4.7.15

Lar Da Paixão - Capitulo 8

Alguma coisa o acordou.

Ele não sabia dizer o que tinha sido, seria um barulho? Levou um tempo para entender onde estava e mais um pouco para perceber que estava sozinho.

E novamente ele ouviu o barulho. Era um soluço abafado pela distância e pelo vento, mas despertou seu instinto de proteção mesmo enquanto dormia. Joe jogou para o lado as cobertas e foi até a sala, onde encontrou a porta de correr aberta para o jardim,

Demi estava de joelhos junto ao lilás, aos soluços, e a cena o comoveu.

Isso era tão injusto. Quanto mais ela poderia suportar? Ele não sabia se devia ir até ela ou não. Não, ele pensou. Ela espe­rou para ficar sozinha para chorar, e ele tinha de respeitar isso.

Joe a viu se levantar meio desajeitada e caminhar até os fundos do terreno e se sentar nos degraus que levavam até a praia. Ela parecia tão desamparada, sentada ali sozinha olhan­do para o mar, que ele não resistiu. Mesmo descalço, ele foi ao encontro dela, pisando na grama molhada, e sentou-se do lado dela. A princípio ela não disse nada, depois ela deu um suspiro e abriu um sorriso triste.

— Desculpe-me — ela disse baixinho. — Sei que pareço patética, mas tive tantas perdas recentemente que a gatinha foi a gota d'água. Ela era tão meiga, vou sentir muita falta dela...

— Claro que vai, e você não está nada patética. Acho que você foi bastante corajosa. — Joseph passou o braço em tor­no do ombro dela e ela deitou a cabeça sobre seu ombro; o cabelo dela entrou no seu ouvido fazendo cócegas.

Joseph tentou tirar o cabelo, e seus dedos puderam sentir a maciez dos fios. Macios como seda. Linda. Ela levantou a cabeça para fitá-lo sob o luar e de repente tudo parecia espe­rar, como se até o mar aguardasse.

Joe sentiu a mão de Demi segurar seu rosto, e ele se virou para beijar-lhe a palma da mão. Em seguida a encarou.

— Demi?

Ele falou tão baixinho que não sabia se Demi tinha ouvido. Por um instante interminável ela nada fez. Depois, ele sentiu os dedos dela se embrenharem nos seus cabelos e puxá-lo até os lábios dela.

Logo em seguida, o mundo voltou a girar em seu eixo, o mar voltou a bater e tudo parecia ter voltado ao normal de novo.

— Ah, Demi... — ele murmurou, embalando a cabeça dela em suas mãos e a beijando de novo e de novo até que de re­pente a ternura se transformou em calor.

Ele ficou em pé é a levantou e a levou de volta para seu quarto, deixando a porta aberta para ouvirem o barulho do mar. Então ele a virou e a beijou, segurando-a pelos ombros, olhando em seus olhos.

Ele deixou as mãos deslizarem pelos braços dela até se darem as mãos.

— Tem certeza? — ele perguntou e ela balançou a cabeça.

— Tenho sim.

— Vai ter de me dizer como fazer, pois eu nunca fiz amor com uma mulher grávida antes.

Ela riu.

Ele segurou a camisola dela e ela ergueu os braços para ajudar a tirá-la. Joe ficou extasiado de ver o corpo dela. Nossa, como era linda. Ele largou a camisola e fez um cari­nho na barriga redonda.

— Você é linda. Tenho tanto medo de machucá-la.

: Você não vai me machucar. Dizem que faz bem à saúde.

— É mesmo? Assim como as vitaminas?

— Mais ou menos.

Ele sentiu as mãos dela baixando sua cueca e deixou que ela olhasse para ele.

— Uau, posso lhe dizer que é lindo?

Ele deu uma risada e a pegou nos braços, sentindo-a quen­te, firme e feminina junto ao seu corpo. Joseph a beijou com sofreguidão.

*****

A sensação foi maravilhosa.

Demi nunca tinha se sentido tão amada, tão querida e tão bonita em toda sua vida.

O corpo dele era lindo. Firme e musculoso, com poucos pelos no peito e descendo até o impressionante...

— Você sempre observa as pessoas enquanto dormem? Ela riu envergonhada e puxou as cobertas cobrindo os dois.

— Quase sempre estou sozinha.

Ele se virou para ela, passou a mão pela sua nuca e a beijou.

— Eu também estou sozinho, há algum tempo.

— Fale-me sobre Kate.

