Embora ela fosse uma mulher com uma carreira desde a faculdade, no fundo sempre imaginou que um dia se casaria e teria filhos. Em algum lugar, ao longo do caminho, Andreas se tornou parte de sua fantasia.
Através dos anos as famílias de ambos haviam sido amigas e sempre afirmaram que o casal possuía as qualidades para o tipo de parceria que iria durar. Demi pensava o mesmo, mas depois que começaram um compromisso sério, Andreas esperou muito tempo até que fizesse amor com ela. A intimidade deles era satisfatória, mas não explosiva. O que fez com que perdesse um pouco de autoconfiança.
Demi logo reconheceu que ele era um homem cauteloso. Sua reputação de não cometer erros colocou-o, ao contrário de seu irmão Leon, no comando da Simonides Corporation, assim que seu pai deixou o cargo.
Embora Andreas tenha garantido que Demi era a única mulher de sua vida, o fato de ele não querer assumir um noivado deixou-a magoada. Ele disse que não acreditava em noivados e que eles saberiam quando chegasse a hora certa de se casar. Demi erroneamente presumiu que a maior responsabilidade recaísse sobre ele. Como presidente da empresa, havia ditado a quantidade de tempo que passavam juntos.
Se ela fosse honesta, teria que admitir que entre as horas que ele estabeleceu e a viagem que ela fez pelo jornal, o relacionamento deles havia sofrido um desgaste. Quando Joe passou a perseguí-la ardentemente, ela ficou lisonjeada e ávida por atenção.
Mas os dez dias que passaram juntos e a noite de paixão transformaram-se em algo mais intenso que um mero caso de férias. Ela sabia, então, que seus sentimentos por Joe foram profundos e agora, depois de vê-lo novamente com seu filhinho, esses sentimentos se tornaram magníficos. Não havia dúvidas de que Demi queria esse bebê. Queria com todo seu coração e alma. E depois de testemunhar o amor de Joe por Dino, uma parte de Demi também esperava que o bebê dela fosse de Joe. Mas, no momento em que acordou no hotel em Riomaggiore naquela manhã, mudou de ideia a respeito de continuar seguindo sua agenda.
O que havia planejado desde que saiu do consultório do médico era um ato de uma mulher desesperada. De uma grávida. Ela corrigiu, enquanto tomava as vitaminas do pré-natal e os comprimidos antináusea que ele tinha prescrito.
Não fazia mais sentido mentir para si própria. Como ela poderia pensar, mesmo por um segundo, que Joe se sentiria da mesma forma a respeito dela quando contasse a ele que estava esperando um bebê que poderia ser seu filho ou não? Ele já tinha um filho lindo de seis anos.
Depois de escovar os dentes, olhou-se no espelho. Com o que ela achava que estava brincando?
O que precisava fazer era voar para algum lugar fora do radar, como Toronto, no Canadá. Os pais dela iriam entender que estava tentando superar sua dor de cotovelo e não a pressionariam enquanto estivesse determinada a construir uma nova vida para si própria.
Toronto tinha uma grande comunidade grega. Ela poderia se estabelecer usando o nome de solteira de sua mãe e ter seu bebê. Quando ele estivesse com um ano, poderia voltar para Atenas, fingindo ser uma mulher divorciada. A partir daquele ponto poderia criar seu filho com sabedoria e seu segredo ficaria seguro para sempre.
Depois de tomar a decisão, Demi se vestiu com uma calça branca de algodão e uma blusa sedosa azul clara que modelava sua cintura. A roupa seria confortável para usar no avião.
Antes de fazer qualquer outra coisa, escreveu um bilhete para Joe explicando que tinha sido ótimo vê-lo, assim como seu filho, mas que seus planos haviam mudado inesperadamente e ela precisou pegar um voo.
