23.1.16

Paixão Inesperada - Capitulo 7 - Não Deveriamos


~

Demi
— Um cappuccino com creme e chocolate, por favor. — Peço para a garçonete que veio me atender.
— Só um minutinho. — Ela diz depois de anotar meu pedido e se vai.
Recosto-me na cadeira do aconchegante Café da universidade, um deles, o que fica mais perto da biblioteca e é o meu preferido.
Esse final de semana que passei com a minha família em Wills Point foi revigorante, mas agora uma nova semana começou e eu tenho que compensar o meu lapso das duas últimas semanas, por isso passei a tarde toda hoje, depois da aula, na biblioteca estudando.
Minhas notas sempre foram excelentes, mas depois que terminei com Vince alguns trabalhos que entreguei ficaram em um estado lastimável. Sei muito bem que não posso permitir que ele afete tanto assim minha vida, tenho que priorizar, mas é difícil.
É difícil esquecer quando todo dia tenho que voltar para casa que divido com a mulher com quem meu namorado me traiu, é difícil me deitar em minha cama e imaginar que a poucos metros dali, logo no outro quarto, eu peguei Vince transado com outra.
É por isso que acho que não estou me sentindo tão culpada quanto deveria com esse joguinho que eu e Joe estamos jogando.
Vince merece sofrer um pouco para dar valor aos meus sentimentos por ele. Nada mais justo.
— Aqui está seu cappuccino.
— Muito obrigada. — Tomo um gole da bebida quente e deixo que ela ajude a me aquecer nessa tarde um pouco mais gelada.
Olho distraidamente através da janela e observo os outros estudantes conversando e indo de lá para cá.
Quando termino minha bebida pago a conta e me dirijo novamente para a biblioteca. Pego um lugar numa mesa vazia, deposito os livros em cima da superfície plana e retomo meus estudos. Não posso mais deixar o que aconteceu com Vince prejudicar meus estudos.
COWBOYS Vs. BUFFS
GRANDE JOGO
SEXTA FEIRA DIA 19
Mais um jogo decisivo, como eu queria ir e ver Vince em ação, ele realmente merece ser o capitão do time, ele é bom.
Será que meu coração aguentaria?
Fico observando o cartaz com a cabeça inclina e um sentimento de saudades com um pouco de tristeza no coração.
Só de lembrar o que aconteceu na última vez que eu fui assistir a um jogo na semana passada. Depois que eu sai correndo de lá fui direto para o apartamento. Levou horas para que o fogo se apagasse, eu tentava me concentrar em qualquer outra coisa, mas só o que vinha na minha mente eram as memorias que ver Vince sem camisa me trouxeram.
Todas as vezes que sua boca percorreu meu corpo, desde o pescoço, passando pelos seios e por minha barriga, até...
Não. Chega, Demi, não pense nisso.
Sinto meu corpo se arrepiar e um calor que começa no meio das minhas pernas se espalhar por todo meu corpo.
Meu corpo sente falta do de Vince. Muito. Mas até essa saudade poder ser saciada ainda terei que esperar, me controlar.
Sinto até um pouco de vergonha por estar tão...Sensível. Qualquer pensamento, qualquer imagem ou som sugestivo me deixam inquieta. Não sabia que eu era uma pessoa tão faminta sexualmente que apenas duas semanas de abstinência já seriam uma tortura.
— Você vai ao jogo, Pequena? — Uma voz sussurrada em meu ouvido me faz saltar de susto.
Viro-me e praticamente dou de cara no peito de Vince. Ótimo, ele. Justo agora, bem quando meus pensamentos estavam me levando para um caminho perigoso.
— Porque você quer saber? — Pergunto cruzando os braços para que ele não veja meus mamilos que marcam minha blusa.
— Porque eu gostaria muito que você fosse. Você me deixa tranquilo, gosto de saber que você está me observando, ter minha garota torcendo por mim é um baita de um incentivo.
— Eu não sou sua garota.
— Qual é, linda. Até quando isso vai continuar? Eu sinto sua falta. — Ele coloca as mãos em minha cintura e eu me amaldiçoo por ter estremecido com seu contato.
— Eu achei que tinha ficado claro na noite de sexta que eu não quero mais nada com você. — Ao ouvir minhas palavras sua expressão fica mais seria, sua testa franze levemente e vejo ele apertar e depois afrouxar o maxilar.
— O seu showzinho com aquele idiota. Você realmente está saindo com aquele cara?
— Já disse que sim, não disse?
