22.1.16

Paixão Inesperada - Capitulo 5 - A Vingança é Doce


~

Demi
Não é que ele tinha razão? O gosto daquela bebida era horrível, mas de fato ela me ajudou com minha insuportável dor de cabeça. E foi tão rápido que quando Joe estacionou seu carro na frente do meu dormitório a dor já havia diminuído consideravelmente.
Tenho que pegar a receita com ele. Não que eu vá beber daquele jeito novamente, de qualquer forma.
Quando entro em meu apartamento a primeira coisa que eu vejo, infelizmente, é Aletta parada em frente à janela com as mãos na cintura e um sorriso prepotente nos lábios.
Só de olha-la já me sinto doente. Durante essa última semana tenho feito meu melhor para evita-la, nem sempre é possível, mas tenho feito um bom trabalho.
E pensar que vou ter que dividir o apartamento com ela até me formar. Eu cheguei a marcar um horário com a Sra. Crosby, a orientadora do dormitório feminino, para pedir-lhe que me colocasse com outra menina. Qualquer outra. Mas o pensamento de que se eu fizesse isso estaria dando a impressão que ela me intimidou, me fez desistir.
Cancelei meu compromisso com a Sra. Crosby.
Eu posso não estar lidando com isso muito bem, mas tenho que pelo menos fingir.
— Ora, ora. Resolveu aparecer? — Ela diz e eu apenas ignoro. Como tenho feito quando as minhas tentativas de evita-la não funcionaram.
Sem olha-la ou falar qualquer coisa sigo em direção ao meu quarto.
— Rapidinha você, hein?
Seu comentário me faz parar. Lentamente viro-me para encara-la.
— Faz uma semana que você terminou seu namoro de um ano e já está em outra? Acho que Vince não era tão importante, afinal. — Ela diz com um sorriso que me faz ter vontade ir até ela, pegar seus cabelos e esfregar sua cara no asfalto até arranca-lo de lá.
— Você não tem nada mais interessante para fazer do que ficar grudada na janela cuidando do horário que eu chego em casa? — Digo com desprezo.
— Não sei por que me tratar com tanta hostilidade. Afinal, depois de hoje ficou muito claro que os seus sentimentos por Vince não são tão fortes quanto ele pensava. Coitado, e pensar que ele se sentiu culpado.
Dou um passo ameaçador em sua direção e ela recua. Tento me controlar. Agredi-la só iria me prejudicar, é isso que ela quer.
— Você não ouse falar sobre meus sentimentos por Vince. — Digo com os dentes cerrados.
— Estou falando alguma mentira? Se você o amasse não estaria dormindo com o cara que te trouxe agora a pouco.
— Eu não estou... — Começo a dizer mas me interrompo. Não devo nenhuma explicação para essa vaca.
Olho-a com nojo e me retiro para meu quarto. Uma vez lá dentro tranco a porta, fecho as cortinas e me jogo em minha cama.
Cubro-me e puxo o edredom até meu queixo, sentindo um frio que arrepia meu corpo.
Fecho os olhos e o rosto de Vince me vêm à mente, como todas as noites dessa semana infernal. A única vez que eu fui capaz de fechar meus olhos e não enxerga-lo foi ontem à noite.
Apesar de que pode ter acontecido, afinal não me lembro de nada depois que entrei no Eros. Mas se eu pensei nele antes de dormir não me lembro, o que já é alguma coisa.
Quem me dera poder esquecer as outras noites.
— Qual é sis. Vamos lá. — Miley diz dando um puxão na minha blusa.
— Já disse que não estou a fim, Miley. — Digo saindo para fora do prédio no qual acabamos de ter aula.
— Por favor, por favorzinho, vamos.
— Tenho que estudar, fica para uma próxima. — Digo tentando faze-la largar do meu pé.
— Você me disse isso na vez passada. Entendo que você esteja mal, mas vamos lá, você tem que seguir com a sua vida, sis.
Lanço lhe um olhar de “Não toque nesse assunto”.
— Eu só estou preocupada com você, te ver infeliz me deixa infeliz também.
— Sinto muito, não queria te preocupar, mas estou bem. Sério. Só preciso de um tempo.
— Você não pode... — Ela começa a dizer mas alguém chamando meu nome a interrompe.
