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JOE ERA adulto. Isso significava que deveria ser capaz de chegar à casa antes de tocá-la. Ele não iria despi-la na garagem.
Pelo menos esse era o mantra que continuava repetindo para si enquanto eles se encaravam na penumbra do espaço confinado. Mas ao ver a maneira como a blusa de Demi subia e descia a cada respiração, ele se perguntava se seria capaz de cumprir suas boas intenções. Havia algo irresistível na completa falta de noção dela sobre a própria atratividade. Quanto mais ele a conhecia, mais espantado ficava por ela ter se postado diante de uma multidão no Backstage.
– Vamos entrar – sussurrou Demi, as palavras hipnotizando Joe, não importando o quão pouco convencional fosse a forma como ela as pronunciava: depressa, lentamente, suavemente. – Indique o caminho.
Joe abriu a porta do lado do motorista e contornou o carro para ajudar Demi a sair. Ele pegou a mão dela, não confiando em si para tocar qualquer outra parte daquele belo corpo. Ele estava condenado a ficar eternamente excitado pelo cheiro de óleo de motor, uma vez que sempre o faria se lembrar deste momento.
– Não consigo acreditar que me convidei para vir até aqui – murmurou ela atrás dele enquanto Joe desarmava o alarme de segurança da porta da cozinha.
– Você está brincando comigo? – Ele se virou para avaliar a expressão de Demi, necessitando tranquilizá-la. – Tenho mandado mensagens telepáticas para você vir para casa comigo desde que nos encontramos pela primeira vez. – Quando ela sorriu, Joe a conduziu para dentro e fechou a porta atrás deles, confinando-os na cozinha, juntos. – Sério. Você provavelmente sofreu uma lavagem cerebral por causa da força de toda a manipulação mental que fiz.
Ela balançou a cabeça e riu, os olhos cinzentos brilhando com humor em meio à franja longa.
– É mesmo? – Ela colocou a bolsa em uma cadeira, as mãos trêmulas, os olhos percorrendo o ambiente nervosamente.
– Totalmente. – Joe jogou as chaves na bancada de granito preto e, em seguida, se obrigou a manter o controle. A ir com calma. Ele pousou as pontas dos dedos nas têmporas de Demi delicadamente. – Estou enviando uma nova mensagem agora.
– Bem, você não é muito bom nisso – brincou ela. – Não consigo ouvir nada.
– Foi por isso que você demorou tanto para vir comigo. – Ele deu pancadinhas na própria testa. – Não há poder cerebral suficiente por trás da minha coerção.
– Então qual é a nova mensagem? – Ela revezava o peso do corpo entre os pés, provavelmente desconfortável.
Provavelmente sentindo o mesmo calor que ele.
– Você quer que eu simplesmente conte? – Ele tirou os sapatos e os chutou para o lado. O sorriso desapareceu quando Demi inclinou a cabeça para olhar para ele.
– Sim. Apenas… diga o que quiser.
O coração de Joe golpeou uma batida pesada, o corpo inteiro em sintonia ao dela. À respiração dela. Ao calor dela.
– Gostaria daquele beijo agora. Aquele que você sugeriu na garagem.
Joe viu um lampejo de consciência nos olhos de Demi, uma dilatação talvez, pouco antes de as mãos dela pousarem suavemente no peito dele.
– Você não pode ser de verdade – disse ela, balançando a cabeça. Um sulco vincando a testa. – Eu não tenho esse tipo de sorte.
Joe se perguntou vagamente quem havia roubado a confiança daquela mulher inteligente e sexy, e teve vontade de esmurrar o responsável. Mas, por ora, apenas segurou as mãos dela, colocando-a sobre seus ombros antes de entrelaçá-las ao redor do próprio pescoço.
Demi cambaleou para o lado dele, o corpo rente ao dele, e soltou um suspiro suave diante do contato.
