24.10.15

Minha Dupla Vida - Capitulo 6


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JOE NÃO sentiu nem um tiquinho de culpa por deixar Demi chocada.

Ela estava pálida e muda quando ele lhe entregou uma taça de champanhe e pegou a outra para si. Ele não tinha planejado revelar aquilo durante o almoço, nem sabia ao certo se ela era a dançarina que havia abordado no início da semana. Mas tinha um palpite forte, e aquilo parecia algo que precisava ser abordado antes de irem além. A reação dela acabou com as dúvidas dele.

– Como v-v-você sabia?

– Não tinha certeza até agora. – Ele chegou um pouco mais perto dela no cobertor. – Mas estava me incomodando para diabo o fato de estar tão atraído por aquela dançarina e por você ao mesmo tempo. Sou do tipo monogâmico.

Ele bateu a taça levemente na dela, o tilintar emitindo um sinal sonoro suave no calor tranquilo do meio-dia.

– O que você pensou quando viu a pluma na minha mesa? – perguntou ela entre golinhos de champanhe.

– Pensei que fosse uma coincidência, uma pegadinha cruel do universo, jogar uma peninha branca no meu caminho logo depois que deixei uma mulher linda coberta de plumagens escapar. – Ele arrumou um prato e o entregou a ela, que parecia tensa e preocupada.

Não era exatamente o estado de espírito que Joe estava querendo.

– Mas então, quando você viu minha foto no estúdio de dança, você soube? – Distraída, ela pegou uma uva e Joe ficou aliviado ao vê-la relaxar só um pouquinho.

Ele apostava que Demi precisava relaxar muito mais na vida. E estava bem certo de que ela havia encontrado tal relaxamento no palco. Ele ficou fascinado pela forma como ela se abria ao mundo quando estava dançando. Com o quão confiante se mostrara.

– Não. Como disse, não tinha certeza de que era você até agora. Mas quando vi a foto em seu escritório, quis saber mais sobre um lugar chamado Naughty by Night.

– Ai, não. – Ela pousou o prato no cobertor. – Você não fez isso.

– Telefonei e pedi para falar com Natalie. – Ele adivinhou que o “Night” no nome do estúdio não era acidental. – Eles disseram que ela havia deslocado o tornozelo há duas noites e que estava se recuperando em casa. Quando fiz as contas, soube que não poderia ser ela no Backstage.

– Minha empresa vai me demitir. – Demi balançou a cabeça, o cabelo longo escuro caindo nos olhos, mas escondendo pouco de sua angústia. – Se eles descobrirem…

Demi fez um gesto impotente e Joe pegou a mão dela.

– Eles não vão descobrir, não por mim.

– Mesmo? – O olhar semicerrado demonstrava que ela não confiava muito naquilo.

– Não vai melhorar em nada minha reputação sair com dançarinas exóticas quando ainda estou representando clientes menores de idade. – Seria esquisito, para dizer o mínimo.

Além disso, Joe não queria dar ao pai a satisfação de superá-lo no quesito credibilidade. Não depois de todos os truques questionáveis que o velho Fraser usara para enganar e manipular no ramo.

– Então você vai guardar o segredo. – Ela parecia estar sopesando a sinceridade dele, os olhos cinzentos buscando os dele.

Havia algo na hesitação de Demi que a tornava irresistível. Talvez fosse porque tantas mulheres que Joe conhecera tivessem sido inflexivelmente confiantes e ousadas em suas decisões. Elas precisavam ser assim para sobreviver no ramo cinematográfico. Demi, por outro lado, parecia pensar em tudo com cautela.

No entanto, ele tinha a sensação de que qualquer um que conseguisse passar pelo escrutínio dela seria um homem de sorte, muita sorte.

– Gostaria de guardar mais segredos para você. – Ele deixou a taça de lado e empurrou os pratos para o outro lado do cobertor.

Ela olhou para o galho de árvore mais próximo através da franja e, em seguida, virou-se para olhar para o campo de polo atrás de si, perto do estacionamento. Joe já sabia que estava vazio.

– Gostaria de um exemplo. – Ela enganchou um dedo na longa corrente dourada ao redor do pescoço e ficou remexendo em um pingente em formato de folha.

– Um exemplo? – Ele ficaria hipnotizado se continuasse a observar o movimento do pingente, já que o gesto chamava a atenção para os seios bem moldados sob a camisa branca lisa.

– Que tipo de segredo você é capaz de guardar? – incitou ela, inconsciente de que o fluxo sanguíneo havia reduzido no cérebro de Joe.

