23.8.15

Dois Pequenos Milagres - Capitulo 9

Joe empurrou a cadeira para longe da escrivaninha, olhan­do para a tela do computador com uma mistura de raiva e frustração, e imaginou como iria encontrar uma casa onde todos pudessem viver enquanto resolviam aquela situação. Embora ele não tivesse uma ideia real de como resol­ver tudo. Joe precisaria ter algumas discussões bastante sérias com sua equipe, antes de fazer qualquer mudança radical, mas, enquanto isso... O telefone estava tocando.

— Gallagher.

— Alô? Quem está falando?

Joe olhou para o telefone em sua mão, percebendo que o atendera automaticamente.

— Humm... aqui é Joe Gallagher. Posso ajudar?

— Provavelmente não. Posso falar com Demi, por favor?

A voz era cautelosa, e ele olhou para a tela que mostra­va o número que estava chamando, vendo que era uma ligação internacional.

Seria Blake?

— Sinto muito, ela não está. Estou cuidando das meni­nas. Aqui é... ah... o marido dela.

— Eu imaginei. Aqui é John Blake. Ela está cuidando da casa para mim enquanto estou fora.

— Sim. Sim, eu entendo. Olhe, Demi estará de volta à uma hora, se você quiser falar com ela. Ela foi tomar um café com Jane.

— Ah. Certo. Bem, nesse caso ela provavelmente já está sabendo, mas eu telefonei para dizer a ela que não vou voltar. Bem, acho que não. Existem... um... motivos pessoais, e... bem, eu conheci alguém e vou morar aqui, e preciso conversar com ela sobre a casa. E o cachorro. Murphy.

Joe olhou para baixo; Murphy estava deitado a seus pés como de costume, e imaginou quais seriam os planos de Blake para o cachorro. Ele descobriu, para sua surpre­sa, que realmente se importava com o cão.

— Eu não imagino que você queira vender a casa para mim?

— Para você?

— Sim, por Demi. Nós estamos... — Diabos, ele detes­tava lavar a roupa suja em público, mas pensou que Blake já deveria saber sobre seus problemas conjugais, pelo me­nos superficialmente. — Nós estamos tentando resolver... ver se existe um modo...

— Ela concorda com isso?

— Oh, existem regras — disse ele com ironia. — Nós estamos na metade do período de experiência que dita "nenhum contato com o escritório", neste momento. Mas eu não posso simplesmente me afastar do trabalho, e te­nho procurado um lugar para me estabelecer aqui, com um escritório e uma pequena equipe, e uma casa com a minha família, para que eu possa passar a maior parte do tempo com ela. E não há nada.

— E você acha que poderia fazer isso com a minha casa?

— Espero que sim.

— As pessoas não gostam de modificações nas cons­truções originais na aldeia para moradia, mas, se o objetivo for negócios, geralmente concordam. E, se for para o seu próprio uso empresarial, elas podem ser bem cooperativas. Na verdade, eu já tenho alguns planos desenhados. Prova­velmente estão no armário. Você pode dar uma olhada neles.

— Então... isso significa que você consideraria a possi­bilidade de vender a casa para mim? — perguntou Joe, cuidadosamente.

— Eu não sei — disse o homem. — Tenho um proble­ma com isso. Pareço ter uma inquilina residente, e quero que ela fique feliz com seu novo senhorio, e preciso falar com ela.

Joe deu uma risada baixa.

— Oh, eu acho que ela ficaria feliz. Ela tem repetido que não quer se mudar e eu posso ver o quanto ela adora esta casa. E... há a questão do cachorro.

— Sim.

Joe sorriu, pensativo.

— Mas nós amamos Murphy, não é, amigão? — disse ele, acariciando as orelhas do cão, que começou a bater a cauda.

— Ele está aí com você?

— Ele sempre está comigo. Está deitado aos meus pés.

— E você ficaria com ele? Joe riu.