– Nós dois estamos com sorte, Demi. Vale tanto para você quanto para mim. – Ele correu as mãos pelos braços dela, pelas laterais do corpo, as palmas passeando pela plenitude dos seios antes de acariciar as costelas através da blusa.
Com os olhos semicerrados, Demi o estudou. Joe estava bem ciente do corpo dela contra o dele, desde os bicos rijos dos seios ao ligeiro movimento dos quadris.
– Nesse caso… – Ela ficou na pontinha dos pés, o perfume suave provocando o nariz de Joe até ele respirar fundo. – Aqui está.
Os lábios dela roçaram os dele, fartos e ligeiramente doces. Uma faísca saltou em algum lugar dentro dele, acendendo uma corrente elétrica que passou pela circulação sanguínea na velocidade da luz. O corpo dele reagiu imediatamente. Completamente.
Ele a abraçou e a puxou para si, prendendo-a com força, criando uma fricção deliciosa que fez sua pulsação latejar. Ele a apoiou contra a bancada da cozinha, a mão lhe protegendo as costas do granito. Aprofundando o beijo, Joe tomou a boca delicada, reivindicando-a para si. A língua de Demi brincava com a dele, e ele queria saborear cada presente sensual que ela estava disposta a lhe oferecer. Mas agora precisava de mais. Muito, muito mais.
Usando de toda sua força de vontade, ele se afastou e encarou aqueles olhos repletos de paixão. Estavam azuis-acinzentados agora. As bochechas dela estavam coradas e os lábios brilhavam, ainda mais inchados do que o normal. Tudo por causa do beijo dele.
– Não quero apressar você. – No entanto, ele realmente necessitava apressá-la.
Demi deu um sorriso perverso, maroto.
– Acredite, você não está me apressando.
Ela se inclinou para finalizar o beijo, interpretando mal as palavras dele. Joe lhe agarrou os ombros, segurando-a firmemente durante três segundos, ao mesmo tempo que lutava para se controlar.
– Ótimo. Mas não sei o quanto de sutileza tenho para oferecer no momento. – Fato que o irritava, porque não havia nada de que gostaria mais do que ir com muita calma com ela. Seduzi-la, mente e corpo, assim Demi voltaria para ele em busca de mais. – Desde aquela dança que você fez… – Ele balançou a cabeça, sabendo que não fazia sentido. – É como se eu estivesse hipnotizado. Só tenho pensado em você.
Ele ergueu a mão para afastar a franja do rosto dela, para vê-la totalmente sem máscara ou sem a barreira da franja morena. – Não sou Natalie – esclareceu ela. Direta. Honesta.
E absolutamente errada.
– Você é a única Natalie que conheço. – Sim, ele entendeu que aquele era o nome da proprietária do Naughty by Night. Mas aquilo não significava nada para ele. – É você quem tem me deixado louco noite e dia.
Uma nova compreensão iluminou o olhar de Demi. Ela assentiu.
– Tenho pensado muito naquela noite também. – Ela pôs a mão nos botões de pressão da saia cáqui. – Acho que sei do que você precisa.
O cérebro de Joe parecia morto enquanto ele a observava se contorcendo para retirar o tercido de sarja. Ela usava calcinhas de algodão claras arrematadas com renda.
– O que… – A boca de Joe ficou seca quando ele tentou coaxar uma palavra. Ele lambeu os lábios e fez mais uma tentativa.
– O que você está fazendo?
– Uma apresentação dirigida para você. Acho que a ressurreição do meu lado Natalie vai nos ajudar muito. – Demi tirou a saia e segurou a mão de Joe. – Venha comigo.
– Você não precisa fazer isso. – O andar dele estava tão duro quanto o restante do corpo, mas a seguiu até a sala de estar, um cômodo visível a partir da cozinha. – Mas, novamente, se você quiser mesmo…
Demi colocou as mãos nos ombros de Joe e gentilmente lhe incitou a sentar-se no sofá de couro escuro.