— Se ele tocar em você daquele jeito de novo, eu acabo com ele. — Ele diz, e apesar de sua expressão ser seria, eu rio.
— É o Joe que acabaria com você, Vince.
— O Joe... — Ele diz o nome fazendo uma careta. — Não teria chance comigo porque eu estaria brigando pela minha garota.
— Eu não sou sua...
— É sim, Pequena. É sim. — Ele diz me cortando, seu tom serio me faz sentir borboletas no estômago. Ouvir Vince afirmar que eu sou sua garota quase me faz ter vontade de desistir desse plano maluco e ir pelo caminho mais fácil. Que seria simplesmente perdoa-lo, aqui e agora, e acabar com essa tortura.
— Quando você vai aceitar que você me perdeu, Vince? — Enfatizo a palavra “perdeu”. Ele vai ficar puto.
— Eu não perdi você, entendeu? — Ele diz mais irritadiço e eu tenho que segurar meu sorriso. Até que provoca-lo é divertido, ele é tão previsível em alguns aspectos.
— Eu terminei nosso namoro, não pretendo voltar mais com você e estou com outro cara. Para mim isso é perder. — Digo provocando-o. Seu maxilar fica tenso, ele segura minha nuca com uma mão e com a outra coloca o dedo indicador na minha cara.
— Eu já disse e vou repetir. Você é minha, e se esse tal de Joe for esperto o suficiente ele vai se afastar de você, ou eu mesmo vou força-lo a fazer isso, entendeu? Diga para o seu namoradinho que se ele tocar em você, eu vou atrás dele.
— Ele não vai se deixar intimidar por você. — Digo.
— Eu estou avisando, Pequena. Ele está se aproveitando do nosso termino, mas acontece que isso é temporário, eu e você vamos voltar.
Claro que vamos, mas antes quero vê-lo sofrer assim como eu sofri.
Não digo nada e nós nos encaramos por um breve momento, vejo seu corpo relaxando e sua expressão voltar ao normal.
— Te vejo no jogo sexta. — Ele beija minha bochecha e se afasta.
Quando ele sai da minha vista, cambaleio para trás e me apoio na parede.
Esse jogo vai ser divertido, mas também perigoso. Muito perigoso.
Joe
Confiro se peguei minha carteira, celular e chaves antes de sair. Hoje é sexta, quase 19:30, e eu estou um pouco atrasado para ir me encontrar com Demi, tive algumas coisas para resolver no escritório que levaram mais tempo do que eu achei que levaria.
Entro na minha Trailblazer 4X4, dou partida no motor e sigo em direção a UTD. Ela me pediu que a acompanhasse nesse jogo dos Cowboys contra os Buffs. Vince é o capitão do time e ela achou que seria uma oportunidade perfeita para dar continuidade ao plano para fazer ele rastejar para tê-la de volta, já que eu havia prometido ajuda-la, estou indo a um jogo de futebol ao invés de ir ao Eros e procurar uma companhia para passar noite. Talvez eu possa fazer isso amanhã, ou posso depois do jogo voltar para casa, pegar meu celular e ligar para uma das dez mulheres que eu de fato guardei o numero de telefone.
Acho que vou ligar para Brenna, ou talvez para Zara. Sim, definitivamente eu poderia ligar para Zara, ela é a que menos exige de mim e a que mais entende o meu estilo de vida.
Mas primeiro, vamos assistir esse maldito jogo.
Guio meu carro e devido ao transito bom, alguns minutos depois já estou no meu destino. Acho um lugar perto de onde devo encontrar com Demi para estacionar. Desço, ligo o alarme e vou andando lentamente em direção ao campo da Universidade, Demi havia me dito que quem chegasse primeiro deveria esperar logo na entrada numero 2, então é para lá que eu me dirijo. Passo por vários estudantes pintados de azul marinho e branco, e com roupas dessas cores também. As cores da Universidade.
Lembro-me quando estudei aqui, não faz tantos anos assim. Momentos bons foram aqueles, muitas festas, bebidas e mulheres.
Assim que avisto a entrada 2 para o campo, vejo também Demi. Seu olhar se encontra com o meu e ela abre aquela largo sorriso que é lindo, e vem caminhando em minha direção.
Oh droga, alguém tem que dar uma burca para essa mulher. Como ela consegue ficar tão sexy até mesmo para um simples jogo de futebol?
