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JOE PEGOU o telefone, ostentando um sorriso em seu rosto antes de ouvir as palavras do segurança lá embaixo. Quando o nome de sua prima foi anunciado, ele almejava um convite para uma festa qualquer e deu o seu aval para ela subir.
Talvez a visita de Rebecca não fosse tão ruim. Era esquisita, mas não necessariamente uma coisa terrível. Ela era amiga de Demi. E como raramente visitava, devia estar ali por causa da amizade entre elas. Rebecca saberia qual era o problema com Demi, e isso iria ajudar. Ou talvez ela tivesse ficado sabendo que ele tinha cancelado sua reserva no Le Bernardin e quisesse que ele a levasse? Bem difícil, porque ele não estava mais com fome.
Joe se levantou da mesa da sala de jantar, sem se preocupar em recolher o convite ou qualquer outra bagunça acumulada.
Sua faxineira estaria de volta no dia seguinte. Só quando abriu a porta é que percebeu que não tinha colocado os sapatos. Apenas meias. Meias pretas. Ele estava usando calça jeans e sua camiseta dos Yankees. Tinha separado as roupas para seu encontro às 19h, mas dane-se.
Rebecca, como sempre, parecia tão polida quanto uma pérola cultivada. Joe pegou o casaco dela e o jogou sobre o pufe na entrada. Daí a ouviu bufar indignada, mas ignorou.
– Você quer café? Vinho? Vodca?
– São 14h30 – disse ela, os saltos estalando atrás dele.
– E?
– Você ao menos sabe fazer café?
– Você é uma desordeira, Becca.
Na cozinha, ela pegou o leite enquanto colocava grãos em seu moinho de café.
Quando a moagem terminou, ele colocou o pó na cafeteira e ficou na frente do balcão, com os braços cruzados. – Então?
– O que você fez, Joe?
– Em relação a quê?
– Não seja estúpido. Para Demi.
– Eu não fiz nada. Ela é a única que tem estado…
– Tem estado o quê?
– Tem estado o quê?
Ele deu de ombros, se virando para vigiar enquanto a cafeteira borbulhava.
– Calada. Ausente. Sei lá.
– Quer me contar por que vocês perderam a estreia do filme?
– Não.
– Não.
– Tudo bem. Café para viagem, então. Ah, e parabéns pelos 14 restantes, independentemente do quanto você envelhece. Excelente trabalho. Você deve estar muito orgulhoso.
– Do que você está falando? – Ele se virou de novo, de mau humor.
– Tudo bem, vamos lidar com as prioridades primeiro. Você acredita sinceramente que sua família precisa fazer propaganda em seus blogs para que Andrew vença esta eleição?
– Sim.
– Sim.
– Então seu ego passou oficialmente dos limites. A visita deles a você, Joseph, era a versão deles para uma oferta de paz.
– Como se eu fosse apoiar aquele idiota?
– Eles não estavam pedindo apoio. Você recebe dinheiro de publicidade de todos os tipos de lunáticos. Durante a campanha presidencial, você deu espaço aos dois partidos, que ficaram berrando uns com os outros constantemente. E sei que você não votou em ambos.
– Então você armou a vista dele. Diabo, eu te dei mais crédito do que era devido.
– O quê? – disse ela, dando dois passos em direção a ele.
– Você realmente disse a eles para se aproximarem de mim, não foi?
– Não. Eu não. Eu fiquei sabendo disso depois. Pelo tio Ford.
– Cristo. Esta família.
– Cristo. Esta família.
– É a sua família. – Ela tocou o braço dele. – Eu não sei o que aconteceu entre você e Demi, honestamente, mas sei que ela é diferente. E você… você não vai a seus correspondentes do blog. Eles vêm até você. Você não finge ter uma amante por tanto tempo. E você com certeza não se preocupa se um dos seus chamarizes está calado ou ausente.
Joe deu um passo para trás, se desvencilhando da mão de Becca. Ele pegou duas canecas e serviu café.
– Não é pessoal. Os números estão em alta. E têm estado desde a primeira noite. Suponho que eu deva lhe agradecer por isto.
– Não dou a mínima para seus números.
Ele bebericou um gole de café, o qual estava tão quente que lhe queimou o céu da boca.
– Isso é tudo que me interessa.