– Não posso prometer o mesmo nível de desempenho sem um palco – admitiu ela, as mãos torcendo a barra da blusa. – Mas nunca cheguei a testar minhas habilidades em dancinhas particulares, então talvez possa lhe oferecer outro tipo de espetáculo.
Joe não conseguia se conter nem mais um segundo.
– Acho que não tenho resistência para esperar por mais tempo. – Ele estendeu a mão para Demi, segurando seus joelhos para puxá-la e fazê-la sentar-se em suas coxas. Abrindo as pernas dela, Joe lhe abarcou a curva dos quadris, colocando o calor do sexo dela ao encontro da ereção que testava a resistência de sua braguilha. – Talvez você possa dançar para mim em outra ocasião.
– Hum. – O arfar delicado dela ecoou o silvo de ar entre os dentes dele ao senti-la. Como ela pareceu concordar, Joe não perdeu tempo, tirou a blusa dela e a jogou para o lado. Os seios fartos, empinados ficavam ainda mais impressionantes sob o algodão simples do sutiã do que tinham ficado sob as lantejoulas brancas grudadas ao corpo. Ele baixou a alça da peça com os dentes, inalando o cheiro da pele. Quando o tecido delicado do bojo se afastou da plenitude suave de um dos picos, ele envolveu o mamilo com a boca e sugou com intensidade. Suas pernas quase derreteram ao sentir o sabor dela combinado ao delicado gemido de aprovação.
Os dedos de Demi deslizaram sob a camisa de Joe, traçando o abdome e acariciando o peitoral. Ela era tão delicada e feminina, o corpo inteiro se curvando para ele. O calor aumentava na sala de estar, o ar ficando abafado. A pele de Joe ostentava um leve brilho de suor devido ao esforço para se conter.
Quando Demi puxou a camisa de Joe para cima, ele interrompeu o beijo por tempo suficiente para que ela a retirasse. Os olhos cinzentos o devoravam, e os músculos dele se contraíam sob aquele olhar faminto. Algo havia mudado nela desde a primeira vez que se encontraram. Era como se aquela dança no Backstage a tivesse iluminado por dentro.
– Tanquinho. – Ela sorriu e traçou os dedos pelas saliências da barriga dele. – Selena não estava brincando.
Ele não fazia ideia do que ela estava falando, mas ter a mão dela tão perto do cós da calça jeans estava praticamente fazendo-o delirar, então talvez ele não tivesse ouvido direito.
– Preciso ficar nu com você – murmurou ele, já bem além do ponto no qual ainda era capaz de filtrar pensamentos. O calor pulsava através dele com tanta força que Joe não podia fazer nada senão a tocar. Dar prazer a ela.
Demi estava bem ali com ele, no entanto, as mãos já prontas para abrir a braguilha. Joe a poupou do trabalho, erguendo-a e colocando-a no sofá ao lado dele. O cabelo escuro caía em torno dos ombros, um dedo retorcendo uma mecha ociosamente enquanto ela olhava para ele como se fosse sua deusa pessoal do sexo. Ele estava prestes remover as próprias roupas completamente quando lembrou que os únicos preservativos na casa estavam no andar de cima.
Droga.
– Venha. – Joe a incitou a se levantar, tomando o cuidado de não a olhar diretamente. A visão dela, principalmente sem roupa, só iria atrasá-lo, e ele precisava agir rapidamente. – Temos de ir para o meu quarto.
– Tudo bem ficar a… – começou ela.
– Camisinhas – disparou ele de volta, sabendo que aquilo explicava tudo.
– Certo. – Demi estava logo atrás dele quando Joe chegou ao topo da escada, os seios nus roçando as costas dele, até que Joe não teve escolha senão parar e encostar Demi na parede mais próxima. Encher as mãos com aqueles seios lindos e traçar círculos em torno dos mamilos tesos com a língua. Ele brincou com um e depois com o outro, até que ela começou a arfar.
Só então ele a soltou, levando-a para a suíte principal.