Após pentear o cabelo, colocou as sandálias e já estava pronta para fazer o check out do hotel. Era uma pequena distância dirigindo até o aeroporto, onde iria devolver o carro que tinha alugado. Se Joe não chegasse ao hotel até então, deixaria o bilhete com o recepcionista.
Às quinze para as nove, Demi chegou ao balcão do saguão e olhou ao redor. Nenhum sinal dele. Pagou a conta, deixou o bilhete e andou até o estacionamento com sua mala.
Para sua surpresa, viu Joe com seu cabelo preto encostado na porta do carro dela, na parte do motorista, causando-lhe um conflito de emoções. Como ele sabia qual carro tinha alugado?
A calça cargo que usava definia suas poderosas pernas. Numa camisa pólo vinho com aquelas mangas curtas que realçavam os braços musculosos, ele poderia vender milhões de revistas para qualquer mulher que o visse na capa.
Ele lançou aquele deslumbrante sorriso.
— Bom dia, Demi.
— Bom... dia, — ela entrecortou a voz. — Onde está Dino?
— Buongiorno! — seu filho gritou. Quando ela se virou, o viu pendurado para fora da janela da Fiat estacionada na fileira seguinte. Ela havia se concentrado tão intensamente em partir que não tinha percebido sua face sorridente. Estava usando uma camisa branca muito fofa com um grande dragão verde na frente. — Como está essa manhã, signorina? — Ele já tinha essa pergunta pronta.
— Estou bem, Dino. Como vai você?
— Maravilhoso!
Joe provavelmente havia lhe ensinado aquela palavra nessa manhã. Ele disse com um sotaque tão carinhoso. O olhar dela desviou-se para os olhos azuis que a analisavam embaixo do sol, mais quente a cada minuto. Ele se esticou e andou em direção a ela.
— Siga-nos até Genoa para poder devolver seu carro antes de partirmos para Milão.
Ela pegou um rápido ar.
— Joe... Algo surgiu e não vou poder ir com vocês no fim das contas. Deixei um bilhete na recepção quando fiz o check out... Tenho que partir, Joe.
Sua mandíbula endureceu.
— Não tenho nenhuma intenção de ler seu bilhete e você não pode ir embora... Não ainda. Você fez uma promessa a Dino de que viria conosco. Ele quer te mostrar o castelo de Rapallo no mar, construído pelos piratas expulsos. Ele não parou de falar nisso, não pode desapontá-lo.
Depois de mais uma olhada na expressão de expectativa de Dino, Demi concordou. A única coisa que tinha a fazer era ir até Milão com eles. Depois que deixassem o menino, ela pediria a Joe que a levasse até o aeroporto de Milão. Poderia ir para o Canadá de lá.
— Certo. Algumas horas a mais não farão diferença no esquema. — Ela pegou a chave eletrônica e destravou a porta. Ele a abriu e ajudou-lhe a entrar, submetendo-a a outra apreciação íntima, antes que a fechasse. Com a pulsação crescendo, ela ligou o carro e esperou para seguí-lo.
Durante o pequeno trajeto até Rapallo, na Riviera italiana, Dino se virava em sua cadeira infantil e de tempos em tempos acenava para ela, fazendo-a sorrir. Demi acenava de volta. Quando chegaram à cidade, estacionaram no centro histórico e comeram sorvete, enquanto andavam pelo porto.
Ela pediu a Joe que falasse a Dino que o pequeno e pitoresco castelo, submerso na água, parecia de brinquedo. Seu filho riu e segurou a mão de Demi enquanto andavam pela curta calçada a qual exploravam. Logo depois, ele implorou para que ela fosse dar uma volta no bondinho até Montallegro. Quem poderia dizer não?
Junto com outros passageiros, eles foram privilegiados com a vista panorâmica do Golfo de Tigullio. Depois de um maravilhoso almoço no alto, pegaram o bondinho de volta para o estacionamento e seguiram para Genoa, onde ela devolveu seu carro para a empresa de aluguel.
