ela. Demi era diferente, a exceção da regra. Deixava-o tenso.
Permitir que seus pais mexessem com ele era francamente constrangedor. Na maior parte do tempo, eles não conseguiam isso. Joe tinha acabado de ser pego de surpresa, só isso. Mas admitir isso a Demi? Jesus.
– Então a visita deles foi desagradável?
Joe estendeu a mão e segurou a de Demi. Ela estava fria, caramba.
– Foi breve – respondeu ele. – Deixei minha opinião bem clara. Eu já disse o quanto você está bonita hoje à noite?
Ela olhou para ele, para as mãos entrelaçadas de ambos, e então de volta para ele.
Ela olhou para ele, para as mãos entrelaçadas de ambos, e então de volta para ele.
– Sim, várias vezes. Obrigada.
– Estou deixando você desconfortável?
Demi suspirou quando puxou sua mão livre. – Não é que eu não queira…
Joe assentiu, se recostou no banco. Incrivelmente cansado de repente. Talvez ele estivesse ficando doente.
~
Último.
Comentem.
xoxo
Tava roendo as unhas esperando você postar,aí vem essa bomba,essa história cada vez melhor,posta mais por que To tendo uma sincumbi kkkkk
ResponderExcluirSe beijeeem logooo
ResponderExcluiresse capitulo, to de queixo caído............quero maiiiis !!!!!!!!
ResponderExcluiresse capitulo, to de queixo caído............quero maiiiis !!!!!!!!
ResponderExcluirEita que esse capítulo foi bom demais, posta mais
ResponderExcluir