Demi está com uma saia jeans clara tão curta que poderia ser um cinto. Nick sabe que ela anda se vestindo assim? Por Deus, ela não pode mostrar tanto de suas belas pernas. Falando em suas pernas, como não reparar? São torneadas e tem uma cor dourada, um bronzeado natural muito tentador e de dar água na boca.
São belas pernas para envolver em minha cintura e...
Não. Não pense nisso Joe, você não pode ficar excitado aqui.
Para completar ela está vestindo uma camisa estilo Jersey, justa e azul marinho, com detalhes na manga e no colarinho em branco. Na altura do peito, também em branco, está escrito “COWBOYS” e em baixo...Ah, porra. Sério que ela escolheu justo uma camisa com o numero 69?
Isso me faz ter pensamentos que eu não deveria estar tento, envolvendo uma posição sexual, eu e Demi. Droga, pare Joe, ela está se aproximando...
— Oi, Joe. Obrigada por vir. — Ela diz e fica na ponta do pé para me dar um beijo no rosto.
— Oi, Little Nips. Sem problemas, eu falei que te ajudaria, não falei? Mas está tudo bem eu aparecer por aqui? Quer dizer, a Miley não vai estar aqui também?
— Ah não se preocupe com isso. Miley está se matando de estudar para uma prova difícil na semana que vem, e além do mais, ela odeia futebol.
— E você não?
Começamos a andar lado a lado em direção ao campo.
— Agora não mais. Eu odiava no começo e comecei a assistir só por causa que o Vince é o capitão do time, mas depois de algumas partidas eu aprendi a gostar. E você? Quer dizer, você é homem, é claro que gosta, né?
— Sim, eu aprecio uma boa partida de futebol de vez em quando.
— Muito obrigada mais uma vez, sei que você provavelmente tinha algo mais interessante para fazer numa sexta à noite, mas o jogo não deve terminar tão tarde, talvez sua sexta não esteja completamente perdida. — Ela diz com um sorriso simpático.
Sim, eu com certeza terei que ligar para Zara para ela dar um jeito nesse desconforto maldito no meu jeans.
Entramos no campo, ele está exatamente como eu me recordava. É enorme, todo circundado por arquibancadas com quase todos os lugares já ocupados. Os postes com holofotes acessos iluminam o campo e a torcida, o placar acesso mostra o tempo restante até começar a partida.
— Vamos nos sentar na primeira fila, o mais perto do campo para ter a chance de Vince nos ver. — Ela diz e segurando minha mão, me puxa por entre as pessoas na escadaria ainda tentando achar um lugar que lhes agrade.
— Ali. — Ela aponta para dois lugares vagos e nós vamos abrindo espaço entre as pernas das pessoas sentadas.
— Esse lugar é ótimo, se Vince olhar para esse lado com certeza nos verá. — Ela diz se sentando e com um sorriso de satisfação no rosto.
Sento-me ao seu lado e tento com todas as minhas forças olhar para frente, e não para o decote de sua blusa que mostra uma boa quantidade dos seus seios.
As próximas horas vão ser muito torturantes.
Até o jogo começar, ficamos em silêncio, a ansiedade dela é perceptível. Suas mãos estão inquietas e ela olha para o placar o tempo todo, conferindo quanto tempo ainda falta para começar.
Quando a banda começa a tocar e os jogadores fazem sua entrada, Demi se levanta e começa a aplaudir os Cowboys, assim como todos ao nosso redor.
O primeiro tempo passa e nenhum ponto é marcado, para nenhum dos dois times.
— Ele nem olhou para cá. — Ela reclama parecendo decepcionada quando o time vai para o vestiário e Vince ainda não nos notou.
A banda entra e começa a fazer seu show da hora do intervalo.
Realmente deve ter algo errado comigo, porque as lideres de torcidas seminuas estavam o tempo todo pulando e fazendo suas aperturas e agachamentos perto o suficiente e eu não conseguia parar de pensar e querer olhar para as pernas de Demi.
Isso não pode ser um bom sinal.
O time retorna a o segundo tempo começa. Vince ainda não nos percebeu.
O jogo continua e depois de alguns minutos do começo do segundo tempo, os Buffs fazem um Field Goal e o técnico dos Cowboys pede tempo.
— É agora, o Vince esta vindo falar com o técnico, ele tem que nos ver. Coloque o seu braço nos meus ombros...Coloque logo, Joe.
— Tudo bem, tudo bem.
Coloco meu braço em seus ombros e ela se aconchega em mim. Fico tenso quando ela me abraça por trás e coloca a outra mão na minha perna.