Joe colocou sua bagagem no porta-malas da Fiat, junto com as coisas de Dino.
A visão delas e da bolsa de brinquedos trouxe uma angústia para seu coração. Em instantes, os dois teriam que se separar.
Joe claramente adora o filho. E Dino era louco por seu papa. Como deveria ser duro para eles terem que se separar. Mesmo assim, Dino tinha uma mãe que deveria estar sentindo uma tremenda falta dele.
Mais do que nunca, Demi percebeu que, em poucos meses, também estaria de frente com uma situação semelhante. Se Andreas fosse o pai do bebê e descobrisse a verdade, então seria forçada a compartilhar a visitação e a criação da criança com ele. Mas se acontecesse de Joe ser o pai, então o que o futuro guardava para eles? Joe já conhecia a dor de ter que dizer adeus a seu filho depois da visita; será que ele iria querer passar por tudo isso de novo com esse bebê?
No caminho para Milão, Dino a manteve entretida ensinando-lhe algumas simples canções de criança, em italiano. Joe traduzia. Demi sabia que seu sotaque era terrível, mas ela tentou memorizá-las e cantá-las junto com ele. Dino a corrigia aqui e ali. Quando chegaram à periferia da cidade, já conseguia cantar sem ajuda.
— Bravo, signorina.
Ela se virou no banco do carro para sorrir para Dino.
— Grazie. Você é um professor excelente.
Ele disse algo para o pai, em um italiano rápido. Joe respondeu. Demi não pôde resistir e olhou para ele.
— O que seu filho disse?
— Ele gostaria que você fosse sua tutora de inglês. O sr. Fallow nasceu na Inglaterra e mudou-se para cá há dez anos. De acordo com meu filho, ele é rígido e mal humorado porque tem dor no quadril. Você é uma professora muito melhor e é muito legal. Ele gostaria de saber se você quer que ele lhe ensine italiano.
Um sorriso escapou de seus lábios.
— Não consigo imaginar querer mais nada que isso. Quanto ele cobra?
Um sorriso iluminou os olhos azuis de Joe antes que traduzisse para o filho. O menino fez uma piada e então sussurrou algo para o pai.
Cheia de curiosidade, Demi olhou para ele.
— Sobre o que foi isso?
— Ele não recusaria uma bola de chocolate bocci.
— Ah, um fanático por chocolate. Vou lembrar disso, mas o que o dentista vai dizer?
Dessa vez Joe riu muito. Depois que contou a Dino, os três estavam gargalhando, mas lentamente foram se aquietando ao se aproximarem do portão de segurança. Logo estavam dentro do pátio de uma vila luxuosa, escondida da rua pelas folhagens.
— Já volto. — Joe saiu do acento para pegar as bolsas do filho.
Demi ficou no carro, enquanto o menino dava a volta pela traseira para chegar até sua porta. Ela abriu a janela e deu-lhe um aperto de mão.
— Obrigada pelo dia maravilhoso, Dino.
— Obrigado, também. Gosta do papa? — Dino pareceu preocupado. Claro, queria saber o que se passava entre ela e seu pai. Será que ele queria que Demi gostasse de seu pai, ou desejaria que fosse embora e nunca voltasse? O que Dino faria se tivesse um irmãozinho ou irmãzinha? Uma gota de inquietude tomou conta de Demi. Seu bebê poderia afetar a vida de tantas pessoas. Ela reprimiu o sentimento e virou-se para Dino novamente.
— Sim, e eu gosto de você. — Demi cutucou-lhe a barriga com o dedo indicador.
Ele reagiu com um sorriso.
— Ciao, signorina.
— Ciao, Dino.
Ela viu os dois carregarem todas as coisas para a porta da frente da vila. Uma empregada abriu e deixou que entrassem. Presumindo que Joe fosse ficar um tempo, Demi repousou a cabeça no encosto do acento e fechou os olhos.