— Acho que Demi me mataria antes de deixar que algo acontecesse a Murphy. Além disso, ele é uma boa compa­nhia numa corrida.

— Oh, você corre? Ele adora correr. Ele sempre vai co­migo, quando saio.

— Então, você vai pensar no assunto?

— Precisamos estabelecer um preço justo. Você pode­ria providenciar isso... chamar alguns corretores locais para avaliar a casa? — Ele sugeriu dois nomes, e Joe os anotou.

— Dê-me o seu número, também. — Ele o escreveu ao lado dos nomes dos agentes, e completou: — Você pode me fazer um favor, John? Você poderia manter tudo isso em segredo e não contar nada a Demi, por alguns dias? Preciso de algum tempo para ver se isso vai funcionar.

— Se você vai ficar com o cachorro, o preço é negociável.

— John, ficaremos com ele de qualquer forma. Não posso imaginar ficar sem ele, e gosto da ideia de Demi ter um cachorro com ela, quando eu não estiver por perto. Eu estava falando do conselho municipal. Preciso ter uma resposta não oficial deles, algum tipo de acordo informal que garanta que eles serão favoráveis antes de eu poder seguir em frente, mas não quero dar falsas esperanças a Demi.

— Tudo bem, vou esperar até ter notícias suas. Mas preciso avisá-lo; eu conversei com Pete ontem à noite, e Jane pode ter dito a Demi que vou ficar aqui. Só para que você saiba.

— Certo. Vou tentar distraí-la, e dizer a ela que há tempo de sobra para pensarmos no assunto. Encontrarei uma for­ma. Devo pedir a ela que telefone para você, quando ela voltar?

— Se você puder. Obrigado. E dê um abraço em Murphy por mim.

Joe riu.

— Darei.

Ele desligou, olhou para o telefone por um minuto e então sorriu.

— Ora, Smurfs, parece que conseguimos uma casa. O que você acha disso?

O cão bateu a cauda no chão, e Joe encontrou o núme­ro do conselho municipal de planejamento, e ligou para lá. Dez minutos mais tarde, ele tinha a sua resposta não oficial, e era um "sim" cauteloso e sujeito a condições. Ele esmurrou o ar, verificou como estavam as meninas, preparou outro café, voltou para o estúdio e telefonou para Andréa.

— Precisamos marcar uma reunião — disse ele. — Te­nho algo para dizer a você. E quero Stephen lá.

— Para quando você quer marcar?

— Para esta tarde. Talvez.

— E quanto a Demi?

— Isso é por Demi. Estou tentando encontrar uma forma de podermos ficar juntos, e isso depende, de certa forma, de vocês. Você pode me fazer um favor. Ligue para ela e diga que eu preciso ir ao escritório para resolver uma crise gra­ve. Invente alguma coisa. Eu não me importo. Só não diga a ela do que se trata. Quero que seja uma surpresa.

*****

— Andréa?

— Oi, Demi. Olhe, detesto fazer isso com você, mas preciso de Joe de volta ao escritório o mais rápido possí­vel. Temos um problema, e ele é o único que tem todas as informações para resolvê-lo. Você sabe como ele é, guar­da tudo na cabeça.

— E não sei? Isso costumava me enlouquecer. Tudo bem. Eu o mandarei de volta a Londres. Você precisa falar com ele?

Joe estava olhando para ela com curiosidade, e ela sa­cudiu a cabeça em sua direção.

— Certo. Andréa. Obrigada. Eu direi a ele. Ela desligou e olhou novamente para ele.

— Andréa quer que você vá a Londres; houve um pro­blema. Aparentemente, você guarda muitas informações na cabeça, e eles não conseguem resolvê-lo. Agora, onde foi mesmo que eu já ouvi isso antes?

— Posso ir?

Ela fingiu dar um suspiro, mas, secretamente, estava deliciada. Demi queria telefonar para John, mas não queria que Joe soubesse, e se ele estivesse fora do caminho...