Joe cruzou o quarto e soltou a mão de Demi quando se aproximaram da cama. Fuçou uma gaveta do criado-mudo. Finalmente estava com a caixinha na mão e, em seguida, retirou um pacote. Ele pôs o preservativo no travesseiro antes de se voltar para Demi.
Cedeu à tentação de olhar para ela.
Demi estava com os braços cruzados, um esforço hesitante para cobrir os seios. Em vez disso, o gesto emoldurava a exuberância macia, deixando Joe com água na boca.
– Você estava prestes a ficar nu, lembra-se? – provocou ela, os olhos vagando sobre ele. Demorando-se na altura do quadril.
– Certo. – Ele tirou calça e a cueca boxer, libertando-se do estrangulamento do jeans.
Nem um segundo cedo demais. Ele puxou Demi nos braços, dando um beijo nos lábios dela, o que rapidamente se transformou em algo carnal. Ela cravou os dedos nas costas dele, as unhas marcando a pele levemente conforme ela recebia cada impulso da língua de Joe. Os gemidos suaves dela foram a ruína dele, o som cheio de desejo ecoando tudo que ele sentia.
Tudo que ele queria.
Joe desabotoou o fecho frontal do sutiã e deixou a peça cair completamente. Sob os raios de sol de fim de tarde que atravessavam as persianas de madeira, Demi parecia uma heroína de filme noir, o corpo cheio de curvas, pálido e perfeito.
– Por favor – arfou ela com um desespero silencioso que ele não esperava. – Não quero tempo para pensar. Só quero sentir.
Demi selou suas curvas suaves contra ele e o beijou com a mesma entrega que Joe reconhecera naquela dança. Por uma fração de segundo, ele se perguntou se deveria esperar. Explorar aquele comentário. Mas ele estava tão cansado de esperar que o pensamento evaporou sob a brincadeira da boca de Demi na dele.
Ele enganchou um dedo na renda da calcinha e a puxou para baixo, pelas pernas esguias. Demi tirou a calcinha e rapidamente voltou para aos braços dele, a testa dela encostada em seu ombro.
– Você está bem? – Ele ergueu o queixo dela, lhe examinando o rosto em busca de pistas sobre seu humor.
Ela era uma mistura estonteante daquela dançarina ousada que ele tinha visto no palco e da analista financeira hesitante com olhos ardentes. Qual mulher era real?
– Hoje é como um sonho – sussurrou ela. – Não quero que isso acabe.
Joe segurou o rosto dela, o queixo delicado se encaixando em sua mão. De repente, queria abraçá-la e cuidar dela. Ela o afetara tão depressa que o assustou, mas ele não ia desistir agora.
– Então vamos continuar a sonhar – sussurrou ele de volta, roçando o polegar na bochecha e em volta do lábio inferior farto de Demi. – Isso é apenas o começo.
Ela deu um sorriso sem graça.
Pegando-a no colo, Joe a deitou na cama, o cabelo escuro se derramando sobre o travesseiro branco. Ele a beijou da boca até o pescoço elegante e o ombro.
Quando chegou ao vale entre os seios, foi lambendo até embaixo. Parou ao redor do umbigo para desbravar o vão com a língua. Demi tinha um cheiro tão gostoso. Sabonete e limão, talvez.
E então o preservativo passou da mão dela para a dele. Mas Demi tinha um sabor tão bom que Joe não queria parar o que estava fazendo, os quadris dela rebolavam na cama, a cabeça oscilando de um lado a outro conforme ele se aproximava do sexo dela. Deixando o pacote de preservativo de lado, Joe continuou a beijá-la. Os topos das coxas. As dobras úmidas entre elas.
O grito rouco de Demi preencheu os ouvidos dele enquanto a saboreava, a língua pincelando cada vez mais fundo.
Ela chegou ao orgasmo em segundos, um suspiro surpreso foi o único aviso antes de ela se contorcer debaixo dele, todo o corpo ondulando com a força da reação. Joe continuou, absorvendo cada tremor, as coxas de Demi se remexendo, inquietas sobre os ombros dele, até o corpo inteiro de Joe gritar com a necessidade de possuí-la.