– Ah. Tá bom. – Rebecca pegou um dos agora famosos copos para viagem no armário e transferiu seu café, adicionando um pouco de leite antes de fechar com a tampa. – Não vai ser fácil voltar. Você vai ficar baqueado depois de Demi. Pelo menos, vamos esperar que sim. Acho que há um homem decente dentro de você, Joe. Conheço você há muito tempo para desistir da esperança.
– Quem morreu e transformou você no Yoda?
Ela sorriu.
Ela sorriu.
– Eu sou capaz de despejar verdades. Provavelmente porque já fiz de tudo, mas me transformei em uma monja. Mas sabe de uma coisa? Quando eu encontrar alguém que ache que vale a pena, lhe darei minha total permissão para não se preocupar com meus sentimentos e falarei as verdades. Entendeu? – Ela se pôs bem diante dele e o encarou. – Brigue por mim, Joe. Brigue sujo. Brigue pesado. Não me deixe estar certa quando preciso ser feliz. – Ela o beijou no rosto, pegou sua bebida e deixou parado ali, de meias.
Até o momento em que ele se lembrou da própria caneca, o café estava frio. Mas ele havia tomado uma decisão.
JOE TELEFONOU para Demi às 13h10 na segunda-feira. Ela atendeu após o segundo toque.
– Joe? O que houve?
– Joe? O que houve?
– Nada. Por quê?
– Você não está enviando torpedos.
– Ah – disse ele. – Não, está tudo bem. Como você está?
– Estou ótima. Ótima.
Ele fez uma careta. Dois “ótima” definitivamente significavam algo errado.
– Que bom. Porque, você sabe, temos a festa do perfume esta noite.
– Certo. Eu ia te mandar um torpedo. Que horas você quer que eu chegue a sua casa?
Ele girou a cadeira e olhou pela janela. A cidade inteira parecia cinza. Desanimada.
– Às 19h? Ou 18h, se você quiser comer. Nós não vamos ficar até tarde. É um lançamento de perfume. Prometi a um amigo, do contrário eu cancelaria. – Joe esperou que ela dissesse alguma coisa, e quando o silêncio se estendeu, ele já tinha um plano B pronto: – Você, por outro lado, não prometeu a ninguém. Esta noite não é grande coisa. Se quiser dispensar, tudo bem.
– Dispensar?
– Sim. Você teve uma semana ocupada, e festas às segundas à noite são sempre de segundo escalão. Vou criar alguma coisa boa sobre ela no blog, algo que vai fazer todo mundo ficar comentando. Se você quiser.
O silêncio foi quebrado pela respiração de Demi, e Joe tentou imaginar onde ela estava. Dentro de algum lugar, já que não havia nenhum som de tráfego. Em seu cubículo do escritório? Um restaurante? Ele se perguntou se ela estava usando uma fita no cabelo hoje, e desejava ter ido falar com ela pessoalmente. Apenas a voz dela não era suficiente.
– Isso seria ótimo – disse ela.
– Tudo bem então. Sem problemas. Descanse um pouco. Recupere o sono atrasado porque vai ter muita coisa para fazer a partir de terça-feira. – Ele fez uma careta, lembrando que na terça-feira à tarde ele tinha concordado em participar de um desfile para a caridade, mas isso não era problema de Demi. Ela estaria no trabalho.
– Tudo bem – disse ela com a voz muito baixa. – Vou descansar um pouco. Eu… obrigada, Joe. Mas se você mudar de ideia. Se você achar que seria melhor… para o blog, minha presença lá…
– Não. Há gente para me cobrir. Você vai poder ler tudo sobre isso no NNY de amanhã.
Demi suspirou. Parecia triste. Joe havia lhe dado muito no que pensar na noite anterior. Tudo bem, ele sentira saudade dela. Mas não havia nenhuma razão para pensar que aquele clima era outra coisa senão o que ela justificara, apesar do draminha de Rebecca. Demi estava longe de casa por conta própria. Ela era golpeada com momentos brutais e toneladas de pressão. O compromisso desta noite realmente era sem importância, e ao mesmo tempo que Joe preferia estar com Demi, ele também queria que ela levasse o tempo que precisasse para se recuperar. Ele gostava de vê-la feliz. Gostava de vê-la animada. Gostava dela.
