DEMI
Bethy me deu um beijo no rosto e tirou algo que
estava escondido atrás das costas.
Estendeu para mim um pequeno pacote prateado com a
conhecida letra de Joe no bilhete.
– Joe queria que você tivesse algo antigo, para
dar sorte – explicou.
Eu não havia pensado em nada daquilo. Havia me
esquecido das tradições. Sorrindo, peguei o pacote e o abri. Dentro
havia um anel de prata com uma pérola que parecia muito caro. Era
elegante, com uma gravação. Levantei-a para ler o que dizia. Era
“Meu amor”. A gravação também era velha. Não era algo que Joe
tivesse mandado fazer.
Um bilhetinho estava enfiado ao lado do anel.
Peguei-o e abri.
Demi,
Este anel era da minha avó, mãe do meu pai.
Ela veio me visitar antes de falecer. Tenho boas lembranças de suas
visitas e, quando ela morreu, deixou este anel para mim. Em seu
testamento, disse que eu deveria dá-lo à mulher que me completasse.
Ela contou que o anel foi dado a ela pelo meu avô, que morreu quando
meu pai era apenas um bebê, mas que ela nunca amaria outro homem da
forma como o amou. Ele estava em seu coração. Você é minha. Isto
é a sua coisa antiga.
Amo você. Joe
Eu estava chorando – e Bethy também. Olhei para
ela, ao meu lado, lendo o bilhete.
– Caramba, quem diria que Joe Jonas podia ser
tão romântico – comentou ela, fungando.
Eu sabia. Ele me demonstrara isso mais de uma vez.
Pus o anel no dedo, na mão direita, e serviu perfeitamente. Imaginei
que não se tratasse de coincidência. Sorri e olhei para Bethy.
– Obrigada por tudo – falei.
Ela me abraçou e fez que sim com a cabeça.
– Eu é que deveria agradecer. Você é a melhor
amiga que já tive. – Antes que eu pudesse dizer mais alguma coisa,
ela saiu do quarto dando um último aceno.
Virei para me examinar no espelho. O vestido de
cetim pérola sem alças se mantinha no lugar graças a meus peitos
de grávida. A linha alta da cintura, marcada logo abaixo dos seios,
era coberta por centenas de pérolas minúsculas. Sobre o cetim havia
uma camada de chiffon que caía solto em forma de trapézio, até
alguns centímetros acima dos joelhos. Eu havia decidido ficar
descalça, já que iria caminhar pela areia. Pintara as unhas dos pés
de um rosa clarinho para combinar com as pétalas de rosa espalhadas
pelo chão.
Uma batida à porta me assustou, e eu me virei e
vi Harlow entrar no quarto. Ela segurava uma caixinha pequena.
– Você parece uma princesa – disse, sorrindo.
– Obrigada – respondi. Estava me sentindo
assim mesmo.
– Tenho uma coisa do Joe. Ele queria que você
tivesse algo novo, para dar sorte – disse ela, entregando o
presente. – Eu sairia, mas acho que vai precisar da minha ajuda.
Peguei a caixinha e a abri rapidamente, empolgada
para ver o que ele havia mandado para mim desta vez. Dentro da caixa
havia uma delicada corrente de ouro com vários diamantes cortados
exatamente no formato do meu anel, só que muito menores. Levantei a
tornozeleira, e o sol que entrava pelas janelas dançou no quarto,
refletido pelos diamantes.
– Eu coloco em você – ofereceu Harlow, e lhe
entreguei a corrente, que ela prendeu em meu tornozelo.
Eu comentara com Joe que seria bom ter algo nos
pés, mas que não conseguia me imaginar caminhando de sapatos na
areia. Aquela era a resposta dele. Sorri e agradeci a Harlow.
– De nada. Ficou linda em você – disse ela
antes de sair do quarto tão silenciosamente quanto entrara.
Enquanto admirava meu tornozelo no espelho, ouvi
mais uma batida à porta. Um rosto familiar que eu não esperava de
forma alguma sorriu para mim, e eu me apressei para abraçar Vovó Q.
