25.7.15

Dois Pequenos Milagres - Capitulo 1

— Eu a encontrei.

Joe congelou.

Essa era a notícia que ele esperava desde junho, mas, agora que ela finalmente chegara, ele quase tinha medo de formular a pergunta necessária.

— Onde?

— Em Suffolk. Ela está instalada em um chalé.

Instalada. Ele respirou fundo profundamente. Todos aqueles meses em que ele temera por ela...

— Ela está bem?

— Sim, está.

Joe teve que se obrigar a continuar tendo aquela conversa.

— Sozinha?

O homem fez uma pausa.

— Não. O chalé pertence a um homem chamado John Blake. Ele está trabalhando fora do país no momento, mas, eventualmente, ele volta.

Meu Deus. Ele se sentiu mal. Tanto que mal registrou o que o homem disse a seguir.

— Demi tem o quê?

— Bebês. Gêmeas. Duas meninas de aproximadamen­te oito meses.

— Oito... — balbuciou ele, sem conseguir raciocinar direito. — Bem, então ele tem filhos?

— Até onde pude apurar, não — afirmou, categórico, o investigador particular que Joe contratara. — Deduzi que as meninas são dela. Ela está lá desde meados de ja­neiro do ano passado e os bebês nasceram durante o ve­rão, em junho, segundo a senhora que trabalha na agência do correio. Ela foi de grande ajuda. Acho que houve certa especulação no vilarejo acerca do relacionamento entre Demi e o tal homem.

Joe podia apostar que sim. Que Deus o ajudasse ou ele mataria Demi. Ou o tal Blake. Talvez ambos.

— Claro que, examinando as datas, é possível imagi­nar que ela já estivesse grávida quando deixou você. Isso quer dizer que as meninas poderiam ser suas. Ou isso, ou ela já vinha tendo um relacionamento com Blake há al­gum tempo.

Joe encarou o imprudente investigador.

— Atenha-se ao seu trabalho, deixe que as contas eu mesmo faço.

Ele não queria nem pensar na possibilidade de Demi ter sido infiel a ele.

— Onde ela está? Quero o endereço.

— Todos os dados estão aqui — disse o homem, entre­gando a Joe um grande envelope pardo. — Fiz relatórios de todas as etapas.

— Vou examinar tudo. Muito obrigado.

— Se houver mais alguma coisa que precise, Sr. Gallagher, alguma informação adicional.

— Entrarei em contato.

— A senhora na agência do correio me disse que Blake está ausente por estes dias — disse o investigador antes de sair.

Joe encarou o envelope por alguns instantes antes de abri-lo.

As fotos tiradas pelo investigador foram a primeira coi­sa que viu.

Deus, Demi estava linda. Um pouco diferente, mas lin­da. Ele levou um momento para reconhecê-la, porque o cabelo dela crescera e ela o usava preso em um rabo de cavalo. Aquilo fazia com que ela parecesse mais jovem. Os tons alourados haviam desaparecido e ela voltara a ter os cabelos castanhos-dourados. Os cabelos que ele queria tanto afagar.

Ela ganhara algum peso, mas aquilo só a deixara mais bela. Ela parecia bem, feliz, e continuava muito bonita, porém, estranhamente, considerando quão desesperado ele estivera por notícias dela no último ano; um ano, três semanas e dois dias, para ser exato. Mas não foi a imagem de Demi que prendeu a atenção de Joe, passado o choque inicial. Foram os bebês. Em uma das fotos, elas estavam sentadas lado a lado em um cercadinho de supermercado.

Duas lindas meninas. Idênticas. Seriam dele? Com a mais absoluta das certezas. Bastara apenas um olhar para o ca­belo escuro e espetado das meninas para saber que elas eram dele. Era como olhar para uma foto sua quando me­nino. Demi estava bem. Bem e linda. E tinha duas filhas. Dele. Meninas que ele jamais conhecera, das quais não fora informado. Como ela ousara não contar a ele sobre as filhas?

O peso de papel estilhaçou o vidro da janela, e os caquinhos de vidro se espalharam pelo chão. Ele escondeu o rosto nas mãos e contou até dez.

— Joe?

— O investigador particular a encontrou. Em Suffolk. Preciso ir até lá.

