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MEU CELULAR tilintou com um torpedo assim que saí. Tirando-o da bolsa, li a mensagem de Joe: A limusine está estacionada atrás do estúdio de dança.
Embora estivesse tentada a correr pela rua, estava plenamente consciente do traje que usava. Sete véus de seda amarrados em uma infinidade de lugares estratégicos requeriam elegância. Graça. Faziam-me sentir bonita.
Enquanto seguia pela noite enevoada, passado por uma loja de rosquinhas e por um mercado de comida asiática, ainda não conseguia acreditar que estava tendo um caso secreto com o agente de talentos mais sexy e controverso de Los Angeles. Ou que ele parecia perfeitamente disposto a guardar meu segredo da minha empresa. Claro, sabia que isso por si só não protegia meu emprego. Precisava me certificar de que ninguém nos veria juntos. E isso podia ser difícil, porque Joe era um favorito dos fotógrafos. Ele aparecia nas revistas e na internet. Seu nome surgia nos blogs de fofoca, não só porque ele passara a ser um dos solteiros mais cobiçados da cidade, mas também por causa de sua família famosa.
Joe supôs que alugar um carro para nós esta noite seria menos óbvio do que pegar o utilitário, que poderia ser reconhecido por alguns paparazzi persistentes. Tinha-lhe dito que não me importava em dirigir até a casa dele, mas descobri que ele era meio antiquado em relação a essa inversão de papéis.
Quando virei a esquina atrás do restaurante asiático, vi um par de faróis acesos do outro lado da rua. Tinha de ser ele. Lutando contra o impulso de andar mais depressa, me movimentei com toda a dignidade que fui capaz de reunir para que meu véu externo, vermelho, comprido até o chão e que me fazia parecer uma indiana elegante, não voasse e revelasse os segredos por baixo.
Isso seria para mais tarde.
No silêncio de uma rua cercada por um armazém fechado, ouvi o barulhinho elétrico suave de uma janela do carro sendo abaixada.
– Desculpe-me, senhorita? – O rosto de Joe ficou subitamente visível na parte de trás da limusine preta. Seu olhar correu vagarosamente sobre minha roupa. – Estou à procura de uma morena quente que acabou de sair de uma aula de dança por aqui. Você a viu?
Meu véu cobria minha cabeça, mas Joe sabia exatamente que era eu. Olhei em volta para me certificar de que ninguém estava por perto enquanto atravessava a rua.
– Não. – Eu rebolava sugestivamente enquanto diminuía a distância até chegar ao carro. – Mas se você está querendo uma dança, posso ajudar.
Um carro virou a esquina em nossa direção, me capturando nos faróis por um instante. Joe saiu do carro rapidamente, me puxando para dentro antes que o veículo nos seguisse, aí fechou a porta atrás de nós.
– Não há muito espaço para dançar aqui – admitiu ele, os olhos errantes no véu vermelho. Dava para notar que estava à procura de um jeito de entrar debaixo dele.
Joe estava fantástico de terno escuro e camisa branca sem gravata. O cabelo estava um pouco arrepiado na frente, como se ele tivesse passado a mão ali vezes demais durante o dia. Eu sentia o cheiro sutil da loção pós-barba, agora que estava sentada perto dele, e pensei em como seria bom beijar seu pescoço e ir descendo até o ponto onde o botão do colarinho estava aberto.
Uma onda de deliciosa de expectativa percorreu meu corpo e eu já estava ficando louca por ele.
– Talvez não seja o tipo de dança que sua namorada faz – provoquei, olhando-o de soslaio. – Mas conheço outras danças eróticas que eles não ensinam em qualquer estúdio.
Talvez fosse efeito de todos os véus que estava usando, mas me sentia como uma espécie de gênio libertada da garrafa. Acho que de modo nenhum voltaria aos confins da minha existência anterior. Eu tinha virado uma sem-vergonha. – É mesmo? – Joe tentou parecer duvidoso, mas notei o brilho do interesse masculino indisfarçável em seus olhos. As pupilas dilatadas. As narinas idem.
Meus batimentos cardíacos aceleraram em reação. Pensei nas coisas que ele tinha feito comigo na última vez que estivemos juntos. A maneira como fez eu me sentir. Meu Deus. Nunca tinha tido orgasmos assim. Nunca. Só de pensar na boca de Joe em mim minha pele formigava.
