28.9.15

Escolha - Capitulo 11 MARATONA (5/5)


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A NOITE de sexta-feira chegou juntamente a um smoking para a estreia do filme Cortesã, e a única razão para torná-la suportável era saber que Demi estava na sala de imprensa sendo preparada. Joe iria ver como ela estava se saindo depois que estivesse arrumado, embora dessa vez ele se certificasse de que ela comeria alguma coisa antes de Sveta levá-la embora.

Enquanto ajeitava a gravata, Joe pensava na noite que os aguardava, satisfeito porque Demi caminharia num tapete vermelho legítimo. Um sonho se tornando realidade, literalmente, ela dissera a ele.

Quanto menos ela dormia, Joe descobrira, mais revelava sobre si. Sobre como ela praticava seu discurso ao receber o Oscar quando era menina, em frente ao espelho do banheiro, segurando uma garrafa de xampu ou uma escova de cabelo. E muito propositadamente não agradecia a quem lhe era irritante no momento, então algumas vezes era um de seus irmãos, um professor, um amigo ou um de seus pais.

Aquilo o fez rir quando eles relaxaram no banco traseiro de uma limusine, e também o fazia sorrir agora. Joe conseguia imaginar aquilo facilmente. Ele se perguntava se ela sempre tivera o cabelo curto. Provavelmente, já que tão baixinha. Você não iria querer esconder nenhuma parte do seu rosto, não com o cabelo, nem com muita maquiagem. Sveta acabara sendo a estilista perfeita para Demi. As pessoas prestavam muita atenção nela.

Seus blogs estavam ganhando muitos acessos. As visitas únicas eram muito maiores se comparadas às obtidas com a maioria de seus novos colaboradores, o que fazia sentido porque era uma abordagem inédita. Joe nunca pedira a um de seus companheiros para escrever diretamente.

Grande parte do buchicho era sobre eles dois, naturalmente. Estavam juntos? Não estavam? Houve gente publicando que Demi tinha ido embora em um carro separado no final de uma das noites de festa, e a fachada do prédio de Joe havia ganhado mais alguns paparazzi esperançosos de flagrá-la saindo constrangida de lá pela manhã. A especulação sem confirmação era exatamente o que Joe estivera esperando.

Demi apareceu em quase todos os sites e feeds de fofoca, bem como nos tabloides.

Ele vestiu o paletó, feliz por ele ter escolhido algo tão tradicional. Lindamente cortado, nada radical. Ele queria que Demi brilhasse sozinha esta noite. Ele não tinha ideia do que Sveta tinha escolhido para ela, e se perguntava como a estilista iria superar o visual da noite anterior. Demi o surpreendera totalmente ao fazer sua entrada.

Pensando bem, toda vez que Joe a via, ela o surpreendia. Provavelmente tinha a ver com o fato de ele tê-la tão perto e tão intocável. Opa, eis um pouco de demonstração de interesse por parte de seu membro, isso não é bom para o corte do smoking. Não é bom de muitos jeitos. Ela estava fora dos limites. As estatísticas não mentiam, e este novo negócio tinha aumentado os cliques do NNY de maneira notável. Aquilo poderia matá-lo, mas ele se manteria fiel ao combinado. Infelizmente, isso significava ser patético. Muito patético.

Joe olhou para o relógio, verificou se tudo de que precisava estava nos bolsos e, em seguida, entrou na sala de estar. Olhou para a porta aberta no átrio e se perguntou por que não tinha levado Demi ao seu escritório. Não era tão longe do elevador. Então, novamente, eles não vinham tendo muito tempo para nada, senão para o trabalho.

Joe ouviu Sveta no corredor, e virou-se em expectativa pela chegada de Demi. Droga. Ela fez aquilo de novo. Foi como um tapa na parte de trás de sua cabeça.

Demi era uma visão do paraíso. Tanto esforço para não ficar excitado esta noite. Ele teria de colocar seu membro em uma camisa de força para conseguir se controlar e, sim, não precisava estar pensando naquilo quando Demi veio em direção a ele com um sorriso que o fez se esquecer de como respirar.

O vestido branco e roxo tomara-que-caia tinha um design estruturado que parecia origami. Joe olhou para o rosto dela, depois para o trecho de pele nua que ia do longo pescoço até o busto. A cintura dela parecia minúscula, as pernas esbeltas, porém curvilíneas, e com aquele sorriso e olhos esfumados, ninguém seria capaz de desviar o olhar.

Joias teriam sido redundantes.

– Bem – disse Demi, dando de ombros muito sutilmente.

– Você está linda. Vai ser a mulher mais bonita no tapete vermelho.

Demi corou, revirando os olhos. Joe a deixou pensar que estava de papo furado.