— Não há nada para falar. Não quero pensar nela.

— Mas acabou de pensar nela quando disse que estava sozinho há algum tempo.

— Vai insistir com isso até eu falar, não é?

— Provavelmente.

Ele deu um suspiro e se deitou de costas, puxando-a para o seu lado.

— Nós éramos amantes. Trabalhamos juntos por três anos em vários projetos, e ela dormia com outra pessoa da mesma equipe ao mesmo tempo, durante um ano e meio.

— Nossa! E você trabalhava com os dois? Não quis matá-lo?

— Matá-la.

— Era mulher?

— Sim. Angie. E como poderia disputar com uma mu­lher? Se fosse outro homem, eu estaria em pé de igualdade. Você tem um carro maior, uma renda maior, enfim. Mas com uma mulher? Não sabia nem por onde começar.

— Então o que fez?

— Vim embora. Vendi tudo e voltei para cá.

— E não contou nada para ninguém.

— Como sabe disso?

— Porque já perguntei, e ninguém sabia de nada. Emily disse que só você poderia falar sobre a própria vida. — Demi se aconchegou mais nele. — Isso deve ter sido horrível! Ela dormiu com os dois e não disse nada, mentiu para você; não foi à toa que fugiu.

— Eu não fugi, vim embora. E ela ainda tentou vir atrás de mim, mas eu a mandei para o inferno. E a namorada dela deu o fora.

— Por que ela não se abriu com você? Por que continuou com a farsa?

— Porque o pai dela era pastor protestante, e já era difícil enfrentá-lo por viver comigo. Se ele soubesse que a filha ti­nha um caso com uma mulher, seria o fim. Acho que eu ser­via para encobrir sua verdadeira opção.

— Então ela o usou como disfarce?

— Acho que sim.

— Que desastre.

— Não importa. Isso é passado.

Será? Demi achava que não. Joe dissera que não servia para ela. Não teria dito se não acreditasse em tal coisa. E ele devia ter amado Kate antes de descobrir tudo.

Não é mesmo?

*****
No dia seguinte eles foram fazer compras para o bebê, pois era fim de semana e ele não trabalhava. Demi achava cedo demais para comprar roupas de bebê, aos sete meses, mas ele insistiu.

— Nunca se sabe — disse Joseph.

Então, foram até as lojas apenas para olhar. Só que acaba­ram comprando.

Compraram de tudo. Um enorme carrinho de bebê, pois ela sempre quis ter um para passear pelas lojas e guardar as compras na parte de baixo; um berço para o quarto, outro carrinho para criança já maior, igual ao da filha de Emily, Kizzy, e algumas roupas. Não para o bebê, porque Selena e Emily tinham muita roupa para emprestar, mas roupa de bai­xo para ela. Sutiãs iguais ao que Selena lhe emprestou e algumas calcinhas novas. Calcinhas sensuais para provocar Joseph, ela pensou e corou de vergonha.

— Se está pensando o mesmo que eu, controle-se — ele sussurrou ao seu ouvido, e ela corou ainda mais.

— Pare com isso — ela falou baixinho, e os dois riram muito, e tiveram de sair da loja rapidamente.

Foram então para outra loja, e ela saiu de lá toda feliz com uma sacola cheia de lindas calcinhas embrulhadas em papel de seda. Demi reclamou que era caro, mas Joe riu e lhe disse que era para ele.

O dia foi maravilhoso. Almoçaram peixe com fritas na rua, passearam pela praia e admiraram enormes esculturas de um artista da região, feitas de conchas de moluscos.

— Acho lindo este trabalho.

— Também gosto. A maioria das pessoas detesta, acha que interfere na vista da praia, mas eu acho lindo.

Eles caminharam bastante, depois voltaram para casa.

Para casa... Que engraçado, com que rapidez ela se acos­tumou a isso, pensou. As coisas do bebê só seriam entregues na semana seguinte, mas, ao saírem do carro, ele lhe entre­gou a sacola das calcinhas com um brilho nos olhos e foi o suficiente para ficarem excitados.

À noite, ele a levou para jantar fora, no mesmo restauran­te chinês onde compraram comida no dia em que se conhe­ceram, e depois se sentaram no banco e ficaram de mãos dadas, e ela ficou espantada de saber que isso tinha sido ape­nas uma semana antes.

Parecia uma eternidade.

*****

No dia seguinte Joe convidou a turma para um churrasco, e os dois tiveram de sair correndo para comprar uma churras­queira e montá-la antes de os convidados chegarem. E Demi fez compras e cozinhou para todos eles.