Não tínhamos nem nos afastado do meio-fio ainda, mas com as janelas escuras e a partição entre nós e o motorista fechadas, isso pouco importava.
– Com certeza. – Escorreguei a mão para debaixo do paletó dele para sentir a força quente de seu peitoral através do algodão fino da camisa. – O segredo é o movimento dos quadris. Gostaria de uma demonstração?
– Senti saudades – disse ele, sério de repente.
Fiquei surpresa e fui pega um pouco desprevenida. Talvez fosse mais fácil, para mim, lidar com um figurão de Hollywood se assumisse um personagem, emprestasse um pouco da minha atitude “Natalie”. Meu lado sombrio secreto. Minha vida dupla.
– Não ligo para o jantar. – A fome que sentia era por coisas que só poderiam ser fornecidas por aquele homem. Em particular. – Podemos ir direto para minha casa e readaptar os planos. – Sussurrei as palavras contra o pescoço dele, beijando a mandíbula e saboreando o restolho áspero da barba por fazer.
Queria sentir aquela abrasividade em todo meu corpo.
– Não. – Ele balançou a cabeça, a determinação intensa quando bateu no teto da limusine e o carro entrou em marcha. – Preciso alimentar você primeiro.
E lá estava ele, todo primitivo novamente. Mas estaria mentindo se dissesse que não gostei. Na última vez que ele havia me alimentado em nosso piquenique, eu nem comi muito, mas me diverti bastante.
– Claro. – Já era tarde, mas eu havia ficado animada demais com aquele encontro para conseguir comer qualquer coisa, então estava com um pouco de fome agora. Tracei um círculo cheio provocação na pele dele, em torno de um mamilo masculino. – Vou querer o que você quiser servir.
– Não se preocupe – resmungou ele ao meu ouvido, acariciando meu pescoço até o véu cair de lado. Estremeci um pouco. – Vamos comer em um local particular. Você vai poder dançar o quanto quiser.
– Sério? – Não conseguia me imaginar dançando em um restaurante, mas sabia que havia salas VIP para clientes especiais.
– Sério. Contratei os serviços de um bufê, mas disse à equipe de garçons que iríamos nos servir sozinhos.
– Ah. – Tentei imaginar aquilo. Será que ele se referia à própria casa?
– Além disso… – Ele fez uma pausa para mordiscar minha orelha e depois lambeu o lugar onde seus dentes tinham roçado. – Você vai precisar estar bem forte para aguentar o que tenho em mente.
O prazer tropeçava em minha pele em uma corrida cálida. Eu debatia internamente se deveria tirar os véus ali mesmo e subir no colo dele, mas não podia deixar que ele me convencesse a tirar minha roupa toda vez que o visse. Joe merecia o espetáculo que eu tinha em mente.
– Ainda bem que tomei minha vitamina esta manhã. – Minha mente deu início a uma pequena jornada só de pensar no que poderia acontecer entre nós esta noite.
Conforme saíamos do centro da cidade para Pacific Palisades, eu amolecia no assento de couro enquanto Joe acariciava por baixo da primeira camada de meus véus. Explorando.
Minha pele formigava com o toque, meu corpo tão pronto para o dele.
Por baixo das camadas, eu usava as roupas íntimas mais diminutas já imaginadas. O pedaço de renda que fazia as vezes de sutiã já estava arranhando minha pele no ponto onde os seios se inflavam com interesse ao toque de Joe.
– Como está sua resistência? – Ele levantou a cabeça, soando todo profissional, embora as pálpebras estivessem pesadas de excitação. A voz rouca de desejo.
– Muito boa, já que comecei a dançar regularmente. – Eu não conseguia resistir a tocá-lo. Passeios de carro em Los Angeles podiam ser longos. – E a sua?
– Vou ser honesto com você. Estou em uma missão. – Joe agarrou meu pulso delicadamente, me impedindo de ir muito além em sua coxa.
– E que missão é esta? – Não me importava em ser contida por aquele homem. Nem um pouquinho. Na verdade, era capaz de imaginar alguns cenários nos quais ficar presa debaixo do corpo poderoso dele seria capaz de me virar do avesso.
Era assustador o quanto confiava em Joe, mas realmente gostava do jeito como ele me tratava.