Ele segurou a mão dela, interrompendo a brincadeira tensa com a bijuteria. Os olhos cinzentos arregalaram com o toque. Ele sorveu o momento e a mulher, inalando o cheiro mais sutil do perfume suave.

– Esse tipo. – Ele cobriu os lábios dela antes que Demi pudesse surgir com qualquer manobra para atrasá-lo.

No entanto não a beijou. Ainda não. Nesse momento, simplesmente roçou a boca na dela. Suavemente. A pulsação de Demi ia à loucura sob a mão de Joe, e a noção de que a havia excitado tão facilmente também fez o ritmo cardíaco dele acelerar.

Só então ele aumentou a pressão e provou um bom pedaço. Os lábios dela eram macios, quentes e maleáveis, se entreabrindo levemente para acomodá-lo. Antes de ir além, ele captou a plenitude do lábio inferior dela entre os dentes, sugando delicadamente. Demi tinha gosto de morangos.

Melhor ainda, ela ronronava de prazer diante daquele pequeno contato, o corpo inteiro relaxando sob o toque dele.

Joe foi tomado pelo calor, que não tinha absolutamente nada a ver com a umidade do meio-dia. Demi causava um efeito forte, diferente nele, como um uísque 30 anos que ele nunca havia experimentado. E uma dose tripla não seria suficiente.

Ele disse a si para ir devagar. Sedução, certo? Esse era o foco. No entanto, o suspiro suave e arfante que Demi soltou o afetou profundamente, e Joe se flagrou buscando-a, puxando-a para mais perto, a mão no cóccix dela.

– Espere. – Ela pôs a mão no peito dele, os dedos frios e esguios deslizando sobre a blusa com uma pressão suave. – O que estamos fazendo?

Relaxando o toque, Joe espalmou a mão nas costas dela, porém não foi capaz de soltá-la totalmente.

– O que queria fazer desde que vi você pela primeira vez na frente da sala de reuniões da Sphere. – Ele se lembrou do cabelo caindo sobre os olhos, das longas franjas escondendo muita coisa sob ela. – Pegando uma provinha.

– Você é um Fraser. – Ela franziu o cenho para aquelas palavras, mas, felizmente, não se afastou.

Ele quase podia ver a mente ágil de Demi ponderando as implicações.

– Não posso fazer nada em relação a isso. – Ele começou a respirar mais devagar, mantendo a voz estável. Não era uma tarefa fácil.

Diabos, a lembrança dela usando tecido translúcido e plumagens, rastejando em direção a ele, de quatro, queimava em seu cérebro como um laser. Por mais que ele tivesse revisitado aquele momento em suas fantasias, à noite, não estava em posição de lidar com isso ali. Agora.

– Por que f-f-faria… – Ela parou, e ele ficou tenso. – Vocês. São. Famosos. – As palavras dela vieram entrecortadas.

Impacientes, quase. – Somos de círculos muito diferentes.

Ele estava fascinado com os lábios e o modo como ela formava as palavras. Deliberada. Pensativa. Muito diferente da maneira que a maioria das pessoas na cidade costumava falar. Seu pai, por exemplo, era capaz de vomitar uma mentira atrás da outra, sem pensar duas vezes.

– Isso não importa para mim. – Ele resolveu imitar o estilo dela e revisou aquela declaração depois de pensar um pouco mais nas próprias palavras. – Não. Isso não é verdade. Acho que é um bônus você não ter vínculos na indústria cinematográfica.

Estou tão cansado de fofocas e desse mundinho limitado.

Ela assentiu.

– E você consegue guardar segredos?

– Como ninguém.

Joe se preparou para mais perguntas quando algumas nuvens de tempestade se posicionaram acima deles. Em vez de interrogá-lo, no entanto, Demi torceu os dedos em sua camiseta e o puxou para mais perto, arqueando em direção a ele. – Nesse caso, que tal mais um beijo?

PROVAVELMENTE EU estava canalizando a dançarina dentro de mim. Porque adentrei outro reino quando Joe me beijou. As inibições caíram por terra. A insegurança contra a qual tinha lutado durante toda a minha vida foi banida para o século seguinte.

Sentia-me linda. Poderosa.

E muito sensual.

Eu queimava de dentro para fora enquanto a mão de Joe percorria minhas costas. Minha cabeça girava como se eu tivesse bebido bem mais do que três goles de champanhe. Graças a Deus aquele era um parque público. Embora se assemelhasse à Terra de Ninguém agora, um guarda do parque poderia chegar a qualquer momento. Isso ajudaria a manter minhas roupas no lugar.