ERAM 6H15 de segunda-feira e Demi estava em um elevador, e era bem possível que ela tivesse perdido a consciência entre o quinto e o sexto andar.
Ou talvez aquele lapso fosse resultado direto da noite não dormida. Ela tentara chá, ioga, meditação, esta última rende uma algazarra de risadas, um banho quente, leite quente. Em vez de dormir, ela ficou lendo o equivalente a um ano de conteúdo do Naked New York, todos os artigos que encontrou em uma pesquisa na internet sobre Joe e sobre todas as pessoas com quem ele já havia saído, começou um novo plano de cinco anos meia dúzia de vezes e, em geral, ficou enlouquecida. As coisas estavam uma bagunça no emprego. Se ela não fosse demitida esta semana, seria por pura intervenção divina, pois honrava seu salário. Independentemente do que acontecesse em seguida, aquilo ia mudar. Ela precisaria da BBDA mais do que nunca depois daquela visita imprudente.
Demi não tinha telefonado com antecedência. George, da recepção, não se preocupou em avisar Joe sobre a chegada dela, mas perguntou se ela estava se sentindo bem, porque não havia aparecido no domingo. George não trabalhava aos domingos. Então ficara sabendo através de outros funcionários da recepção que Demi tinha perdido uma noite com Joe. O que significava que não era só ela… todos pensavam que Joe e ela eram… algo que não eram. Ela não tinha certeza se isso a fazia sentir-se melhor ou pior.
Quando o elevador se aproximou do andar de Joe, Demi precisou lutar contra o pânico total, afinal… o que ela estava fazendo ali mesmo? Ela não fazia ideia do que ia dizer. Ela, sendo muito franca, não queria ir à festa do perfume. Demi nunca havia imaginado um mundo onde isso seria verdade.
De qualquer forma, não ir à festa era pior. Que Deus a ajudasse, ela sentia muita saudade dele. Sabendo tudo que sabia, Demi o desejava como um viciado deseja crack. A falta esta noite devia ter sido utilizada para recuperar as energias, reorientar os objetivos, fazer aquele novo plano de cinco anos. Ou dormir. Dormir teria sido bom.
O elevador parou de forma tão suave que Demi levou um segundo para notar que tinha chegado. No segundo que as portas se abriram, entrou em pânico e apertou o botão para descer. Duas vezes.
Quando as portas estavam prestes a fechar, ela esticou o braço. Eis ali um resumo da vida dela. Presa. Insegura. Com medo de encontrar o próprio olhar no espelho. Apavorada demais para andar para frente, sem vontade de voltar.
Ela não tinha um plano, e isso era a coisa mais assustadora de todas. Mas ela resolveu sair do elevador, pronta para enfrentar o que tinha se convencido a vir fazer.
Joe abriu a porta antes de Demi bater. Quando ele a viu, arregalou os belos olhos castanhos, e o sorriso foi tão reluzente e tão genuíno que algo dentro dela mudou para sempre.
– Demi – disse ele com aquela maldita voz característica.
– Oi.
– Eu pensei que…
– Eu sei. Eu não…
– Entre. A equipe não está aqui, mas podemos fazer isso. Podemos resolver isso. – Ele deu um passo para trás, com o olhar e o sorriso constantes e satisfeitos. – Eu estava pegando o jantar. Pizza. Queijo e champignon. Posso pedir outra coisa se você não gostar de pizza. Tem aquele lugar indiano do qual falei…
– Estou bem. Está tudo bem. Pizza é ótimo. – Eles entraram. Ela estava usando casaco. E um vestido de trabalho, botas, nada de especial, apenas roupas porque nunca imaginara que chegaria tão longe.
Ele estava de jeans. Uma camisa roxa escura com mangas arregaçadas. Meias, sem sapatos. O cabelo estava bagunçado, mas não do jeito legal de sempre. Um bom pedaço estava todo amassado e fez a garganta de Demi apertar e a deixou prestes a chorar, coisa que não fazia sentido algum.
Joe foi até ela, braços estendidos, enquanto ela se contorcia para se livrar do casaco, mas daí ele a abraçou, prendendo os braços dela junto às laterais do corpo. “Estranho”, não chegava nem perto de definir o que estava acontecendo dentro dela. As lágrimas estavam prestes a cair, e havia uma enxurrada de borboletas no estômago, junto a um rubor de proporções épicas e o cheiro da pele dele, tanto excitante quanto reconfortante.