Embora soubesse o que fosse dizer a ele quando voltasse, estava tremendo muito. Não ficavam sozinhos desde a ida ao apartamento dele, no dia anterior. Sem Dino como para-raios, ela não sabia o que esperar de Joe e não tinha a menor ideia de como ele iria reagir à notícia.
***
Joe agachou-se diante de seu filho.
— Nos divertimos muito, não foi?
— Sim, eu adorei! Demi vai estar com você da próxima vez em que nos virmos?
— Espero que sim.
— Eu também. Ela te faz feliz.
Joe sorriu com a percepção do menino.
— Sim.
— Você sabia que ela tem medo de água também? Me contou quando estávamos olhando pela janela do castelo.
Então... Seu filho tinha uma aliada.
— Mas ela não parece se importar com altura porque ela gostou do passeio no bondinho.
— Eu sei, eu também. Ela é divertida.
— Eu concordo.
Abaixando a voz até sussurrar, Dino disse.
— Ela é bonita também, mas não diz a você sabe quem que eu disse isso.
— Não se preocupe, não direi. Agora, antes que você sabe quem desça, me dê um abraço. — Ele sentiu os braços de Dino envolverem-no e apertá-lo com força. — Vejo você no fim do mês.
— Gostaria que pudéssemos fazer essas coisas com mais frequência.
— Mas tudo está funcionando, certo?
Enquanto Dino assentiu com a cabeça e secou os olhos, Mila apareceu de short e camiseta, parecendo imaculada como sempre. O menino saiu correndo em direção a ela, dando-lhe um grande abraço. Ela beijou-lhe a testa antes de lançar um olhar para Joe.
— Você chegou mais tarde do que eu esperava,
Em uma efusão de entusiasmo, Dino contou a ela sobre a ida deles a Rapallo com a Signorina Spiros. Joe estava perfeitamente feliz por seu filho ter se adiantado e explicado.
A expressão de Mila endureceu.
— Leve suas coisas lá para cima, Dino. Quero falar com seu pai a sós.
— Certo. — Ele se virou para Joe. — Te amo, papa.
— Te amo também.
Ele pegou seu saco de brinquedos e começou a subir as escadas. Quando desapareceu de vista, Mila virou-se para ele.
— Você nunca apresentou Dino para outra mulher antes. Qual a importância dela para você?
— Muita. — Noite passada ele chegou perto de um colapso cardíaco quando viu Demi na porta de entrada dele. Se não estava enganado, Mila havia perdido a cor.
— E ela é grega?
— Dino já disse tudo. Agora tenho que ir, Mila. Demi está me esperando.
— Ela está aqui?
— Si. No pátio no meu carro.
— Como ousa trazê-la aqui, Joe! E como ousa dormir com uma mulher no apartamento enquanto Dino está te visitando!
— Guarde sua raiva, Mila. Ela ficou em um hotel.
— Eu proíbo isso, Joe.
Joe sentiu sua própria raiva em relação à ex-mulher borbulhando em sua face.
— Proíbe o quê? Já obedeci cada decreto estipulado no documento de visitação. Não tem nada que se refira a eu não poder ter uma mulher em meu carro ou apartamento na presença de Dino. Minha vida não tem mais nada a ver com você, Mila.
— Isso nós vamos ver!
— Se você e seu pai quiserem jogar mais dinheiro fora com seu advogado, não posso impedir, mas prometo que vai estar perdendo seu tempo.
— Você não vai estar tão presunçoso quando eu contar para seu pai e ele fizer com que o juiz altere o que foi estipulado.
— Isso não vai acontecer. Ciao, Mila. — Com a chegada de Demi, Joe agora tinha o trunfo e iria usá-lo.
— Não vire as costas para mim ainda! — Sua voz estridente havia subido de tom. — Eu não terminei!
— Se não terminou, deveria. Dino sentiu sua falta, não o deixe esperando.