Olhamos para trás e vejo Vince vindo em nossa direção.
Lindo como sempre. Seus cabelos ruivos desarrumados numa bagunça sexy, seus lindos olhos verdes e sua pele clara. Seu corpo grande e forte que vem até mim com passos rápidos e seguros.
— Finalmente consegui te achar. Você vai falar comigo, não aceito não como resposta. — Ele diz quando para na minha frente. Sua postura e seu tom de voz tão confiantes que me impedem de lhe dizer não.
— Hum, bom, eu...Eu vou indo. Nos falamos depois. — Miley diz e eu levemente balanço minha cabeça para ela, pedindo-lhe que não. Não vá.
Ela me lança um sorriso tímido de desculpas e levanta os ombros como se perguntando “O que eu posso fazer?”
Olho desesperada ela ir cada vez mais longe.
— Demi. — A voz de Vince me chama. Sua rouca e sexy voz. Oh Deus, me dê forças!
Viro-me e encaro-o, tento não deixar transparecer o quanto sua presença me afeta.
Depois que o peguei na cama com Aletta nós nos falamos apenas uma vez. Quando ele tentou se explicar mas eu não o deixei, afinal o que é que tinha para ser explicado? Tudo estava muito claro para mim, então terminei nosso namoro e disse que nunca mais queria vê-lo na minha frente. Depois disso fiz de tudo para não encontra-lo novamente, e deu certo, até agora.
— Você tem me evitado. — Ele diz parecendo magoado.
Sou eu quem tem o direito de estar magoada, não ele.
— Eu lembro claramente de ter dito que não queria vê-lo nunca mais, e muito menos falar com você. Então, com licença. — Digo friamente, o tanto quanto eu consigo com aqueles olhos me encarando, e me viro.
— Espera, Pequena. — Ele diz segurando meu braço.
— Não me chame mais assim. — Digo me livrando do seu aperto com um puxão do meu braço.
— Você sempre vai ser a minha Pequena. — Ele diz e estende a mão, colocando uma mecha do meu cabelo atrás da minha orelha. Sua mão permanece em mim e eu a tiro rudemente, fazendo o suspirar pesarosamente.
— O que você quer? — Pergunto querendo acabar logo com isso.
— Falei com Aletta ontem.
Solto um grunhido de raiva.
— Você precisa mesmo me falar sobre isso? — Pergunto com raiva.
— Não, não quis dizer desse jeito. Na verdade, ela veio falar comigo.
— E o que eu tenho a ver com o que vocês dois conversam?
— Ela veio me falar sobre você. Mais especificamente, veio rir de mim.
— Não estou entendendo e sinceramente não ligo.
— Ela veio me dizer que você já havia me superado, veio debochar de mim porque eu fui esquecido sem nenhum esforço.
Cruzo os braços e fico em silêncio, não sei o que ele espera que eu diga.
— É verdade que você dormiu fora e quando voltou para casa um cara te trouxe?
— Isso não é da sua conta, Vince. Não mais.
— Por favor, preciso saber. Você e esse cara, o que está rolando? Você passou a noite com ele?
— Você não tem esse direito, não pode exigir nada de mim, não depois do que você fez.
— Eu sei que eu errei, me perdoa. Foi um erro, eu me deixei levar, deixei que ela me seduzisse, mas eu te amo, Pequena. — Ele diz com um olhar de filhotinho abandonado e a minha vontade de abraça-lo e dizer que o perdoo é muito grande. Mas eu me controlo. — Eu te amo. — Ele repete.
Droga, ouvir isso não é nada fácil. Sinto que vou chorar, mas não posso, não na frente dele.
— Acabou, Vince. — Digo e espero que tenha soado convincente para ele, porque para mim não soou.
— Só por causa de um deslize?
— Você dormiu com a minha amiga, isso está muito longe de ser só um deslize. — Digo com raiva.
— Esqueça isso Pequena, me perdoe. Vamos ficar juntos de novo.
— Não adianta insistir, Vince. Acabou, aceite isso.
— É por causa do cara, não é?
— Que cara?
— O que te levou para casa no sábado. Vocês estão juntos, não é? Pode falar.
Quanta fixação. Não se pode mais receber uma carona sem que as pessoas levem para o lado errado?
Imagina, eu e Joe, que ideia mais absurda.