Ela sentiu-se um pouco melhor quando o flagrou fungando em seu pescoço. Melhor ainda quando a rigidez dele e a respiração ofegante deixaram bem claro que ele sentia-se tão esquisito quanto ela.
Joe deu um passo para trás, e, ai, Deus, o rubor dele. Lindo. E horrível. Porque não era assim que ela queria que as coisas fossem. Não era. Como ela não era capaz de enfiar isso em sua cabecinha dura? Ela deixou o casaco cair. Era tudo que podia fazer para não cair junto.
JOE VIU Demi vacilando, e não tinha certeza se deveria agarrá-la ou o quê.
– É o seguinte – disse ela com a voz tão instável quanto as pernas.
Joe percebeu o quanto ela estava corada e tremendo, e ao passo que não estava usando nenhuma fita, Demi tinha um pregadorzinho de borboleta puxando uma mechinha do cabelo curto e escuro para trás.
– Eu sei não misturar as coisas. – Ela se inclinou um pouco para frente. – Trabalho, prazer. Esse tipo de coisa. Eu sei disso. Você não tem sido nada senão incrível, e mudou minha vida completamente. Meu plano de cinco anos? Foi adiantado para dois, talvez três agora, mas, na verdade, estou repensando a coisa toda, porque eu… isso… estou diferente. Porque você permitiu que eu escrevesse para você. Você me deu carta branca para o mundo com o qual eu tinha sonhado, e sonhos que se tornam realidade se transformam em algo mais. Não é ruim, só não é o que imaginei. Mas isso não é um problema.
Ela respirou fundo, e cara, ela precisava mesmo tomar fôlego porque praticamente dissera tudo em uma frase.
Joe a compreendia no entanto, apesar de estar completamente atraído pelos lábios rosados e pelo jeito que ela jogou a mão direita para o lado quando enfatizou alguma palavra. Ele sabia que ainda estava sorrindo. Pensou em parar. Não o fez.
– Então o problema não é você – disse ela . – É que eu quebrei a única regra. A regra mais importante. A regra que pode arruinar tudo. Eu não sabia que ia quebrá-la. Eu com certeza não planejava. Eu tinha feito uma promessa. Para mim mesma. Que eu não iria me envolver. Que eu não iria me permitir. Porque… minhas amigas? Todas as minhas colegas de quarto de faculdade e todas os minhas melhores amigas do colégio…? Todas se apaixonaram por um cara e em seguida os sonhos delas… enfraqueceram. E, sim, eu sei que uma coisa não precisa necessariamente levar à outra, mas eu me conheço, e sei como eu posso ser obsessiva, e isso é uma ótima característica quando estou trabalhando pelo meu futuro, mas não tão boa assim quando significa ser totalmente engolida pelo amor. Não é que eu não ache que o amor seja bom… porque é bom… é ótimo… mas meus objetivos… eles são importantes. Quero provar meu valor no mundo antes de sossegar. Olhe só para você! Você saiu e fez exatamente isso. Em nenhum minuto permitiu que nada nem ninguém entrasse em seu caminho e, uau, você conseguiu. Você é o homem mais bem-sucedido que conheço, e você não se tornou um filho da mãe por isso, e você tem moral, e tem sido tão bom para mim que eu nem mesmo…
Meu bom Deus. Joe piscou, e seu sorriso estava rachado. Não completamente, mas o suficiente. Amor? É mesmo? Amor?
Não. Não, não, não. Não era isso que estava acontecendo ali. Ele gostava dela. Muito. Mais do que da maioria das pessoas. Muito mais. O sexo com ela era fora de série, e por mais fantástico que fosse, passar tempo com ela era ainda melhor, mas amor?
Não mesmo. Não abertamente. Não estava aberto a discussões, então o que ela estava… Joe tinha certeza de que um coração não deveria bater tão depressa.
