— Como se sente esta manhã, signora Valsecchi?
— Bem, mas ansiosa.
— Tenho certeza de que a dra. Santi informou como as coisas vão acontecer. O técnico de ultrassom vai trabalhar comigo. Depois que demarcar sua barriga, vou inserir uma agulha fina, que vai passar pelo útero indo até a placenta, onde vou colher algumas amostras de células. Pode sentir algumas cólicas, mas o procedimento não vai durar mais do que 25 minutos. Tem alguma pergunta?
— Não.
O médico estava pronto para começar. Joe estava de pé ali, vendo os preparativos. Nunca gostou da ideia de ela fazer esse teste e preferia deixar a coisa toda de lado, mas Demi estava determinada.
Debruçou-se sobre a esposa, que bebeu a quantidade necessária de água uma hora antes para estar preparada para a ultrassom.
— Se precisar de mim, estarei na recepção.
— Eu sei. — Os olhos castanhos aveludados de Demi imploravam pela compreensão do marido e pelo porquê de ela estar fazendo aquilo. Mas esse tipo de coragem Joe não admirava. Não constituía apenas um risco para o bebê, mas também a colocava em perigo emocional. O pensamento de alguma coisa dar errado... Que Deus não permita, perdê-la, era incompreensível para ele.
Demi agarrou-lhe o braço como se sentisse o turbilhão interno pelo qual seu marido passava.
— Vai dar tudo certo.
No fundo de sua alma, Joe tinha que acreditar naquilo. Ele beijou os lábios dela antes de sair da sala.
Um mês atrás, ele teve uma luta interna a respeito da paternidade da criança, mas ao acabar de deixar sua esposa, percebeu que Demi era a única coisa que importava. E se o bebê não fosse dele? Só queria que o neném e sua esposa ficassem seguros e bem.
Tê-la encontrado o modificou, preencheu cada nível de sua vida. Enquanto a tivesse, poderia lidar com qualquer outra frustração ou decepção.
Precisava de algo para fazer e foi ao canto da sala pegar um pouco de café da máquina. Depois de encher o copo, andou até o corredor do laboratório e se aproximou da recepcionista cinquentona.
— Tem algum responsável com quem eu possa falar?
Ela levantou uma das sobrancelhas.
— Trabalho aqui há trinta anos.
A resposta dela o teria divertido se não estivesse em um estado emocional tão conturbado em relação a Demi e ao bebê.
— Minha esposa está fazendo um Chorionic Villi Sampling para determinar a paternidade do filho dela. Quando vim aqui, para colher uma amostra do tecido de minha bochecha, o técnico disse que o resultado para nós dois sairia em dez dias.
— Mas quer saber agora.
Ei, ela trabalhava ali há trinta anos, certo? Joe assentiu com a cabeça.
— Se estiver disposto a pagar mais poderá ter o resultado amanhã.
A cabeça dele girou antes de pegar a carteira. Ela riu.
— Não para mim. Para o caixa, descendo o corredor. Tudo aqui é feito de forma legal.
Joe respirou fundo. Deveria ter se sentido um tolo, mas não se sentiu.
— Qual é o protocolo? Ligo para o laboratório?
— Você parece que está morrendo, então vou ligar para você ao meio-dia. Ela pegou um bloquinho através da abertura do vidro.
Joe escreveu o nome dele, o de Demi e o número dos celulares, e devolveu para a recepcionista.
— Se não estivesse sentada do outro lado do vidro, daria-lhe um beijo, signora. Grazie — Joe disse com o coração tomado pela emoção antes de encontrar o caixa. Depois de passar o cartão de crédito, voltou para a recepção.
Não diria a Demi o que havia feito, pois poderia trazer-lhe mais ansiedade. A saúde de sua esposa era a única coisa que importava. A dra. Santi disse para dar-lhe três dias para se recuperar. Poderia haver algum sangramento, o que era normal. Muito repouso e pouco esforço.
Quando tivesse notícias do laboratório, diria a ela, claro. Mas até então, esperaria as próximas 24 horas sem que soubesse que teriam uma resposta muito mais cedo do que esperavam.
— Signore Valsecchi?
Infinitamente aliviado por ouvir seu nome ser chamado, Joe seguiu a enfermeira de volta ao quarto onde Demi estava. Quando entrou, ela estava pronta e vestida, sentada em uma cadeira de rodas, com uma fisionomia ótima para quem havia passado por uma experiência tão desconfortável.
Ele se inclinou para dar-lhe um rápido beijo na boca.
— Como se sente?
— Estou muito bem. — Grazie a dio. — Você provavelmente deve ter ficado louco, esperando.