— Olha Vince, eu não lhe devo nenhuma explicação, mas eu vou lhe dar só para você para de me encher, ok? Eu e o Joe não... — Paro de repente quando uma ideia me vem à mente.
Será que eu devo? Seria muito infantil, sem falar que seria errado colocar o Joe no meio disso, mas...Seria bom para Vince aprender.
Situações difíceis requerem medidas desesperadas.
— Não somos um casal, mas estamos nos divertindo juntos. — Minto.
— O que você quer dizer com se divertindo juntos? — Ele pergunta com a voz baixa e ameaçadora.
— Acho que você sabe muito bem o que eu quero dizer. Divertindo do mesmo modo que você estava com Aletta.
Ele passa a mão pelos cabelos e solta um grunhido, faz uma careta de raiva e solta um palavrão.
— Mas que merda, Demi. Aletta tinha razão, você foi rápida hein.
Meu queixo cai e eu o olho incrédula. O cara que me traiu acabou de me acusar por ficar com outro depois que terminamos?
— Pelo menos eu esperei nosso namoro terminar para sair com outro, você fez isso enquanto ainda estávamos juntos. — Acuso-o indignada.
— Mas que porra. — Ele xinga de novo. — Quem é esse cara? Como vocês se conheceram? — Ele pergunta com muita raiva.
— Não te interessa.
— Demi... — Ele diz furioso e dá um passo ameaçador em minha direção, me fazendo recuar automaticamente.
— O nome dele é Joe, eu o conheço faz um tempo, somos amigos. — Vince foi na minha casa em Wills Point algumas vezes, mas ele nunca viu Joe por lá e não me lembro de alguma vez ele ter escuta alguém falando sobre ele, então minha mentira deve funcionar.
— Muito mais que amigos, eu diria. — Ele diz amargurado.
— De novo, não é da sua conta.
— Claro que é da minha conta. Minha garota está com outro cara...
— Não sou sua garota, Vince. — Corto-o.
— Vocês já tinham algo quando estávamos juntos?
Meu queixo cai pela segunda vez. Quanta audácia.
— Claro que não. Não acredito que você disse isso.
— Desculpa, eu não quis...É que saber que você está dormindo com outro cara me deixa louco.
— Eu estou solteira, posso dormir com quem eu quiser.
Ele dá um passo para frente e antes que eu possa recuar, segura meus braços e me puxa para perto de si. Muito perto.
— Ele te faz sentir como eu faço? Ele sabe exatamente onde tocar e o que fazer para você gemer e ficar toda molhada? — Ele pergunta com a voz baixa e rouca, me olhando bem nos olhos. Engulo em seco e sinto meu coração disparar. Perigosa, essa proximidade é muito perigosa.
— Ele me faz sentir coisas que eu nunca senti antes. Ele é mais velho, mais experiente e sabe exatamente o que fazer comigo. — Minha boca abre e não faço a mínima ideia de onde tirei isso ou de como eu consegui proferir uma sentença tão comprida com seu corpo tão perto assim do meu, me fazendo sentir coisas que eu não quero sentir.
Vejo raiva e magoa em seus olhos e por um momento fico com pena, mas só por um breve momento, pois em seguida me lembro o que ele fez e sou eu quem sente raiva e magoa.
— Agora me solte e me deixe em paz. Já respondi o que você queria saber, não me procure mais. — Me viro e vou embora, dessa vez ele não me impede.
Não sei se rio da sua cara ou se choro. Bem feito para ele, é bom que eu o tenha machucado com minhas palavras, mas ao mesmo tempo meu coração dói por estar longe dele. Só queria poder correr para seus braços e beija-lo sem parar.
Porque, Vince? Porque você tinha que me trair?
A semana passou e foi mais uma para entrar para a história das piores semanas da minha vida. Vince tentou falar comigo mais algumas vezes, mas sempre que eu o via fazia o caminho contrario imediatamente.
Machuca ficar tão perto assim dele. Ouvir sua voz, ver ele naquele uniforme de capitão do time de futebol, ou pior, ver ele sem o uniforme de capitão do time de futebol. Cometi o erro de ir assistir um jogo de futebol americano que teve na quarta. Achei que não faria mal, eu ficaria na arquibancada e ele no gramado, uma boa distância entre nós. Como estava errada.
