— Muito sério — respondeu ele e andou na sua direção como um homem com todo o tempo do mundo.
Joe usava uma camisa azul-marinho, aberta no colarinho, com as mangas enroladas até os cotovelos. A calça preta era impecável, e os sapatos, também pretos, brilhavam. Mas eram os olhos dele que a prendiam. Aqueles olhos azul-claros fixos nos seus, como se Joe pudesse ler sua alma. Como se estivesse procurando todos os seus segredos e não desistisse de sua busca até conhecê-los.
— Joe, esta é uma péssima ideia — disse ela, e silenciosamente se parabenizou por manter o tom de voz neutro.
— Por quê? — Ele abriu as duas mãos e deu de ombros. — Você veio para o meu navio. Diz que sou o pai de seus filhos e insiste que precisamos conversar. Então agora está aqui. Podemos conversar.
Conversar. Sim.
Num palácio flutuante que parecia projetado para sedução. Encontrar Joe em sua cabine minúscula não tinha sido exatamente fácil, mas pelo menos lá embaixo, não houvera distrações. Nenhuma opulência. Nenhuma sobrecarga sensorial de beleza.
Aquela era uma péssima ideia. Demi sabia disso. Sentia isso. E não tinha a menor idéia de como sair da situação.
— Nós não deveríamos ficar juntos — disse ela finalmente e estremeceu, porque, até para seus próprios ouvidos, soava como uma bibliotecária meticulosa.
— Ficaremos na mesma cabine. Não juntos. Existe uma diferença. — Joe estava tão perto agora que se ele estendesse o braço a tocaria.
Se ele fizesse isso, ela estaria perdida, e sabia disso.
— Qual é o problema, Demi? — perguntou ele. — Não confia em si mesma para ficar sozinha comigo?
— Oh, por favor. — Ela forçou uma risada que esperou desesperadamente soasse convincente. — Você pode ser menos prepotente por um minuto aqui?
Joe deu-lhe um sorriso lento que aprofundou sua covinha na face esquerda, e adquiriu um brilho malicioso nos olhos. A boca de Demi secou. — Não sou eu quem está tendo problemas.
Ele precisava ter um cheiro tão bom?
— Sem problemas — disse ela, erguendo o queixo e se forçando a encará-lo. —Acredite quando eu lhe digo que tudo que quero de você é o que seus filhos merecem.
Com aquelas palavras, o sorriso no rosto de Joe desapareceu. Ele era pai? Aqueles garotinhos gêmeos eram seus? Precisava saber. E para isso, necessitava de algum tempo com Demi. Precisava conversar com ela, descobrir o que ela queria, tomar uma decisão sobre o que fazer a partir disso.
Engraçado, estivera esperando a tarde inteira para apreciar o olhar incrédulo no rosto de Demi quando entrasse em sua suíte e descobrisse que ficaria hospedada com ele. Uma vingança por ela ter sido responsável por sua expressão ao ver, pela primeira vez, a foto dos bebês que ela alegava serem seus. Mas não tinha apreciado tanto o momento quanto imaginara. Porque havia outras considerações. Maiores considerações.
Seus filhos. O peito de Joe se contraiu e uma angústia começava a se tornar quase familiar. Incontáveis vezes durante o dia, ele olhara para as fotografias dos bebês que ainda carregava no bolso da camisa. Incontáveis vezes, perguntara a si mesmo se era realmente possível que fosse o pai.
E, apesar de não estar preparado para aceitar a palavra de Demi sobre sua paternidade, tinha de admitir que era pouco provável que ela tivesse ido àquele cruzeiro de seu navio se isso não fosse verdade. Não que achasse que Demi tivesse escrúpulos em relação à mentira... tinha mentido para ele da primeira vez que o conhecera, afinal de contas... mas esta mentira era muito facilmente descoberta.
Então Joe estava disposto a aceitar a possibilidade. E para onde isso o levava exatamente? Esta era a pergunta que vinha martelando na sua cabeça durante a tarde inteira, e não estava mais perto da resposta agora do que estivera mais cedo.