A pulsação dele disparou sabendo que teria que esconder a verdade dela por um pouco mais de tempo.
— Fiquei, mas tudo está bem agora que posso levá-la para casa.
— Está pronta — a enfermeira disse, colocando uma folha de instruções na mão de Demi. Se quiser empurrar a cadeira até a saída, espero você na porta enquanto pega seu carro.
Logo Joe a colocou no carro e deixaram o estacionamento do hospital. Ele a olhou.
— Está com fome? Com sede? Ficarei feliz em parar e comprar qualquer coisa que queira.
— Obrigada, mas vamos direto para casa.
Joe pegou a mão de Demi e a trouxe para perto dele.
— É o que eu quero também.
Ela soltou um suspiro emocionado, que ele sentiu atravessar-lhe o corpo.
— Estou contente que tenha acabado, Joe.
— Eu também. Saberemos em breve e então poderemos começar a viver nossas vidas. Já está sentindo algum desconforto?
— Não. Estou com um pouco de ardência por causa da agulha, mas em breve vai passar. Sinto-me surpreendentemente normal.
— Parece que sim, mas não me engane. Ouviu o que a dra. Santi disse.
— Eu sei, vou ter cuidado.
— Ambos teremos. Vou alimentar você com uvas, enquanto recita a conjugação dos verbos para mim. Quando formos buscar o Dino na quarta, vai ficar tão impressionado com o progresso que fez que me pedirá para comprar-lhe chocolate bocci balls.
— Um desses seria bom.
Joe esfregou os dedos.
— Você não está fingindo? Realmente se sente bem?
— Sim, o único problema agora são os dez dias de espera. Até lá, Andreas...
— Até lá Simonides já poderia ter descoberto sobre o bebê, sim... — interrompeu o assunto tentando não parecer áspero.— Vamos lidar com isso quando chegar a hora... — A voz de Joe oscilou.
— Desculpe, Joe. Não tive a intenção de trazê-lo à tona.
— Não se desculpe. Se ele for o pai, então será um fato em nossa vida, como Mila. — Se isso fosse verdade, de alguma forma Joe teria que aprender a lidar com a coisa, mas em seu coração ainda esperava...
Quando chegaram a Riomaggiore e estacionaram, Demi tirou o cinto e começou a sair do carro, mas Joe pegou-lhe o braço.
— Acabou de fazer uma cirurgia. Deixa que eu ajudo.
— Estava entrando em casa. Isso não é esforço.
Aborrecido, ele se levantou do banco e deu a volta até o lado do carona.
— Se é ou não, de qualquer forma vou te levar para dentro.
Demi colocou os braços ao redor do pescoço dele.
— Você faz muito por mim, me sinto como uma fraude.
— Sinta-se da forma que quiser — provocou. — Quero cuidar de você.
Demi deu-lhe um beijo na bochecha.
— Isso é tudo que sempre faz, sou a mulher de mais sorte do mundo. — As lágrimas correram pelos olhos dela devido à ternura dele.
Atravessaram a porta da frente. Joe esperava que ela ainda se sentisse da mesma forma depois que soubesse do resultado do teste.
— Quer ir para cama ou ficar no sofá?
— No sofá, mas primeiro preciso ir ao banheiro.
Joe a colocou no chão.
— Vou fazer algo para comermos.
— Parece perfeito. — Demi deu-lhe outro beijo e foi em direção ao corredor.
Quando fechou a porta, Joe correu para a cozinha. Seus olhos se fixaram no vulcão feito em casa que estava sobre o balcão. Demi ajudou Dino a fazer na quarta. Depois de algumas tentativas, ele finalmente explodiu e foi um grande sucesso, seu filho queria fazer outro novamente, na semana seguinte.
Joe tirou a comida da geladeira com mais força que o necessário. No fundo, queria muito que o bebê fosse dele. Desejava que a família deles estivesse sempre junta, sem o medo da visitação assombrando todo o tempo. Assim que o resultado ficasse pronto, a verdade o encararia de frente e talvez pudesse deixar tudo para lá. Mas, no momento, sentia-se como aquele vulcão, pronto para explodir.
***
Demi acordou na manhã seguinte. Eram quase dez horas. Estava tão nervosa na noite anterior que ficou acordada até tarde com Joe, assistindo a alguns filmes antigos até que o cansaço a dominasse.
Para sua surpresa dormiu profundamente, mas, agora que estava acordada, lembrou do procedimento e correu para o banheiro.
Teria gritado de alívio porque não havia nenhum vazamento de líquido amniótico, apenas uma mera mancha de sangue.
