12.4.15

Sonho Realizado - Capitulo 10

Joe seguiu até a caixa de correio na beira da estrada para apanhar a correspondência. Junto aos vários postais de Natal se encontrava um envelope endereçado a Demi com o timbre da Shaw Advertising Agency de San Diego, na Califórnia. Ele uniu as sobrancelhas com preocupação e ainda permanecia com o cenho franzido quando chegou à cabana.
— Esta carta acabou de chegar para você — ele avisou e lhe entregou o envelope antes mesmo de entrar na sala.
Demi reparou no logotipo da empresa e esboçou um sorriso.
— Oh, Lilly é fantástica! Ele fez uma cara de espanto.
— Lilly trabalha com publicidade?
— Não. Acontece que o marido dela tem amizade com um dos sócios dessa empresa e Lilly deve ter conseguido que ele fizesse uma boa recomendação a meu respeito.
— Quer dizer que está pensando em conseguir uma vaga nessa empresa?
No fundo, Joe tinha esperanças de que ela negasse aquela intenção. A Califórnia ficava muito distante de Nova York e, apesar dos modernos meios de transporte, ainda lhe soava como se o lugar ficasse no outro lado da galáxia.
— Eu vou precisar de um emprego depois que o bebê nas­cer. Minhas economias não irão durar para sempre.
A resposta dela o alarmou:
— Mas você me disse que pretendia iniciar sua própria agência de propaganda!
— É verdade. Talvez eu faça isso algum dia. — Ela alisou o ventre volumoso e depois prosseguiu: — Mas trata-se de um sonho e os sonhos não pagam as contas.
— Quem disse que esse sonho não pode se transformar m realidade? Quando eu e meu irmão começamos a nossa empresa, não tínhamos nada além dos planos e ambições.
— Você realmente acredita em mim, não é?
— Sim. Você é uma pessoa esperta, criativa e organizada. — E muitos outros adjetivos que ele poderia enumerar com facilidade. — Pode conseguir realizar esse sonho. E existem maneiras de conseguir um crédito bancário para começar.
Ela concordou com um gesto de cabeça.
— Talvez algum dia.
— E por que não agora?
— Mesmo presumindo que eu conseguisse o empréstimo, tendo que cuidar do bebê, não me restaria tempo e nem energia suficientes para administrar a agência com sucesso. Talvez algum dia — ela repetiu. E dessa vez com entonação mais decidida.
***