— Claro, claro que sim — disse sua assistente. — Mas espere um minuto, acalme-se. Vou fazer uma xícara de chá para você e pedir que alguém faça sua mala.

— Tenho uma mala pronta em meu carro. Cancele mi­nha viagem para Nova York, Aliás, cancele tudo, pelos próximos dois dias. Desculpe-me, Andréa, mas não quero chá. A única coisa que quero é ver minha... mulher.

E os bebês. Seus bebês.

— Faz mais de um ano, Joe. Dez minutos não farão diferença. Você não pode dirigir no estado em que está. Precisa se acalmar, refletir, pensar no que quer dizer. Do jeito que você está, vai deixá-la apavorada. Sente-se. Muito bem. Você almoçou?

— Almoço? — Ele encarou sua assistente. Maternal, eficiente, mandona, organizada e, ele via agora, muito, muito bondosa. Ela pediu que mandassem comida para a sala dele e olhou as fotos sobre a mesa.

— Essa é Demi?

— Sim.

— E os bebês?

— Ah... Interessante, não? Ao que tudo indica, sou pai. E ela nem se deu ao trabalho de me avisar. Bem, ou isso, ou ela teve um caso com meu gêmeo idêntico que desco­nheço, porque as meninas são a minha cara.

A comida chegou e Andréa colocou a bandeja sobre a mesa dele. Depois disso, ela se virou e o abraçou.

Por um momento, Joe não soube o que fazer. Fazia tanto tempo que ele não recebia um abraço que o choque não o deixou reagir. Mas, em seguida, ele ergueu seus bra­ços e a abraçou de volta, e o calor do contato o envolveu e o confortou. Obrigando-se a não chorar, ele se afastou dela e voltou-se na direção da janela.

— Meu Deus, elas são mesmo a sua cara! Bem, beba seu chá, coma seu sanduíche. Pedirei que David traga seu carro.

O carro dele. Uma belezinha esportiva de dois lugares, baixo, sexy e com espaço nenhum para acomodar duas cadeirinhas de bebê. Tudo bem. Ele providenciaria um carro adequado.

*****

Com o vento gelado de fevereiro soprando, durante as duas horas seguintes Joe dirigiu na direção do lugarejo onde Demi vivia agora, vasculhando as teias de aranha em sua mente, tentando decidir que diabos diria a ela.

Ao cruzar uma ponte antiga, de pedra, ele prendeu a respiração ao ver Mia, emoldurada pela janela da sala de estar de um chalé harmonioso, com telhado de sapé. Ela estava com um bebê em seus braços.

— Shhh, Ava, que boa menina! Não chore, querida. Ah, olhe ali, alguém está vindo para cá! Vamos ver quem é? Pode ser a tia Jane!

Ela se aproximou da janelão para enxergar melhor quem estava dentro do carro e foi então que achou que fosse desmaiar.

Joe? Mas como?

Ela se sentou abruptamente no velho sofá, ignorando o bebê que choramingava em seu ombro e o outro bebê, que dormitava calmamente no cercadinho.

Tudo que ela conseguia fazer era ficar sentada ali, en­carando Joe através do vidro, enquanto ele descia do carro, batia a porta, andava lentamente na direção da casa e entrava em sua varanda. Ele tocou a campainha, tenso, as mãos nos bolsos da calça.

Ainda que ela chorasse durante o sono, de saudade dele, ainda que, cada vez que olhava as filhas, ela se lembrasse dele, ainda que sentisse uma enorme tristeza sabendo que elas não conheceriam o próprio pai, Demi sabia ter feito a coisa certa. Como contar a ele sobre os bebês, depois de tê-lo ouvido dizer tantas e tantas vezes que filhos eram a última coisa que queria?

Murphy, o cão, foi até a porta e latiu. Ava parou de choramingar e deu um gritinho, o que fez com que Joe olhasse pelo janelão enquanto esperava. Os olhos dele encontraram os de Demi. Ah, eles estavam tão próximos. Ela estava ali, do outro lado do vidro, com seu cão e seus bebês, e ele não sabia como agir.

Joe tentou sorrir, mas não conseguia se lembrar de como fazer isso. Ela parecia exausta, mas ele nunca vira ninguém mais bela.

Ela veio até a porta, que foi aberta com um rangido. E lá estava Demi, pálida, linda, parecendo tão cansada, mais linda do que jamais a vira, com um bebê no colo e um enorme labrador ao seu lado.