Ele saiu da vila sabendo que, por enquanto, havia colocado as algemas em Mila. Era sempre um esforço deixar seu filho, mas pela primeira vez alguém estava esperando por ele. Ficou sem ar no momento em que voltou para dentro do carro e virou-se para Demi. Uma alegria o dominou, informando que finalmente estavam sozinhos.
A riqueza dos cabelos negros da moça fez com que seu olhar se fixasse, porém escondia parte de suas feições. Ele se inclinou mais perto para colocá-los atrás da orelha. Incapaz de resistir, tocou em Demi antes de dar a partida com o carro. Ele analisou seu lindo perfil grego por um longo tempo antes de passar pelo portão e pegar a estrada principal.
— Eu tirei essa semana de folga do trabalho para ficar com o Dino e não tenho que voltar até amanhã de manhã.
Ela se mexeu, inquieta.
— Joe... Eu acho que precisamos conversar. Você precisa saber a razão pela qual eu vim... Eu não quis dizer nada em frente ao Dino.
— Só o fato de estar aqui já é o suficiente.
— Estou falando sério.
— Nunca achei que não estivesse.
— Por favor, me escute. Eu não vou ficar em Riomaggiore. Estou indo para Toronto. Se você fizesse a gentileza de me levar ao aeroporto, ficaria grata.
Ela estava fugindo novamente. Dessa vez Joe não iria permitir.
— Achei que tivesse deixado seu emprego no jornal.
— Eu deixei.
— Então, o que vai fazer no Canadá?
— Um outro trabalho fora da Grécia.
— Se for isso que estiver procurando, eu poderia te oferecer uma posição de relações públicas em La Spezia.
Ele observou que ela juntou as mãos.
— Eu não falo italiano.
— Eu te ensinaria.
— Joe... — ela suspirou em frustração. — Eu parei para visitar você porque sabia que veria as manchetes dos jornais sobre o casamento de Andreas com Gabi. Era importante para mim que não pensasse que eu era uma completa mentirosa.
“Quando saí de Riomaggiore, voltei para terminar com Andreas. Depois que conheci você, descobri que meu relacionamento estava em ruínas. Você estava certo sobre isso. Andreas descobriu isso sozinho também.”
Joe ficou em silêncio por um instante, antes de falar.
— Fique grata por Simonides ter agido de acordo com seus instintos.
— Se ele o fez ou não, eu agi de acordo com os meus e dormi com você. Esse foi o ponto decisivo para mim. — A atração entre eles era muito intensa. Viviam o momento.
Ele entrou numa estrada que levava a um parque. Logo que pôde, encostou e desligou os motores, antes de dar-lhe atenção completa.
— Agora me diga por que apareceu na minha porta. Quero a verdade. — Joe não era tolo.
— Você tem tanta certeza de que eu tinha algo previsto?
Seus olhos azuis penetrantes encontraram os dela.
— Vamos dizer que você e eu temos uma química forte. Independentemente das aparências, eu acredito que isso a trouxe de volta.
Ele estava certo sobre a intensidade do desejo físico que tinham um pelo outro.
— E se eu dissesse que as aparências estão escondendo um problema constrangedor, que está causando meu afastamento e me fazendo viajar sozinha?
— Estou ouvindo. — Ele sabia que ela falava da analogia aos gansos.
O coração dela disparou pelo pensamento de sua ousadia.
— Estava falando sério quando disse que achava que deveríamos nos casar?
— Perfeitamente.
Ela suspirou.
— Não foi uma pergunta justa a se fazer, já que as circunstancias não são as mesmas de dois meses atrás. Eu não sabia que você já tinha um filho e toda uma história matrimonial problemática.
— Essa é apenas uma forma de colocar as coisas.
— Eu... Eu sinto muito pelo seu primeiro casamento não ter dado certo. — A voz dela oscilou. — Mas não é só isso. Existe outra coisa que eu preciso contar, algo...