Três semanas depois do Ano-Novo e dois dias antes da data prevista para o nascimento do bebê, Demi sentiu as primei­ras contrações. E já passava da meia-noite. Felizmente a alta pressão sangüínea tinha sido apenas conseqüência do estres­se e o tempo restante da gestação havia transcorrido sem maiores problemas. Até sentir o primeiro espasmo que a for­çou a curvar o corpo para aliviar a dor. Demi acreditava estar preparada para enfrentar o parto. Sentia-se muito ansio­sa para finalmente encarar o bebê que havia transformado sua bexiga em um verdadeiro "saco de pancadas" nos últi­mos meses. Ela já havia escolhido os nomes: Will ou Emily, dependendo do sexo.
Demi já havia cuidado dos presentes que recebera no chá de bebê que sua amiga Lilly tinha organizado. A reunião acontecera na sala de visitas da casa de Joe, que era mais espaçosa e ele gentilmente se oferecera para colaborar. Demi ficou surpresa com a presença de suas antigas cole­gas de trabalho, bem como de alguns vizinhos de prédio em que ela morava com Holden. Sua mãe não comparecera, mas até aí, não havia nenhuma surpresa. Camille telefonara para informar que infelizmente não poderia comparecer ao chá do bebê por causa de uma conferência em Salt Lake City que ela não poderia deixar de participar. Joe convidara a mãe e ela fora. Talvez mais por curiosidade do que cortesia. Grace, a irmã dele, também havia comparecido. Demi adorou conhecê-las, apesar das toneladas de perguntas que as duas lhe fizeram. Provavelmente estavam preocupadas por causa do envolvimento de Joe com ela. Mas o envol­vimento entre eles permanecia cada vez mais platônico por causa do estado adiantado da gravidez de Demi e dos vaga­rosos passos do divórcio. Eles ainda compartilhavam as re­feições e faziam caminhadas quando o tempo permitia. Po­rém Joe nunca mais a beijara da mesma maneira como havia feito aquele dia na cabana.
O chá do bebê tinha sido simples, mas especial. Lilly conta­ra o tempo todo com a ajuda de Joe. No dia seguinte, depois que a Sra. O'Donnel e Grace haviam partido para suas casas e Lilly seguido para o aeroporto, Demi e Joe despenderam mais de uma hora desempacotando os presentes que o bebê recebera. Joe reagia com uma expressão de alegria a cada vez que Demi exibia alguma peça de roupa minúscula ou co­bertores macios com estampas de bichinhos. Mais tarde, ele se ofereceu para montar o berço e a cômoda que ela encomendara e que já havia sido entregue um mês antes.
Até aquele momento, Demi estivera perfeitamente segu­ra de que estava preparada para quando chegasse o momento de dar à luz. Porém, à medida que as horas passavam e as contrações se repetiam, ela começava a ficar assustada.
— Oh, Deus! Acho que eu não vou aguentar! — ela ex­clamou quase gritando no instante em que outra contração começou.
O pânico aumentava de acordo com a intensidade da dor. Demi começou a respirar de acordo com a técnica que havia aprendido nas aulas do método Lamaze, ministradas em Gabriel Crossing. A cidade era muito pequena, e por isso ela tinha sido avisada que quando chegasse o momento do parto deveria se socorrer do Hospital de Danbury, que ficava em uma cidade próxima. Ela pensou em chamar Joe, uma vez que ele insistira que a levaria para o hospital quando chegas­se o momento. Porém ela não gostaria que ele a acompa­nhasse. Demi havia assistido a um nascimento em um ví­deo que lhe fora mostrado durante as aulas de preparo para o parto. Tratava-se de algo maravilhoso e um verdadeiro mila­gre da natureza. Mas não seria a imagem que ela gostaria de deixar gravada na mente do homem com quem tinha espe­ranças de tornar a amizade em algo mais concreto.
Ela espiou através da janela e decidiu que a viagem até Danbury não levaria muito tempo. Contudo, o remanescente da tempestade de neve que havia caído no dia anterior e ain­da cobria o solo, deixaram-na temerosa de se aventurar em uma estrada. A pequena distância entre a cabana e a porta dos fundos da casa de Joe estava coberta de neve, e deve­ria ter a espessura de pelo menos meio metro.