Eu não a havia convidado porque cara preocupada com que Joe não
gostasse da presença de Cain. Eu sabia que seria ele quem traria a
avó, e não poderia convidá-lo também. Senti meus olhos se
encherem de lágrimas quando ela me abraçou.
– Não acredito que a senhora esteja aqui. Não
acredito que tenha dirigido até aqui – disparei.
Ela deu um tapinha nas minhas costas e riu.
– Bem, eu não vim dirigindo. Seu noivo mandou
passagens de avião para mim e para Cain. Primeira classe. Nunca fui
tão mimada na vida. Uma experiência e tanto, vou lhe dizer.
Se eu já não amasse Joe Jonas com cada célula
do meu corpo, eu o amaria ainda mais por isso. Mas ele já me tinha
por inteiro.
– Agora não comece a chorar, para não estragar
essa maquiagem. Você está parecendo sua mãe. Está igualzinha a
ela. Não acho que seu pai poderia estar mais feliz do que está
agora. Eu não vim aqui para fazê-la chorar. Estou aqui para lhe dar
uma coisa do Joe. Ele queria que você usasse algo emprestado, para
dar sorte.
Não consegui evitar o sorriso bobo no rosto. Ele
estava me mandando mais um presente. Ela me entregou um embrulho
igual ao que Harlow levara. Peguei-o e o abri rapidamente.
Aninhado numa caixinha de cetim, havia um
bilhetinho. Peguei-o e, embaixo dele, havia um retalho de cetim
cor-de-rosa antigo. Estava muito gasto, e evidentemente havia sido
cortado de alguma outra coisa. Abri o bilhete.
Demi,
Esperei até hoje para lhe mostrar isso. Não
foi fácil não dizer nada a respeito. Mas quando me lembrei de quem
sua mãe era, também me lembrei deste pedaço de cetim. Eu havia me
esquecido de onde ele viera fazia muito tempo, mas sabia que era
especial, por isso o guardava comigo. O tempo todo. Quando era menino
e me sentia assustado ou sozinho, eu o segurava nas mãos e esfregava
em meu rosto. Era um segredo que eu não queria que ninguém
descobrisse. Mas ele me tranquilizava. Quando seu pai me lembrou das
panquecas de Mickey Mouse, todas as minhas recordações de sua mãe
voltaram. Então me lembrei do dia em que ganhei este pedaço de
cetim.
Sua mãe sempre usava um pijama de cetim
cor-de-rosa para dormir. Ela costumava me ninar, porque era difícil
eu me acalmar tempo suficiente para fechar os olhos. Eu adorava
quando ela me abraçava. Minha própria mãe nunca fazia isso. Eu ia
dormir à noite esfregando o nariz no braço dela e no pijama de
cetim cor-de-rosa. Lembro que fiquei assustado no dia que ela foi
embora. Eu não queria ficar com Georgianna. Sua mãe me abraçou com
força e então enfiou nas minhas mãos este pedaço de cetim cortado
do pijama dela, dizendo para usá-lo à noite quando eu fosse para a
cama.
Eu adoraria dizer que essa lembrança voltou a
mim sozinha, mas não foi o que aconteceu. Eu só sabia que o tecido
tinha a ver com a mulher que fazia as panquecas para mim. Então
perguntei a seu pai. Ele me contou a história, e me dei conta de que
o sonho recorrente que eu tinha quando criança sobre a mulher de
pijama de cetim cor-de-rosa era real. Não era um sonho.
É algo meu (a menos que você realmente
queira, então será seu). Esta é a sua coisa emprestada.
Amo você. Joe
– Espero que não esteja usando muita maquiagem,
porque, se estiver, acabou de tirar metade dela com essas lágrimas –
murmurou Vovó Q.
Sorri, aceitei o lenço que ela estava estendendo
para mim e sequei as lágrimas do meu rosto. Para desgosto de Bethy,
eu não estava usando muita maquiagem. E, por sorte, o rímel era à
prova d'água. Levei o cetim ao meu rosto e pensei na minha querida
mãezinha deixando aquilo para Joe. Então dobrei o retalho e o
enfiei no sutiã tomara que caia.
Guardei o bilhete na cômoda. Queria guardar
aquilo também. Para sempre.
– Bem, preciso descer e pegar meu lugar. Vejo
você em breve – disse Vovó Q, que me jogou um beijo e saiu.