— Eu acho que você precisa ir, não é? Vá, Joe. Vá e acabe logo com isso.

— Você é maravilhosa. E eu sinto muito.

Ele lhe deu um beijo de despedida, e foi apertas depois que Joe saiu que Demi percebeu que ele parecia bastan­te satisfeito em ir. Teria ele combinado tudo com Andréa, enquanto ela estava fora? Demi apanhou o telefone e ve­rificou a última chamada realizada, mas fora para Jane. O outro telefone estava no estúdio, e ela foi verificá-lo também.

Um número local, que ela não reconhecia. Demi apertou o botão de rediscagem e descobriu que era uma agência imobiliária.

- Desculpe-me, devo ter ligado para o número errado — disse ela, e desligou novamente o telefone, sorrindo.

Então, Joe estava procurando uma casa, não era? Que interessante. Bem, ela teria que se certificar de que ele não fizesse nada apressadamente. E ela sempre poderia vetar qualquer coisa que ele sugerisse, se John estivesse dispos­to a vender. Ela só precisava descobrir.

Demi telefonou para ele.

— Ei, seu cavalo velho, acho que preciso lhe dar os parabéns!

— Ah, Jane lhe contou. Sim, e obrigado.

— Então, presumo que você esteja feliz?

— Oh, sim. O nome dele é Ryan, ele tem 42 anos e é arquiteto. Tem uma casa maravilhosa, e quer que eu viva com ele. E vamos ter uma cerimônia. Se você puder vir, ficaremos felicíssimos.

— Oh, John! Estou tão feliz por você! — disse ela, seus olhos se enchendo de lágrimas. Ele era um homem tão bom, e merecia a felicidade. — Murphs vai sentir sua falta, mas não quero que você se preocupe com ele. As meninas o adoram, e eu não suportaria me separar dele, e você não o terá de volta mesmo que queira!

John deu uma gargalhada.

— Está tudo bem. Ryan tem cachorros, ou seja, ainda te­nho minha parte de pelos de cachorro na comida. Sinto-me realmente em casa.

Ela riu, e mordeu os lábios.

— John, preciso lhe pedir algo. Meu... humm... meu marido está de volta. Joe. Ele me encontrou. Eu não ima­ginei que seria tão difícil me encontrar, e não estava me escondendo, na verdade, só estava evitando a questão... Mas ele está de volta, e nós estamos tentando encontrar um modo de seguir adiante juntos. E eu quero que tenha­mos uma casa, aqui no interior, perto dos meus amigos, porque eu sei que ele vai precisar viajar a negócios. E eu estava pensando, se você nos vender a casa, teríamos as cocheiras... e ele poderia ter um escritório ali.

— Sim.

— O quê?

— Sim, eu venderei a casa. E claro que sim, se isso a fizer feliz.

— Oh. — Aquilo fora rápido. — Mesmo?

— Mesmo. E fico muito feliz em saber que vocês estão juntos novamente. Só de ouvir você falar sobre ele duran­te o último ano já me dava a certeza de que vocês deviam ficar juntos. Você obviamente o ama muito e, se isso aju­dá-la a encontrar um modo de superar os problemas, estou com você até o fim.

— Oh, John, obrigada. Nem posso lhe dizer o que isso significa para mim. — Ela sentiu uma onda de excitação percorrê-la, começando lá no fundo e se espalhando até que todo o seu corpo estava tomado por ela. — Vamos ter que mandar avaliar a casa. Eu posso telefonar para alguns corretores.

— Não se incomode. Tenho um amigo aí que tem uma agência. Ele conhece bem a casa, e nos dará um preço justo, e eu ficarei feliz com ele, se vocês também ficarem. Vou conversar com ele.

— Certo. Tudo bem, claro. — E aquilo significava que ela não teria o trabalho de tirar Joe do caminho. — Avise-me quando você tiver falado com ele. E, se você telefonar e Joe atender, não diga nada a ele, por favor. Quero que seja uma surpresa.