Demi jamais teria condições de caminhar até lá. Por isso, apanhou o telefone e discou o número da casa dele.
Joe atendeu no terceiro toque:
— Alô!
— Sou eu, Demi.
— Oi, Demi. Amanhã está bonita, não é? Pensei em apa­nhar a câmera e fotografar algumas folhas congeladas no po­mar. O que acha? Está disposta a me acompanhar?
— Eu... — Foi só o que ela conseguiu dizer antes de afas­tar o fone para gemer diante de uma nova contração, caso contrário, ele poderia pensar que o ruído se tratasse de algo erótico.
Diante do silêncio, Joe percebeu que deveria estar acontecendo alguma coisa errada e então perguntou:
— Está tudo bem com você, Demi?
— Não. Estou te... tendo... contrações!
— Agora?! — ele exclamou com incredulidade e quase tão assustado quanto ela. Mas reagiu de maneira valente. — Fique calma, querida. Estarei aí em um minuto.
Joe não mentiu quanto ao tempo que demoraria. Demi mal havia recolocado o fone na base quando o viu sair apressado pela porta dos fundos da casa. Esquecera até de vestir o casaco e calçar os sapatos.
— Como você está? — ele perguntou quase sem fôlego assim que entrou na cabana.
— Bem, mas apavorada — ela admitiu. — Acho que eu não vou conseguir suportar isso.
— Claro que você vai conseguir, querida!
Aquela era a segunda vez que Joe a chamava de "querida". Ela observou e se sentiu feliz com o carinho com que ele a tratava.
— Há mulheres tendo bebês o tempo todo. Por isso não existe razão para ficar assustada. Certo?
— Certo — ela concordou e deixou escapar um longo sus­piro. As palavras dele não eram tão confortantes quanto a sua presença. Com Joe ao seu lado, ela se sentia mais segura. Durante todo aquele tempo em que se conheceram, ela aprendera uma coisa importante com Joe: Demi podia contar com ele sempre que precisasse.
— Você já tem uma mala pronta? Ela gesticulou na direção do quarto.
— Está no armário de roupas.
— Por que você não liga para o médico enquanto eu cuido do resto?
— Está bem.
Demi deixou uma mensagem na secretária eletrônica do ginecologista e depois vestiu o casaco. Joe retornou em tempo de ajudá-la a calçar as botas. Enquanto ela se acomo­dava em uma cadeira, ele fincou um joelho no chão e segu­rou um dos pés dela na palma de uma das mãos.
— Sei que não é o momento certo de mencionar uma coi­sa dessas, mas eu tenho uma verdadeira admiração pelos seus tornozelos.
Com as pernas estendidas, Demi podia avistar os pés por cima do ventre volumoso.
— Eles parecem inchados.
— Mas são lindos assim mesmo. — Ele repousou um bei­jo ligeiro no tornozelo esquerdo de Demi e apanhou uma das botas dela que estavam próximas.
— Meus pés também estão inchados — ela acrescentou no instante em que Joe tentava introduzir o pé dentro da bota de couro.
De repente um pensamento a abalou: já fazia mais de uma semana que não raspava as pernas.
— Oh, meu Deus! Não posso ir assim para o hospital! Joe ergueu os olhos e afirmou:
— Você pode, sim! Você consegue! — ele repetiu inter­pretando de maneira errada o motivo daquele pânico re­pentino.
— Você não está entendendo. Eu não posso ir para o hos­pital sem raspar as minhas pernas.
— Escute, Demi — ele começou a falar em tom pa­ciente, mas Demi começava a menear a cabeça com con­vicção. Parecia que o problema mais importante do mo­mento seria a aparência das pernas em vez de se preocupar com as contrações.
— Eu não vou a lugar nenhum até que minhas pernas es­tejam perfeitamente raspadas — ela teimou.
— Está bem! — ele exclamou com um suspiro contrariado.
— Eu sei que você está pensando que eu estou sendo pa­tética, mas... — Ela não terminou a frase. Demi sabia que queria sendo patética. Mesmo sabendo disso, não estava dis­posta a abrir mão de que suas pernas estivessem "decentes" quando chegasse ao hospital.
Joe se ergueu e ajudou Demi a chegar ao banheiro.
— Pronto. Agora faça isso logo para que possamos ir embora.
— Aonde você vai? — ela perguntou quando viu que ele se afastava.
— Estava pretendendo deixá-la à vontade. Por quê?