Após tomar um rápido banho, penteou o cabelo e colocou batom, querendo ficar bonita para o marido. Depois veio o jeans que Joe ainda não tinha visto. Ela combinou-o com uma camiseta sem manga, em tom café com leite, e uma borda branca que envolvia a cava do braço e a do pescoço.
Quando entrou na cozinha, Joe já havia preparado o café da manhã. O olhar ansioso do homem procurou o dela.
— Já está de pé!
— Desculpa por dormir demais.
— Desculpar você? — falou exasperadamente. — Precisa disso. Mas pelas últimas três horas, tenho que admitir, olhá-la a cada dez minutos, preocupado que não estivesse respirando. — A emoção havia escurecido-lhe os olhos deixando-o num tom azul escuro. — Desculpe. Desde que a trouxe do hospital, foi como se estivesse em um contínuo estado de agitação, esperando pelo pior. — Qual é o veredicto?
— Até então, perfeito! — Demi sorriu para tranquilizá-lo. — Joe, mais de doze horas já se passaram. A dra. Santi disse que eram as mais cruciais, porém está tudo bem. Somente um mero rastro de sangue, nada mais. Se fosse abortar, haveria mais sinais.
— Sem dor?
— Nenhuma. — Demi afastou as mãos da mesma forma que ele fazia, esperando que visse que até os gestos italianos estava aprendendo, mas pela sua expressão Joe deixou passar despercebido.
— Você não mentiria para mim. — A voz dele parecia irregular.
— Por que faria isso? — Ela deu um passo à frente, sem entender esse novo lado dele. A vulnerabilidade de Joe foi completamente reveladora para ela. Ninguém que o tivesse visto assim acreditaria que era o homem confiante, brilhante, o responsável Duque de La Spezia que já estava fazendo mudanças radicais na corporação Valsecchi.
“Você sabe tudo que tem que saber a meu respeito. Tem que saber disso! Acredite. Se estivesse com cólicas e deprimida, contaria para você, Joe.” Demi conseguia ver que algo mais profundo o estava aborrecendo e que queria falar-lhe a respeito de alguma coisa, então tentou suavizar o clima, esperando que Joe conversasse com ela.
— Olhe, Joe, se estivesse com algum tipo de dor acha que estaria usando jeans como esse que estou vestindo para você? Lembra como uma vez me desafiou a comprar um par como este quando vim a Itália pela primeira vez?
Demi desfilou para ele, como se estivesse em uma passarela de moda de uma loja de designer.
— Olha bem agora porque não vou ser capaz de entrar mais nele por muito tempo, pelo menos até a chegada do bebê.
A mandíbula dele endureceu, mas seus olhos assistiram a cada movimento. Aquilo tinha que significar algo. Agora que o teste tinha sido feito e ela não tinha abortado, Joe estava preocupado sobre o futuro? Teria se arrependido de casar com ela em prol da felicidade da criança? Demi continuou, determinada a descobrir o que havia causado aquela repentina mudança de humor em seu marido.
— Se não se lembra, eu lembro. Estávamos andando pela trilha em Manarola e na nossa frente havia uma italiana estonteante com seu namorado. Você me desafiou a comprar um jeans igual ao que estava vestindo. Pelo que sei, ela também deveria estar usando devido ao bem que lhe fazia às formas.
— Essa é uma questão de opinião — Joe murmurou, mas Demi o ouviu. Pelo menos Joe estava ouvindo, o que a encorajou a continuar.
— Disse que uma dama não deveria usar tal vestimenta e você falou que um homem nem sempre queria a mulher que amava vestida em trajes de negócios. Talvez não se lembre, mas disse um monte de coisas assim para mim quando nos conhecemos.
“Quando disse que gostava do meu peso porque tinha o que pegar, esperei que me pegasse. Queria que fizesse isso e você sabia. Porém apenas me provocou, não me dando o que eu gostaria e me deixou louca de vontade.”
Aquele nervo no canto da boca de Joe estava pulsando de novo.
— Você estava fazendo de mim um brinquedo.
Demi colocou as mãos nos lábios, furiosa por perceber que não conseguia entrar em seus pensamentos. O que estava acontecendo ali?
— Eu nunca faria de você um brinquedo, Joe.
— Então por que voltou para a Itália? A verdade, agora!
— A verdade? — ela falou perplexa com a pergunta. — Sabe por que, Joe. — Foi até ele e colocou a mão em seu braço, forte. Ele se contorceu, mas não o tirou. Demi sabia que tinha que convencer seu marido sobre a sinceridade de seus sentimentos. Por tanto tempo evitou falar a respeito de como se sentia, mas agora com o teste por trás deles e o futuro à frente, de repente achou que deveria liberar. — Joe, na noite em que fui para cama com você sabia que me apaixonaria completamente e irrevogavelmente por um homem, pela primeira vez em minha vida. Aquele homem era você! Estava certo sobre os sonhos, Joe. Estava certo sobre tudo! Um dia sonhei em me casar com Andreas, mas foi tudo um sonho tolo, uma fantasia.