– Não tenho certeza se eu deveria revelar meu plano final. – Ele arqueou uma sobrancelha, me provocando. – Envolve muito sexo? – perguntei, incapaz de me conter.
– Envolve.
Eu me contorci no banco.
– Conte – incitei, minha coxa roçando a dele. – Por favor.
Ele esfregou o polegar levemente em meu pulso, onde ainda me segurava. Era minha imaginação ou minha pulsação tinha acelerado só porque ele acariciara aquela veia com um toque lento, deliberado?
– Vou transformar você em uma dependente sexual – revelou. – De mim.
Sabia que ele estava brincando, mas mesmo assim aquilo enviou um lampejo de emoção até meus dedos dos pés. Na verdade, foi diretamente para outros lugares primeiro.
– Eu não fazia ideia de que tal coisa fosse possível. – Minha garganta secou com aquela conversa. Minhas coxas… isso era outra história.
Mudei de posição, querendo contato com Joe.
Ele soltou meu pulso para poder me abraçar. Um braço em torno da minha cintura e outro sob os joelhos. Ele me puxou para seu colo, e me deitei transversalmente ali, um seio aninhado contra o peito rijo e plano. Joe era todo rijo, na verdade. Fiquei sem fôlego.
– Asseguro-lhe, é muito possível. – Ele subiu a mão que estava na cintura para poder abarcar um seio. Ali, repetiu no meu pulso a mesma carícia que havia feito com o polegar um minuto atrás. Foi ainda mais potente.
Um gemido me escapou, mas antes que tivesse a chance de pensar nisso, Joe me beijou. Foi lento, metódico, perfeito. No momento em que parou, percebi que o carro havia parado também. Eu mal conseguia enxergar direito e me perguntava como seria capaz de sair do carro para jantar.
– Então, enquanto estiver me tornando sexualmente dependente de você, como é que vai ter certeza de que não… – Qual era a palavra para isso? – Como é que você vai ter certeza de que não vai se tornar sexualmente dependente de mim durante o processo?
Era uma pergunta ridícula, mesmo para a conversa descontroladamente cheia de flertes que estávamos tendo, mas eu precisava perguntar. Só para ver o que ele iria responder.
– Esse é um problema que ainda estou resolvendo – admitiu Joe quando me colocou de volta no banco para que pudesse abrir a porta para nós.
Mesmo em meio àquela névoa sensual, eu sentia um calor feliz no estômago, completamente desconectado do sexo. Era o sentimento de uma adolescente. Essa alegria quente e boba que preenche e faz querer dançar. Ele gostava de mim.
JOE NÃO poderia ter roteirizado uma noite mais perfeita para levar Demi até ali.
Eles sentaram-se no pátio de pedra atrás da casa vazia da mãe dele, um ambiente ultramoderno com vista para a costa íngreme de Palisades. A mãe dele raramente visitava o lugar, mas mantinha a propriedade para usar como base quando ia para os Estados Unidos. Joe e seus irmãos tinham as chaves, mas eles avisavam uns aos outros quando precisavam do lugar. Joe tinha reservado o local hoje para ficar com Demi.
O nevoeiro tinha se levantado o suficiente para que pudessem ver a garganta abaixo, e a vista não decepcionava. A empresa que providenciara o bufê tinha acendido a lareira ao ar livre, e seu calor mantinha o frio da noite na baía. Velas foram acesas em luminárias de vidro na mesa. Havia mais velas penduradas em lampiões no caramanchão acima deles. As carnes e os acompanhamentos tinham sido colocados na estufa quando eles chegaram. Tudo que Joe precisava fazer era levar os pratos para fora e servir as bebidas.
Agora, enquanto terminavam de beber um vinho gelado canadense que Damian, irmão de Joe, tinha recomendado para acompanhar a torta de chocolate com morangos, Joe observava Demi do outro lado da mesa de pedras embutida.
– Isso é incrível. – Ela ergueu a taça em direção à vista e à casa.
– Meu pai deu esta casa para minha mãe como um presente de despedida, quando ela se divorciou dele. – Um dos gestos mais elegantes de Thomas.
– A maioria dos casais não tenta tomar as coisas um do outro no acordo de divórcio?