Ele segurou as mãos dela e a beijou nas bochechas. Muito europeu. Todo profissional. Nem perto do que ele queria. Joe a beijara na boca na primeira noite, quando mal a conhecia, e agora ele ansiava por lhe tomar a boca de novo, para prová-la, e não apenas os lábios.

– Temos uma meia hora antes de irmos. Quer uma bebida?

– Só água – disse ela. – Por mais empolgada que esteja, estou tão incrivelmente cansada que temo que um simples gole de bebida vá me fazer desmaiar.

– E isso não pode acontecer. – Ele assentiu em direção ao sofá. – Sente-se. Vou trazer água, e então cuidar do restante da nossa equipe.

– Diga-lhes novamente que são maravilhosos, sim? Eu já disse, mas acho que eles pensam que sou obrigada a dizer isso. Mas não sou. Eles são verdadeiros magos.

Como ele poderia não gostar dela? Ela era a anti celebridade, a cura para o cinismo de Nova York, com arrepios autênticos e uma empolgação descarada. Mas até mesmo ele era capaz de enxergar que ela não tinha exagerado sobre seu cansaço. Não que outra pessoa fosse notar, mas ele a estivera observando durante dias, com muita frequência e muito profundamente. Havia mais maquiagem abaixo dos olhos dela esta noite. Joe se perguntava se deveria cancelar a ida à inauguração de uma boate na noite seguinte. Demi precisaria trabalhar por algumas horas amanhã de manhã, mas depois ela planejou dormir pelo restante da tarde. Ele duvidava que seria suficiente.

Joe buscou a água enquanto ela se acomodava no sofá, uma verdadeira proeza com aquele vestido. E então ele transmitiu os elogios dela à equipe, e Joe também elogiou seu pessoal, depois os acompanhou até a porta. A limusine estaria chegando a qualquer momento.

Dava para ver o cabelo escuro de Demi acima da borda do sofá, e Joe precisava lembrá-la de trazer outro par de sapatos para quando voltassem para a limusine. Como é que as mulheres conseguiam andar com aqueles saltos absurdos…

Demi ficou descansando no sofá de couro com uma perna enroscada debaixo de si. O copo, agora vazio, se inclinava na mão dela em um ângulo de 30 graus. Ela estava dormindo.

Depois de tirar o copo das mãos dela cuidadosamente, congelando por um segundo quando ela ronronou baixinho, Joe tocou suavemente seu ombro nu.

– Demi? Demi, temos que sair agora.

Ela resmungou alguma coisa e acomodou o rosto na almofada novamente.

Odiava ter de perturbá-la. Joe roçou as costas de seus dedos na bochecha dela.

– Demi – dizia ele enquanto sentava-se ao lado dela. Queria acordá-la, não assustá-la. – Eu sei que você está cansada, mas é a estreia do filme. As estrelas de cinema! Glamour! Luzes, câmeras, ação!

Ela se inclinou em direção a ele. Joe se reposicionou rapidamente, de modo que Demi se apoiasse no ombro dele, mas não no ossinho duro. Ela caiu de encontro a ele, a perna que estava dobrada debaixo dela agora num ângulo estranho. Ao mesmo tempo que estava desajeitada e não muito elegante, não parecia desconfortável.

Foi muito fácil mudar de posição para passar o braço ao redor das costas dela, abraçá-la bem pertinho, inalar o perfume dela. O apoio se transformou em aconchego e ele suspirou quando pensou em seu movimento seguinte. Então, com a mão livre, pegou o celular. Precisava telefonar para Naomi, já que não era adepto de enviar torpedos usando apenas uma das mãos.

– Você está no carro?

Ah, a voz. Carro virava “carr”, e ele não conseguia parar de sorrir.

– Não – sussurrou ele.

– O quê?

O fato de ela conferir um tom de rusga a palavra tão simples lhe rendia partes iguais de diversão e de calafrios.

– Nós não vamos. Danny pode ir no meu lugar. Mas entre em contato com ele depressa, no entanto, porque ele não vai estar arrumado para a ocasião.

– Por que você não vai? Por que você está sussurrando? Joe, o que você fez? Tem a ver com a garota, não é?

– Shhh – censurou ele, embora a voz de Naomi no celular não fosse capaz de acordar Demi. – Ela está passando mal. Vai ficar tudo bem.

– Como é que vai ficar tudo bem? Você tem prazos. Sabe quantos comentários recebeu no blog hoje? Mais 2 mil e 500. E você me arranja um atestado por doença? Que diabos, Joe?

– Vai dar tudo certo. Como sempre.

– Sim, mas veja bem com quem você está falando, querido, e ‘como sempre’ é o escambau.