Pelo menos, eu achava que ajudaria. Não havia como dizer o que a combustão espontânea era capaz de fazer.

Eu queria poder gravar aquele momento para sempre e reprisá-lo como um filme. Eu o dividiria quadro a quadro e repassaria cada um deles. Em algumas vezes, me concentraria no toque dele e onde as mãos aqueciam meu corpo. Em outras, me concentraria no beijo e na dinâmica dos lábios dele sobre os meus.

Na atual circunstância, só tinha o agora, e meus sentidos estavam tão sobrecarregados que eu estava uma pilha de nervos, formigando. Até mesmo minhas mãos zuniam com uma carga quase elétrica. E, no entanto, ele só se concentrava em minha boca, tratando-a com o cuidado mais requintado.

Joe beijava como um deus. Não era muito bruto. Não muito delicado. Apenas maravilhosamente direto. Caí para trás com o beijo, derretendo no cobertor, molenga por causa daquela degustação erótica.

Gentilmente, ele segurou minha nuca antes de minha cabeça tocar o algodão acolchoado do cobertor. Melhor ainda, o corpo dele acompanhou o meu, de modo que agora eu sentia a pressão sutil de seu peito contra meus seios, o peso quente de uma coxa prendendo a minha. A brisa refrescante flutuava por entre as árvores e sacudia as folhas, o restante do mundo em silêncio, exceto por um estrondo de um trovão lento a distância e por nossas respirações ofegantes. Nunca me esqueceria daquele momento e da magia que Joe causava em mim. Disse que não ficaria nua? Já estava repensando isso quando ele dobrou um joelho, a coxa cada vez mais entre minhas pernas. Siiiim.

Não tinha dito a palavra em voz alta, mas com certeza a expressei com todo meu corpo. Minhas pernas se entreabriram mais. Meus braços envolveram o pescoço de Joe.

O sexo pairava no ambiente, e ainda não tínhamos tirado nenhuma roupa.

– Venha para casa comigo. – Joe sussurrou as palavras ao meu ouvido, a ideia se enxertando em minha consciência tão engenhosamente que era como se eu mesma tivesse pensado nisso. Vá para casa com Joe.

Aquela ideia era louca, e ainda assim cativante. Se ele fosse mesmo capaz de guardar aquele segredo… será que eu iria correr o risco? Novos riscos tinham ficado mais atraentes desde minha dança no Backstage. E se eu estivesse entrando em algum tipo de golpe de sorte, no qual as coisas davam certo para mim? Então, mais uma vez, talvez eu simplesmente fosse perder meu coração para ele e terminar mal. Quanto mais o conhecia, mais gostava dele. E isso tornava o fato de estar com ele muito mais arriscado do que um encontro sexual anônimo, como aquele do qual poderia ter desfrutado com ele no Backstage naquela primeira noite.

Mais um trovão ressoou e a brisa ficou fria de repente, então Joe rolou, saindo de cima de mim.

– É melhor embalarmos as coisas – disse, olhando para o céu, que estava ficando mais escuro a cada segundo.

Peguei a garrafa de champanhe e as taças quando os primeiros pingos de chuva densos nos atingiram. Dando um gritinho por causa do frio que senti, o ajudei com o cobertor e saí correndo para o carro enquanto o céu se abria.

Em segundos, a chuva se transformou em dilúvio. Joe colocou a bolsa com a comida sobre o ombro e estendeu a manta acima de nossas cabeças, mas já era tarde demais. Nossas camisas estavam encharcadas. Meu cabelo estava grudado na cabeça. Eu provavelmente tinha linhas de rímel escorrendo pelo rosto, como uma espécie de palhaço gótico.

Quando um trovão soou alto, levei um susto imenso e agarrei o ombro de Joe. Ele me enfiou debaixo de seu braço e puxou mais o cobertor. Senti o calor de seu peito através da camisa encharcada e desejei poder ficar na chuva para sempre.

Como tive a sorte de aquele homem me notar?

Quando ele apertou o controle remoto para destravar o carro, tomei uma decisão. Poderia nunca mais ter uma chance como aquela e me arrependeria para sempre se não saboreasse o momento. Eu me preocuparia com meu coração mais tarde. E nesse meio tempo, simplesmente iria zelar por ele com cuidado extra.

– Vamos para sua casa – falei enquanto o cobertor ainda nos cobria. Mesmo com a chuva torrencial barulhenta, minhas palavras ditas suavemente ecoaram no espaço fechado.

Minha solicitação foi compreendida.