– Acho que meu pai estava feliz por ela não ter tentado ficar com a custódia das crianças. Ele a havia traído, e ela soube, toda a cidade soube, então acho que ele queria conservar a cordialidade dela. – No entanto, isso não era completamente verídico. – Na verdade, acho que minha mãe foi o amor da vida do meu pai. Só que ele simplesmente não estava pronto para sossegar.
– Seu pai parece ser um homem interessante – observou Demi, pegando o guardanapo no colo para limpar os cantos da boca. Suas maneiras eram elegantes e de bom gosto.
– Interessante? – Ele meneou a cabeça. – Vou conceder esse elogio a ele, acho.
– Ele se dá bem com seus irmãos? – Ela soltou alguns guizos dourados de um dos véus ao redor dos ombros e os colocou nos dedos.
– Não. – Ele empilhou os pratos vazios e os colocou de lado. – Damian e Luke nem sequer falam com o velho. Eles se mudaram para o norte, a fim de seguir interesses comerciais. Damian começou a criação de cavalos, e Luke abriu uma empresa de cerveja artesanal com um fazendeiro local na costa de Sonoma, na Califórnia.
– Parece ótimo. Se precisarem de algum conselho sobre diversificar e manter a lucratividade… – Ela parou no meio da frase.
– Opa. Às vezes é difícil não pensar como consultora financeira.
Joe sorriu.
– Vou indicar seu nome a eles.
Demi deu de ombros, as chamas atrás dela delineando seu corpo com um brilho especial.
– Não trabalho por comissão. Acontece que simplesmente confio no que fazemos.
– Que conselho você tem para mim, a fim de diversificar os lucros? – Joe se perguntava quanta perícia Demi estaria escondendo nos escritórios da Sphere Asset Management. Ele não sabia muito sobre o trabalho dela ainda, mas nos textos e e-mails que haviam trocado durante os dias separados, descobrira que muitas vezes Demi ficava até tarde no escritório. Na noite anterior, ela fizera serão até as 22h.
– Provavelmente não deveríamos misturar negócios com prazer, certo? – Ela brincava com a seda ao redor dos ombros, a franja curta soprando na brisa noturna.
Joe queria ouvi-la dizer “prazer” de novo. E mais uma vez. Quase tanto quanto queria oferecer-lhe aquele item em especial.
– Agora que você mencionou, meus pensamentos estão começando a ficar bem carnais. – Ele havia solicitado que uma suíte fosse limpa para sua chegada. E por acaso sabia que a lareira lá dentro já estava acesa, as portas da varanda abertas para o ar noturno, no segundo andar.
– É a torta de chocolate – brincou ela. – Há algo de muito sexy nisso. Acho que é um afrodisíaco.
– Tenho certeza de que é você. – Ele afastou uma das camadas de tecido que cobriam o braço de Demi.
– Espere! – Ela puxou o lenço de volta ao lugar. – Eu preciso disso.
– Acho que as roupas vão ser um obstáculo para o que tenho em mente.
– Então você deve ter se esquecido de que eu queria lhe oferecer um showzinho particular. – Ela empurrou a cadeira de ferro fundido para trás, as pernas arranhando o chão de pedra do pátio com um barulho metálico. – Você tem algum sistema de som aqui fora?
Ela lhe entregou o MP3 player. A tela acendeu e havia uma música em espera.
– É claro. – Levantando-se, Joe caminhou até um pequeno painel que controlava as luzes ao ar livre, fontes e sistemas de entretenimento. – Eu poderia abaixar uma tela de cinema em tamanho real se você quisesse assistir a um filme aqui fora.
Ele conectou o aparelho nos alto-falantes e ligou.
– Ah, vocês de Hollywood – zombou ela, se posicionando no centro de um pequeno pátio cercado por arbustos floridos. – Tão exagerados.
A música começou, então uma flauta sedutora e lenta fez Joe pensar naqueles desenhos animados em que um encantador de serpentes fazia uma cobra dançar. Ou talvez fossem os movimentos de Demi que trouxessem essa imagem à mente. Ela ondulava suavemente, seu corpo tão sinuoso como o de uma ginasta.
Joe se aproximou. Embora conseguisse enxergar à luz do fogo, especialmente com todas aquelas velas acesas, queria um lugar na primeira fila. Tinha quase se esquecido do quão diferente ela ficava quando dançava. Parecia se transformar em outra pessoa enquanto rodopiava e saltava, tirando um véu e jogando-o no meio dos arbustos.