John riu.

— Certo. Ligarei para você quando tiver um preço. Como estão as minhas meninas?

— Lindas. E impossíveis. Joe precisou instalar um portãozinho nas escadas, porque elas engatinham por todo lugar, e Ava está tentando andar. E eu preciso ir, John, porque ela está tentando pular o cercadinho! Falo com você em breve. Amo você.

— Também amo você, querida. Cuide-se.

Demi resgatou Ava, apanhou o telefone novamente e co­locou-o no bolso, e em seguida pegou Libby no colo e car­regou as gêmeas para a sala de estar.

— Nada de escalar — ela lhes avisou, e, derrubando uma pilha de brinquedos no chão, sentou-se no sofá e te­lefonou para Jane, para contar-lhe as novidades.

*****

— Então, isso é o que eu pretendo fazer. E sei que é total­mente inesperado e, se não for isso que vocês quiserem, bem, irei compreender. Vou precisar de uma equipe com­petente e confiável no escritório de Londres, e não sei se seria realista realocar todos para o interior. No momento, só estou sondando as pessoas.

Andréa e Stephen estavam em silêncio. Eles pareciam atônitos, e Joe percebeu que fora rápido demais, dei­xando-se levar por uma onda de teorias mais uma vez, sem pensar nos efeitos que teria nas outras pessoas. Ele era bom naquilo, Joe pensou com desgosto, e sacudiu a cabeça.

— Desculpem. É uma ideia louca. Esqueçam.

— Na verdade, não, eu não quero esquecer — disse Stephen, subitamente recuperando a fala. — Nós não pre­cisamos ficar em Londres. As comunicações são inter­nacionais hoje em dia, e muito simples. E Dana tem fala­do muito sobre sair de Londres. Se não fosse pelo trabalho, nós já o teríamos feito. Mas, agora que temos o bebê, es­távamos conversando sobre comprar duas casas para que ela pudesse ir com o bebê para o interior, e eu me juntaria a eles sempre que pudesse. Mas isso pode ser ainda me­lhor. Isso pode realmente funcionar para mim.

Uau. Joe assentiu, pensativo, e desviou os olhos para Andrea.

— Algum comentário?

— Eu não posso me mudar. Minha filha vai ter um bebê em breve, e precisa de mim por perto. Ela tem uma deficiência física, e não vai ser fácil.

— E ela mora em Londres?

— Sim. Bem, no subúrbio. O marido dela é piloto de avião, e suas rotas saem do aeroporto de Stansted. Eles moram perto de Stratford, e eu posso visitá-los de metrô.

— Eles considerariam a ideia de se mudar? Stansted fica a apenas uma hora do vilarejo, provavelmente menos. Qua­renta minutos? Fica em Suffolk, na fronteira de Suffolk e Essex. Não é como se fosse a um milhão de quilômetros daqui. E eu me certificaria de que você recebesse uma ge­nerosa compensação pela transferência.

Ela franziu a testa.

— E eles?

— Todos vocês. O que for preciso, Andréa. Se precisar­mos transferir a operação inteira, principalmente levando em conta que quero diminuir o tamanho dela para algo bem mais administrável, para o bem de todos nós, eu pre­ciso das minhas pessoas chave.

— Eu só trabalho para você há seis meses, Joe. Como posso ser tão importante?

Ele deu uma risadinha.

— Você não faz ideia — disse ele, secamente. — Não sou um homem fácil para quem trabalhar.

Ela sorriu.

— Eu já tinha percebido. Você só precisa de geren­ciamento.

— É isso que Demi me diz. — Ele olhou rapidamente para o relógio. — Olhem, preciso voltar. Posso pedir para vocês pensarem no assunto? E, se acharem que conse­guem trazer os principais membros da equipe, marcare­mos uma reunião e discutiremos a mudança com o resto do pessoal. E eu não quero que Demi fique sabendo a res­peito disso até eu ter algo concreto para dizer a ela.