Ele fez uma pausa perto do veículo, ficando de pé em silêncio ao meu lado na chuva por um instante antes de se virar para olhar para mim. Seus olhos castanhos estavam ainda mais escuros do que o normal, uma intensidade cálida que eu não tinha visto brilhando ali. Nem mesmo quando dancei seminua no poste para entretê-lo.

– Obrigado. – Ele me beijou… um encontro breve e rijo de bocas que pareceu selar o acordo. – Você não vai se arrepender.

Essa última parte foi um sussurro ao meu ouvido antes de ele se afastar. Arrepios percorriam minha espinha e meus mamilos enrijeciam sob a camisa. E não tinha nada a ver com a chuva.

Agora, só queria saber o quão rápido o carro dele poderia ser.

RIMOS MUITO no trajeto até a casa de Joe. Isso foi uma surpresa divertida, já que eu ainda estava um pouco tensa por ir com ele, mas terminamos nosso piquenique no carro, comigo lhe dando comida na boca enquanto ele dirigia. Houve momentos sensuais, quando ele mordiscou meu dedo ou chupou um pouco mais do que o necessário. Mas também me diverti muito em outro sentido, não sexual, e me perguntei como aquilo ao menos era possível.

De alguma forma, Joe me deixou mais confortável do que jamais estivera com um cara.

– Você mora em Brentwood? – De repente percebi nosso paradeiro, mesmo com a visibilidade limitada pela chuva.

– Na região de Mandeville Canyon. – Ele reduziu quando entramos em uma rua residencial. – Não é tão chique quanto a propriedade do meu pai, mas gosto daqui.

Coloquei os restos de comida de volta na bolsa e verifiquei novamente a rolha na garrafa de champanhe. Sim, tecnicamente estávamos errados, pois Joe bebera e estava dirigindo. Mas como poderíamos desperdiçar aquele champanhe caro? Talvez Joe pudesse bancar esse tipo de coisa, mas eu odiava a ideia de desperdício.

– Já vi fotos da casa em que você cresceu. – Havia um exemplar da revista Architectural Digest no escritório com uma reportagem a respeito. Fiquei novamente impressionada pelas enormes diferenças de nossas origens. Até mesmo por nossos estilos de vida atuais. – Na praia de Malibu, certo?

– Sim. – Com a testa franzida, ele tamborilava no volante, os ombros tensos. Seu bom humor pareceu desaparecer à menção do pai.

Então prontamente redirecionei a conversa.

– Eu moro em Mar Vista. – E tinha sorte por viver lá, mesmo com minha casa sendo antiga. – É a casa do meu pai, mas estou comprando-a dele por um preço ridiculamente baixo. Acho que ele quer que a casa compense o fato de ele ter caído fora durante minha infância.

Deixando-me a sós com minha mãe perfeccionista e supercrítica. Muitas vezes me perguntava como ele vislumbrara uma criança como eu lidando com ela, quando meu pai, um homem adulto, morria de medo dela também.

Joe lançou um olhar de soslaio para mim enquanto entrava em uma propriedade particular que ficava longe da estrada. A hera cobria as paredes de pedra cinzenta de uma casa, algo que parecia ter saído de um livro inglês de jardinagem. Os arbustos e o paisagismo escondiam parcialmente uma fachada romântica e encantadora, bem diferente do que eu esperava do homem hipermásculo no banco do motorista.

– Minha mãe fez o mesmo. – Joe apertou um botão no painel e a porta da garagem de madeira polida se abriu. – Acho que ela estava tão cansada de brigar com meu velho sobre o casamento que se cansou quando chegou a hora de resolver a custódia dos filhos. Então ficamos presos com meu pai.

– Ela era jovem, certo? – Lembrei-me de fotos da mãe dele, a atriz que o pai dele supostamente seduzira quando ela ainda era adolescente. – Talvez ela tenha achado que seu pai fosse proporcionar uma vida melhor para vocês.

Entramos na garagem escura e a porta abaixou silenciosamente atrás de nós. De repente fiquei muito consciente de Joe e do que eu tinha acordado ao pedir para ir para casa com ele. Meus batimentos cardíacos aceleraram.

– É difícil perdoar um pai que só põe você para baixo, não é? – Ele desligou a ignição e se virou para mim, me oferecendo total atenção.

Era uma coisa inebriante.

Dei de ombros.

– Tendo lidado com a minha mãe, não posso culpar meu pai completamente.

– Isso é realmente… – Ele olhou para o nada por um minuto, como se estivesse procurando a palavra certa. – Altruísta. Um jeito muito altruísta de enxergar a situação.