Alguém totalmente confiante. Extrovertida. Ardente.
Joe sustentava o olhar em Demi enquanto ela girava, tirando mais uma camada. Um véu amarelo caiu ao chão quando a música inflou com trompetas e cordas. Ela acelerou o ritmo, rodopiando enquanto dava um chute alto. Rebolando para se livrar de um pedaço de seda amarela que fazia as vezes de saia. Havia outra saia por baixo desta. Talvez até duas. Joe semicerrou os olhos para enxergar através dos véus restantes, mas não conseguiu.
Demi tocava os pequenos guizos que tinha colocado nos dedos antes, o som se misturando perfeitamente à música que vinha através dos alto-falantes ao redor. Ela se arqueou, dobrando as costas parcialmente, arrancou um véu dourado que estava amarrado em volta do pescoço feito uma capa. Ele nunca teria imaginado que ela usava tantas camadas. A seda fina se agarrava ao corpo, mas não escondia as curvas.
Ela se aproximou de um dos postes do caramanchão e girou em torno dele, como se fosse um poste de dança. Era muito grosso para ela subir, mas o gesto faz Joe se lembrar dos movimentos dela na primeira noite que a vira. Demi encontrou os olhos de Joe por um segundo, e ele supôs que ela estivesse pensando na mesma experiência eletrizante.
O corpo dele ansiava pelo dela.
Mais uma camada de saia caiu em um jorro de tecido cor de esmeralda, que acabou em torno do pescoço de Joe, enquanto ela dançava passando por ele. A saia deve ter roçado em algum arranjo das prímulas perto da borda do pátio, pois o cheiro flutuou em direção a ele. Agora Joe conseguia enxergar através dos véus que permaneciam no corpo de Demi. Havia um tecido cor-de-rosa amarrado acima dos seios, o pedaço derradeiro para revelar a barriga e uma correntinha de ouro em volta da cintura.
Uma faixa de seda de cor de creme abraçava os quadris, uma fenda de cada lado das coxas magras e tonificadas. A luz de velas fazia a pele de Demi brilhar, as chamas nos lampiões balançando levemente na brisa.
A música desacelerou, voltando a uma flauta solitária.
O peito de Demi inflava e desinflava rapidamente enquanto ela olhava para Joe através dos cílios escuros. Foi necessária toda a força de vontade dele para não agarrá-la. Para não pôr as mãos em torno dos quadris dela e puxá-la para mais perto. Os dedos dele coçavam para remover os dois últimos véus. Para libertar os nós soltos e adorar o belo corpo com a boca e as mãos.
Ela empinou o queixo, tirando a franja dos olhos. E, em um movimento rápido, arrancou o véu de cima. Em seguida, a parte inferior. A música foi baixando até o silêncio quando Demi se postou diante dele vestindo os menores sutiã e calcinha já imaginados. Três triângulos de renda cor de creme que estavam escondidos debaixo do traje.
– Nenhum aplauso? – perguntou ela finalmente, sem se mexer enquanto eles se encaravam através de uma névoa de calor e desejo.
Pelo menos, era isso que estava acontecendo para ele. O vapor exalava de Joe em ondas.
Mas Demi merecia mais do que apenas seu desejo primitivo. Joe tentava fazer o cérebro sincronizar com a boca para oferecer o elogio que a dança merecia.
– Estudei cinema por toda minha vida. Cores, movimento, som. – Joe agarrou o véu que ainda repousava no ombro dela, a seda verde como um substituto mixuruca para a pele macia. – Mas nunca testemunhei uma cena que envolvesse todos os meus sentidos do jeito que você acabou de fazer, Demi. Estou completamente… fascinado.
Mesmo quando disse isso, Joe percebeu que provavelmente havia revelado mais do que pretendia. Mas que diabo.
Demi estava ali, seminua, depois de compartilhar algo muito especial com ele. Ela havia revelado algo também.
– U-uau. – Ela inclinou a cabeça, quase como se estivesse tentando se desviar do elogio. – Eu teria ficado feliz com um… – Ela respirou fundo, gesto que Joe reconheceu como um esforço para controlar o discurso. – Com um beijo.
– Não aceite nada menos do que você merece – soltou ele com um ardor que o tomava por completo. – Nunca mais.
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Gente estão gostando mesmo? Os comentários andam tão fraquinhos :(
xoxo