Que eram muitos.

Demi tentou fazer uma contagem de cabeças, mas acabou se perdendo porque as crianças não paravam quietas, corren­do de um lado para o outro. Mas, para começar, tinha Emily e Harry, claro, Nick e Selena e todos os filhos. Tinha tam­bém George Cauldwell, pai de Selena, que morava por per­to, a mãe de Nick, Liz, que morava em um apartamento atrás da casa de Nick e Selena. E ainda Juliette e Andrew Jonas, os pais de Emily e Joseph, que ela não conhecia. Dez adultos e sete crianças cujas idades iam dos 9 meses até 9 anos. E por ela sentir certa vergonha de ser empregada de Joseph e também sua amante, há muito pouco tempo, e não fazer parte do grupo, ela se enfurnou na cozinha preparando a comida, enquanto as avós olhavam as crianças, os homens cuidavam do churrasco e serviam as bebidas, e Emily mos­trava o jardim interno para Selena.

Parecia estranho que apenas uma semana atrás ela estives­se encolhida em uma porta, na rua, fugindo de uma tempes­tade, e agora havia sol e tudo tinha mudado. Mas talvez não tivesse. Ela sentia que pertencia a ele, mas agora ela estava ali na cozinha, mais sozinha do que nunca, mesmo com a casa cheia de gente.

Não que Emily e Selena não fossem agradáveis, mas elas não sabiam que as coisas com Joseph agora tinham mu­dado. No entanto, ela não sabia se tinha mudado de fato. Estava com a estranha sensação de não pertencer àquele gru­po, por isso ficou recolhida.

Então Emily e Selena vieram para a cozinha e começa­ram a ajudar sem ela pedir, e Selena se mostrou entusias­mada com a sua pequena horta. E Demi se perguntou se não estava sendo boba.

Provavelmente porque, quando todos estavam no jardim, depois de comerem, Harry tinha se sentado perto dela para puxar conversa:

— Soube que você já viajou bastante. Conte-me por onde andou.

E finalmente ela se sentiu aceita.

Demi contou que conheceu Peru, África, Papua Nova Gui­né e Bornéu, e ele lhe falou sobre Iraque, Kosovo e Indoné­sia. Harry lhe revelou que falava fluentemente malaio, o que lhe deu um enorme prazer, e ela tentou falar um pouco com ele. Demi estava um pouco enferrujada, mas se divertiu ten­tando falar com ele até que notou que Emily a observava.

Droga, espero que ela não ache que estou querendo lhe roubar seu marido! Se ao menos Joe viesse e lhe desse um abraço, já estaria assumindo alguma coisa diante de todos, mas ele parecia estar evitando-a, e por perto só havia Liz, então ela se virou e começou a lhe perguntar sobre suas pinturas.

— Ah, é apenas uma diversão — ela deu pouca importân­cia, e Harry pulou.

— Que mentira! — ele protestou. — Demi, você viu a marina que está no corredor? O tríptico que está na sala de estar?

— São seus? — Demi se espantou. — Nossa. Quem dera eu poder me divertir assim!

— Eu diria que você tem muita facilidade com línguas — Harry falou em urdu, e ela sorriu e respondeu em suaili que ele era um exibido, o que provocou uma gargalhada.

— Que diabos vocês dois estão falando? — Emily per­guntou, perplexa.

Cuidado. Não irrite o inimigo, Demi pensou, ainda desconfiada de Emily tê-la aceito totalmente, mas Harry sorriu para a esposa.

— Ela é uma verdadeira linguista — ele afirmou. — E bem fluente. E acabou de me chamar de exibido.

— Resultado de uma infância itinerante — Demi explicou. — Ou eu aprendia o idioma ou ficaria sem falar com ninguém. Não foi tão difícil assim, sério.

— Bem, você está melhor do que eu, que tive dificuldades em aprender francês na escola — Emily admitiu, sorrindo. — Alguém quer tomar um chá?

— Pode deixar que eu faço — Demi disse, já querendo se levantar, mas Emily a impediu.

— De jeito nenhum. Você fica para conversar sobre polí­tica internacional e assuntos do gênero com Harry, porque entende mais disso do que eu. Mamãe e eu faremos o chá, não é mesmo, mãe?

A Sra. Jonas seguiu a filha enquanto Demi se virava para Harry.

— Política internacional? Sério?