— E como poderemos entrar em contato com você? Ele deu um sorrisinho esperto para Andréa.

— Eu tenho um número novo de celular. Comprei o telefone no caminho para cá. Se você puder sincronizá-lo com o meu banco de dados, e também me conseguir um laptop com conexão sem fio com as mesmas informações, seria ótimo. Eu vou telefonar para Gerry em Nova York.

— Sim, e quanto a Nova York? — perguntou Andréa, e ele sorriu de novo.

— Direi a você depois que eu falar com Gerry.

— Ele não pode se mudar para Suffolk. Joe riu.

— Não, Stephen. Mas ele pode comprar a parte dele na operação. Ele tem falado nisso há anos. E eu só ficarei com uma pequena parte das ações.

Eles olhavam para Joe como se subitamente ele tivesse se transformado em um monstro de duas cabeças. E era de se esperar. A operação em Nova York era responsável pela metade do faturamento da empresa. Stephen soltou um assobio baixo.

— Você está realmente falando sério, não está? — per­guntou ele, e Joe assentiu, levantando-se.

— Oh, sim — disse ele, firmemente. — Eu nunca falei tão sério em toda a minha vida.

*****

Demi passara a tarde com um arquiteto, discutindo a conversão das cocheiras em escritórios. Ele morava no vilarejo e trabalhava em casa, e ela o encontrara algumas vezes; então, pôs os bebês no carrinho e foi andando até a casa dele. Ele voltou com ela, deu uma olhada no lugar e ouviu suas ideias.

— Bem, é possível — disse ele. — Não vai sair barato, é claro; conversões de cocheiras nunca saem. Mas, depen­dendo do tamanho da obra em que você está pensando, acho que o conselho municipal vai ficar bem satisfeito. Os prédios estão caindo aos pedaços, e eles detestam isso. Então, teoricamente, sim, acho que pode ser feito.

— Você poderia fazer alguns desenhos rápidos para mim? — perguntou ela, e ele riu. — Estou falando sério.

O sorriso dele era divertido.

— Ótimo. Não gosto que meus recibos não sejam pa­gos. Isso deixa o banco nervoso.

Ela engoliu em seco.

— Estamos falando de muito dinheiro? Milhares de libras?

Ele riu ao ouvir aquilo.

— Só para tirar algumas fotos e desenhar uma ideia ou duas? Não, nada disso. Mas acontece que John me pediu, há muitos anos, que lhe desse alguns conselhos, e eu tirei algumas fotos e as usei como base para a impressão de um artista, para lhe dar uma ideia de como ficaria. Eu desenhei alguns planos. Você pode usá-los como ponto de partida.

— Oh, Trevor, você é brilhante! — disse ela, abraçando-o impulsivamente. Ela voltou com o arquiteto para a casa dele para apanhar os desenhos e, depois de colocar os bebês na cama, analisou-os até memorizá-los. Algumas das ideias não iriam funcionar, ela pensou, mas no geral o plano era bom. Então, ela precisava ape­nas de uma cotação de preço para a propriedade, e po­deria elaborar um plano de ação, incluir alguns números sólidos e apresentar tudo para Joe.

Se ele voltasse para casa.

Ele estava demorando. Demorando muito. Já eram qua­se dez horas; não que aquilo fosse tarde para Joe, mas considerando as regras... Demi ficara feliz em mandá-lo para Londres na hora do almoço, mas agora, pensando melhor em como ele estivera ansioso para ir, ela se per­guntava o quão comprometido Joe estaria com tudo o que estavam fazendo. Ela estaria cometendo um grande erro, ao seguir adiante?