— Olá, Joe.

Olá, Joe? Era tudo que Demi tinha a dizer depois de um ano e dois bebês? Joe sentiu-se decepcionado, arra­sado. Todo aquele ano de solidão, desespero e terror pas­sou por ele em um segundo e ele quis reagir, brigar e ar­mar uma cena. Mas as palavras de Andréa o alcançaram e ele tratou de se acalmar. Ele podia fazer aquilo, pensou. Ele era capaz de lidar com a situação.

— Olá, Demi.

*****

Olá, Demi? Demi, e não Demi, ela notou. Bem, então seria assim. Era uma mudança. Ela se perguntava se algo mais mudara. Provavelmente, não o suficiente. Demi se recom­pôs, endireitou-se, tomando o controle da situação e de seu corpo, que tremia.

— É melhor você entrar. — O que mais ela poderia fazer? Ele aparecera ali na sua porta, sem aviso nenhum, e era melhor lidar logo com a situação. — Feche a porta para que o calor não se perca — disse ela a ele.

*****
Ele a seguiu até a cozinha, seus passos fazendo barulho, enquanto Murphy farejava em volta dele, batendo a cauda nas paredes e móveis.

— Isso é tudo que você tem a dizer? Um ano sem uma palavra sequer e o que você me diz? "Feche a porta?"

— Estou tentando manter os bebês aquecidos — disse ela, e os olhos dele imediatamente buscaram pelas crian­ças, enquanto seu rosto ostentava uma expressão indeci­frável. Consciente da importância daquele momento, ela disse:

— Esta é Ava. — E gesticulou com sua mão livre na direção na direção do bebê no cercadinho. — E aquela é Libby.

Ao ouvir seu nome, Libby ergueu a cabeça e sorriu.

— Ma-ma — disse ela, erguendo os bracinhos, abrindo e fechando as mãos, pedindo para ser pega no colo. Demi deu um passo na direção dela, mas então parou e olhou para Joe, com o coração disparado.

— Bem, vá até lá. Pegue sua filha no colo. Acho que é por isso que você está aqui, não é?

Joe estava muito abalado.

Sua filha...

Oh, meu bom Deus. Fazia séculos que ele não segurava um bebê no colo. Ele nem mesmo estava certo de ter se­gurado um bebê tão novinho. Ele estava apavorado, com medo de deixá-la cair.

Joe tirou o casaco, que pendurou nas costas de uma cadeira, depois foi até o cercadinho e ergueu a garotinha em seus braços.

— Ela é tão leve! Pensei que fosse mais pesada.

— Ela é apenas um bebê, Joe. E, de qualquer forma, gêmeos são menores. Mas elas são muito saudáveis. Diga "olá" para o papai, Libby.

Papai?

— Pa-pa!— disse ela e, esticando a mãozinha, agarrou o nariz de Joe e puxou-o com força.

— Ai!

— Libby, seja boazinha — disse Demi. Ela mostrou a ele como segurá-la e depois lhe entregou Ava. — Aqui estão. São as suas meninas.

Ele olhou para elas, perguntando-se como, em nome de Deus, ela conseguia diferenciar uma da outra, porque, para ele, eram idênticas. E elas tinham um cheiro delicioso; ele nunca sentira algo assim. Ava e Libby, ao mesmo tempo, ergueram suas cabecinhas para encarar o pai com seus enormes olhos azuis, sorrindo para ele. Ele se sentiu zonzo de amor.

— Joe, aqui, venha, é melhor você se sentar — disse Demi com a voz carregada de emoção. Ela puxou uma ca­deira e fez com que ele se acomodasse ali, antes que suas pernas, que tremiam, não pudessem mais sustentá-lo. Ele parecia atônito e as meninas também estavam claramente fascinadas por ele, passando as mãozinhas em seu rosto, puxando seu nariz e suas orelhas e sorrindo, enquanto Joe se deixava ficar sentado ali, apaixonado demais para esboçar qualquer reação.

Joe olhou para Demi e ela notou que, por trás do en­cantamento, havia uma raiva surda e latente, uma espécie de força avassaladora que ela nunca vira. Ódio.

Ele a odiava.