Ele a olhou de cima a baixo e pôde admitir, pelo menos para si mesmo, que Demi estava muito bonita. Seus cabelos castanho-claros estavam um pouco desalinhados pelo vento, alguns fios escapando da trança para lhe emoldurar o rosto. Os olhos eram vividos e brilhavam com desconfiança, e, estranhamente, isso não fazia nada para diminuir a atração que ele sentia enquanto respirava um ar que carregava o aroma de Demi para dentro de seus pulmões.
— Eu ficarei aqui, mas não vou dormir com você — anunciou ela subitamente.
Joe meneou a cabeça e sorriu.
— Não se gabe. Eu disse que ficaríamos na minha suíte, não na minha cama. Por acaso, há mais três quartos aqui além do meu. Suas coisas foram desempacotadas em um deles.
Ela franziu a testa e o rubor do rosto clareou um pouquinho.
— Oh.
— Desapontada? — perguntou Joe, sentindo alguma emoção quente e impulsiva percorrê-lo.
— Por favor — replicou Demi sem demora. — Você não é exatamente irresistível, Joe.
Ele arqueou as sobrancelhas, mas, uma vez que não acreditava nela realmente, não persistiu no assunto?
— Na verdade, estou grata por estar fora daquele buraco no fundo do navio — acrescentou ela, olhando ao redor da suíte, antes de voltar a encará-lo. — E se ficar aqui é o preço que tenho de pagar por sua atenção, então eu pagarei.
Uma sobrancelha escura se arqueou. — Quanta coragem da sua parte aguentar condições tão horríveis como estas.
— Ouça — começou Demi —, se você não se importa, foi um longo dia. Então, que tal se me dissesse onde é o meu quarto, de modo que eu possa tomar um banho. Depois conversaremos.
— Tudo bem. Por ali. — Joe virou-se, apontou e disse: — No fim daquele corredor. Primeira porta à esquerda.
— Obrigada.
— Meu quarto é no fim do corredor, à direita.
Demi parou, olhou para trás e disse:
— Eu me lembrarei.
— Faça isso — sussurrou ele enquanto ela saía da sala, os ombros eretos, o queixo erguido, os passos longos e lentos, como se estivesse marchando para a morte.
O olhar de Joe baixou para a curva de traseiro dela, e alguma coisa em seu interior ganhou vida. Alguma coisa que não sentia desde a última vez que vira Demi. Algo que acreditara ter superado há muito tempo.
Ele ainda a desejava.
Girando, Joe atravessou a sala e dirigiu-se para as janelas que mostravam uma vista inspiradora do mar. Mirando o horizonte, lutou para controlar a onda de desejo crescendo em seu interior.
Demi Lovato.
Ela o virará do avesso mais de um ano atrás. Desde então, Joe vinha sendo perseguido por memórias do tempo dos dois juntos, até que não tivesse mais certeza se suas lembranças eram reais ou apenas imagens oferecidas por uma mente que parecia incapaz de se libertar da mulher que tinha mentido para ele. E Joe não era um homem que esquecia uma coisa como esta. Agora ela estava de volta. Ali, presa no seu navio no meio do oceano, sem possibilidade de escapar dele.
Sim, eles precisavam conversar sobre muitas coisas... e se aqueles bebês fossem realmente seus filhos, então havia muitas decisões a serem tomadas. Mas enquanto enfiava ambas as mãos nos bolsos da calça e sorria levemente para a luz do sol brilhando no vasto oceano, disse a si mesmo que haveria tempo suficiente para que a tivesse de novo.
Para senti-la sob seu peso. Para reivindicar-lhe o corpo mais uma vez. Para levá-la à loucura. Então, quando estivesse satisfeito o bastante para tirá-la da cabeça, ele a libertaria, e Demi estaria fora de sua vida para sempre. Joe nem mesmo permitiria que ela fosse uma memória desta vez.
*********
Dentro do Neptune's Garden, o elegante restaurante no Splendor Deck, Demi observou quando Joe olhou ao redor do salão.
Como dono do navio, não era esperado que ele se misturasse com os passageiros, mas Joe era um executivo como nenhum outro. Não apenas se misturava, como parecia se divertir. E de braço dado com ele, Demi se sentia como uma rainha movendo-se através de uma multidão adorável.
Repetidas vezes, enquanto eles andavam em direção à mesa, Joe parava para conversar com pessoas sentadas a mesas cobertas por toalhas brancas de linho. Certificando-se de que todos estavam apreciando o navio, perguntando se havia algo que precisavam, se existia alguma coisa que a tripulação pudesse fazer para tornar a estada deles mais prazerosa.