Fui até o espelho para conferir a maquiagem. Veio
outra batida rápida à porta. Meu pai entrou no quarto com um
sorriso no rosto.
– Você é a mulher mais linda que eu já vi.
Aquele cara lá embaixo é um sujeito de muita
sorte. É bom que ele não se esqueça disso.
– Obrigada, papai – respondi.
Ele enfiou a mão no bolso e tirou mais uma
caixinha de presente, parecida com as que os outros haviam me levado.
– Trouxe algo de Joe para você. Ele queria que
você tivesse algo azul, para dar sorte.
Eu não consegui tirar o sorriso bobo do rosto. Já
havia imaginado que era por isso que ele estava ali. Papai me
entregou a caixinha.
– Vou ficar. Você vai precisar da minha ajuda.
Abri a caixa, empolgada por ganhar mais uma coisa
do Joe. Uma delicada corrente de ouro que combinava com a
tornozeleira que ele havia me mandado estava aninhada no cetim. Eu a
tirei da caixa e vi que tinha como pingente um topázio em forma de
lágrima. Peguei o bilhete rapidamente e desdobrei.
Demi,
Esta lágrima representa muitas coisas. As
lágrimas que sei que você derramou segurando o retalho de cetim da
sua mãe. As lágrimas que derramou pelas perdas que sofreu. Mas
também representa as lágrimas que nós dois derramamos quando
sentimos uma pequena vida começar a se mexer dentro de você. As
lágrimas que derramei por ganhar mais alguém como você para amar.
Nunca imaginei que pudesse existir alguém como você, Demi. Toda vez
que penso no futuro, fico emocionado por saber que você me escolheu
para estar sempre ao seu lado.
Esta é a sua coisa azul.
Amo você. Joe
Sequei mais uma lágrima e ri. Ele tinha razão.
Ambos havíamos derramado lágrimas de tristeza e de felicidade. Eu
queria essa lembrança dos dois tipos de lágrimas comigo quando
disséssemos nossos votos mais tarde.
Meu pai pegou a corrente das minhas mãos e a pôs
em meu pescoço. Eu a arrumei para que casse encostada em meu peito.
Eu estava pronta. Ele cuidara para que eu tivesse algo antigo, algo
novo, algo emprestado e algo azul.
– Está na hora de descermos – disse meu pai,
e abriu a porta. Fui atrás dele, que então me guiou escada abaixo e
porta afora. Eu iria passar por baixo da casa e sair por um arco de
rosas cor-de-rosa e luzinhas brancas.
De braço dado com o meu pai, deixei que ele me
conduzisse.
JOE
Eu havia cado esperando ao pé da escada até que
cada pessoa descesse depois de entregar
os presentes que eu havia enviado. Quando o pai
dela subiu, percebi que não podia mais ficar ali. Tinha que sair.
Queria ter sido eu mesmo a levar os presentes, mas ela havia sido
irredutível quanto a eu não vê-la pronta antes da cerimônia.
Parado embaixo da pérgola coberta de hera e rosas
brancas na areia entre a minha casa e o golfo, esperei com o pastor
de um lado e Grant do outro.
– Está nervoso? – perguntou Grant.
– Com medo de ela decidir não subir ao altar?
Sim – respondi.
Grant riu e balançou a cabeça.
– Não foi isso que eu quis dizer.
– Um dia você vai entender. E, quando isso
acontecer, eu vou morrer de tanto rir.
– Não há a menor chance de isso acontecer –
respondeu ele.
Bethy apareceu embaixo das rosas cor-de-rosa, o
que significava que Demi esperava atrás dela. Peguei o microfone sem
o escondido que pedira ao cara do som que deixasse estrategicamente
instalado para mim e o pus na lapela. Então peguei meu violão de
trás das ores. Fazia anos que ninguém me via tocar. Podia até
imaginar o que estava passando pelas cabeças deles. Apenas meu pai
sabia o que estava acontecendo, porque ele havia me ajudado com os
acordes.