— Vou fazer um chá — disse Demi, procurando desesperadamente por algo que a ocupasse. Mas, naquele momento, Ava começou a chorar de novo e Libby também choramin­gou, para acompanhar a irmã. Então, ela deixou o cadeirão de lado e pegou Ava do colo de Joe. — Venha, querida — murmurou. A verdade era que seus seios já estavam cheios de leite, e doloridos e os bebês precisavam ser alimentados. E Joe, que conhecia seu corpo melhor do que ninguém, estava sentado ali, encarando-a com seus olhos negros.

— Tenho que alimentá-las — disse Demi, e Libby co­meçou a gritar.

— Vou ajudá-la.

— Não acho que você possa. Você não tem o equipa­mento.

— Ah... — disse ele, entregando Libby para ela. — Bem, nesse caso...

— Sente-se, Joe — disse ela, içando com um movi­mento de cabeça o banco acolchoado junto à janela da sala. Não havia por que adiar aquilo. E, de qualquer for­ma, ele não veria nada que já não tivesse visto antes. Ela se sentou ao lado dele, ajeitou as almofadas do banco para acomodar os bebês e abriu seu sutiã de amamentação. Joe não sabia para onde olhar.

— A água da chaleira deve estar fervendo. Eu adoraria um chá.

— Ah... Claro.

Ele foi até a cozinha e se atrapalhou um pouco, sem saber onde apoiar a chaleira quente. No balcão. Bem, po­dia ser. Mas aquele era um sistema ridículo. Por que ela não tinha uma chaleira elétrica como a do apartamento deles?

Apartamento deles?

Será? Depois de um ano?

— Onde estão as canecas?

— No armário acima da pia. E o leite está no refrigera­dor. Ponha um pouco de água fria no meu, por favor.

Ele colocou os saquinhos de chá nas canecas, espantou o cão para longe dele, achou o leite na geladeira e ser­viu-o, para depois tropeçar pela milésima vez no cão e, entrando na sala, tentar entregar uma caneca para Demi.

— Obrigada, pode pôr em cima da mesa. Já vou beber. Ele hesitou sobre o que fazer a seguir, constrangido. As crianças mamavam com sofreguidão. Os seios de Demi estavam maiores do que de hábito, cheios de veias azuis, e ele estava fascinado. Aquela cena parecia tão maravilhosa para ele. E ele se sentiu excluído, privado de algo muito importante.

Enganado.

Furioso.

— Joe?

Ele a encarou.

— Você poderia pegar Ava para mim, por favor? Ela precisa arrotar, você pode andar pela sala com ela? Ah, sim, cubra seu ombro com esse paninho. Se ela regurgitar, pode sujar sua camisa. — E então ele a pegou, sua precio­sa, preciosa menina. Sua filha. Ela estava sorrindo de novo, linda, dando risadinhas. Ele limpou sua boquinha e sorriu para ela.

— Ei, gracinha! — disse ele, num tom pouco habitual, cheio de carinho, enquanto ela ria e agarrava o nariz dele. — Ei, coisinha fofa, devagar — murmurou Joe. Ele pe­gou sua caneca de volta e já ia levá-la à boca, quando o bebê agarrou a caneca, virando seu conteúdo sobre ele. Sem pensar sobre o que fazia, ele a segurou o mais longe de si que pôde, enquanto o líquido quente se espalhava por seu peito, fazendo-o abafar um grito de dor. Ah, meu Deus, eles precisavam de água fria. Bem fria. Ele correu para a pia e colocou a mãozinha dela embaixo da água da torneira. Demi colocou Libby no carrinho e correu atrás deles.

— Dê o bebê para mim — disse ela. Ava não se ferira, mas poderia facilmente ter saído machucada. Demi se des­controlou.

— Que diabos você pensou estar fazendo? Jamais pe­gue algo fervendo quando tiver um bebê em seu colo!

— Perdão. Eu não pensei que... Ah, Deus, ela está bem? Ela precisa ir para o hospital?

— Não, ela não foi atingida. E não graças a você.

— Nunca me ocorreu que fosse tentar pegar a caneca de chá!

— Você deveria ter pensado nisso!

— Mas ela não se machucou!

— Somente pela Graça Divina! Não, não querida, não chore. Calma.

— Ah, perdão. Demi, desculpe-me, por favor.