Quando ele encontrou a camisinha e a vestiu, seus olhos estavam arregalados e sem foco.
– Uau – murmurou Demi, as mãos percorrendo o peito dele enquanto Joe deitava em cima dela. – Apenas… uau.
– Eu poderia dizer o mesmo sobre você, vendo-a desse jeito. – Ele balançou a cabeça, perdendo as palavras. – Você me enlouquece.
Estendendo-se em cima dela, Joe abriu mais as coxas macias com o joelho, tirou o cabelo da testa úmida e se acomodou dentro dela. Totalmente. Profundamente.
A pressão quente ao redor dele era perfeita, com os tremores pós-orgasmo dela ainda pulsando suavemente à sua volta. Demi abraçou o pescoço dele, o olhar focado nele enquanto seu corpo o informava o quanto Joe lhe dava prazer. Aquele aperto suave provavelmente era o mais incrível afrodisíaco que já existira. Ela estava tão pronta para ele, que Joe quase chegou ao ápice ali mesmo. Ele teve de fechar os olhos e aguardar um segundo.
Quando Joe se preparou para senti-la, ele a abraçou e começou a se movimentar, desejando ter mais para oferecer naquele momento. Mas ele andava concentrado demais no trabalho para sair com qualquer pessoa, quanto mais para fazer um sexo maravilhoso.
E a quem diabos estava enganando? Ele não poderia durar para ela, porque ela se tornara a mulher de suas fantasias.
Inteligente e experiente, sexy e sedutora. Ele rangeu os dentes contra aqueles sentimentos, mas daí mais um clímax a atingiu, e Joe não conseguiu segurar mais. O balanço dos quadris dela contra ele, combinado ao gemido sexy que ela dera, o desarmaram completamente.
Ele deu um grito. Agarrou a cabeceira da cama. Perdeu-se em Demi.
O sexo nunca tinha sido assim. Com ninguém. Demi era sua fantasia mais quente ganhando vida. Totalmente desinibida. E totalmente dele. Joe não tinha certeza do que havia acontecido entre os dois, mas juntos desencadeavam uma espécie de química sexual com a qual a maioria dos homens apenas sonhava.
Quando se recuperou o suficiente para se lembrar do próprio nome e saiu de cima de Demi, se perguntou se conseguia convencê-la a passar a noite ali. Ele a queria, de novo e de novo, mas não tinha a intenção de ser presunçoso. E se ela não estivesse sentindo a mesma conexão? Joe não tinha muito a oferecer, exceto um pouco de diversão. Sua rivalidade com o pai estava uma trapalhada só e se recusava a envolver mais alguém naquilo.
Além disso, o trabalho para recuperar sua posição em Hollywood iria tomar sua concentração ao longo dos próximos anos. Namorar, e todas as conjecturas que vinham com essa coisa de descobrir o que as mulheres queriam, era algo para o qual não tinha tempo.
Joe não queria lhe dar falsas esperanças de um futuro juntos. Quando abriu os olhos para encará-la, porém, Demi exibia um sorriso irônico. Um brilho malicioso nos olhos.
– Acho que você não precisava de uma dancinha particular, não é?
– DEMI?
Eu estava saindo da aula de dança, três dias depois, quando Natalie me seguiu estúdio afora, o toc toc de suas muletas tornando difícil para ela espreitar qualquer pessoa. Parei perto do bar de sucos na entrada principal, feliz por vê-la. Ela não estava dando aulas desde a lesão: o tornozelo estava deslocado, não apenas torcido, mas ela ainda vinha para o estúdio, a fim de verificar o andamento das coisas.
Hoje ela estava usando um sarongue rosa sobre o collant de dança preto, o cabelo loiro escondido em um coque tão bem-feito que ela parecia a bailarina que costumava ser. Bem, isso sem contar a tatuagem de henna de uma videira espinhosa em volta do pescoço.