— O que é, Demi? O que é que mudou desde o nosso último encontro? — Joe ficou novamente em silêncio por um instante, claramente pensando profundamente antes que seu olhar voltasse para Demi mais uma vez. — Demi, você está grávida... De um fílho meu?
Ela ficou chocada com a perspicácia dele. Demi baixou a cabeça, odiando o que tinha a dizer.
— Estou grávida, Joe, mas não sei se o fílho é seu. Fui a dois obstetras para obter opiniões. Ambos fizeram as contas comigo e concluíram que não podemos ter certeza de quem é o pai.
— Simonides não sabe? — Joe era um homem orgulhoso. Ela estava esperando por aquela pergunta, estava preparada para isso.
— Eu só fui ao segundo médico ontem à tarde, antes de voar para cá. E ele está em lua de mel... — Os olhos de Joe estreitaram-se ao olhar para ela.
— Quando você pretende contar a ele?
— Não pretendo.
— Nunca?
— Se você acha que isso faz de mim uma mulher diabólica, eu vou entender.
— Como sei que você não é, porque, em nome dos céus, não contaria para ele? Ele tem o direito de saber.
— É uma história longa e complicada.
— Eu duvido que chegue perto da minha. — Mais uma vez ele fazia alusão a uma história sobre a qual ela sabia quase nada. — Continue.
— Olha, Joe. Já desperdicei muito do seu tempo. Não deveria ter vindo aqui. Por favor, me deixe no aeroporto.
— Não até você explicar.
Demi jogou sua cabeça para trás, fazendo com que seu cabelo reassentasse ao redor dos ombros e perto dos olhos. Ela respirou fundo, purificando a respiração antes de falar.
— Tudo começou um ano atrás com Leon, o irmão de Andreas, e Deline, a mulher de Leon, que tiveram uma briga muito séria. Ele vinha trabalhando longas horas como assistente de Andreas, quase nunca estava em casa, o que acabou magoando muito Deline. Ela acusou Leon de negligenciá-la e também o casamento deles. Queria começar uma família, mas não conseguia engravidar, e as coisas estavam bem ruins entre eles.
“Separaram-se por alguns meses. Quando Deline disse a Leon que estava pensando em se separar definitivamente, ele ficou tão magoado que chamou um amigo e pegou o iate de Simonides emprestado. Seu amigo convidou algumas mulheres a bordo e todo mundo bebeu demais. Então uma coisa terrível aconteceu.”
No instante seguinte, Demi aliviou-se do pesadelo que chegou perto de destruir muitas famílias.
— Eu ainda não sei como Deline lida com isso. Além de estar grávida de um fílho de Leon, ainda tem que cuidar dos gêmeos que ele fez com Thea Turner no iate, naquela noite.
— Ela deve amá-lo muito.
— Sim, ama. Acredito que o casamento deles tem uma grande chance de sobreviver. Mas se eu contasse a Andreas sobre nosso filho, isso poderia destruir não apenas ele, mas seu casamento também. Gabi é inocente em tudo isso e viveu um inferno quando sua meia-irmã morreu no parto. Até que entrasse em contato com Andreas, foi ela quem cuidou dos gêmeos nos primeiros quatro meses de suas vidas. Se esse bebê for de Andreas, como isso iria afetá-la?
Joe moveu os dedos para brincar com as pontas dos cabelos de Demi.
— Quanto mais a trama se revela, mais está parecida com a saga complicada da minha própria família. — Essa foi a segunda vez que ela ouviu Joe mencionar algo sobre a família.
— Todas as famílias passam por crises, incluindo a minha. Meus pais estavam contando com meu casamento com Andreas. Eles ficaram arrasados de tristeza desde que ele se casou com Gabi. Acham que eu estou com o coração partido. Caso soubessem que esse bebê é de Andreas, insistiriam para que ele assumisse a responsabilidade.