– O que você está fazendo? – sussurrou
Grant. A descrença na voz dele ao descobrir a resposta sozinho ficou
evidente. Não precisei dizer a ele. Assim que Bethy se posicionou,
eu me pus na frente do pastor e olhei para o corredor. Quando Demi
aparecesse, a música iria começar. Eu havia repassado tudo
cuidadosamente com a equipe de som.
Quando ela deu um passo adiante de braços dados
com o pai, seus olhos se fixaram nos meus e se arregalaram de
surpresa. Ela planejara subir ao altar ao som de I Won’t Give up ,
de Jason Mraz. Mas eu não queria outro homem cantando para ela. Não
hoje. Queria que ela viesse para mim comigo cantando os versos
escritos especialmente para quando ela subisse ao altar para me
presentear com meu mundo.
– Bem, hã, eu nunca fui muito de cantar... bem,
você sabe, na frente de muita gente... mas achei que depois de tudo
o que passamos... este seria um bom momento para dizer o que eu
sempre quis. Demi, eu amo você... até a lua, ida e volta. –
Fiquei olhando para ela, que me encarava, paralisada. Tudo em volta
desapareceu; eu só via Demi.
“Quando você olhou
para mim pela primeira vez
Eu me esqueci de respirar
Aquele instante marcou
meu coração endurecido
Eu prometi nunca me
afastar.
E o toque da sua pele
curou algo dentro de mim
Que me deixou querendo
mais de você
Quanto menos eu tinha,
mais o desejo crescia
Ah, eu não consegui
deixar de cair de amor por você
Então estou aqui agora,
sabe, garota
Depois de tudo o que
enfrentamos, não poderíamos deixar passar
E, enquanto eu viver, vou
olhar nos seus olhos abraçando-a junto a mim
Jurarei solenemente que
caí de amor, sem limites
Caí de amor, sem
limites,
Sem limites por você sem
limites
Por você, por você
Quando finalmente
encontrei você
Encontrei a mim mesmo não
me esquecerei tão cedo daquele dia
O motivo de tudo
Vou lhe dar meu nome nada
na vida será igual
A história agora está
completa
Nossa vida e nosso amor
são tudo de que precisamos
Porque não consegui
deixar de cair de amor
Cair de amor por você
Então estou aqui agora,
sabe, garota
Depois de tudo o que
enfrentamos, não poderíamos deixar passar
E, enquanto eu viver, vou
olhar nos seus olhos abraçando-a junto a mim
Jurarei solenemente que
caí de amor, sem limites
Caí de amor, sem
limites, sem limites por você
Sem limites por você
Por você
Meu coração está
batendo implorando por você
Esta noite será a
realização de um sonho então caia, caia, caia nos meus braços
Então estou aqui agora,
sabe, garota
Depois de tudo o que
enfrentamos, não poderíamos deixar passar
Porque caí de amor, sem
limites
Caí de amor, sem limites
Caí de amor, sem limites
Sem limites por você,
yeah
Por você...”
Quando toquei o último verso, tirei rapidamente a
alça do violão do pescoço e o entreguei a Grant. Demi não esperou
nenhuma orientação do pastor antes de se atirar em meus braços
soluçando.
– Que lindo – disse ela, encostada em meu
peito.
– Não tão lindo quanto você – respondi,
segurando-a forte.
Ela deu uma risadinha.
– Eu não sabia que você sabia fazer isso –
disse ela, afastando-se um pouco para olhar para mim.
– Sou cheio de surpresas emocionantes –
garanti, dando uma piscadela.
– Muito bem, vocês dois. Deixe-me dar a mão da
garota primeiro – disse Abe, pegando o braço de Demi e puxando-a
de volta para o lado dele, com um sorriso divertido nos lábios.
Abe beijou o rosto da filha e olhou para mim.
– Eu lhe diria quanto ela é especial, mas você
já sabe. E o fato de saber é o único motivo pelo qual eu posso
entregá-la a você. Pedi que você fosse o homem que não pude ser e
você atendeu meu pedido. Não por mim, mas por ela. Eu não poderia
sentir mais orgulho da mulher que ela se tornou e do homem com quem
ela escolheu passar o resto da vida. – Ele pegou a mão de Demi e a
pôs na minha. Então virou-se para sentar em seu lugar.