– Naomi. Ligue para Danny. Mandarei os textos e as fotos para você na parte da manhã.

Joe desligou antes que ela lhe desse mais aborrecimentos e colocou o celular em cima da mesinha de centro. Demi não tinha mexido um centímetro. Ela provavelmente ficaria furiosa com ele por mandar alguém em seu lugar, e Joe não tinha ideia do que fazer em relação às páginas do blog no dia seguinte, porém, de jeito nenhum ele iria acordá-la. Agora não.

Demi precisava descansar. Haveria outras estreias. Ele usaria a história a seu favor. Na verdade… ele tinha o ângulo perfeito.

Tome isso, Naomi.

Joe criaria uma história no dia seguinte, mas para hoje à noite, Demi era só dele.

DEMI OUVIU o latido de um cachorro e, ao mesmo tempo que era um cachorro de verdade latindo, também era um cão que podia ser afastado de uma vez por todas. Um cachorro na televisão. Mas ela não abriu os olhos, ainda não. Estava gostando daquele lugar, o intervalo onde não havia nada desagradável e onde nenhum alarme iria intrometer. O perfume sutil e amadeirado de Joe a fez suspirar e sorrir. Ele sabia como usar perfume, não era como alguns dos caras do trabalho que tomavam banho de colônia. Havia sempre um indício do cheiro de homem em Joe, e essa era a melhor parte.

Ela se remexeu um pouco, a cabeça num ângulo estranho e não era o travesseiro dela mesmo, e oh. Estava escuro, muito escuro. A janela de Joe estava bem ali, do outro lado da mesinha de centro e atrás da televisão imensa. Já era tarde. Errado. Tudo errado.

– Você acordou.

Ela não conseguia enxergar muito bem já que alguns de seus cílios postiços estavam grudados na bochecha, mas olhou em direção à voz de Joe.

– O que está acontecendo? – Por mais agradável que fosse sentir o peito dele, ela o empurrou, até que seus pés estavam no chão e ela estava sentada como uma pessoa de verdade. – Que horas são?

– Um pouco mais de 21h.

– Nove da noite? Ai, Deus, a estreia foi cancelada? Será que aconteceu alguma coisa ruim? Está todo mundo bem?

Joe riu enquanto esfregava o próprio ombro, aquele no qual ela estivera aninhada.

– Está tudo bem.

– Nós devíamos estar no teatro às 18h.

– Você estava cansada.

– Eu estava… – Demi arrancou os cílios, que ficaram parecendo duas aranhas na palma da mão dela. Quando ela olhou para Joe, ele ainda estava esfregando o braço, sacudindo-o. Provavelmente ela dormira em cima dele o tempo todo. Durante horas. Ele havia afrouxado a gravata e o botão superior da camisa também. O apartamento estava mais escuro porque Joe não havia acendido mais luzes. Ela perdera o evento no tapete vermelho. E ele permitira isso.

– Eu não entendo.

– Aposto que você está morrendo de fome – disse ele enquanto se levantava. – Só sei que eu estou. Que tal comida tailandesa? Talvez um pouco de sopa Tom Yum?

– Espere. – Demi levantou a mão para detê-lo, mas foi a mão que segurava os cílios. – Espere. Explique, por favor. Por que estamos aqui? Por que eu estava dormindo?

– Eu já expliquei a você. – Ele se virou para sair.

– Não, você não explicou. – Ela se levantou. A cabeça podia estar confusa e provavelmente estava um bagaço, mas ia obter uma resposta de qualquer jeito. – Por que você não me acordou?

Joe continuou seu trajeto até a cozinha, o paletó do smoking balançando, solto, e ela o imaginou tirando-o lentamente, vendo aquelas calças perfeitamente cortadas caindo.

Os saltos estalavam no chão e faziam Demi se encolher a cada passo. Caramba, aqueles sapatos eram instrumentos de tortura. Falando nisso, o vestido, o vestido maravilhosamente escultural, agora parecia uma folha mal dobrada. Sveta ia matá-la. – Joe!

Ele fez uma pausa. Virou-se. Sorriu para ela.

– Haverá outras estreias. Prometo. Vou compensar você por isto.

– Você não perde compromissos. Nunca. Eu tenho lido seu blog todos os dias desde sempre, e você sempre está lá. Mesmo quando não está, você tem um bom pretexto. Como desastres naturais. E não um braço preso debaixo de uma pessoa dormindo. Então… que diabos?

Joe suspirou. Deus, ele realmente ficava lindo naquele smoking.

– Tire os sapatos. Dói só de olhar para eles. – Ele continuou andando até a cozinha, e Demi continuou a segui-lo, com a dor em seus pés fazendo-a piscar.