– Oi! – Tive vontade de abraçá-la porque estava feliz. Absurdamente feliz. Não via Joe desde que passamos a noite na casa dele, mas ele me tinha mandado um torpedo e telefonado, embora ambos estivéssemos ocupados com o trabalho. Planejava vê-lo esta noite.
Finalmente. Seu torpedo mais recente me dissera para levar minha máscara. Mas eu tinha uma surpresa ainda melhor para ele.
– Você está ótima – observou Natalie. Eu ainda estava usando meu traje simples da dança dos sete véus, a qual tínhamos praticado esta noite. – Você tem um minuto para beber um suco energético de romã? – Ela apontou para o bar de sucos. – Por conta da casa.
Resisti ao impulso de olhar para meu relógio. Não tinha muitos amigos, e minha instrutora de dança era uma das minhas melhores amigas. Então arranjei tempo para ela, sabendo que Joe estaria esperando por mim em breve. Ele disse que estava “mandando um carro” para mim.
Como se eu fosse um de seus clientes estelares. Ha!
– Claro. – Coloquei minha bolsa de ginástica no chão e sentei-me em uma das banquetas vermelhas esmaltadas na frente da barra de aço. – Você precisa de ajuda? Deve ser realmente difícil se locomover… – Estou bem – assegurou ela, apoiando as muletas no balcão.
Trocamos algumas palavras sobre a lesão enquanto Natalie preparava as bebidas repletas de vitaminas. Ela vendia chás e outros alimentos saudáveis ali, e havia uma lojinha de presentes no saguão. Fiquei tão intimidada na primeira vez que pus os pés naquele lugar. Difícil acreditar que o estúdio de dança agora era quase uma segunda casa para mim.
– Então… Importa-se de me contar o que está dando novo gás à sua dança? –perguntou ela quando entregou minha bebida em um copo de martíni, completa, com um palito cheio de framboesas. – Todo mundo está comentando. Metade das meninas acha que é porque você conseguiu o trabalho para mim no Backstage. Mas, pessoalmente, acho que deve ser um homem.
Eu sabia que precisava ser discreta sobre minha relação com Joe. Quer dizer, se ele ia guardar meu segredo do meu chefe, então não deveria estar tagarelando sobre isso também. Mas poderia contar algumas coisas a Natalie, certo? A novidade estava praticamente explodindo de dentro de mim.
Desde que tinha dormido com Joe, minha vida parecia… mais plena, melhor, mais feliz. Era como se um interruptor tivesse sido ligado dentro de mim naquela noite e eu simplesmente não sentisse o peso da das minhas velhas inseguranças mais. A dança no Backstage também tinha influenciado, mas a maior parte da mudança era por causa de Joe. Desde que nos conhecemos, me sentia vivendo uma fantasia.
– Talvez seja um pouco de ambos – admiti, contando brevemente como conheci Joe, excluindo a parte sobre ele ser um cliente e omitindo seu nome famoso. Chamei-o de “Tom” só porque seria estranho contar uma história sobre alguém sem dizer um nome. E, tecnicamente, ele era Thomas III em sua família. Eu não sabia muito sobre os dois irmãos mais novos, mas sabia que moravam em Sonoma Valley e que um deles administrava uma fazenda de cavalos puro-sangue.
– Você não fica preocupada com o fato de tê-lo conhecido no Backstage? – perguntou Natalie, vindo para o meu lado no balcão e sentando-se em um dos banquinhos. – Os homens podem ser muito… esquisitos em relação a mulheres com profissões sensuais. Tipo, eles gostam de frequentar os clubes de dança, mas quantos aceitarão uma dançarina exótica como namorada?
– Não é como se tivesse tirando a roupa ou coisa assim – apontei depressa. – Você sabe que o Backstage não é esse tipo de lugar. Além disso, Tom e eu concordamos em não levar isso a sério.
– Tudo bem. Só tome cuidado, certo?