Localizo Vince quando ele retira o capacete e eu posso ver seu cabelo cor de fogo todo bagunçado, o técnico fala com ele e com o resto do time e parece estar muito zangado.
O técnico dispensa o time e Vince faz menção de colocar seu capacete novamente quando seus olhos passam rapidamente pelo nosso lado da arquibancada, vejo o exato momento que ele vê Demi e eu. Ele congela no lugar e sua expressão se torna furiosa na hora.
— Ele nos viu, ele nos viu. — Demi resmunga quase sem abrir a boca. — Me beija. — Ela pede e seu pedido me pega desprevenido, olho-a surpreso.
— Na bochecha, Joe, não precisa me olhar assim.
Então faço o que ela me pede. A puxo para mais perto, abraço-a com ambos os braços e lhe dou um beijo na bochecha.
Quando olho para Vince ele está me fuzilando com os olhos, se um olhar tivesse o poder de matar, eu estaria morto.
Vince se vira, coloca o capacete e corre de volta para o campo.
— Ele ficou furioso. — Comento.
— Ficou. — Ela diz sorrindo e se afasta de mim, nesse momento um sentimento estranho me domina. Sentimento de perda.
Seu corpo pequeno, delicado e quente estava tão deliciosamente aconchegado ao meu, não queria que ela tivesse se afastado.
Logo os Buffs fazem mais um Field Goal, agora eles estão com 6 pontos e nós com 0.
O jogo começa a ficar mais violento, os Cowboys estão desesperados para recuperar os pontos e os Buffs estão desesperados para manter a liderança.
Quando Vince faz um touchdown e empata o jogo, o publico vai a loucura. Demi principalmente, ela levanta, pula e grita.
— Ele é tão bom, não é? — Ela diz com um olhar orgulhoso e isso me incomoda.
Demi está se esforçando tanto para ter de volta um cara que não a merece, eu aceitei ajuda-la porque não queria vê-la sofrendo, mas se eu pudesse escolheria um homem de verdade para ser seu namorado, ela merece mais.
Como se Demi já não achasse que Vince é o maioral, quando ele faz um Field Goal nos últimos segundos do jogo e dá a vitória aos Cowboys ela simplesmente enlouquece. Acho que ela esquece que está tentando fazer ciúmes nele e que precisa que ele acha que ela é indiferente a ele, e começa a gritar seu nome.
— Você viu como ele é demais? Ele merece ser o capitão, não merece?
— É, ele é bonzinho. — Digo por algum motivo incomodado com os elogios que ela faz a ele.
— Bonzinho? Ele e incrível! Por causa dele nós ganhamos. — Ela diz toda animada. Tudo bem, dá para perceber que ela não entende muito de futebol, ele não foi incrível, qualquer um consegue fazer o que ele fez.
Os Cowboys comemoram, os jogadores levantam Vince e o colocam no ombro. A torcida invade o campo e comemoram junto com os jogadores. Eles gritam: Vince, Vince, Vince...
Qual é o problema de todos? Só eu aqui que vejo como ele é um idiota?
Não sei o que Demi viu nele.
Depois que  o time entra no vestiário e a maioria dos torcedores vão embora, Demi e eu vamos também.
— Onde você deixou seu carro? — Ela pergunta.
— Naquele lado. — Respondo.
— Eu te acompanho até lá, então. Acho que não está tão tarde, você ainda pode salvar sua noite.
— Não quer que eu te acompanhe até seu dormitório? — Pergunto.
— Ah não, sempre que nosso time ganha eles fazem uma festa de comemoração depois. Eu sempre ia com Vince, afinal eu era namorada dele, quero ir hoje e ver como ele vai reagir.
— E você não vai querer que eu vá com você?
— Não precisa, já tomei muito tempo da sua sexta. Pode ir se divertir.
De repente a ideia de ir para casa e ligar para Zara não parece tão atraente, eu gostaria de ir nessa festa e ficar um pouco mais com Demi. Mas claro que eu não vou confessar isso para ela.
Seguimos em direção ao meu carro sozinhos, o lugar parece deserto, provavelmente todos devem estar comemorando a vitória com o time.
Por isso quando escuto passos apressados atrás de nós, me viro curioso.
Mal terminei de virar todo o meu corpo quando uma mão fechada vem em minha direção e me acerta a boca.
Demi grita e eu tonto, cambaleio para trás e me apoio em uma árvore.
Confuso e sem saber o que está acontecendo, tento focar o olhar para ver quem é meu agressor.
Consigo focalizar o olhar a tempo de ver Vince vindo furiosamente em minha direção.