E claro que as mulheres solteiras a bordo estavam mais do que ansiosas para conhecerem o rico, lindo e elegível Joe Jonas. E o fato de que Demi estava no braço dele não as dissuadia de flertar abertamente.
— É um lindo navio, Sr. Jonas — uma mulher falou com um suspiro enquanto apertava a mão dele. Ela jogou os cabelos pretos sobre o ombro e umedeceu os lábios.
— Obrigado — disse ele, sorrindo para ela e para as outras duas mulheres sentadas à mesa. — Fico feliz que estejam se divertindo. Se precisarem de alguma coisa, por favor, não hesitem em falar com um comissário de bordo.
— Oh, nós falaremos — replicou a morena. — Prometo. Demi teve de se conter para não fazer uma careta. As três mulheres olhavam para Joe como se ele fosse o primeiro bife depois de uma dieta de folhas de espinafre e fatias de limão.
Quando ele se virou para conduzi-la através do espaço lotado, Demi jurou que podia sentir o olhar mortal daquelas mulheres em suas costas.
— Bem, isso foi deselegante — murmurou ela.
— Deselegante?
— O jeito que ela praticamente babou em você.
— Ah — murmurou Joe, dando-lhe um sorriso rápido enquanto abria a mão direita... a mão que a morena tinha apertado e se demorado no contato. Um cartão-chave de cabine descansava no centro da palma de Joe, e o número P230 estava escrito em tinta sobre o topo. — Então suponho que isso é ainda mais deselegante.
— Oh, pelo amor de Deus — exclamou Demi, querendo voltar e agredir verbalmente a morena sem classe. — Eu estava com você. Ela não sabia se eu era sua namorada.
Os olhos azul-claros brilharam, e o sorriso de Joe se ampliou o bastante para mostrar a covinha na face esquerda.
— Com ciúme?
Ela tentou libertar a mão do encaixe no braço dele, mas Joe a segurou com firmeza.
— Não, não com ciúme — disse ela. — Apenas irritada.
— Com ela? Ou comigo?
— Com os dois. — Demi inclinou a cabeça para olhá-lo. — Por que você não devolveu a chave para ela?
Ele pareceu genuinamente surpreso pela sugestão.
— Por que eu a embaraçaria na frente das amigas? Demi bufou, indelicadamente.
— Acho que é quase impossível embaraçar uma mulher como aquela.
— Isso realmente a perturba.
Sempre perturbara, pensou ela. Logo que fora trabalhar para a linha de Cruzeiros Jonas, tinha ouvido todos os tipos de história. Sobre como, em cada cruzeiro havia uma fila de mulheres para ocupar um lugar na cama de Joe. Ele era um jogador, sem dúvida. Mas, por alguma razão, Demi tinha se permitido ser envolvida na magia do momento. De alguma forma, se convencera de que o que os dois compartilhavam era diferente do que ele encontrava em incontáveis outras mulheres.
Aparentemente, estivera errada sobre algumas coisas.
— Uma pergunta — disse ela, mantendo o tom de voz baixo de modo que ninguém que passasse pudesse ouvi-la.
— Tudo bem.
— Você está planejando usar esta chave?
Ele apenas a olhou por um momento, então, suspirando, parou um garçom, entregou-lhe o cartão-chave, e sussurrou alguma coisa que Demi não conseguiu ouvir. Depois se voltou para ela.
— Isso responde sua pergunta?
— Depende — replicou Demi. — O que você disse a ele?
— Para devolver o cartão para a morena com meus agradecimentos e minha recusa.
Demi foi envolvida por uma onda calorosa, e mesmo sabendo que aquilo era tolice, não conseguiu dissipar a sensação.
— Obrigada.
Joe inclinou a cabeça numa leve reverência irônica.
— Descobri que há somente uma mulher com quem estou interessado em conversar no momento.
— Joe...
— Aqui estamos — interrompeu ele, ajudando-a a se sentar à mesa que reservara. — Demi, vamos jantar e começar a ter aquela conversa que você quer.
Demi acomodou-se e observou-o sentar-se ao seu lado.
— Tudo bem, Joe. Mas antes, deixe-me lhe perguntar uma coisa.
— O quê?