Não acho que ele tenha me visto no meio de tanta gente, mas eu com certeza o vi. Depois de o jogo terminar, com o nosso time derrotando o outro, Vince muito sensualmente retirou sua camisa e seus equipamentos de segurança, bem na borda do gramado, bem onde eu poderia vê-lo perfeitamente.
Ele ficou lá com aquele torso sarado nu, me fazendo lembrar as vezes que eu percorri seu peito e seu abdômen com minhas mãos, com minha boca. Lambendo-o e beijando aquelas poucas sardas que ele tem espalhadas pelo peito.
Deus, eu amo aquelas sardas. Ele quase não as tem no rosto, você tem que olha-lo muito de perto para ver um pouco em seu nariz. E em seu corpo, não há muitas também, mas o suficiente para ser sexy. Eu adorava beijar cada sarda do seu peito e depois lamber seu mamilo rosado.
Não preciso dizer que sai de lá correndo. Não sei se serei capaz de assistir a outro jogo do time da universidade.
Sei que prometi não beber mais, e eu não vou, não a ponto de ficar tão bêbada, mas eu preciso de alguma distração. Por isso estou nesse momento entrando na Eros. Vou tomar mais cuidado dessa vez, prometo.
Depois de pagar minha entrada e passar pelo homem enorme vestindo um terno preto, vou direto para o bar.
— Um Blue Margarita, por favor. — Peço ao bartender.
Sento-me num lugar que acabou de ficar vago e espero minha bebida, o garçom pede meu cartão de consumação. Digita algo numa tela touch screen e me devolve o cartão, juntamente com minha bebida azul.
— Obrigada. — Digo e tomo um gole, sentindo o gosto da tequila.
Viro meu rosto para observar as pessoas na pista de dança, que está lotada. Todos estão dançando ao ritmo da batida da musica eletrônica do DJ.
Há várias mulheres dançando juntas e rindo, e pessoas que parecem não estarem dançando com ninguém especifico, mas há também vários casais dançando realmente muito juntos, se esfregando e se beijando.
Tenho vontade de gritar para eles “Vão para um motel!”
Casais estúpidos, precisam ficar me lembrando o que Vince fez comigo?
Viro o resto do conteúdo do meu copo de uma só vez e peço mais um Blue Margarita. Quando esse chega viro o copo e deixo o líquido escorrer por minha garganta. Preciso de algo mais forte.
— Um Texas Tea, por favor. — Peço entregando meu cartão, o bartender me lança um olhar estranho mas não diz nada e vai preparar minha bebida.
Assim que ele me entrega tomo um longo gole. Ah sim, uma bela mistura de tequila, rum, vodka, gin, uísque e licor. Talvez depois de uns três desse as coisas comecem a melhorar.
Na metade do copo já me sinto mais leve, solta e feliz. Como se as preocupações não existissem e a dor estivesse amortecida.
— Mais um. — Peço depois de beber até a última gota. O bartender estende o braço para pegar meu cartão mas uma mão grande e masculina se fecha sob a minha e arranca o cartão da minha mão antes que o cara atrás do balcão pudesse pega-lo.
— Ela não está mais bebendo hoje a noite. — Uma voz alta, grossa e parecendo bem zangada diz. Olho para trás e para cima e vejo um Joe parecendo nada feliz me olhando com a cara fechada.
“Oh merda.”
— Você prometeu. — Ele sussurra em meu ouvido e sua respiração quente tão perto me provoca arrepios.
— Eu prometi não ficar bêbada, e não parar de beber. — Digo com a voz fraca, mas de alguma forma ele conseguiu me ouvir mesmo com a musica alta pois faz uma careta.
— E depois de duas Margarita e dois Texas Tea como você acha que iria ficar? — Ele pergunta cruzando os braços, olho meu cartão sumir embaixo do musculo do seu braço assim como sua mão.
— Você estava me espionando? — Pergunto incrédula. Como não percebi que alguém me observava?
— Eu estava ali o tempo todo. — Ele aponta para uma mesa em um canto com um grupo de homens conversando e rindo, todos de camisa e calça social, assim como Joe está. Claro, seus amigos do trabalho.