Demi
 — Vince, pare com isso! — Grito desesperada quando Vince acerta um segundo soco na cara de Joe. Mas ele não me escuta.
Ele acerta um soco no estômago e Joe se inclina com falta de ar. Meu coração está acelerado e sinto lágrimas escorrerem por minhas bochechas. Preciso fazer algo para ajudar Joe.
— Vince, por favor pare com isso. — Digo me jogando em cima dele para tentar impedi-lo.
— Não se meta, Demi. — Vince grita e me empurra para o lado.
— Não encoste nela. — Joe grita e recebe mais um soco, ele tenta se estabilizar o suficiente para revidar os golpes mas ele está tonto e Vince não lhe dá brecha.
Eu não vou conseguir para-lo, preciso de ajuda.
Saio correndo procurando por ajuda mas não encontro ninguém. Vejo um carro manobrando e reconheço o motorista, é Guga, um amigo de Vince.
Corro até o carro e bato no vidro ao seu lado.
— Pelo amor de Deus, Demi, que susto. — Ele diz abrindo o vidro.
— Guga, por favor, você tem que me ajudar. — Digo sem fôlego pela corrida.
— O que aconteceu? — Ele pergunta com a expressão preocupada.
— O Vince, ele está brigando, você tem que impedi-lo.
— Caralho. — Ele xinga saindo do carro.
— Marc, venha comigo. — Ele diz e só agora reparo que tem outro cara com ele no carro.
Nós três então saímos correndo em direção a Vince e Joe.
— Vince, cara, pare com isso. — Guga grita assim que chegamos perto dos dois.
Guga e Marc pulam em cima de Vince e o seguram, vou correndo até Joe para ampara-lo.
— Vince, pare com isso cara.
— Me solta, eu vou acabar com ele. — Vince grita tentando violentamente se soltar do aperto de Guga e Marc.
— Cara, você está louco? Você deveria estar comemorando. — Marc diz para ele.
— Eu vou, depois que eu ensinar uma lição para esse filho da puta. — Ele grita.
— Joe, você está bem? — Pergunto servindo-lhe de apoio.
— Estou.
Mas é claro que ele está mentindo. Que pergunta mais idiota a minha, é claro que ele não está bem, sua cara está toda machucada.
— Demi, é melhor você tirar seu amigo daqui. — Guga diz mal conseguindo segurar Vince.
Balanço a cabeça e olho para Joe.
— Consegue chegar ao seu carro? — Pergunto e ele assente.
— Isso é por mexer com a minha garota, filho da puta. Se você chegar perto dela de novo eu acabo com você, entendeu? Acabo com você. — Escuto Vince gritando conforme nos afastamos.
Chegamos ao carro de Joe, ele me entrega a chave e eu o coloco no banco no passageiro, escuto ele soltando alguns gemidos de dor, mesmo ele tentando disfarça-los.
Corro até o lado do motorista e entro.
— Você quer ir para casa ou para um hospital? — Pergunto ligando o carro.
— Para casa, hospital não.
— Tudo bem. Aguente firme, ok? Já vamos cuidar de você.
Piso fundo no acelerador e guio com pressa até seu apartamento. Depois de ter feito o caminho na metade do tempo e com certeza depois de levar uma ou duas multas por excesso de velocidade, chegamos ao endereço de Joe.
Ajudo-o a sair do carro e a entrar no prédio. Assim que o porteiro nós vê seus olhos se arregalam e ele corre para nos ajudar. Assume meu lugar e escora Joe até o elevador, ele não faz nenhuma pergunta, talvez ele esteja acostumado a ajudar os moradoras nas mais diversas situações.
— Ela cuida de mim a partir de agora, obrigado Carlos. — Joe diz quando entramos no elevador.
— Sim, senhor. — Carlos me dá espaço e eu pego Joe, colocando seu braço no meu ombro e meu próprio braço em sua cintura.
Quando chegamos em seu apartamento, levo-o direto para o sofá e o mais delicadamente possível o sento.
— Você tem um kit de primeiros socorros?
— No banheiro do meu quarto. Última gaveta da esquerda. — Ele diz parecendo estar com muita dor.  
Droga, isso tudo é culpa minha, tenho que ajuda-lo.
Vou rapidamente até o banheiro e procuro pelo kit, assim que acho-o volto correndo para a sala.
— Não se preocupe, vou limpar seus machucados. — Digo me sentando ao seu lado no sofá.
Abro o kit e seleciono os objetos necessários para limpar seus machucados e tirar o sangue da sua cara.