— Todas as pessoas com quem falou enquanto entravamos no restaurante... todas as mulheres com quem flertou... — Ela o olhou e meneou a cabeça. — Você não mudou nem um pouco, mudou?
As feições de Joe se tornaram tensas enquanto ele a fitava, e na luz tremulante de uma única vela no centro da mesa, os olhos azuis pareciam um pouco perigosos.
— Oh, eu mudei bastante — murmurou ele suavemente, e o tom da voz gelou a pele de Demi. — Hoje em dia sou muito mais cuidadoso com quem passo meu tempo. Não acredito mais na palavra de uma mulher quando ela me diz quem é. Agora, eu mando investigá-la. Não quero me deparar com outra mentirosa, afinal de contas.
Demi se sentiu enrubescer, e ficou grata pela iluminação fraca do restaurante. Unindo as mãos sobre o colo, olhou para a toalha de Unho branca cobrindo a mesa e disse:
— Certo, vou repetir isso mais uma vez. Eu não planejei mentir na época, Joe.
— Então simplesmente aconteceu?
— Bem — murmurou ela, erguendo o olhar para ele com relutância —, sim.
— Certo. — Joe assentiu, deu um sorriso forçado e acrescentou: — Você não conseguiu encontrar um jeito de falar que trabalhava para mim, então me deixou pensando que era uma passageira.
Demi tinha se deixado envolver pela noite enluarada e o homem mais maravilhoso que já vira na vida.
— Eu nunca disse que era passageira. Você presumiu isso.
— E você não fez nada para me corrigir.
Verdade. Tudo verdade. Se ela tivesse dito a verdade, então a semana dos dois juntos nunca teria acontecido. Demi nunca teria descoberto como era estar nos braços dele. Jamais teria imaginado algum tipo de futuro entre eles. Nunca teria engravidado. E nunca teria dado à luz dois garotinhos sem os quais não poderia se imaginar vivendo.
Por causa dos seus filhos, era difícil se sentir culpada pelo que havia feito.
— Joe, não vamos remoer o passado, tudo bem? Eu pedi desculpas na época. Não posso mudar nada. E sabe, você também não agiu exatamente como príncipe encantado na ocasião.
— Está me culpando?
— Você nem mesmo falou comigo — Demi o relembrou. — Descobriu a verdade e fechou as portas para mim tão rapidamente que fiquei surpresa por você não ter me obrigado a pular do navio e nadar para casa.
Joe se mexeu desconfortavelmente, parecendo lutar contra a vontade de gritar.
— O que você esperava que eu fizesse?
— Tudo que eu queria era me explicar.
— Não havia nada que você pudesse ter dito.
— Bem — murmurou Demi suavemente —, nunca saberemos disso com certeza, verdade? — Então ela suspirou e acrescentou: — Nós não estamos resolvendo nada aqui, portanto, vamos deixar o passado para trás. O que aconteceu, aconteceu. Precisamos conversar sobre o presente.
— Certo. — Ele sinalizou para o garçom, então a olhou novamente. — Conte-me sobre seus filhos.
— Seus filhos — corrigiu ela, erguendo o queixo, como se estivesse pronta para lutar.
— Isso ainda precisa ser provado para mim.
— Por que eu mentiria?
— Hmm. Questão interessante — disse Joe. — Eu poderia dizer que você já mentiu antes, mas então nós concordamos em não falar sobre o passado.
Demi não sabia se queria suspirar em frustração ou chutá-lo debaixo da mesa. Aquilo estava sendo tão mais difícil do que imaginara. De alguma maneira, tinha se convencido de que Joe acreditaria nela. Que ele olharia para as fotos dos bebês e saberia instintivamente que aqueles eram seus filhos. Enganara-se.
Tudo ao redor deles... o tilintar de cristais finos e as conversas murmuradas das outras pessoas que jantavam... proporcionava um pano de fundo que era mais barulhento do que qualquer outra coisa. Do outro lado das janelas que alinhavam uma das laterais do restaurante, a noite estava escura e o mar infinito. O brilho das luzes coloridas vindo das extremidades do deck parecia quase como um arco-íris que brilhava somente à noite.
E ao seu lado, o homem que perseguia seus sonhos e criara uma nova vida para ela permanecia esperando, observando.