“Quando olho para trás, vejo que naquele relacionamento faltava fogo, embora parecêssemos o casal perfeito. Todo mundo achava. Mas nunca fomos verdadeiramente amantes e nunca sentimos isso em nosso coração. Andreas só fez amor comigo duas vezes.”
— Não acredito em você. — A resposta dele pareceu quase primitiva.
— Acredite, as duas vezes foram decepcionantes.
Seu marido parecia ter ficado pálido pela revelação.
— Então te conheci, Joe Jonas. O mais arrogante, lindo e impossível italiano na face da terra com seu carro incomum e a atitude que mandava tudo para o inferno. Si, signore. — Ela balançou a cabeça porque ele não estava emitindo nenhum som.
“Você foi mal assim, até pior. Éramos tudo exceto o casal perfeito. Faltava combinação em todos os sentidos e formas. Porém naquela primeira noite, senti que havia conhecido o amante com o qual queria passar o resto da vida. Em todos os dias, depois disso, me senti mais e mais apaixonada, apesar de nunca ter dito que estava apaixonado por mim.”
Demi deu uma respirada fortificante.
— Não quis te deixar quando chegou a hora de voltar para casa, Joe. Esqueci completamente de Andreas. Fiquei na Itália três dias a mais do que deveria porque não podia suportar a partida. Sabia que tinha que contar para Andreas sobre você. Não havia jeito de voltar para ele. Meu coração estava com você, querido, e Andreas tinha que ser avisado.
“Mas ele já tinha se apaixonado por Gabi. Assim, nunca tive a chance de contar a ele sobre nós. Estava com pressa quando foi à minha casa. Cheio de sentimentos por ela, só ele falou. Foi uma revelação ouvi-lo abrir o coração. Pela primeira vez, estava de fato se comunicando comigo e tudo que disse pude relacionar com o amor que tinha acontecido em minha vida também.”
Joe ainda se recusava a falar, mas Demi, invadida por uma coragem que não sabia que tinha, continuou. Sabia que era tudo ou nada. Joe tinha que conhecer seus verdadeiros sentimentos, não poderia perdê-lo agora, depois de tudo que tinham passado juntos.
— Desisti do meu emprego no jornal e fiz planos de voltar para você, Joe, mas comecei a me sentir enjoada e a náusea foi suficientemente ruim para me manter em Atenas e me levar ao médico. Agora sabe o resto da história.
“Então aqui estamos, meu amor, juntos e casados com bebê a caminho. No início tive medo de que Andreas fosse pai, mas não posso me preocupar com isso mais. Ele escolheu seu caminho e eu escolhi o meu. É tudo parte do passado agora. Minha vida é com você, Dino e o bebê. Vamos lidar com o que quer que aconteça. Tudo o que sei é que não poderia viver sem você no momento.”
Um silêncio pairou ao redor deles ao passo que Demi esperava pela resposta de Joe. Ele estava olhando para o chão e, por um terrível instante, Demi acreditou que o casamento pudesse estar no fim.
Será que era demais para Joe lidar com tudo isso? O silêncio foi interrompido pelo telefone. Ambos ficaram surpresos com a intrusão que encerrou seu isolamento.
Joe pegou o aparelho do balcão e seus olhos se fixaram na boca de Demi.
— Prego? Buongiorno. Sì. Momento. — Joe entregou o telefone a ela. — É a dra. Santi ligando para saber como você está.
— Oh. — Ela colocou o telefone no ouvido. — Buongiorno, dra. Santi.
— Como vai?
— Ótima. Só com um pequeno sangramento. Nada demais. Sem cólicas.
— Ah... Era o que estava esperando ouvir. Está pronta para mais notícias boas?
O coração dela começou a bater mais rápido.
— Sim, claro.
— Ontem, enquanto estava fazendo o procedimento, seu marido teve uma conversa com a chefe do laboratório. Ele perguntou se poderiam apressar os relatórios preliminares. Tenho o resultado em minhas mãos. Ambos os médicos que visitou foram sábios em não lhe dizer nada em definitivo no início. O bebê é de seu marido.
Demi achou que ia ter um colapso de alegria. Seu coração parecia ter criado asas e estar voando.
— Oh, dra. Santi. — Lágrimas brotaram de seus olhos.
— O que há de errado? — Joe perguntou em agonia.
— Vejo você em três semanas na próxima consulta.
Joe deu a volta pelo balcão rapidamente e a pegou nos braços.