Enquanto preparo as coisas, observo Joe com a cabeça encostada e os olhos fechados. Ele está com um corte nos lábios e outro na sobrancelha e o canto do seu olho está ficando roxo.
— Vai doer. — Digo e ele abre os olhos e se endireita.
— Tudo bem.
Aproximo-me mais dele e encosto o algodão com o remédio no corte de sua boca.
— Porra. — Ele xinga e eu retiro o algodão no mesmo instante.
— Desculpa. — Peço.
— Tudo bem. — Ele diz e eu hesitante volto a colocar o algodão em seu machucado. Ele faz uma careta de dor mas não reclama dessa vez.
Limpo seus cortes e retiro todo o sangue da sua cara, que estava dando-lhe um ar assustador e a impressão que seus ferimentos era muito piores do que realmente são. Ele permanece em silêncio o tempo todo, ocasionalmente fazendo caretas enquanto o limpo.
— Foi sorte. — Ele diz.
— O que? — Pergunto confusa.
— Foi sorte. Ele me pegou desprevenido.
Ah sim, claro que ele não vai querer admitir que apanhou de Vince. Tem a ver com aquele orgulho masculino. É melhor eu concordar.
— Sim, claro, eu sei.
— É sério, ele me pegou desprevenido, se não eu teria acabado com ele.
— Tudo bem, Joe, agora fique quietinho para eu cuidar de você, ok?
— Ok...Mas ele me pegou desprevenido.
— Eu já entendi isso. — Digo com um sorriso no canto nos lábios.
— Quão mal é?
— Acho que não está tão mal quanto parecia. — Digo analisando seu rosto depois que já cuidei de seus ferimentos.
— Você tem remédio para dor?
— Tenho, está ai. — Procuro pelo remédio dentro da bolsa e lhe entrego assim que acho.
— Vou buscar água.
— Não precisa. — Ele diz e engole o remédio sem o auxilio da água.
— Sinto muito, Joe. Eu não achei que ele fosse...
— Está tudo bem. — Ele diz e se mexe, soltando um gemido.
— Está tudo bem mesmo? — Pergunto preocupada — Joe, me diga onde você está com dor.
— Minhas costelas, mas...Ei, o que você está fazendo? — Ele pergunta parecendo assustado quando levo minhas mãos para a barra da sua camisa.
— Preciso ver se ele te machucou muito. Posso?
Ele me olha por um breve momento e depois assente. Levanto sua camisa revelando seu abdômen sarado.
— Acha que consegue tira-la? — Pergunto.
— Se você me ajudar, acho que sim.
Ajudo-o a retirar a camisa, expondo seu torso musculoso. Joe é muito forte, já dava para perceber só de olhar seu braço, mas agora vendo-o sem camisa...Ele é realmente muito forte.
Começo a me perguntar se Vince realmente teve sorte.
Os peitos de Joe são grandes e parecem ser duros como pedra, seu abdômen possui aqueles gominhos de barriga tanquinho e uma linha de pêlos segue tentadoramente logo abaixo do seu umbigo para dentro das suas calças.
Forço-me a parar de encara-lo com tanta admiração. Deixo sua camisa de lado e pergunto:
— Qual lado está doendo?
— Esse. — Ele aponta para seu lado direito.
— Não está roxo, acho que já é um bom começo. Posso? — Pergunto fazendo menção de encostar em suas costelas, ele me olha de um jeito estranho mas assente.
Encosto meus dedos levemente na área das costelas e ele estremece.
— Desculpe. — Peço e tento ir com mais cuidado. — Acho que não está quebrado, mas eu não sou a melhor pessoa para esse tipo de coisa, acho que você deveria ir ao hospital.
— Não está doendo tanto assim. — Ele diz e eu não sei dizer se é verdade ou se ele está se fazendo de forte.
— Joe...Sinto muito, é tudo culpa minha, como eu fui egoísta. — Digo abaixando minha cabeça com vergonha.
— Não é culpa sua, Demi.
— E sim. Vince havia me dito que se ele me visse com você de novo ele iria acabar com você, mesmo assim eu quis te levar nesse jogo idiota para fazer ciúmes para ele. Não achei que ele seria capaz de...Mas eu estava errada, e agora você está assim e a culpa é toda minha. — Sinto uma lágrima escorrendo por meu rosto. Me perdoa. — Peço e outra lágrima escorre.
— Ei, linda. Não chore. — Ele diz pegando meu queixo e me fazendo olha-lo nos olhos. — Não tenho nada para te perdoar, ok? Você não tem culpa.