Encaixei a mão dela em meu braço ao nos virarmos
de frente para o pastor. Ela deu um pulinho ao meu lado e olhou para
a barriga com um sorriso. Passei o braço ao redor de sua cintura e
pus a mão em sua barriga enquanto nosso filho se mexia. Aquilo era
meu.
HARLOW
(Sim, você leu certo de novo.)
Pude senti-lo olhando para mim de novo. Desejei
que parasse com aquilo. Desde que ele
saíra pisando fundo e xingando e me deixara em
meu esconderijo na festa do ensaio do casamento, tudo o que fazia era
me encarar. Eu detestava que me encarassem. Estava pronta para ir
embora, mas sabia que Dean estava se divertindo. Tentaria conseguir
um voo mais cedo. Não queria ficar até o dia seguinte.
Cruzei as pernas de novo e fiquei olhando para as
minhas mãos. Ninguém viera conversar comigo, e eu não podia
culpá-los. Eu era chata. Nunca sabia o que dizer. Tinha medo de
falar o que quer que fosse. Sempre tive. Aprendi que era melhor ficar
quieta do que dizer bobagens.
Era mais fácil passar despercebida quando caras
com a aparência de Grant Carter não cavam me encarando. Não
conseguia entender por que ele estava me encarando. Que doideira. Eu
sabia por que ele estava chateado. Quando somos quietos, as pessoas
se esquecem da nossa presença e falam sobre coisas na nossa frente
que não são da nossa conta. Ouvi Nan conversando ao telefone com
Grant diversas vezes. Eu também sabia que, por mais que Joe fosse um
cara legal, seu quase irmão não era. Qualquer cara que namorasse
alguém como Nan devia ser igualmente ruim da cabeça.
Eu só queria que ele não fosse tão absurdamente
gostoso. Isso era algo que eu deveria ter esperado. Nan era
espetacular e, embora fosse louca, atraía todos os homens. Qualquer
cara com quem ela houvesse tido um relacionamento precisava ser tão
lindo quanto ela. E, minha nossa, como ele era gato. Muito. Mesmo os
cabelos compridos presos atrás das orelhas eram atraentes. Aqueles
olhos azuis eram muito intensos.
Bastaram duas palavras dele para eu me perder
completamente. O que não era nada difícil de acontecer. Eu fazia
isso com frequência. A cadeira do lado da minha raspou no chão, e
eu ergui o olhar para ver Grant sentando bem perto de mim. Nada bom.
Totalmente ruim. Qual era a dele?
– Desculpe por ontem à noite – disparou para
mim. Fiquei tensa e só consegui acenar com a cabeça.
Tudo bem, ele estava pedindo desculpas. Ótimo.
Agora podia ir embora e parar de olhar para mim.
– Vamos lá, Harlow, diga alguma coisa. Me dê
algo mais do que um aceno de cabeça –
disse ele, parecendo exasperado.
Eu não sabia ao certo por que o deixara assim.
Não tinha feito nada para ele. Havia tentado me manter longe dele e
ignorar seus olhares constantes. Mesmo durante a cerimônia, ele
havia me localizado em meio aos demais convidados e não desviara o
olhar de mim o tempo todo.
– É só comigo ou você não fala com ninguém?
Não a vi conversando com os outros convidados.
Embora eu não gostasse dele e certamente não
aprovasse seu gosto para mulheres, também não queria que ele
pensasse que eu era uma idiota. Ele contaria a Nan, e ela teria mais
uma coisa para tirar sarro de mim.
– Não sou boa no meio de muita gente –
expliquei.
Ele pareceu relaxar um pouco quando falei.
– Este povo é opressivo. Não dá para
culpá-la.
Forcei um sorriso. Não foi um sorriso largo, mas
foi o melhor que eu consegui. Não sabia fingir direito. Nunca soube.
– Você não gosta de mim, não é? – Ele
obviamente também era bastante observador.
Eu poderia mentir para ser educada. Minha avó
havia me ensinado que, quando não se tinha nada de bom a dizer, era
melhor não dizer nada.
– Eu não gosto de Nan – respondi
sinceramente. Não foi educado da minha parte, mas era verdade.