— Olhe, segure Ava um pouquinho, vou pegar roupas secas para ela. Ela se molhou com a água da torneira. Joe, ela está bem. Ela só chorou de susto. E desculpe-me por ter gritado, só de pensar no que poderia...

— Oh, meu Deus.

— Fique tranquilo, Joe. Foi um acidente. Aqui. Pegue o bebê.

Joe não moveu um músculo, apenas ficou ali parado segurando o bebê, até que Demi voltasse com roupinhas pequeninas e lindas e pegasse o bebê de volta.

— Você pode dar uma olhada em Libby, por favor? Ele se recompôs.

— Você confia em mim?

— E por que não confiaria? Você é o pai delas.

— Sou?

— Ora, Joe, é claro, quem mais seria?

— Não sei, talvez pudéssemos fazer um teste de DNA. Ela ficou pálida.

— Por quê? Eu não mentiria a respeito disso. E não quero seu dinheiro.

— Eu não estava pensando sobre questões financei­ras, estava pensando sobre paternidade. E eu não teria pensado que você mentiria sobre uma coisa dessas, mas também jamais passaria pela minha cabeça que você me deixaria sem aviso algum, e que viria morar no chalé de outro homem com duas crianças, sem se dignar a me dar uma explicação. Por isso, ficou claro para mim que eu não conhecia você como pensava conhecer e, sim, eu quero um exame de DNA. — Ele podia sentir a raiva se avolumando dentro dele. — Porque, fora qualquer outra questão, um exame de DNA vai ser bem útil no tribunal.

— Tribunal? — Ela pareceu alarmada. — Por quê? Não vou proibi-lo de ver as meninas.

— Eu não sei nada sobre isso. Não tenho como saber. Você pode simplesmente se mudar de novo. Você pegou seu passaporte. Além disso, se a certa altura você decidir que quer pensão, quero ter certeza de que são as contas das minhas filhas que eu estou pagando.

Ela engasgou, seus olhos se encheram de lágrimas.

— Nem se incomode em chorar — disse ele.

— Havia me esquecido do bastardo que você é, Joe. Você não precisa de um teste para provar que essas meni­nas são suas. Estivemos juntos a cada minuto de cada dia no período em que elas foram concebidas! Quem mais poderia ser o pai delas?

— John Blake?

Ela o encarou com vontade de rir.

— John? Não, de forma alguma. John jamais faria isso, confie em mim. Ele tem quase 60 anos e eu não faço o tipo dele. Ele é gay.

O alívio quase o deixou sem fôlego. Ela não tivera um caso e aquelas meninas eram mesmo dele. Definitivamente.

E uma delas gritava por sua atenção. Ele ergueu Libby, quase que no piloto automático, e se aproximou de Demi, que estava vestindo Ava.

— Você está ensopado. Está machucado?

— Ah, eu vou sobreviver. Ela está mesmo bem?

— Sim, Joe, ela está bem! Foi apenas um acidente. Não pense mais nisso.

Mais tarde, depois que as meninas tomaram uma sopinha de legumes e foram postas na cama, ela o fez tirar a camisa e vestir algo seco, e ambos viram a pele vermelha e machucada do peito dele. Joe estremeceu. Se tivesse sido Ava...

— Seu idiota. Você me disse que estava bem — disse ela a ele, para depois aplicar com grande delicadeza uma pomada esverdeada e refrescante em seu machucado.

— O que é isso? — perguntou ele, abalado por sentir o toque dela depois de tanto tempo.

— Gel de Aloe vera.

Ele mal podia respirar, seu coração parecia estar na gar­ganta. Ele a queria.

Ainda estava furioso com ela, por deixá-lo sem aviso, por desaparecer da face da terra, mas nunca deixara de amá-la, nunca.

— Demi...

Ela se afastou dele, o encanto quebrado, mas parecia estar abalada também, o que deu a ele algum tipo de espe­rança louca.

— Você precisa de uma camisa limpa. Trouxe alguma?

— Sim, minha mala está no carro.

Ela olhou para ele de olhos arregalados.

— Ah, é? Você planeja ficar? Ele riu.

— Ah, sim. Sim, Demi, vou ficar. Agora que a encon­trei, não vou perdê-la de vista. E nem as meninas.

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Capitulo fofo no ar! Espero que gostem.
xoxo

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