— Mas ele me disse que ia...
— Não interessa se ele disse ou não, eu não te culpo. Eu aceite te ajudar, eu aceitei a ir a esse jogo. Você não me obrigou a nada.
— Mas...
— Mas nada. — Ele me corta colocando seu dedo em meus lábios. — Não quero mais ouvir você se culpando pelo que aconteceu hoje, ok?
— Ok. — Digo quase num sussurro, ele retira seu dedo dos meus lábios e leva sua mão até minha bochecha, limpando minhas lágrimas.
— E não quero que você chore. — Ele diz com a voz rouca.
— Estou chorando porque eu não queria que isso acontecesse, não queria que Vince fizesse isso com você.
— Esse cara, Demi...Ele não te merece, você é tão melhor que isso. Você merece alguém melhor, um homem. — Ele diz acariciando meu rosto.
— E onde eu vou achar um homem? Na faculdade todos os caras são iguais a Vince.
— Talvez você só tenha que procurar melhor, talvez esse homem esteja mais próximo do que você imagine. — Ele diz se aproximando, seus lindos olhos azuis encarando fixamente os meus.
Seu polegar acaricia minha bochecha carinhosamente enquanto eu vejo confusa, seu rosto se aproximar do  meu.
Ele está tão perto agora, sua boca a centímetros da minha.
— Joe. — Sussurro seu nome mas não sei mais o que dizer.
— Demi. — Ele sussurra meu nome e o modo como ele o diz, com a voz rouca e baixa, me provoca arrepios.
Antes que eu possa assimilar seu último movimento, a boca de Joe encontra com a minha. Seus lábios macios permanecem parados, apenas sustentando o contato com os meus.
Eu não sei o que fazer, estou tão surpresa com seu gesto que estou sem ação.
Ele se afasta e me olha intensamente nos olhos, vejo algo em seu olhar que eu não reconheço, mas faz meu corpo esquentar.
— Ah Demi. — Ele diz meu nome novamente, sua mão desliza até minha nuca e ele me puxa, fazendo nossos lábios entrarem em contato novamente. Mas dessa vez eles os movimenta, acariciando meus lábios com os seus.
Levo minha mão até seu pescoço e antes que eu possa ter consciência do que estou fazendo, abro minha boca e deixo que sua língua brinque com a minha.
Meu coração começa a palpitar, meu corpo se arrepia e minha cabeça parece girar.
O que está acontecendo comigo? Meu Deus, estou beijando Joe? Isso é...Isso é tão errado e tão...Bom.
Seu gosto é tão delicioso e a sensação da sua língua na minha é tão maravilhosa que tenho vontade de gemer.
Desço minha mão do seu pescoço para seu peito. Sim, ele é duro como pedra como eu havia imaginado.
Sinto a mão de Joe na minha coxa, ele começa a subi-la lentamente, e sinto minha perna em chamas, como se sua mão fosse ferro quente e ele estivesse me marcando.
Isso é tão errado, eu amo Vince não deveria estar beijando outro. Ainda mais Joe, ele é...Ele é como um irmão, eu não deveria estar gostando de beija-lo, isso tem que acabar.
Colocando ambas as mãos em seu peito, empurro-o.
— Joe, não. — Digo. Ele e se afasta e me olha quase que assustado, como se a consciência do que nós fizéssemos finalmente o atingisse.
— Demi eu...Eu sinto muito, eu não deveria ter...
— Me beijado? Não, com certeza não devia. — Mas foi tão gostoso.
— Sinto muito, por favor me perdoe. É que...Mas que droga, eu não sei o que deu em mim nesses últimos dias, eu estou sentindo algo com relação a você e que com certeza eu não deveria sentir pela irmã do meu melhor amigo.
— O que? — Pergunto.
— Tesão, desejo...Muito desejo. — Suas palavras me atingem e ao invés de me causar surpresa, repulsa ou qualquer outro sentimento, eu sinto um calor insuportável percorrer meu corpo.
Joe sente tesão por mim? Mas como? Isso é tão estranho.
— Mas nós somos praticamente irmãos. — Digo e ele solta um gemido quase de dor.
— Não diga isso, por favor. Só vai me fazer sentir pior com relação ao que eu estou sentindo nesse momento. — Desvio meu olhar para seu jeans, e ofego quando vejo uma saliência enorme.
Ah Deus, ele está excitado...Comigo?