Joe deu a volta pelo balcão rapidamente e a pegou nos braços.
— Diga-me qual o problema, innamorata.
Demi segurou-lhe a face entre as mãos.
— Não é uma coisa única, qualquer. Joe, você é o pai do nosso bebê. Foi você que me engravidou. Este é o nosso bebê, seu e meu.
— Demi... — Ele cobriu-lhe o rosto de beijos, incapaz de parar. — Nosso bebê?
— Sim, mia amore. Ti amo. Se não disse isso da forma certa, não ligo. Te amo, Joe. Naquela noite que fizemos amor criamos uma família. Nossa família. Oh, querido...
Ele começou a beijá-la e não conseguia parar. Demi não queria que o fizesse. Antes que percebesse já estavam na cama no quarto de Joe, entrelaçados enquanto extravasavam o amor que sentiam. Ele não a levava ali desde a noite em que o bebê foi concebido. A partir de agora, era o lugar onde pretendia dormir. Nos braços de Joe.
— Sei que preciso ir devagar — ele sussurrou com uma respiração acelerada. — A médica disse três dias. Temos outros dois pela frente antes de termos certeza de que seja seguro. Como vou conseguir esperar? Você vai ter que me ajudar. — Joe a beijou por muito tempo e intensamente. — Agape mou.
O corpo de Demi ganhou vida.
— Acabou de dizer que me ama em grego!
— Eu nunca disse a outra mulher que a amava, mas quis dizer a você naquela primeira noite. Queria que me ouvisse falar em sua própria língua, antes de tudo. Não acha que é hora de eu aprender grego? Queremos que nosso filho ou filha tenha a mesma fluência nas duas línguas, não é?
— Sim — ela disse suavemente, cobrindo o rosto do marido com beijos. — Vou ensinar a você e Dino, ao mesmo tempo. Vamos ter a vida mais maravilhosa do mundo! — As emoções dela explodiram e se despedaçou em soluços de alegria. — Eu te amo, Joe. Amo nosso bebê. Amo Dino. Nenhuma mulher na face da terra poderia ser tão feliz como eu, nesse momento.
— Nenhum homem — ele disse com os lábios encostados no dela — hoje sente-se como se fosse o primeiro dia da vida dele. Nossas vidas. — Joe ficou sério por um instante, enquanto a olhava profundamente nos olhos. — Demi, desculpe por estar tão distante antes. O pensamento de alguma coisa acontecer com você ou com o bebê me encheu de medo. Ambos se tornaram a coisa mais importante da minha vida e perder você... Não acho que conseguiria suportar. Também temia que o filho fosse de Andreas, então pensei que o turbilhão causado por regras de visitação pudesse destruir você. Senti-me desamparado, pela primeira vez na vida. — Joe a beijou e então o beijo cresceu e se transformou em algo mais profundo e intenso, roubando a respiração de ambos.
“É por isso que não podemos ficar mais nessa cama. Não confio em mim mesmo a ponto de resistir e não fazer amor com você.
“Não quero fazer nada que possa machucar nosso bebê, também, então vou levantar e vamos para a cozinha saborear o fabuloso café da manhã que preparou para celebrar este dia incrível.
“E enquanto fazemos isso...,” ele mordiscou-lhe a ponta da orelha, “você liga para a pessoa que precisa saber da notícia. Então vamos relaxar por aqui o dia todo, à medida que alimento você com chocolate bocci balls e pensamos nos nomes.
— Parece uma ideia maravilhosa. — Demi beijou-lhe a forte mandíbula. — E podemos começar a planejar o quarto do neném.
— Eu falei que papa insistiu para que fôssemos morar no palazzo com ele e Silviana? Eu concordei naquele momento a fim de apaziguá-lo, mas não tenho intenção de fazê-lo.
Demi mudou de posição para poder olhar o marido.
— Por que não?
Ele acompanhou a linha da boca de Demi com os dedos.
— Sabe por quê, bellissima. Somos ambos espíritos livres, quero que nosso filho também seja e estou fazendo tudo que posso para que Dino se torne um.
— Mas isso doeria tanto, por um tempo? Mantemos o apartamento e ficamos indo e vindo. Seu pai pode não ter mais muito tempo de vida. Não acha que fez essa exigência porque, no fundo, estava com medo de você nunca ir por vontade própria?
Demi beijou-lhe a boca.
— Acho que foi o jeito que encontrou de tentar retomar os anos que ficaram afastados. Dino gosta de lá. Seria tão impossível para você? Sei que ama seu pai.
Joe segurou-lhe os cabelos. A emoção fez com que seus olhos passassem para um azul profundo.
— O que eu fiz para merecer você?