A tepidez no olhar escuro de Joe era quase uma carícia, e eu estava tentada a me inclinar para ele. Aninhar-me nele. Sabia que as coisas estavam indo muito depressa, mas não ligava. Ninguém nunca tinha prestado atenção em mim do jeito que Joe fizera. Ninguém nunca tinha olhado para mim com aquele calor predatório que me fazia contrair os dedinhos dos pés.

– N-n-não sei nada sobre isso. – Ai, Deus. Quem diria que eu iria gaguejar por estar excitada? Respirei fundo e tentei manter a calma. – Tentei ser amarga sobre toda a situação no começo. – Sentia como se devesse confessar a verdade. – Mas era muito cansativo e improdutivo.

– Demi. – Joe cobriu minha mão com a dele. – Não quero que você fique tensa. – Ele se referia à minha gagueira. Ele me ouviu tropeçando nas palavras e interpretou como nervosismo. Eu não tinha certeza do que dizer. – Se você tem qualquer dúvida…

– Não tenho. – Fui enfática desse jeito mesmo. Apertei a mão dele. – Não estou tensa.

Ele não fez menção de entrar. Ou de me perguntar sobre meus problemas de fala. Naquele silêncio breve e constrangedor que se seguiu, mordi meu lábio. Então deixei a verdade escapar:

– Tenho problemas de fala. Um distúrbio. – Nunca tinha certeza de como rotular minha condição de uma forma que fizesse as pessoas entenderem. Eu odiava a palavra “gagueira”. – Chama-se disfemia. É uma espécie de defluência na fala – esclareci.

Então, quando percebi que estava balbuciando, acrescentei: – Um problema com meus articuladores do aparelho fonador.

– Ah. – Ele assentiu, tentando absorver a coisa toda. – Eu não tinha a intenção de ser bisbil…

– Não. – Balancei a cabeça. – Você foi muito legal. Normalmente a coisa se intensifica quando estou nervosa ou emocionada, mas agora, sinceramente, não estou tensa.

– Tudo bem. – Ele estendeu a mão para segurar meu queixo. – Isso é bom.

– Na verdade, isso me causa problemas intermináveis, até mesmo agora, muito tempo depois de eu ter feito uma extensa terapia da fala.

Ele deu um sorriso torto.

– Estou feliz porque você não está tensa.

– Ah. – Fiquei um pouco tonta agora que ele de fato estava me tocando. Minha pele zunia com nova sensibilidade. – Eu sou um pouco… inquieta. Ansiosa, acho.

O sorriso malicioso que ele exibiu mostrou uma fileira de dentes brancos e perfeitos. Gostei de fazê-lo sorrir daquele jeito. Fez minha temperatura subir e minha respiração acelerar.

– Eu também. – Ele se inclinou para mais perto, o hálito quente em meus lábios quando seu nariz roçou o meu. – Que tal entrarmos?

Olhei em volta do banco da frente, lembrando como tinha imaginado nós dois juntos ali. Tinha inventado fantasias elaboradas depois que saí do Backstage, imaginando o que poderia ter acontecido caso tivesse encontrado Joe no estacionamento naquela noite. Minhas pernas montadas nas coxas dele. O assento reclinado para nos acomodar.

Será que era bobagem da minha parte ainda estar pensando nisso?

– Que tal um beijo primeiro? – Eu me transformava em uma mulher diferente com Joe. Mais ousada. Mais sexy.

E muito excitada.

Ele balançou a cabeça lentamente, o polegar roçando meu queixo em um golpe suave.

– Assim que começar a beijar você, Demi, não acho que eu vá ser capaz de parar.

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Gente os comentários de vocês são um máximo.
Não me matem por parar justo agora
xoxo

4 comentários:

  1. Meu deus eles já estão a pegar fogo (mesmo depois de terem levado uma molha)...
    Ai ai o próximo capítulo vai ser demais, nem sei bem se eles vão conseguir chegar à cama do Joe hehe
    Faz maratona, please :)

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  2. Puta que pariu você é muito má por parar aí, quero saber como vai ser, demi a devassa kkkkkkkk, To feliz que ele é tão fofo com ela e não se importa que ela seja diferente dele,que não use roupa da moda e tals, só posso dizer que To apaixonada,posta mais hoje, para quando chegar do enem eu me acalmar com a sua fic rsrs

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  3. por que vc parou ai??? quero maiiis....
    to amando essa fic...
    Posta mais!!!

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  4. Ahhhhh quando aparece por aqui outro capítulo???? Esta espera é terrível... :)

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