“E Andreas insistiria em ter o controle, porque é assim que ele é. Mas, então, todo mundo entraria em cena para fazer a coisa certa por mim. Nada seria o mesmo novamente.”
Lágrimas quentes rolaram pelas faces de Demi.
— Arruinaria tantas vidas. Essa é a razão pela qual tenho que manter em segredo de Andreas.
Joe ergueu a cabeça.
— Alguém mais sabe que você está grávida?
— Isso tem importância?
— Sim.
— Por quê?
— Se nós vamos nos casar, insisto em que todos acreditem que o bebê é meu.
Demi arfou.
— Joe, o que eu disse antes... Você não quer se casar comigo! Especialmente agora.
— Demi, o bebê que está carregando tem tanta chance de ser meu quanto de Andreas. Como você explicou, ele já tem uma esposa, portanto eu insisto em assumir a responsabilidade. Você precisa de um marido, o bebê precisa de um pai e eu preciso de uma esposa.
— Joe...
— Eu vou perguntar novamente. Alguém mais sabe que você está grávida além de mim e dos médicos?
— Sim.
— Quem?
Ela mordeu os lábios.
— Deline.
Joe friccionou o lado de sua mandíbula.
— Nessas circunstancias ela é a única pessoa que você conhece que pode confiar. Você acha que ela seria capaz de levar nosso segredo para o túmulo?
Nosso segredo. Demi não conseguia imaginar que ele estava realmente considerando a ideia de casar, depois de tudo que acabou de saber dela mesma.
— Se eu não acreditasse nisso, não teria nem contado, em primeiro lugar.
— Ela apoia a ideia de esconder isso de Andreas?
— Não. Ela tem medo de que, se eu não contar, isso possa vir à tona um dia. Mas nunca me trairia.
— Você confia em que os médicos não vão contatar Simonides? Ele é muito conhecido, para que eles não façam a conexão.
— Eu fiz o que você fez quando disse a Dino que meu sobrenome era Spiros. A propósito, como sabia disso?
— Quando veio da outra vez eu vi seu nome no passaporte. Demi Spiros Liapis.
Ela piscou os olhos.
— Estou surpresa que tenha lembrado.
— Não esqueci nada sobre você, Demi. — Suas palavras aveludadas derreteram dentro dela.
— Quando fui à emergência, disse a eles que meu nome era Demi Spiros. Fui encaminhada ao obstetra com esse nome. Assim como o médico que visitei ontem, nenhum deles tem a menor ideia de que eu era a outra mulher mencionada nas manchetes sobre Andreas.
— Então está combinado. Nos casaremos assim que eu possa organizar tudo. A menos que você queira aderir a alguma religião, faremos nossos votos no civil.
— Pare, Joe! — Ela sacudiu a cabeça. — Você está indo rápido demais para mim... E para você mesmo.
— Não presuma que possa dizer o que estou sentindo, Demi. Se fosse possível, teria me casado com você quando esteve aqui antes.
Ela deu uma respirada trêmula.
— Sem que eu tivesse conhecido seu filho antes?
— Eu teria lhe apresentado. Nós três teríamos passado um dia juntos antes que eu perguntasse se ele gostaria de assistir ao nosso casamento.
Demi desviou o olhar.
— Mesmo me aprovando ou não, teria dito sim, porque ele ama você. Faria qualquer coisa para vê-lo feliz.
— Mas não me casaria com uma mulher, a menos que ela o pudesse fazer feliz também.
— Você mal me conhece, Joe. Nós mal conhecemos um ao outro.
— Sei das coisas mais importantes sobre você, Demi. Tem uma essência boa e mostrou isso a meu filho. Depois de hoje e ontem à noite, Dino sabe disso. Devo lhe contar o que ele sussurrou para mim no saguão antes de Mila aparecer? Disse que esperava que estivesse comigo na próxima visita.
As pálpebras de seus olhos pungiram.