— Eu não conseguirei fazer isso sem a sua ajuda.
Joe ficou confuso por um momento.
— Está me pedindo para raspar suas pernas?
— Por favor. — E apontando um dedo para o próprio ab­dômen, justificou o óbvio. — Eu levaria séculos para conse­guir fazer isso sozinha.
— Eu não sei se...
— Tenho certeza de que você conseguirá — ela assegurou com um sorriso enquanto se acomodava na banqueta que costumava usar para o banho. — O aparelho e o gel de espu­ma estão no gabinete da pia.
Depois de apanhar os itens que ela lhe pedira, Joe estendeu uma toalha no chão para que ela pusesse os pés e se colocou de joelhos na frente dela. Ergueu uma das per­nas dela e espalhou o gel por toda a extensão da pele por onde deveria deslizar a gilete. Em instantes, ele completou o trabalho.
— Você é muito bom nisso! — ela se admirou.
— Bem, é uma questão de prática. Ela o olhou com espanto.
— No meu rosto, é claro — ele procurou esclarecer me­lhor e ambos riram.
Joe apanhou uma toalha limpa para retirar os resíduos do gel das pernas dela e depois recolheu a toalha estendida no chão para colocá-la dentro do cesto de roupas sujas.
Por fim, ele a ajudou a calçar as botas e falou com um sarcasmo fingido:
— E agora? O que vem em seguida? Um corte de cabelos?
— Muito engraçado — ela respondeu fazendo uma careta divertida.
Joe ficou feliz em ver que Demi exibia uma feição um pouco mais descontraída.
O medico ligou de volta e queria saber por quanto tempo ela estava sentindo contrações. Depois de ter desligado o aparelho, Demi disse para Joe.
— Ele acha melhor que eu vá até o hospital.
— Então vamos embora! — Ele apanhou a mala e saiu na rente. — Fique na porta que eu vou apanhar o carro, está bem?
— Só mais uma coisa, Joe — ela pediu e abafou um riso. — Você ficaria mais elegante se calçasse as botas.
Joe baixou os olhos para os pés e só então se deu conta de que estava usando apenas as meias de lã grossa com as quais costumava dormir no inverno.
Ele sorriu.
— Essa é uma boa ideia.
— E não se esqueça do casaco.
— Está bem. Acho que eu estava tão apressado que nem me importei em reparar como me vestia.
— Você também está nervoso?
Nervoso, assustado e uma dúzia de outras coisas. Era como Joe se sentia. Porém, como não queria deixá-la insegura, ele improvisou um sorriso e declarou: — Não estou nervoso e sim ansioso. Afinal, vou conhecer aminha segunda garota preferida. No hospital, Demi prosseguiu em trabalho de parto du­rante o dia inteiro. Ao cair da noite ela estava exausta. E Joe também. Ele permaneceu ao lado dela na sala de parto e procurava acalmá-la enquanto lhe afagava as costas. Ele aprendeu da maneira mais difícil a não oferecer a mão para que ela a segurasse enquanto sofria as contrações. Demi nunca lhe parecera uma mulher muito forte em termos físi­cos, porém quando os dedos dela circulavam os dele nos mo­mentos cruciais, praticamente os esmagavam. Faltou pouco para que Joe gemesse em voz alta. Em uma das vezes em que ela libertou a mão dele, Joe a friccionou discretamen­te para tentar restabelecer a circulação.
— Será que está tentando compartilhar um pouco de sua dor comigo? — ele gracejou, mas ela estava tão concentrada com o próprio sofrimento que não entendeu a brincadeira.
— O que disse?
— Não foi nada. Esqueça.
Pouco depois das sete da noite, o médico entrou na sala para examiná-la e Joe disfarçou o embaraço ocupan­do-se em ajeitar os travesseiros para que ela se acomodasse melhor.
— Ainda vai demorar — o médico avisou e sugeriu: — Por que vocês não vão dar um passeio até o hall de entrada? Pode ser que uma caminhada acelere o processo. Eu tornarei a examiná-la daqui a uma hora e quem sabe teremos mais sorte?
Foi o que eles fizeram. Quando o médico retornou já pas­sava das nove da noite, mas a dilatação do colo do útero ha­via progredido menos de meio centímetro. Pelo que parecia, a noite seria longa. Os sinais vitais do bebê estavam sendo monitorados cuidadosamente e o médico não parecia preo­cupado. Mas Joe estava. Ele procurou uma das enfermei­ras e perguntou:
— Será que ainda vai demorar muito? Demi já está exausta e eu não sei se ela aguentará esperar por muito tem­po. — Ou mesmo ele. Joe não suportava mais vê-la sofrer daquela maneira e não poder fazer nada para ajudá-la.
A enfermeira sorriu e procurou tranquilizá-lo:
— Talvez mais uma hora ou duas. É difícil afirmar. Os bebês têm uma programação própria. Mas não se preocupe. Sua esposa está se saindo muito bem e antes do que imagine seu filho ou sua filha estará aqui com vocês.
Esposa. Filho ou filha. Aquelas palavras deixaram Joe tão contente que ele não se preocupou em revelar a verdade. Ele deixou que a enfermeira prosseguisse pensando que já tivesse o que ainda almejava. Joe desejava que Demi fosse sua esposa e o bebê, seu filho, ainda que não fosse o pai biológico. Quem sabe isso acontecesse de verdade e eles se tornariam sua família? Naquele exato instante, Joe teve a certeza de que estava apaixonado por Demi sem nem mesmo terem tido um relacionamento convencional. Apenas caminhavam de mãos dadas e Joe havia beijado os lábios dela somente por duas vezes. Era muito diferente do que havia acontecido com Helena. Contudo, estava dis­posto a esperar que Demi se recuperasse do parto. E não era apenas isso. Ela havia sido negligenciada por seus pais e depois por Holden. Demi já havia progredido bastante, mas ainda faltava um pouco para que todas as feridas se curassem por completo. Enquanto isso, Joe formulava planos para o futuro.
***
Próximo da meia-noite, finalmente a dilatação parecia per­feita e Demi estava pronta para dar à luz ao bebê. Joe tinha se encaminhado para a sala de espera a pedido de Demi. Entretanto ela sentiu falta dele nos momentos cruciais que antecederam ao nascimento da criança. E então perce­beu que não se tratava de precisar apenas do apoio dele. Era mais que isso. Ela o amava. Eu estou apaixonada por Joe! Ela exclamou interiormente enquanto fazia força para ajudar no parto. E no momento exato em que o bebê abandonou seu ventre, Demi já estava plenamente convencida dos seus sentimentos por Joe. Apaixonara-se por ele desde o dia em que Joe comprara aquele urso de pelúcia. Talvez até antes disso. Ele a tratara com tanto carinho por todos aqueles meses que as pequenas gentilezas se acumularam de tal ma­neira que acabaram provocando com que seu coração trans­bordasse de amor.
— É uma menina! — o médico exclamou e ergueu o bebê no ar para que Demi a visse.
Uma menina... Justamente o que Joe sempre dissera que ela teria. Através de uma nuvem de lágrimas, Demi abriu os braços para receber a pequenina.
— Minha Emily...! — ela sussurrou. Ali estava sua filha, por fim, o milagre que ela tanto esperara.
Seria possível que existisse outro milagre a aguardando na sala de espera?
Um pouco mais tarde, quando Demi já havia sido transferida para o quarto com o bebê, ela pediu à enfer­meira:
— Será que você poderia fazer o favor de encontrar Joe O’Donnel e lhe dizer que ele estava certo? Ele já sabia todo o tempo que eu teria uma menina.
A enfermeira assentiu com um sorriso.
— Claro. Eu direi isso a ele. Ou então você mesma pode­rá contar-lhe. Não prefere que eu o convide para entrar no quarto? Eu sei que ele tem andado de um lado para o outro na sala de espera como se fosse um tigre enjaulado. Está enlouquecendo o pessoal que trabalha na recepção.
Demi queria ver Joe mais do que tudo, mas estava preocupada com sua aparência. Passou as mãos pelos cabelos emaranhados e tentou ajeitá-los.
— Como estou? — ela perguntou à enfermeira.
— Como alguém que acabou de dar à luz uma linda e saudável menininha. Está maravilhosa. — E com um sorriso completou: — Todas as mães são maravilhosas!
Aquilo não era exatamente o que Demi esperava ouvir, mas a alegria superou a vaidade e ela concordou:
— Está bem. Eu prefiro que peça a ele para entrar.
Minutos depois, Joe entrava pela porta e exibia um sor­riso radiante. Porém os anéis escuros ao redor dos olhos e as laces escurecidas pela barba por fazer, revelavam o quanto ele estava cansado. Demi sentiu o coração sobressaltar-se assim que o viu. Oh, sim... Ela tinha mais do que certeza de que estava apaixonada por ele.