Demi colocou os planos em uma gaveta no estúdio, ve­rificou como estavam os bebês e pensou em tomar um banho. Se ao menos ela soubesse o quanto ele iria demo­rar. Oh, aquilo era ridículo. Ela o conhecia bem. Se Gerry estava com um problema sério em Nova York, Joe pode­ria ficar conversando com ele durante horas, por causa da diferença no fuso horário. Poderia ser duas ou três da ma­nhã quando ele voltasse. E ela não iria esperar tanto.

Ela disse a si mesma que não estava sendo razoável. Joe havia abandonado tudo em Londres por ela, sem avi­so prévio. Aquilo era algo inédito. Mas também lhe dava uma ideia de como as coisas poderiam ser, se ela voltasse para ele. Mesmo vivendo e trabalhando ali parte do tem­po, ele ainda teria que ficar em Londres durante a semana. Seria injusto da parte dela querer mais do que isso? Tantas mulheres viviam duas vidas; uma com seus maridos du­rante o final de semana, e a outra de segunda a sexta, en­quanto eles trabalhavam na cidade.

Mas não ela. Ela não poderia fazer aquilo; não com Joe, que seria imediatamente sugado de volta para o trabalho no mesmo instante em que ela afrouxasse as rédeas um pouco.

Oh, droga. Talvez um longo banho quente ajudasse. Ela tirou as roupas e foi para o banheiro, ligando o chuveiro e entrando no box. Oh, aquilo era bem melhor. Ela virou o rosto para a água, de olhos fechados, e deixou que caísse sobre seu corpo, lavando seus medos e dúvidas. Joe es­taria em casa logo, e ela se sentiria uma idiota por se pre­ocupar tanto. Mas aquilo era um aviso, ela percebeu, e faria bem em levá-lo a sério.

— Demi?

Não havia sinal dela, mas as luzes ainda estavam ace­sas, e ele podia ouvir o barulho da água no andar de cima.

Ela estava no chuveiro.

Movido pela adrenalina, e sentindo a falta dela depois de um dia inteiro longe, ele correu pelas escadas, tirou as roupas e entrou no banheiro. Ela estava de costas para ele no box, e ele entrou no cubículo atrás dela, enlaçando-lhe a cintura com os braços.

Ela deu um gritinho, e começou a rir; e ele a virou em seus braços e a beijou sob o jato d'água.

— Você me assustou — disse ela, empurrando-o para poder respirar, e ele sorriu.

— Eu sinto muito — retrucou ele, não parecendo, nem um pouco arrependido. Apanhando o xampu, ele espa­lhou um pouco nas mãos, massageando os cabelos dela firmemente.

— Oh, isso é uma delícia — disse ela, encostando a ca­beça no peito dele; e, quando ele terminou, colocou-a sob a água novamente e enxaguou-lhe os cabelos até que esti­vessem totalmente limpos.

Demi enxugou a água dos olhos e sorriu para ele.

— Ora, não pare — disse ela, entregando-lhe o gel de banho. Erguendo a sobrancelha, ele colocou um pouco de gel na palma das mãos, esfregou-as e então espalhou o produto carinhosamente pelo corpo dela: seus seios, seu estômago e o local suave escondido entre suas pernas.

— Joe!

— Shhh. Venha cá — ele ordenou suavemente, e, erguendo-a, abaixou-a gentilmente em sua ereção dolorida. — Oh. Demi. — Sua boca encontrou a dela, e apoiando-se na pare­de, ele começou a se mover.

— Joe!

— Está tudo bem, eu estou com você — disse ele, e sentiu o clímax dela começar, as contrações tomando seu corpo em ondas; e, com um gemido abafado, ele a seguiu.

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Mais um capítulo para vocês!
Comentem amoras *-*
xoxo

2 comentários:

  1. Amei esse cap joe ta sendo muito fofo ❤ posta mais

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  2. Ai que lindos,esses dois com a mesma ideia,vai ser muito engraçado quando eles descobrirem que os dois pensaram a mesma coisa.Ta perfeita,beijos

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