— Ele é muito doce.
— Você usou seu tempo para brincar com ele e fazê-lo sentir-se uma pessoa importante.
— Todas as crianças são importantes.
— Nem todo mundo se sente dessa forma. Eu observei você com ele ontem à noite. Você o fez ficar calmo.
— Fico feliz.
— Feliz o suficiente para se casar comigo e me ajudar a criar meu filho e ser o pai de seu bebê?
Ela evitou o olhar de Joe e olhou para fora da janela.
— Não poderia ser tão simples, Joe.
— Claro que não. Caso contrário, nunca sugeriria. Nós seremos uma daquelas famílias da geração que encaixa todas as partes estranhas em apenas um buraco. Tenho esperança de que vai dar certo, mas não existem garantias.
Demi soltou um riso triste.
— Não somos parecidos em nada.
Seus olhos se encobriram.
— Você e Andreas vieram do mesmo mundo, mas não conseguiram chegar ao altar. Não fui tão sortudo quanto você, Demi, e não fugi a tempo. Minha família achava que eu deveria me casar com alguém como eu e veja o que aconteceu. Acho que sermos opostos sem expectativas vai ser muito bom para nós.
Ele havia dito isso antes.
— Desejei você no segundo em que entrou em meu escritório. E isso não mudou.
O coração dela saltou. A honestidade dele a chocava, mas era também essa qualidade que a havia atraído. E sua aparência... Não podia negar o apelo físico que sentia por ele. Sabendo que já era pai, tendo conhecido seu filho, surpreendia-lhe que o achasse ainda mais desejável do que nunca. Mas não podia permitir que o magnetismo a cegasse para a realidade da situação.
— Eu não ligo para o que diz sobre Dino gostar de mim. Se nos casássemos, ele sentiria uma outra perda. Você diz que só pode vê-lo um fim de semana por mês e uma semana, duas vezes por ano. No caso de nos casarmos, ele teria que dividir esse precioso tempo que tem com você, comigo. A pobre criança ficaria muito magoada.
Na respiração seguinte, Joe a puxou para seus braços e enterrou a face nos cabelos dela.
— Uma vez que estejamos casados, tudo vai mudar para melhor, para nós dois.
— Joe, não podemos nem pensar nisso sem que Dino tenha sua parte na decisão.
— Estou um passo a sua frente, então é isso que faremos. — Ele levantou a cabeça, forçando-a a olhar para ele. — Tem um hotel aqui perto onde eu sempre levo Dino quando venho visitá-lo em Milão. Vou levar você até lá agora e então vou trazer Dino de volta comigo. Vamos jantar juntos cedo e contar a ele sobre nossos planos.
Tudo estava acontecendo rápido demais.
— Isso parece bom na teoria, mas você acabou de entregá-lo para a mãe. E se ela tiver combinado algo especial para ele? Ele está fora de casa há uma semana.
Um pequeno nervo pulsou no canto da boca de Joe. Ela notou que aparecia, normalmente, quando ele estava tenso.
— Se ela tiver planos, será o primeiro. De acordo com minhas prioridades, dessa vez terão que abrir um precedente.
Depois de dar um beijo quente nos lábios de Demi, ele a soltou com relutância e ligou o carro.
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Mais um capítulo para vocês. Continuem comentando.
xoxo Nathi
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Mais um capítulo para vocês. Continuem comentando.
xoxo Nathi
Esse Joe é rápido no gatilho..... curiosa pra saber a história do Joe, esta muito misterioso..... posta mais por favor.... essa Mila vai dar problema...... continuaaa....
ResponderExcluirCada dia que passa eu amo cada vez mais essa fic ela ta mto fofa e eu to completamente apaixonada pelo dino ❤ posta mais
ResponderExcluirPosta mais
ResponderExcluirPosta logo flor, estou tendo um ataque cardíaco aqui, ele vai conseguir convencer a Demi? Posta.
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