— Fiz a mim a mesma pergunta em relação a você, desde o dia em que me levou para fazer aquele piquenique. Embaixo da torre, você me cobriu de pétalas de flores, como um guerreiro faria com a dama, séculos atrás. Senti-me encantada. Você havia me enfeitiçado. Agora que estou esperando seu bebê, nada mais pode me assustar. Não ligo onde vamos morar, mas que seja com você.
— Demi. — Joe a puxou para si mais uma vez. Relutante, levantou e ergueu a esposa. De braços dados saíram do quarto e foram para a cozinha. Joe entregou-lhe o telefone.
Tremendo de entusiasmo, Demi ligou para a amiga. Era sábado de manhã. Deline poderia estar em Atenas ou em Milos.
Atende, Deline.
Depois de seis toques:
— Demi?
Ela colocou no viva-voz para Joe ouvir.
— Sim! Onde você está?
— No barco, com Leon e os gêmeos.
— Ótimo. Tenho uma notícia que os dois vão querer ouvir. — O olhar de Demi estava fundido com o do marido. Os olhos dele estavam intensamente brilhantes. — Joe é o pai do meu filho!
A amiga gritou tão alto de felicidade que doeu nos tímpanos de Demi. Ela já estava anunciando a notícia para Leon. Demi mal conseguia falar, tomada de emoção.
— Estamos esperando um pequeno Valsecchi em seis meses e meio. Você tem que vir para La Spezia para o batizado. Vai ficar no palazzo conosco, claro. Amo você. Ciao, por enquanto.
Demi desligou e puxou Joe para ela.
— Eu te amo. Te amo tanto que vai ficar enjoado de me ouvir dizer isso.
— Vou ficar enjoado se não disser. Dê-me o telefone. Tem uma ligação que gostaria de fazer.
Demi estava tremendo muito, tinha que se encostar em seu marido enquanto ele discava os números. Joe colocou no viva-voz e de repente ouviu sua mãe atender. Joe pediu para que chamasse o pai de Demi, também, que se juntou a eles em segundos.
— Estávamos pensando em quando ouviríamos a voz de vocês dois.
Joe sorriu para a esposa.
— Como sabem, a filha brilhante de vocês está me ajudando a colocar a empresa de volta nos trilhos, mas tiramos três dias de folga para comemorar e queríamos que compartilhassem conosco, uma vez que vão ser avós em seis meses e meio.
— Você está grávida? Nossa garotinha está grávida! — A mãe dela quase gritou de felicidade.
— Isso é maravilhoso! — Seu pai parecia chocado.
— Demi vai ligar para vocês mais tarde e dar mais detalhes. Agora, temos que informar meu pai e sua esposa.
— Outro pequeno duque, talvez?
— Ou duqueza — Demi brincou, sabendo bem como Joe se sentia sobre isso, mas nunca o magoaria mimar os pais, num momento de deleite. — Mas não ouse publicar nada ainda!
Seu pai deu uma risada antes de desligar. Após Joe encerrar a ligação, ela o beijou vorazmente mais uma vez.
— Você vai ser o mais maravilhoso dos pais. Quer menino ou menina? Percebeu que em todo esse tempo não conversamos sobre isso?
Ele enterrou a face no cabelo da esposa.
— Tanto faz.
— Para mim também.
— Dê-me sua boca, Demi. É vida para mim,
— Antes vamos ligar para seu pai. Quero contar para ele. Estamos ficando amigos.
— Eu sei. Ele é secretamente louco por você, mas eu também sou. Estou desesperadamente apaixonado, squisita.
***
Seis meses e meio depois
— A cabeça está saindo, Demi. Seu bebê está chegando. Empurra mais uma vez. Você consegue.
— Vamos, cara — Joe a preparou.
Outro empurrão e ela ouviu um som borbulhante seguido de um choro de criança. Ela assistiu à dra. Santi segurar o bebê e depois colocá-lo em sua barriga.
— Temos uma doce menininha aqui. Ela tem pulmões perfeitos. Vá em frente e corte o cordão, Joe.
Seu marido de máscara e com a veste do hospital mostrou ter nervos de aço ao fazer as honras, mas ela sabia lá no fundo que ele estava apavorado por alguma coisa dar errado.
No minuto seguinte o pediatra a pegou para examinar. Depois de limpá-la, enrolou-a num cobertor para que Demi a segurasse. O médico olhou para Joe.
— Ela tem os olhos do papa. Já estão ficando azuis.
Demi deu um sorriso secreto para o marido. Ninguém tinha ideia do que essas palavras significavam para Joe. Ele realmente era o papa.
— Tudo está perfeito, signora Valsecchi. Tem três quilos e seiscentos gramas e cinquenta centímetros.