– Na verdade – disse ele, sem se dar ao trabalho de virar –, apenas vista algo confortável. Vamos comer. Você vai ter uma boa noite de descanso e eu também. Vamos voltar à loucura amanhã.

Eles chegaram à cozinha propriamente dita e ele acendeu as luzes. Os olhos de Demi levaram um instante para se adaptar, vendo então que ele estava segurando um punhado de cardápios de entrega. Tudo parecia torto.

– Comida tailandesa? – indagou ele. – Chinesa? Pizza? Pães e bolos? Há um restaurante indiano fantástico aqui perto que faz um frango tikka masala sensacional.

Demi inalou, notando que realmente precisava escovar os dentes, e que ainda estava completamente perplexa com tudo que tinha acontecido desde que acordara.

– Tanto faz – disse ela, dando de ombros. – Contanto que não tenha coentro, eu vou gostar. Já volto.

Ela tirou os sapatos antes de chegar à sala de imprensa. O vestido ficou no hall de entrada. Quando ela chegou às prateleiras de roupas, já havia decidido usar um dos robes, porque, caramba, ela queria estar confortável, mesmo que precisasse se vestir para ir para casa mais tarde. Contudo, não escolheu um robe minúsculo, porque não queria que Joe pensasse que ela queria aquilo. Eles não faziam aquilo. Ela já havia decidido.

Além disso, havia robe preto longo particularmente bonito com uma garça azul desenhada nas costas cujo tato era como o paraíso sobre a pele nua, e que cobria mais partes do que o vestido fora capaz. Ela nem sequer se importa com o fato de ele arrastar no chão. E daí que ela não era uma amazona? Ela era compacta. Eficiente. Ficava muito mais confortável em assentos de avião.

O banheiro era próximo, e ela entrou num debate interior sobre manter a maquiagem que tinha exigido tanto tempo e trabalho para ser aplicada, mas no final decidiu que não. Demorou mais tempo do que deveria, mas valeu a pena para sentir-se limpa e voltar a ser ela mesma.

Demi olhou mais uma vez para o espelho e parou. Não fazia sentido Joe não tê-la sacudido até acordá-la e eles estarem ali em vez de no Radio City Music Hall. O evento no tapete vermelho já havia terminado há tempos, e essa era a parte importante… e não assistir ao filme. Mas haveria uma festa depois, à qual eles poderiam ter ido.

Era altamente improvável que o pretexto dele de que ela estava “cansada” fosse o verdadeiro motivo de não terem ido. Não, devia haver algo maior em jogo, mas ela estava muito confusa para pensar nisso agora.

O que ela deveria fazer era vestir-se, ir para casa e dormir, para que, quando chegasse no escritório amanhã, recuperasse o atraso em seu verdadeiro emprego e assim colocar um ou dois neurônios para funcionar.

Por outro lado, uma garota precisava comer. E era extraordinário poder comer com Joe sem uma centena de pessoas ao redor. Sem precedentes. Eles estavam na correria há dias, mas parecia meses, se encontrando sempre rapidamente e sob a luz ofuscante dos flashes. Os únicos momentos verdadeiramente pessoais tinham sido na cama dele, no Dia dos Namorados, ocasião na qual ela não tinha permissão para pensar, e na noite anterior, na limusine. Ela havia passado o dia pensando naquela conversa deles. Não só no quão diferente seus mundos eram, mas também no modo como ele se abrira para ela. Foi como se Demi o tivesse visto nu outra vez.

Dane-se, ela queria. Comer com ele. Conversar com ele. A sós.

A pulsação dela acelerou e a onda de excitação que lhe percorreu o corpo só por pensar no que viria a seguir a fez sair correndo do banheiro para poder jantar. Era só o coração dela em risco, afinal. E Demi não admitira para ele, dentre todas as pessoas, que queria ter seu coração partido por homens insensíveis usando belos ternos?

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Desculpem a demora. Fiquei presa nuns trabalhos do colégio.
Último da maratona.
xoxo

5 comentários:

  1. To amando cada vez mais essa história, já To curiosa para o próximo capítulo

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  2. Amei ... Esses 2 estão loucos para se pegar

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  3. Quero só ver quando esses dois se pegarem kkkkk

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  4. Jesus, estou muito ansiosa.... essa noite promete..... kkkkkkkk

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  5. Heey, ta muito bom, mesmo.
    Posse postar mais jaaa. Heheheh
    Hein, me ajuda aqui, to procurando uma fic que eu já li, e fala sobre Jemi, as meninas fazem uma aposta com Demi pra ela namorar o Joe, e chamam a operação de tpw" jogue o jogo do jogador" algo assim. Me ajudem a achar, qro ler dnv. Beijoo

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