— Olá, mamãe! — Joe exclamou enfiando a cabeça no vão da porta.
— Eu mesma — ela afirmou com um sorriso.
— A enfermeira me disse que você quer que eu conheça alguém.
— É verdade. — Demi acenou para que ele entrasse e gesticulou com a cabeça na direção do bebê que dormia a seu lado. — Esta é Emily.
— Emily? — Ele alargou o sorriso enquanto contornava a cama para poder ver o bebê de perto. — Eu não lhe disse que se tratava de uma menina?
— Pois é. Você disse.
Joe serenou as feições no instante em que apreciou o rosto da pequenina que estava envolvida em um lençol na cor pastel com finíssimas listras brancas e um gorro de lã rosa. Ela dormia profundamente e a enfermeira havia asse­gurado para Demi que a menina estava bem e que dormiria por muito tempo.
— Ela é linda! — ele exclamou. — E se parece muito com você.
— Os olhos dela são azuis — ela revelou orgulhosa. — E os cabelos são claros. — Demi removeu o capuz rosa para exibir o rufo macio e sedoso que cobria o topo da cabeça do bebê.
Joe sorriu e colocou a ponta do dedo indicador no quei­xo minúsculo, fazendo com que o lábio inferior de Emily se abrisse.
— Você viu isso? Parece que ela está sorrindo — ele falou animado.
— Você quer segurá-la?
— Está brincando? — Ele sorriu satisfeito e as covinhas surgiram novamente nas bochechas masculinas. — É o que eu mais gostaria de fazer neste momento!
Joe ergueu o bebê e o segurou nos braços. A palma de ma das mãos amparava com cuidado o pescoço e a cabeça de Emily. Demi havia visto Joe atuando com as ferra­mentas pesadas na reforma da casa e lhe parecia impossível que ele pudesse agir com tanta delicadeza. Esse era Joe. Poderoso quando precisasse usar a força física e gentil quan­do fosse necessário.
Enquanto segurava o bebê, ele aproveitou para se sentar na beirada do colchão.
— Emily parece leve como uma pluma. Qual é o peso dela? — ele quis saber.
— Três quilos e meio.
— Perfeito! — E erguendo a parte inferior do cobertor, Joe analisou os dedinhos do pé de Emily. — São lindos! Você fez um trabalho perfeito, Demi.
Todo o desgaste emocional e as incertezas dos últimos meses estavam plenamente recompensados para Demi.
— Ela é um tesouro — Demi afirmou com um suspiro.
— Tanto quanto você. — Joe inclinou a cabeça e re­pousou um beijo reverente na testa de Demi. — Como está se sentindo depois de tantas atribulações?
— Cansada e ao mesmo tempo animada. Eu deveria dor­mir, como fazem todas as mães depois do parto, mas tenho medo de fechar os olhos e descobrir que ainda estou na cabana e o nascimento de Emily foi apenas um sonho.
— Ela é real, Demi. E está aqui mesmo.
— E quanto a você?
— O que quer dizer?
— Você também é real?
Ele sorriu, mesmo sem ter entendido completamente a es­tranha pergunta.
— Eu não vou a lugar algum, se é o que quer saber. Por isso, feche seus olhos e durma.
E foi o que ela fez. Com Joe sentado ao seu lado e com Emily nos braços, Demi se sentia perfeitamente segura. Por isso, fechou os olhos e se permitiu desfrutar de algumas horas de sono.


                                                -------------------------------------------------------
                    Mais um capitulo pra vocês. Comentem.
                    xoxo Nathi

6 comentários:

  1. Ahh!! Que lindo!!!!! Eu Adorei o capitulo.
    Poste logo!!

    ResponderExcluir
  2. MDS!! Que Lindo.
    Amei o capitulo. Posta Mais please.

    ResponderExcluir
  3. Awn que fofos eles já parecem uma familia perfeita, to amando muito essa fic e mal vejo a hora que a demi e o joe vão se declarar
    Posta mais hj plss

    ResponderExcluir
  4. Eu acho que estão querendo me matar do coração,esses dois que coisa mais fofa,e essa baby que vai ter dois babão,eu quero o Joe para mim kkk

    ResponderExcluir
  5. Lindo!!!! Como não se apaixonar por esses dois? Continua logo por favor!!!

    ResponderExcluir