– Mas acho que isso é só por causa dela, você sabe, Cinderela e tal – disse ela com a voz um pouco mais lenta, os olhos não tão enérgicos. – Apesar de eu ter esperado esse tipo de final feliz. Isso é conversa de malucos. Quer dizer, você é Joe Winslow. Você é o garoto-propaganda dos solteiros. Eu sou o chamariz. Sério, eu tenho consciência de tudo isso. Está tudo bem comigo. Eu entrei nessa sabendo. Eu tinha tudo planejado, veja só, como guiar minha vida, esta parte da minha vida, e então fui e fiz algo estúpido. Não que eu esteja exatamente apaixonada, mas estou indo nessa direção, e se eu não tomar cuidado… – Ela engoliu em seco. – Isso não vai afetar você de jeito nenhum. E falo totalmente sério. Se isso fizer você se sentir desconfortável, bem, então…
Demi contraiu os lábios por um segundo quando um lampejo de dor cruzou seu rosto. Ou de confusão?
– Bem, então eu vou me retirar de cena. Tudo bem. Mas se você ainda estiver com índices favoráveis no blog, então vou honrar meu acordo. Eu vou ser o melhor chamariz que puder, e não vou constranger você, eu juro. Eu prometo. O problema é meu, não seu. Sério. É que você tem sido tão bom, e eu devia isso a você, dizer o que realmente estava acontecendo. Você realmente tem sido ótimo.
Estava levando um bom tempo para o cérebro de Joe absorver as palavras dela, e ele provavelmente perdera algum pedaço aqui ou ali. Estava achando que Demi havia falado que tinha se apaixonado? Por ele? Ou talvez que ela estava com medo de se apaixonar. Por ele. Mas ela não queria porque era contra as regras, e ele era um garoto-propaganda, e ela era um chamariz. Ou Cinderela.
Ele tinha certeza que Demi havia mencionado que o problema era dela, e não dele, mas podia haver uma discussão ali sobre a veracidade de tal declaração. Se pensasse bem no assunto, ele seria capaz de resolver isso, dar sentido ao que ela dissera, ou melhor, ainda estava dizendo.
– Você parece apavorado – disse ela. – Desculpe. Não fique. Eu não… eu não… eu não sou como uma fã louca ou uma maníaca perseguidora ou qualquer coisa assim.
Ela estremeceu, e Joe já tinha visto aquele olhar antes. Ele entendeu então aquele rosto contraído. Contraído e bonito, e, ai, droga.
– Hum – disse ela, em voz baixa. – Isso deve ter saído um pouco do controle.
Joe precisou pigarrear.
– Demi, talvez devêssemos comer alguma coisa. Você sabe, desacelerar. Conversar.
A batida à porta não foi percebida até Demi olhar além das costas de Joe. Mas que diabos? A equipe inteira tinha saído de férias ou coisa assim?
– Só um segundo – desculpou-se Joe, em seguida foi até a porta.
A porta foi aberta e lá estava Mia Cavendish, em um casaco de pele sintética imenso, cabelo e maquiagem perfeitos e um olhar de tal tédio que Joe pensou que ela poderia simplesmente derreter em uma poça no meio do átrio.
Mia olhou para Demi, em seguida para seu relógio de pulso, e depois para Joe.
– Cheguei cedo? Naomi disse para eu estar aqui no máximo às 18h30.
– Cheguei cedo? Naomi disse para eu estar aqui no máximo às 18h30.
FOI COMO ser esfaqueada no peito. Como um terremoto. Como um toque de despertar. Demi tentava se lembrar de como respirar enquanto rezava para a terra engoli-la inteira, para ter forças para mover seus malditos pés antes de o elevador retornar para o saguão. Ela era uma idiota. E uma mentirosa, uma mentirosa completa.
– Naomi – perguntou Joe. – O quê?
– Naomi – perguntou Joe. – O quê?
– Para a festa de hoje à noite – disse Mia enquanto caminhava pelo apartamento como se morasse lá. Ela sorriu para Demi, embora estivesse claro que ela não podia ser incomodada. – Acho que é isso que vou usar, mas vou dar uma olhada nas prateleiras – disse ela, deixando o casaco cair em uma poltrona. – Eu mataria por um pouco de champanhe. – Ela olhou para Demi novamente.
– Onde está Anna? Ah, ela provavelmente foi embora. Joe?
– Mia, quando você falou com Naomi?
– Esta tarde. Por volta de 13h30. Por quê?