Quando Demi começou a falar, um garçom se aproximou com uma garrafa de champanhe dentro de um balde de prata. Ela fechou a boca e mordeu o lábio enquanto o garçom numa taça de cristal oferecia a bebida para Joe experimentar. Após aprovado, o vinho foi servido primeiro para ela, depois para Joe. Uma vez que o garçom desapareceu no meio da multidão, Demi pegou sua taça e deu um gole no champanhe, esperando aliviar a súbita secura em sua garganta.
— Então? —incentivou Joe, a voz rouca e baixa parecendo penetrá-la. — Fale-me sobre os gêmeos.
— O que você quer saber?
Ele a olhou.
Ele a olhou.
— Tudo.
Assentindo, Demi respirou fundo. Normalmente, ficava mais do que feliz ao falar sobre os filhos. Até mesmo era conhecida por importunar completos estranhos no supermercado com histórias sobre as façanhas dos gêmeos.
Mas esta noite era diferente. Importante. Precisava fazê-lo entender isso. Acreditar. Então, escolhendo as palavras com cuidado, ela começou de modo simples:
— Eles se chamam Jacob e Cooper.
Joe franziu o cenho de leve e deu um gole em seu próprio champanhe.
— Nomes de alguém da família?
— De meus avós — respondeu Demi em tom defensivo, como se estivesse preparada para discutir sobre seu direito de nomear os filhos como bem entendesse.
— Foi um gesto bonito de sua parte — comentou ele após um momento, surpreendendo-a. — Continue.
Enquanto ao redor pessoas riam, conversavam e relaxavam, havia uma tensão quase palpável na mesa deles. A voz de Demi era baixinha, e Joe se inclinou para mais perto a fim de ouvi-la, fazendo-a arfar com a proximidade.
— Jacob é risonho e feliz o tempo todo. Sorri do minuto que acorda até o momento que vai dormir à noite. — Ela sorriu também, só de pensar nos seus bebês. — Cooper é diferente. Ele é mais... introspectivo, suponho. Seus sorrisos são raros e mais preciosos por causa disso. Está sempre observando. Estudando. Eu adoraria saber o que ele está pensando na maior parte do tempo, porque mesmo aos quatro meses, parece quase um filósofo.
Ele a olhava fixamente, e Demi podia ver seus dois filhos no rosto de Joe. Eles eram tão parecidos com o pai que ela não entendia como ele podia duvidar por um momento que os bebês fossem seus.
— Onde eles estão agora?
— Com minha irmã, Maxie. — Que provavelmente estava exausta. — Os meninos são loucos por ela, e Maxie os ama muito. Eles estão bem.
— Então por que você ficou tensa de repente?
Demi suspirou, recostou-se e admitiu:
Demi suspirou, recostou-se e admitiu:
— Esta é a primeira vez que me separo deles. Parece... errado, de alguma maneira. E sinto saudade dos dois. Muita.
Os olhos de Joe se estreitaram enquanto ele pegava o copo e bebia mais um gole do champanhe. Observando-a por sobre a borda da taça, engoliu, antes de devolver à mesa.
— Não deve ser fácil ser mãe solteira.
— Não, não é — admitiu ela, pensando agora no quanto se sentia cansada todas as noites quando punha os garotos na cama. Fazia tanto tempo que Demi não se sentia desperta depois das 8h da noite que era estranho estar sentada num restaurante às 9h. Mas antes o normal era este, quando se preocupava somente consigo mesma. Quando não tinha dois garotinhos dependendo dela.
Deus, como havia sido capaz de suportar a quietude? O vazio em sua pequena casa? Nem mesmo podia imaginar uma vida sem seus filhos agora.
— Mas — acrescentou Demi quando ele não disse mais nada —, juntamente com todo trabalho, uma mãe solteira tem todos os benefícios para si mesma. Eu não preciso compartilhar os pequenos momentos. Fui eu quem os viu sorrir pela primeira vez, quem os viu acordar para o mundo ao seu redor.
— Então, uma vez que você não está querendo compartilhar os bons momentos, isso significa que não está interessada em me ter envolvido na vida dos gêmeos — disse ele, pensativamente. — Tudo que quer é pensão alimentícia?
Ela ficou um pouco tensa. Não tinha considerado que Joe pudesse querer participar da vida dos filhos. Ele não era o tipo de homem "família". Era um homem festeiro. O sujeito que namorava, mas não levava a moça para conhecer a mãe.