— Oh, querido, não acredito que está aqui! Nosso bebê, finalmente. — As lágrimas deslizaram pelo seu rosto. Quando olhou de novo para cima, em direção a Joe, seu rosto também estava molhado.
— Ela é perfeita — ele sussurrou absolutamente maravilhado.
— Tem o perfil dos Valsecchi, como Dino.
— É linda como a mãe.
— Não parece possível que estejamos segurando nosso bebê. — Demi não conseguia acreditar o quanto a neném era delicada. Tinha dedos minúsculos e unhas. Mas Demi via outras partes que pertenciam ao seu atraente pai, o formato da boca e da cabeça.
Joe soltou o mais alegre e desinibido de todos os risos de felicidade, um pai aliviado que não tinha mais com o que se preocupar. O teste não tinha machucado a criança de nenhuma forma. A última coisa que assombrava seu casamento acabara de ser dispersada.
Guilio colocou a cabeça na porta do quarto, olhando com um sorriso.
— As pessoas já podem entrar? Dino não consegue esperar mais.
— Claro — Demi disse a ele, mas Joe pediu a seu pai que esperasse do lado de fora por mais alguns minutos. Ainda estava examinando sua filha com um cuidado infinito.
— Não pode pedir para que ele espere para sempre, querido.
— Tem uma multidão do lado de fora, Demi — ele resmungou. — Não acho que seja uma boa ideia deixar todos entrarem ainda.
— Mas querem ver nosso bebê.
— Eu também — disse de forma meio áspera. Vou permitir que entrem quando achar que você e Alessandra estejam prontas, não antes disso...
Ela nunca o tinha visto assim. Outro aspecto para Demi amar. Joe tirou a máscara.
— Você está bem? Após o que passou, não sei como pode estar tão calma e tão bonita. — Esfregou seus lábios nos dela.
Demi adorava seu marido espetacular e o beijou mais meticulosamente do que Joe esperava.
— Não sou uma inválida frágil — sussurrou.
— A dra. Santi me deixou de mau humor. Disse para esperarmos seis semanas.
— Mas me sinto tão bem que não vejo por que esperar tanto tempo. Você vê? — O beijo voraz que Demi deu no marido parecia ter ativado o encanto. Era um de seus segredos de esposa que sempre funcionava, porque conseguia colocar um brilho nos olhos de Joe. Por um tempo teve medo de que desaparecesse por um longo período.
— Veremos — ele brincou. Então enfaticamente disse: — Eu te amo. Você sabe disso. Se algo tivesse acontecido a você...
— Mas não aconteceu. Lembre de que te amo. E deixe Dino entrar. Ele está esperando com seu pai. Não quero nunca que se sinta excluído.
— Nem eu. — Joe andou até a porta.
— Um de cada vez, Dino primeiro.
Segurando a mão do pai, foi cuidadosamente até a cama. Demi esticou o braço.
— Estou muito contente por estar aqui, Dino. Senti saudades. Sente-se na cadeira e seu pai vai deixá-lo segurar sua irmãzinha recém-nascida.
Assim que Joe pegou aquele precioso embrulho, o colocou no colo do menino. Dino analisou o rosto do bebê e o segurou por muito tempo.
— O que acha? — seu pai perguntou.
— Ela não tem cabelo.
Demi riu.
— Terá. Minha mãe me disse que eu era careca quando nasci. Olhe para mim agora.
Isso trouxe um sorriso para o rosto do garoto.
— Papa diz que ele ama seu cabelo.
— Isso é verdade, esposo mio?
Pela primeira vez desde que o conheceu, percebeu que, de fato, corou.
— Em quanto tempo a Alessandra vai poder falar?
Demi teve que pensar.
— Talvez um ano.
— Nove meses! — Joe disse com uma voz de autoridade.
Demi lançou um sorriso arteiro para o marido.
— Você sabe de algo que eu não saiba?
— Ela é uma Valsecchi e já é bem adiantada para a idade dela.
— Eu era adiantado, papa?
— Naturalmente. — Ouviu-se o som de outra voz. Guilio e Silviana entraram no quarto. Os olhos do velho homem se umedeceram quando se inclinou sobre a mais recente chegada ao clã Valsecchi. Ele levantou a cabeça olhando para um e depois o outro e disse:
— Vocês dois fazem um bom trabalho, tanto dentro quanto fora do escritório.
Esse foi um elogio que Demi sempre iria guardar no coração. Guilio deu um tapinha no ombro de Joe. Com aquele quarto lindo, todo decorado no palazzo, os dois têm um longo caminho a seguir.
— Para um homem que nunca fazia piadas, isso já era muito bom, papa.