Será que ela não via como eu estava feliz? Senti-me compelida a elaborar:
– Natalie, minha vida deu uma reviravolta depois que você me fez subir no palco em seu lugar. – Alguma parte escondida de mim tinha virado o centro das atenções e realmente gostado disso. – Estou saindo com alguém. Estou mais confiante. Estou gaguejando menos. – Mais ou menos. Joe não parecia notar meus problemas de fala, o que me fazia não os notar também. – Fui até mesmo convidada a assumir uma conta diretamente com um cliente na Sphere, então vou sair dos bastidores pela primeira vez para tomar parte em uma pequena apresentação em uma mesa-redonda.
Também mandei um e-mail a Joe com algumas ideias de investimento; nenhum grande segredo comercial, apenas um conselho geral direcionado para a situação dele. Sabia que Joe ia precisar de capital inicial para a próxima fase de seu plano, para abrir um estúdio de cinema independente, e eu já havia estudado o perfil financeiro dele. Teria feito o mesmo por qualquer amigo. Mas ele pareceu realmente impressionado, e não posso negar… eu gostei.
Natalie tamborilou suas unhas pintadas de preto e prata na barra por um momento.
– É só que é uma mudança tão grande, sabe? – Ela pegou o palito cheio de framboesas e fisgou uma com os dentes. – Pode me chamar de chata, mas sempre me preocupo quando vejo alguém fazer uma reviravolta em sua personalidade quando um homem é o motivo.
– Ele não é o motivo – falei com firmeza, ajeitando o véu azul fino que estava escorregando do meu ombro. – Devo isso a você, por me incentivar. Não apenas aquela noite no Backstage, mas durante todo o ano. – Quando Natalie tentou ignorar o elogio com um aceno, a impedi: – Estou falando sério, Nat. Dançar realmente me ajudou a ver que eu poderia ser boa em alguma coisa além de números. Em algo divertido.
Parte do motivo pelo qual tinha escolhido estudar finanças na faculdade era porque soava como algo que poderia fazer sozinha. Poderia ficar em uma salinha com uma calculadora e não ter de conversar com ninguém. O plano tinha funcionado perfeitamente, mas acho que estava ficando cansada de sempre permanecer nos bastidores. O tempo havia me ensinado que minha mãe decoradora tinha uma visão distorcida da perfeição, e só porque eu falhara em conseguir cumprir os padrões dela não significava que eu não tivesse coisas valiosas a dizer.
Eu estava terminando minha bebida quando a campainha da porta da frente tocou. Já estava tarde para mais aulas de dança, mas quando Natalie começou a dizer isto à recém-chegada alta e surpreendentemente encantadora, percebi que conhecia a mulher.
– Oi, Kendra. – Desci do meu banquinho ao ver a bailarina linda do Backstage, aquela que se cobria com pinturas corporais maravilhosas.
Tarde demais, lembrei-me de que ela não me reconheceria sem minhas peruca e máscara. Além do mais, naquela noite eu estava fingindo ser Natalie.
– Oi. – Ela inclinou a cabeça para me avaliar. – Eu a conheço?
Constrangedor.
– Er. Hum. Vi seu show – falei. – Você faz uma pintura corporal linda.
– Obrigada. – Ela sorriu, o cabelo longo e escuro flutuava ao redor como uma deusa em uma pintura renascentista. – Eu estava procurando por Natalie.
– Sim? – Natalie ficou de pé com a ajuda das muletas e apertou a mão da outra mulher. – Sou Natalie.
– Certo. – Kendra assentiu, franzindo a testa. – Prazer em vê-la novamente. Moro na esquina, e o proprietário do Backstage me pediu para vir aqui e descobrir se você gostaria de se apresentar antes da temporada de outono. Mesmo que seja apenas uma apresentação. Uma espécie de “retorno por demanda”. – Os olhos de Kendra pousaram no tornozelo de Natalie e no gesso em volta dele. – Mas talvez você não esteja em condições de dançar com esse machucado…?
– Receio que não – opôs-se, hesitante, sacudindo a cabeça. – Mas diga a ele que mal posso esperar para começar em setembro.