Demi ficou ouvindo-os conversar, mas as vozes estavam abafadas. Ela precisava pegar o casaco. Vesti-lo. Ir embora. Agora.
Antes que Joe a notasse novamente.
No entanto, por que ele notaria? Uma das mulheres mais bonitas do mundo estava de pé a menos de dez centímetros de distância. Alta, esguia, o rosto incrivelmente lindo, ela era o tipo de mulher que deveria estar com Joe Winslow.
– Dê-nos um minuto, Mia. Há champanhe na geladeira.
A modelo não pareceu contente com isso, porém se afastou, confiante em suas botas insanamente altas.
Aquilo fez Demi se movimentar para ir embora. Ela flexionou o joelho, do jeitinho que sua mãe havia lhe ensinado, para pegar o casaco, cujo tato foi frio em seus braços, pesado sobre seus ombros, mas era grosso, e quando ela colocou os braços ao redor da cintura, soou como proteção.
– Eu tenho que ir – disse ela, olhando para qualquer lugar, menos para Joe.
Ele entrou na visão periférica de Demi e ela se afastou, o mais depressa possível.
– Sabe o que é engraçado? – questionou ela enquanto se afastava.
– Demi, espere.
– Demi, espere.
– Sabe o que é histericamente engraçado? Eu sou de Hicksville. Essa é a verdadeira cidade de onde vim. Hicksville, Ohio. Fui para o colégio Hicksville High, e nada no mundo jamais foi mais apropriado do que isso.
– O quê? – Joe piscou para ela, olhou para a cozinha, depois de volta para Demi. – Espere, isso tudo está indo muito rápido. Não vá embora. Está bem?
Ela balançou a cabeça.
– Você precisa se arrumar para a festa. Você fez uma promessa, e não pode deixar de comparecer aos compromissos. Eu já te tirei da sua rotina, e isso é ruim o suficiente, mas eles estão esperando por você. E Mia Cavendish! Isso vai impressionar algumas pessoas, não é? Espere até algum site de fofoca receber um carregamento de material de vocês dois juntos. As redes sociais vão enlouquecer.
Ela correu para longe dele, vacilante, assim como tinha feito na manhã seguinte à primeira vez deles.
– Por favor – disse Joe. – Eu não…
– Está tudo bem. Vamos decidir o que fazer depois. Eu realmente preciso… – E então ela saiu, apertando enlouquecidamente o maldito botão do elevador, e por que ele não podia morar no primeiro andar? Isso o teria matado? Se esse fosse o caso, ela já estaria num táxi.
O elevador apitou, e Demi nunca ficou tão grata em sua vida. Ela deu um passo para dentro assim que a porta se abriu, então Joe saiu.
Demi encontrou o botão para fechar as portas na primeira tentativa, e Joe não esticou o braço para segurar a porta. Por que deveria? Joe Winslow sabia exatamente qual era o lugar dela.
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Gente, quem tiver twitter me segue lá @SraCabeYo
E quem tiver snap tbm --> nathmallmann
Sigo todos de volta >.<
Cadê vocês comentando?
xoxo
Porra joe vai atras dela viado, to meio que surtando com esse capitulo kkk posta mais
ResponderExcluirNão acredito que ele vai deixar ela ir embora,.... pq ele não falou pra Mia que ja tinha acompangante? Vontade de matar esse Joe.... que ódio!!! Continua logo por favor!!!
ResponderExcluirMeu Deus posta logo menina, querida vc vai me matar de tanta ansiedade. Postaaaaaaaa.......
ResponderExcluirMas Joe mexe-te!!! Ele não pode deixar a Demi ir embora e ele muito menos pode ir ao evento com a Mia. Se ele for com a Mia então é o fim.....
ResponderExcluirPosta outro por favor, a história está demais :)
Como vc para agora? Estou passada com a atitude do Joe de deixa-la ir embora desse jeito. Sabe o que podia acontecer, outro homem interessado na Demi, quem sabe assim ele da um jeito de tomar uma atitude. Posta logo pfvr.
ResponderExcluirNanda
Adoro...continua
ResponderExcluirPoderias pedir á autora do blog eusonhocomjemi.blogspot.com para anexar o meu e-mail: danielapalves9@gmail.com por favor
Beijinhos