— Aquela mesa tem uma vista perfeita dessa parte do bar. Vi você chegando e sim, fiquei te observando para ver se você iria cumprir sua promessa, e ao que tudo indica, não. Você não cumpriria. — Ele diz num tom que me faz olhar para baixo envergonhada.
Mas que saco, ele não tem o direito de controlar a minha vida e me fazer sentir mal, como se eu estivesse fazendo algo muito errado e tivesse desobedecendo-o. Merda, ele não é meu irmão, ele não é nada meu. Amigo da minha família, só isso.
— Você não tem o direito de controlar o que eu faço. Você não é meu irmão. — Digo tomando coragem e encarando seus olhos azuis.
— Graças a Deus por isso. — Ele diz sério e vejo seu olhar vacilar um pouco para baixo.
— Ótimo. Já que estamos conversados, pode voltar para seus amigos. Mas antes, devolva meu cartão. — Peço e estendo a mão, a palma para cima esperando que ele faça o que eu pedi.
— Little Nips... — Ele diz e sua expressão se suaviza, assim como seu tom de voz. — Eu só estou te protegendo, você não é minha irmã mas é a do Nick, e ele é meu melhor amigo. Além do mais, eu me preocupo com você, eu te vi crescer, tenho um carinho muito grande por você e por Miley.
Como posso ficar brava com ele depois disso? Quando evidentemente ele se preocupa de verdade comigo.
— Naquela manhã do sábado passado eu achei que nós estivéssemos ok. Você me confiou um segredo que não havia confiado a mais ninguém, fiquei honrado por isso, achei que pudéssemos considerar um ao outro como amigo. Estava errado? — Ele pergunta me fazendo sentir mal por trata-lo rudemente.
— A minha amizade sempre foi mais forte com o Nick, mas eu sempre achei que era pelo menos um pouco amigo de você e da sua irmã. Lembra as vezes que eu e Nick defendemos vocês na escola? Aquela vez quando você tinha 10 anos e perdeu o ônibus que te levaria naquela excursão que você estava louca para ir, e eu e Nick te levamos de carro até a Califórnia? Ou aquela vez quando você tinha 8 anos e estava triste porque não conseguia vender os biscoitos que você tinha feito e você queria muito ganhar o prêmio por vender mais, quem comprou todos os seus biscoitos? — Ele pergunta com um leve sorriso nos lábios.
— Você. — Digo também com um leve sorriso ao me lembrar de como eu fiquei feliz quando ele disse que levaria todos os biscoitos que eu tinha feito. — Eu não ligava para aquele prêmio, eu só queria ganhar da Tracy Willow. Ela disse que ninguém iria comprar meus biscoitos porque eles eram horríveis, e eu fiquei com muita raiva dela. Por sua causa eu ganhei, e uma das melhores sensações que eu tive na minha vida foi a que eu senti quando vi Tracy morrendo de raiva quando a professora anunciou que eu havia ganhado porque eu vendi 470 biscoitos. — Digo rindo e ele sorri largamente.
— E aqueles biscoitos eram mesmo horríveis. — Ele diz e nós rimos. — Até tentei comer alguns mas era intragável, nem os cachorros quiseram. — Ele diz parecendo se divertir por rir de mim.
— Tudo bem, tudo bem. Já entendi que eu não tinha dotes culinários naquela época.
— Nem de perto. — Ele diz eu mostro a língua para ele, fazendo o rir mais.
— Mesmo meus biscoitos sendo horríveis, você comprava todos a cada nova remessa que eu assava. Por quê?
— Por que...Bem, porque a sensação de ver seus lindos e grandes olhinhos brilharem quando eu dizia que compraria todos, o seu sorriso largo e verdadeiro...Faziam valer a pena.
Ele diz me olhando profundamente nos olhos, nesse momento não falamos nada, apenas nos olhamos, ambos sorrindo um para o outro, criando algo poderoso, uma ligação forte.
É claro que Joe é meu amigo. Como pude pensar de outra maneira? Ele não é só o melhor amigo do meu irmão, ele também é o herói de uma garotinha de 8 anos que queria muito vender mais biscoitos que a sua coleguinha malvada. Ele e Nick sempre estiveram lá por mim quando eu precisei, eu não tenho um irmão mais velho, eu tenho dois.