— Nós dois sabemos que você não tem nenhum interesse em ser pai, Joe.
— Será isso verdade? E como você sabe?
— Bem...
Ele inclinou a cabeça quando ela permaneceu em silêncio.
— Exatamente. Você não me conhece melhor do que eu a conheço.
—: Está enganado. Eu sei que você não é o tipo de homem que se prende num único lugar. Naquela semana que nós passamos juntos, você me disse que não tinha planos de se casar e se acomodar um dia.
— Quem falou alguma coisa sobre casamento?
Demi respirou fundo e disse a si mesma para ir com calma. Estava andando num campo minado ali.
Demi respirou fundo e disse a si mesma para ir com calma. Estava andando num campo minado ali.
— Eu não quis dizer...
— Esqueça isso.
Outro garçom apareceu, desta vez levando o jantar que Joe claramente pedira mais cedo. Surpresa, Demi olhou para o peito de frango e fettucine ao molho de cogumelo, antes de erguer um olhar interrogativo para ele.
— Lembrei que você gostava deste prato — murmurou ele com um dar de ombros.
O que deveria fazer com, aquilo? , perguntou-se Demi. Ele fingia não se importar com ela, todavia, depois de mais de um ano lembrava quais eram seus pratos favoritos? Por quê? Por que Joe se recordaria de algum detalhe tão pequeno?
Depois que o garçom saiu, Joe recomeçou a falar:
— Então me responda uma coisa. Quando você descobriu que estava grávida, por que levou a gravidez em frente?
— Perdão?
Ele deu de ombros.
— Você estava sozinha. Muitas mulheres nesta posição não teriam feito o mesmo. Dado à luz, decidindo criar os bebês por conta própria.
— Eles eram meus — declarou Demi, como se isso explicasse tudo, e em sua mente explicava. Nem por um segundo tinha considerado interromper a gravidez. Tentara falar com Joe, é claro, mas quando não conseguira, havia começado a construir uma vida para si mesma e para seus filhos.
— Sem arrependimentos?
— Somente o de ter entrado neste navio — sussurrou ela. Joe sorriu, pôs o guardanapo sobre o colo e, pegando os talheres, cortou seu filé mignon.
— Eu ouvi isso.
— Falei para você ouvir. — Demi enrolou fettucine no garfo antes de dizer:— Joe, meus filhos são as coisas mais importantes do mundo para mim. Farei qualquer coisa que for necessária para me certificar de que eles estão seguros.
— Bom para você.
Ela deu uma garfada na refeição e, embora pudesse dizer que o prato era cozinhado à perfeição, o molho delicado e o frango tinham gosto de areia em sua boca.
— Eu vou querer um exame de DNA.
— É claro — disse ela. — O exame de sangue dos meninos já foi feito num laboratório local. Você pode enviar sua amostra para eles e requisitar o exame de comparação.
— Eu cuidarei disso amanhã.
— O quê? — Ela meneou a cabeça, olhou-o e perguntou: — Você não pode esperar até que estejamos de volta a San Pedro?
— Não, eu não vou esperar. Quero resolver esta questão o mais rapidamente possível. — Ele continuou a comer, como se o que eles estivessem discutindo não o afetasse nem um pouco. — Atracamos em Cabo pela manhã. Você e eu descemos em terra firme, encontramos um laboratório e pedimos que eles enviem os resultados dos exames para o laboratório em San Pedro.
— Nós vamos fazer isso? — Ela não havia planejado passar muito tempo com Joe, afinal de contas. Apenas subira a bordo para lhe contar sobre os gêmeos, e, francamente, pensara que ele não ia querer mais nada com ela depois disso. Contudo, ele a mudara para a sua suíte, e agora estava propondo que eles passassem ainda mais tempo juntos.
— Até que este assunto seja resolvido à minha satisfação — murmurou Joe suavemente —, eu não permitirei que você saia da minha vista. Não iremos nos separar nem por um minuto. Portanto, é melhor você começar a se acostumar com isso.
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Mais um capítulo pra vocês!!! Comentem pro próximo.
xoxo Nathi
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Mais um capítulo pra vocês!!! Comentem pro próximo.
xoxo Nathi