Em vez de ficar na defensiva, Grant explodiu numa
gargalhada. Não foi uma risada divertida, mas uma gargalhada de
verdade, como se eu fosse uma ótima comediante. Fiquei olhando para
ele e o odiei ainda mais por ficar atraente dando risada. Não era
justo. Eu não queria pensar que qualquer coisa nele fosse atraente.
– Desculpe – disse ele, secando os olhos e
sorrindo para mim. – Mas não era o que eu esperava ouvir dessa sua
boquinha doce. Caramba, como foi engraçado.
Eu não achei nem um pouco engraçado. Será que
ele tinha achado que era brincadeira?
– Não acho que você seja a única, linda. A
maioria das pessoas concordaria com você.
Principalmente as pessoas que vieram a este
casamento.
Fiquei quieta. Ele obviamente gostava dela.
– Como você não vai dizer mais nada, vou
deduzir que você não está falando comigo porque namorei Nan e você
não gosta dela.
Dei de ombros. Não exatamente. Era mais do que
isso. Dizer a verdade para ele seria outra grosseria, e eu não
queria ser mal-educada. Mas as opções eram ser mal-educada ou
deixá-lo pensar que eu era muda. Não queria que ele tirasse sarro
de mim com Nan. Já suportava muita coisa dela.
– Qualquer um que namore Nan não pode ter
quaisquer qualidades que compensem isso. Ou quaisquer qualidades que
eu estaria interessada em conhecer melhor. Não gosto de perder meu
tempo com quem eu nunca mais voltarei a falar. – Aquilo saiu mais
duro do que
eu queria. Maldita sinceridade.
Grant se encolheu. Eu estava sendo uma escrota. Eu
acusava Nan de ser escrota, e estava me comportando tão mal quanto
ela. Eu não podia fazer isso. Não queria ser daquele jeito.
– Olhe, isso não saiu direito. Desculpe. O que
eu quis dizer é que não gosto de Nan. Nem um pouco. Não consigo
entender por que alguém que não seja parente dela sequer a
suportaria. O fato de que você não apenas a suportava, como a
namorava me leva a acreditar que nós dois jamais seríamos amigos.
Desculpe. Não quero parecer escrota; sou uma pessoa legal. Só que
tento me manter longe de pessoas más. Nan é pura maldade, o que me
leva a crer que você seja ruim também. Pessoas más andam juntas.
Parei de falar, porque estava piorando as coisas.
Levantei com um sorriso constrangido – que desta vez não precisou
ser forçado, porque eu realmente estava me sentindo mal por ter dito
tudo aquilo. Eu tendia a fazer isso quando falava demais. Antes que
ele pudesse dizer qualquer outra coisa, eu me mandei. Ia me despedir
de Joe e Demi e seguiria para o aeroporto para tentar pegar um voo
mais cedo. Passaria a noite lá, se fosse preciso. Pelo menos assim
Grant Carter não conseguiria me encontrar.
Capítulo perfeito!!!!!!!! E o Joe cada vez mais fofo.
ResponderExcluirSinto que está no finalne bateu uma tristeza, necessito de um Joe desses para mim, eu chorei o capitulo inteiro.
ResponderExcluirHarlow minha terceira personagem favorita, talvez quarta pois amo o Dean.. Morrir de rir com ela e Grant..
Posta logo amor
Sam, xx
Que episódio mais lindo :) Joe revelou-se um verdadeiro romântico e demonstrou que apesar de todas as adversidades que passaram, que vale a pena lutar pelo amor deles :)
ResponderExcluirEspero que nada atrapalhe a felicidade deles!!!
Adoro a Harlow com o Grant, talvez ele ganhe juízo e trate a Harlow como ela merece, acho que eles fariam um lindo casal :)
Posta mais por favor
Que episódio mais lindo :) Joe revelou-se um verdadeiro romântico e eles demonstrou que apesar de todas as adversidades, que vale a pena lutar pelo amor que eles sentem um pelo outro :) Espero que nada estrague a felicidade deles!!!
ResponderExcluirAdorei a Harlow e o Grant, espero que ele ganhe juízo e trate a Harlow como ela merece, acho que eles fariam um lindo casal :)
Posta mais
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ResponderExcluirPosta logoo
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