— Eu sei que isso é estranho, mas eu não posso controlar por quem meu corpo se excita ou não. Desculpe se eu passei dos limites ao te beijar mas...Eu não pude resistir, você é maravilhosa, Demi. Você se transformou numa bela mulher e seria difícil para qualquer homem resistir a você, quem dirá eu.
— Joe eu não sei o que dizer. Você é melhor amigo do Nick, você é praticamente meu outro irmão mais velho e, e eu amo Vince, apesar de tudo. Isso que aconteceu aqui é errado de tantas maneiras...
— Eu sei, eu sei.
— O que você sente é errado.
— Eu sei, eu tenho me sentindo um tarado filho da puta por estar pensando em você desse jeito. Eu me senti horrível depois que eu me mastu... — Ele começa a dizer mas quando percebe o que vai dizer seus olhos se arregalam e ele para.
Oh.Meu.Deus. Não posso acreditar que ele ia dizer o que eu acho que ele ia dizer.
Levanto-me do sofá rapidamente e me afasto dele.
— Você se... — Não consigo terminar a frase, é muito vergonhoso. — Pensando em mim? — Pergunto olhando-o espantada.
Ele abaixa a cabeça com vergonha e não responde, mas não precisa, eu sei muito bem que a resposta é sim.
Joe já se masturbou pensando em mim.
Uma mistura de surpresa e choque me domina e de novo aquele calor maldito. Mas que diabos é isso? Porque esse calor infernal não me deixa?
— Eu não queria, mas eu não aguentei. Por favor, não me odeie, Demi.
— Eu não te odeio. — Respondo.
Claro que eu não o odeio, porque odiaria? No momento eu estou é assustada. Assustada por estar imaginando Joe se tocando, e mais assustada ainda por sentir um líquido escorrendo pelo meio das minhas pernas ao imaginar isso.
— Joe, eu preciso ir. — Digo saindo correndo em direção a porta.
Não sei o que está acontecendo comigo e não acho que seja seguro ficar perto dele com seu torso sarado a mostra enquanto estou sentindo esse desconforto na minha intimidade.
— Não, Demi, por favor espere.
Paro em frente a porta e me viro para ele. Com um pouco de dificuldade ele se levanta, o que só piora as coisas porque novamente eu vejo seu ereção e me sinto pulsar lá embaixo.
“Merda, tenho que sair daqui.”
— Por favor, não fique com nojo de mim. — Ele pede parecendo torturado.
— Eu não estou com nojo de você, Joe. — Muito pelo contrário, estou sentindo um desejo enorme e que cresce cada vez mais, e isso está me assustando pra caramba.
— Então porque você está indo embora correndo?
— Porque...Eu acho que é melhor a gente conversar outra hora. Agora não dá.
Abro a porta e saio.
— Demi, espera eu... — Não escuto o que ele diz, bato a porta e saio correndo.
Entro no elevador e aperto o botão do térreo.
Encosto-me na parede e respiro fundo tentando assimilar tudo o que aconteceu.
Joe me beijar, me desejar, se tocar pensando em mim...Isso tudo é errado. Ele não devia me desejar e com certeza eu não deveria gostar do seu beijo e nem de saber que ele me deseja e muito menos de saber que ele se tocou pensando em mim.
Eu não deveria, mas a gente nem sempre faz o que se deve, não é?

------------------------
Estou gostando de ver vcs participativas.
Continuem assim.
xoxo

6 comentários:

  1. Até que enfim ele confirmou o interesse por ela.... louca pra saber o que vai acontecer agora.... continua logooo por favor!!!

    ResponderExcluir
  2. Que idiota esse Vince
    quero saber o que vai com o Joe e a Demi....
    posta maiis!!!!

    ResponderExcluir
  3. Achei que já ia rolar a primeira noite dos dois.... que bom que ela já esta correspondendo a ele.... posta logoooo!!!!

    ResponderExcluir
  4. Estou um dia sem poder vir cá e quando volto vejo que começou a maratona e estou a adorar estes capítulos :)
    Acho que a Demi afinal não vai é conseguir resistir ao Joe durante muito tempo hehe o Vince vai deixar de ter importância para ela, até porque aquele parvalhão não a merece.... e o Joe está mais do que pronto para fazer a Demi ir às nuvens ;)
    Posta mais um capítulo :)

    ResponderExcluir
  5. So acho que o Joe devia ter acabado com o Vince cara covarde. Meu ainda não tou acreditando que ele contou a ela, ameii o capitulo :)

    ResponderExcluir