— Quer segurá-la, vô?
— Não, não. Você está fazendo um bom trabalho.
— Querido? — Demi sussurrou para o marido. — Estou ouvindo a voz da minha mãe do lado de fora. Fiquei com medo de o voo deles nunca conseguir chegar. Peça para que entrem.
Os próximos minutos foram de ofuscar quando os pais de Demi entraram no quarto com presentes e abraços. Ambos estavam radiantes. Adoraram Joe e Dino. Agora estavam prontos para despejar seu amor em sua única neta.
Alessandra rodou por muitos braços, o que preocupou Joe novamente, mas ela o implorou para que deixasse seus tios e tias ter sua vez. Logo, o lugar inteiro parecia uma festa, até a enfermeira entrar e escoltar todos para fora.
Demi tinha que admitir que estava exausta. Apertou a mão de Dino e pediu que voltasse mais tarde. Na próxima vez que acordou, a enfermeira chegou com sua filha para ajudá-la com a amamentação. Então Demi caiu no sono novamente.
Dessa vez, quando abriu os olhos, estava cercada por pelo menos uma dúzia de buquês posicionados nas bancadas e nos carrinhos. Assim que começou a imaginar onde seu marido poderia estar, Joe entrou no quarto com um vaso de três dúzias de rosas vermelhas de hastes longas. Ela soltou um grito.
— Elas são gloriosas!
— Assim como você. — Joe as colocou na mesa do canto.
— Joe...
— Rápido, antes que nosso bebê volte. — Ele a beijou por um longo tempo de forma apaixonada. Quando finalmente levantou a cabeça disse: — Estava precisando disso.
— Eu também. Esteve com nossa filha?
— Passei parte do tempo no berçário e pude dar um banho nela. Dino assistiu pelo vidro. Depois o levei para comer na cafeteria.
— Ótimo. O que ele acha de tudo isso?
— Diz que vai falar com a mãe para ele vir para cá mais vezes, porque você vai precisar de ajuda com o bebê. Ele te ama, tesoro.
— O sentimento é mútuo.
— Dino vai ficar com meu pai e Silviana essa noite, para que eu possa ficar aqui com você. Se for liberada amanhã vamos para casa juntos.
— Estou muito feliz. — Demi olhou ao redor. — Não acredito em todas essas flores. Uma tamanha efusão. Mesmo por parte do Fabbio.
— Você fez muitos amigos e o ganhou também, desde que se tornou a copresidente. Mais tarde vou te dar os cartões para ler, mas tem um que está selado dirigido a você em um dos buquês. Gostaria de ler agora?
Obviamente era importante para seu marido que lesse. Mesmo cansada, disse que sim.
Joe entregou o envelope. Do lado de fora, havia um cartão florido onde se lia: Parabéns! De Andreas e Gabi. Ela partiu o lacre e abriu. Andreas tinha escrito uma mensagem.
Querida Demi,
Quando Leon me contou que tinha se casado com o homem de seus sonhos e estava esperando um filho, percebi que a mesma coisa havia acontecido comigo. O destino tinha algo maravilhoso armazenado para ambos, que nenhum dos dois pôde prever quando começamos nossa caminhada juntos. Caso se sinta como eu, deixemos de lado qualquer resíduo de culpa por algum tipo de mágoa que possamos ter causado um ao outro.
Gabi e eu estamos esperando um filho para daqui a três meses. Minha alegria vai além das palavras. O que me faz muito feliz é saber que a sua também. Estou ansioso para conhecer Joe. Ele tem que ser alguém excepcional para ter conquistado seu coração e sua alma. Nos próximos anos, nossos caminhos vão se cruzar com frequência. É algo que vou esperar muito que aconteça.
Andreas.
Sem palavras, Demi entregou o cartão para que seu marido lesse. Ela o assistiu derramar lágrimas algumas vezes. Após alguns minutos o ouviu dizer:
— Não é à toa que ele é chamado de o grande Simonides, não é?
Demi olhou para o homem que adorava.
— Eu te amo, Joe. — Chorou com emoção. — Venha aqui.
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Aqui está o último capítulo pra vocês. Espero que tenham gostado, a próxima história é um amorzinho.
xoxo Nathi
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Aqui está o último capítulo pra vocês. Espero que tenham gostado, a próxima história é um amorzinho.
xoxo Nathi
amei essa fic
ResponderExcluirmt bom
posta logo!!!!
amei essa fic
ResponderExcluirmt bom
posta logo!!!!
Adorei o Final...
ResponderExcluirJá quero saber qual vai ser a Proxima fic
Meu Deus eu quase chorei esse final foi muito lindo.
ResponderExcluirPosta logo a nova fic ja to curiosa