— Sobre o que prefere conversar? — ele perguntou, rindo. E, como sempre foi muito curiosa, Demi perguntou, baixinho:

— Quem foi Carmen?

Demi logo se arrependeu de não ter controlado sua língua. Harry ficou sério, deu um suspiro e olhou para o mar.

— Minha primeira mulher. Eu me casei com ela para sal­vá-la de uma situação insustentável, e ela morreu num aci­dente estúpido. Estava grávida, e eu terminei ficando com Kizzy. Isso foi quando reencontrei Emily, depois de sete anos sem nos vermos.

— Mas você a amava há muito tempo.

— É verdade. Foi ela que lhe contou isso?

— Não. Mas vocês têm uma relação de confiança que vem de se conhecer há muitos anos. Eu invejo vocês, nunca tive isso com ninguém.

— Provavelmente por causa da sua vida nômade. Será que algum dia vai se fixar em um lugar?

— Se estiver no lugar certo e na hora certa.

— E agora, acha que dará certo?

— Pode ser para mim, não sei quanto a Joseph.

— Não soube o que aconteceu exatamente com Kate, mas ele ainda sofre muito com isso. Seja boa com ele, Demi. Joseph é um bom sujeito.

— Sei disso.

Ao ver Joseph se aproximando, Harry se levantou.

— Vou ver o que aconteceu com o chá — ele disse antes de deixá-la sozinha.

— Você está bem? — perguntou Joe.

— Tudo bem.

— Tem certeza? Não está cansada? Pode descansar se quiser. Não precisa ficar aguentando essa gente toda.

Seria um sinal de que ele a queria longe dali? . — Não — ele disse, agachando-se diante dela e pegando-lhe as mãos. — Isso não foi uma indireta, só estava que­rendo protegê-la.

Será que podia ler sua mente?

— Quer ter a certeza de que estarei bem descansada logo mais? — ela indagou, brincando, e ele sorriu.

— Isso foi uma boa ideia; sua, não minha, mas interessan­te. — Ele se levantou e colocou a mão sobre o ombro dela. — O sol está batendo em você. Vou buscar um filtro solar.

Mas foi Selena quem passou filtro solar nos ombros dela, Harry lhe trouxe chá e Emily veio conversar.

— Joseph me contou da sua gatinha, sinto muito. Devia ter me contado, bem que achei você triste.

Emily a abraçou, e Demi fechou os olhos.

Será que essa mulher, que desconfiava tanto dela uma se­mana atrás, viria a ser uma grande amiga? Isso seria ótimo, se ela pudesse acreditar em tal coisa. Acreditar em tudo e em todos.

Joseph a fitou de longe, e ela sentiu surgir algo reconfortante por dentro.

Era bom demais para ser verdade, mas talvez não. Talvez fosse a sua vez de lutar pela felicidade.

Neste momento, George Cauldwell se levantou e pediu a atenção de todos.

— Tenho um comunicado a fazer a todos vocês. Bem, a Nick, principalmente, pois quero fazer isso direito. — Ele sorriu para Nick, que ficou intrigado. — Pedi a Elizabeth que me desse a honra de se tornar minha esposa, e ela acei­tou, então, com a sua bênção, Nick, queremos nos casar.

Nick ficou boquiaberto, mas não conseguiu dizer nada, apenas riu e deu um grande abraço na sua mãe e no seu sogro.

— Escondendo o jogo, hein? — ele disse, pegando a mãe nos braços e rodopiando com ela.

Depois abraçou George, e logo Selena se juntou a eles, e quando Demi achou que estava feliz, Joe veio por trás dela e a abraçou e a beijou na testa.

— Muito bonito, não é mesmo? — ele murmurou. — Achei que nunca teriam coragem de assumir o romance. Será que David vem para o casamento?

— David?

— O irmão de Selena. Mora na Austrália. Foi ele que me bateu quando beijei a irmã dele.

— Não é de admirar que você nunca tenha tentado nova­mente — ela disse sorrindo.

Joe a abraçou e depois endireitou-se, deixando as mãos sobre os ombros dela.

E Harry trocou olhares com Demi, piscou e sorriu.

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Capítulo novooo. Comentem... 

3 comentários:

  1. mt bom.......... que fofos.......... posta mais !!!!

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  2. Ai que perfeito deus, posta mais , gracas a deus vcs voltaram a postar diariamente OBRIGADA PRO ARRANJAREM TEMPO

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  3. Ai mds, ai mds, ai mds, quero que esses dois se resolvam logo!

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