– Espere – intervim, vendo uma oportunidade de reviver uma das noites mais emocionantes da minha vida. Além disso, havia o elemento da fantasia na coisa toda. O que Joe iria pensar ao me assistir de novo? – Natalie, por que você não espera para decidir depois de ver sua médica amanhã? Ela disse que o gesso era apenas uma precaução.
Felizmente, minha mentora de dança estava um pouco atrás de mim, então quando me virei para olhar para ela, dei uma piscadela para avisar que tinha um plano.
– Hum. – Natalie franziu a testa. – Não sei.
– Ela pode te dar um retorno depois? – perguntei a Kendra. – Você tem um cartão ou ela deve telefonar diretamente para o clube?
O olhar de Kendra ficou se revezando entre nós e fiquei imaginando o que ela havia achado da minha intervenção enérgica. Mas estava tão tensa com a possibilidade de dançar para Joe em público novamente, que não estava pensando em quaisquer consequências.
– Ela pode ligar para o clube. – Kendra seguiu em direção à porta de vidro. – Sou só uma mensageira. Além disso… – Ela hesitou, a mão na maçaneta. – Estava curiosa para saber como foram as coisas com Joe Fraser naquela noite no clube.
– Joe. – Natalie olhou para mim. Com severidade. – Fraser.
– É. Ele quis conhecer você após sua apresentação… – Kendra balançou a cabeça. – Eu entendo. Não é da minha conta. – Ela sorriu, aparentemente sem se ofender. – Vejo você em breve, Natalie.
Ela empurrou a porta e seguiu noite afora. A alusão de ar enfumaçado ondulando do ar-condicionado do estúdio não era nem metade opressora se comparada à olhadela sombria de Natalie.
– O quê? – Coloquei um agasalho leve sobre meus véus para ajudar a desviar a atenção assim que saísse do estúdio. Mas, sinceramente, estava animada em dançar para Joe naquele traje.
– Joe Fraser. Realeza de Hollywood.
Eu não queria saber o que havia de tão errado com aquilo. Ela havia me avisado, afinal. Mas agora eu não me importava em ouvir mais alguns conselhos cheios de advertência.
– Não o encontrei depois do show. – Isso era verdade. – O nome do meu novo ficante é Tom, lembra-se?
– Claro. – Natalie não tinha nascido ontem. Ela cruzou os braços e as pernas. Dava para ver os pontos no gesso onde as alunas tinham assinado com caneta marca-texto cor-de-rosa.
– Mas obrigado por me alertar. – Ofereci um sorriso e me dirigi à porta, já pensando em minha dancinha particular para Joe esta noite. – Adoraria fazer esse show para você, se você quiser. Podemos dividir o cachê. Pense nisso, está bem?
Senti-me culpada por mencionar o cachê, mas era a única ferramenta na qual consegui pensar para induzi-la a aceitar. Por enquanto, Natalie só tinha dado um aceno de cabeça.
– Talvez. Tenha cuidado, Demi.
Suas palavras me atingiram quando eu já estava a meio caminho porta afora, todos os pensamentos dedicados à velocidade com que eu conseguiria tirar os véus esta noite e ainda oferecer a Joe o desempenho mais escaldante de todos os tempos.
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Que capítulo foi esse hein...
Continuem comentando.
xoxo
amei o capitulo mt bom
ResponderExcluirquero mais...... Posta Logo!!!!
Ah meu deus, o que foi aquilo???!!!!! Hot! Hot! Hot! Eles pegaram fogo e agora a Demi está muito mais desinibida, isso é muito bom :) Mal posso esperar pelo próximo encontro deles...
ResponderExcluirTomara que ela não desista.... essa dança paeticular promete.. ansiosaaa!!!! Continua logooo!!!!
ResponderExcluirContinua se não eu vou ter um troço, demi toda toda para o Joe,tem que ser assim mesmo hahaha tá cada vez mais perfeita
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