— Por favor, me perdoa. Você tem razão, você só estava fazendo isso pensando no que é melhor para mim, você sempre fez o que achava ser o melhor para mim e o que me faria feliz. Sinto muito se fui agressiva e rude com você. — Me desculpo sinceramente.
— Não precisa se desculpar, Little Nips. É só prometer que vai se lembrar disso de agora em diante. — Ele diz acariciando minha bochecha gentilmente com o polegar.
— Eu prometo. E prometo também te compensar por te fazer comer aqueles biscoitos.
— Antes tarde do que nunca. — Ele diz ainda com a mão em meu rosto e um sorriso brincalhão em seus lábios, o que me faz rir.
Desvio o olhar para o lado e um cabelo cor de fogo chama minha atenção. Na mesma hora congelo e paro de rir.
Não pode ser, ele não pode estar aqui. Esse lugar não é para universitários, então porque Vince está aqui com seus amigos?
Droga.
Retiro rapidamente a mão de Joe do meu rosto antes que Vince veja. Ele está em pé conversando com seus amigos e por um milagre ainda não me viu.
— O que foi, Little Nips? — Joe pergunta depois do meu gesto repentino de afasta-lo.
— Ele está aqui...Vince. — Digo sem tirar meus olhos do sorridente ruivo que ainda balança meu coração.
— Onde? — Joe pergunta se virando na direção de Vince e eu puxo sua camisa para impedi-lo.
— Não olha agora. — Quase grito para ele, que se vira para mim imediatamente.
— Quero saber quem é. — Ele diz voltando a sua expressão séria e brava.
— É o ruivo de camisa preta conversando em pé com aqueles dois caras ali. — Indico a direção com a cabeça discretamente.
Joe se vira e olha para Vince, observo seu perfil e vejo sua cara ficar mais séria, se transformando numa carranca e seu maxilar ficar tenso.
— Ele é um moleque, quantos anos tem? — Pergunta voltando seu olhar sério para mim.
— Ele é dois anos mais velho que eu. — Digo.
— 22 anos, uma criança ainda. Você deveria estar com alguém mais maduro, que sabe como tratar uma mulher e não um moleque como ele.
— Ele é mais velho que eu, e eu não estou com ele, não mais.
— Mas queria estar, está estampado na sua cara para todo mundo ver.
— Muito obrigada. — Digo sarcasticamente.
— Sinto muito, mas é verdade. É só olhar na sua cara. Você vai acabar perdoando esse idiota, não vai?
Eu olho para ele e não digo nada, desvio meu olhar e encaro Vince com saudades.
— É você vai, mais cedo ou mais tarde você vai acabar perdoando-o. Não gosto nada disso, Demi. Você não deveria perdoar esse cara. — Ele diz e eu me obrigo a desviar meu olhar de Vince e encarar Joe nos olhos.
— Eu não posso evitar, eu o amo. E ele disse que me ama também, que cometeu um erro e me quer de volta. Fui forte e não o perdoei, mas não sei mais por quanto tempo vou aguentar.
— Mas que porra. — Joe xinga e esfrega o queixo. — Já que você vai perdoa-lo você tem que pelo menos o fazer rastejar um pouco, fazer ele sofrer e se dar conta do tamanho da burrada que ele fez, para garantir que ele não vá fazer de novo. — Joe diz sério mas eu não posso evitar e sorrio.
Eu gosto dessa ideia. É muito errado eu gostar dessa ideia? Quer dizer, seria muito imaturo e de baixo nível querer vê-lo sofrer um pouco por mim?
— Mas como eu faria isso? — Pergunto interessada.
— Não sei, o que mais afetaria ele?
— Bom...Vince não gosta nem um pouco de perder, ele não lida nada bem com isso. E é muito ciumento.
— Então aí está sua vingança. Faça-o pensar que te perdeu, faça-o sentir ciúmes até ele não aguentar mais e vir rastejando pedindo o seu perdão.
Olho para Vince e imagino-o desesperado para me ter de volta, rastejando e implorando meu amor. Sim, isso me faria sentir vingada.
Sinto um sorriso lento se espalhar por meus lábios enquanto observo o ruivo mais lindo que eu já vi. Se ele realmente me ama como diz que ama, vai ter que provar.
Como se ouvindo meus pensamentos e sentindo meu olhar, Vince vira a cabeça e seu olhar se encontra com o meu.
“Oh merda!”
Escondo-me imediatamente atrás do corpo de Joe e o olho assustada.
— Ele me viu. — Digo sussurrando como se com medo que Vince pudesse me ouvir. Joe deve ter lido meus lábios porque ele se vira e encara Vince.
Tenho medo de olhar para ele, mas minha curiosidade é maior e eu lentamente saio detrás do meu esconderijo para olhar para Vince.
Ele está parado encarando seriamente Joe, que também está o encarando. Quase posso ver as faíscas saindo do olhar de ambos.
— Ele está bravo de me ver com você. — Digo para Joe.
— Deixe que fique. — Ele diz voltando seu olhar para mim.
— E se ele vir aqui? — Pergunto com medo.
— Daí eu cuido dele.
— Ele deve achar que você e eu estamos juntos. — Digo me arriscando em lançar mais um olhar na direção dele. Vince ainda nos encara com uma carranca no rosto.
— Porque ele acharia isso? Só porque estamos conversando? — Joe pergunta e com um olhar de desculpas o encaro.
— Bem, pois é, sobre isso...Eu meio que posso ter dado a entender para ele que eu e você... — Com vergonha não consigo terminar a frase.
— O que, Demi? — Ele pergunta com um olhar que me faz encolher.
— Que você e eu estamos...Dormindo juntos? — Minha frase acaba soando mais como uma pergunta do que como uma afirmação.
— Porque você fez isso? — Ele arregala os olhos e pergunta surpreso.
— Eu não sei, eu só...Não sei, urgh! Ele ficou sabendo que eu havia dormido fora na sexta e que um cara havia me levado de volta para casa. Ele ficou todo enciumado e queria saber quem você era. Acabei dizendo que eu e você estávamos nos divertindo juntos, sabe, sexo sem compromisso. Ele não sabe que é você, ele não te viu, mas eu falei que era um cara mais velho e aposto que ele vai deduzir que é você. Eu só queria que ele não achasse que eu estava sofrendo por causa dele. — Digo olhando para baixo com vergonha e medo que Joe fique bravo por eu o ter colocado nessa situação.
Mas quando escuto sua risada olho-o confusa.
— Parece que você já tinha tido aquela ideia de fazer ciúmes bem antes do que eu. E até colocou em prática.
— Não, sinto muito, eu não estava pensando direito. Não queria te envolver nessa história, eu ia acabar contando a verdade para ele, não queria que te visse e achasse que nós...
— Está tudo bem, Little Nips. — Ele diz me cortando.
— Você não está zangado?
— Claro que não.- Ele diz com um sorriso. — Quando eu falei para você fazer ciúmes para ele eu estava pensando em você pedir para alguém que estuda com você, algum amigo da faculdade. Mas já que você colocou na cabeça daquele moleque que nós estamos tendo algo, bom... — Um sorriso perversamente divertido surge em seus lábios. — Terei o maior prazer em te ajudar a fazer aquele idiota pagar pelo que fez.
Olho-o sem saber muito bem o que dizer, mas as poucos seu sorriso vai me contagiando e sinto meus próprios lábios formarem um sorriso perverso.
— Você faria isso por mim?
— Ah, Little Nips, você ainda pergunta?
Ele diz e segura minha mão, me puxando e me colocando de pé na sua frente.
— Venha. — Ele começa a andar em direção a pista de dança, me puxando pela mão.
Ele nos conduz até a borda da pista e para, se vira para mim e coloca suas mãos na minha cintura, puxa meu corpo de encontro ao seu até que estamos colados.
— Coloque suas mãos no meu pescoço. — Ele pede dizendo com sua boca em minha orelha.
— O que estamos fazendo? — Pergunto envolvendo seu pescoço com minhas mãos.
— Estamos dando um show que aquele moleque não vai esquecer. — Ele diz rindo.
Sorrindo viro minha cabeça procurando por Vince, posso vê-lo perfeitamente, assim como ele pode nos ver. Ele está nos olhando com tanta raiva que eu até posso ver a fumacinha saindo de sua cabeça. Olho para Joe e sorrio largamente.
Ele continua sendo meu herói.
— Dance comigo, Little Nips. Dance até explodirmos a cabeça daquele moleque de tanta raiva.
Eu sorrio de orelha a orelha e Joe pisca para mim.
Tem álcool suficiente no meu sangue para eu conseguir dançar na frente de tanta gente. Então começo a mexer meus quadris no ritmo da musica eletrônica.
Fico com um pouco de receio e admito, vergonha, de dançar assim com Joe, mas logo me sinto mais confiante e me permito me divertir, pelo menos ele parece estar se divertindo também.
Joe sorri e mexe o corpo talentosamente. Ele com certeza sabe dançar, acho que é uma necessidade quando se quer pegar mulheres na balada. Saber dançar bem é essencial, e Joe é um dançarino exímio.
Com nossos corpos tão grudados quanto é humanamente possível, mexo meu quadril sensualmente enquanto Joe passa as mãos pelas minhas costas, que o vestido que estou usando deixa descoberta.
A batida da musica é eletrizante e contagiante, me deixo levar por ela e sem constrangimento me esfrego em Joe. Pegando em seus braços, enfiando minhas mãos em seu cabelo e as vezes levando minha boca até sua orelha. Não digo nada para ele, mas é claro que Vince não tem como saber disso.
Viro-me e grudo minhas costas na parte da frente do corpo de Joe, que leva suas mãos até minha cintura e me segura firme. Encontro o olhar de Vince e mexo meu quadril o mais sensualmente que consigo. Levanto os braços e levo minhas mãos até o pescoço de Joe, trazendo sua cabeça até meu pescoço, que eu exponho para ele.
Ele pega a deixa e deposita um beijo suave na pele logo abaixo da minha orelha. O tempo todo eu sustento o olhar de Vince.
Ele parece perto de explodir de raiva. Bom.
Sorrio largamente quando vejo Vince praticamente jogando seu copo na mão de seu amigo e saindo dali em direção à saída parecendo possesso.
Seus amigos parecem confusos e assim que eu o perco de vista me afasto de Joe e me viro para ele.
— Ele foi embora, parecia furioso. — Digo com um sorriso de vitória. — Muito obrigada, Joe.
Pego sua mão e o puxo para fora da pista de dança, de volta ao bar onde estávamos antes. Acho um lugar livre e me sento na banqueta.
— Isso foi incrível, você é um gênio. — Digo rindo mas paro quando vejo a cara estranha de Joe.
Droga, talvez eu tenha pegado pesado demais. Não deveria ter me esfregado nele daquele jeito, ele deve ter ficado super desconfortável em ter uma criança, como ele mesmo disse, se esfregando nele.
— Desculpa se eu peguei pesado demais lá. Não queria te deixar desconfortável, se você não quiser mais me ajudar nesse plano maluco eu vou entender.
Ele me olha parecendo não assimilar minhas palavras, mas logo ele percebe sobre o que eu estou falando e sorri.
— Sem...Ranran... — Ele limpa a garganta e passa a mão pelos cabelos. — Sem problemas. Fico feliz de poder ajudar.
— E ajudou, você precisava ver o jeito que ele saiu daqui. Foi hilário.
— Claro, que bom que nosso plano deu certo.
— Você vai continuar me ajudando, não vai? Por favor, ele já me viu com você, só preciso que ele veja mais algumas vezes e aposto que ele vai estar se roendo de ciúmes e pronto para implorar meu perdão. Por favor, Joe. — Peço olhando-o esperançosamente.
Ele me olha parecendo estar participando de uma luta interior muito grande.
— Por favooor. — Faço a minha melhor cara de filhotinho abandonado e o olho fazendo biquinho.
— Porra, tudo bem. Eu te ajudo. Mas eu preciso de uma bebida agora.
— Isso. — Dou um gritinho de vitória e sorrio para ele.
Joe desvia o olhar e se dirige ao bartender.
— Um uísque duplo, por favor...E puro. Estou precisando.

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COMEÇANDO A MARATONA!
4 COMENTS PRO PRÓXIMO

5 comentários:

  1. Achei que ia rolar outro beijo!!! Quero ver até quando o Joe vai se segurar kkkkkkk posta......

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  2. Adorei a idéia deles kkkkkk o Joe ficou subindo pelas paredes kkkkkkk posta mais !!!

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  3. Meu acho que o Joe vai sofrer pra ajudar ela, tadinho vai precisar de altos banhos gelados kk

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