26.1.16

Paixão Inesperada - Capitulo 12 - Bastardo Romântico


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Joe

— Não, você não fez isso. — Demi me encara com a boca aberta e uma expressão perplexa no rosto, a qual só me faz gargalhar mais ainda.

— Sim, eu fiz baby.

— Joe, não acredito. Você era mesmo um pestinha quando criança hein, coitada da tia Denise. — Ela diz rindo e esse som, eu juro, é o mais relaxante que eu já ouvi. A risada dela faz coisas comigo, com meu corpo, e faz com que eu tenha vontade de faze-la rir o tempo todo.

—  Não se esqueça que o seu irmão estava junto comigo nessa.

— Mas quem que foi “o cabeça” e planejou tudo? — Ela pergunta levantando uma sobrancelha e me olhando desconfiada.

— Tudo bem, admito que foi eu. Eu arrastei o pobre Nick comigo nessa, mas se serve de consolo quando a gente foi pego, eu levei toda a culpa por ele.

— Isso foi antes de eu nascer, não foi?

— Foi, eu tinha uns 6 ou 7 anos.

É tão estranho quando eu paro para pensar que a mulher ao meu lado, a mulher com quem eu venho mantendo relações sexuais muito frequentemente, é a mesma pessoa que eu vi crescer. Deus, eu segurei ela ainda bebê, isso é estranho demais. Praticamente uma década de diferença.

— Demi, você não liga para a minha idade? — De repente pergunto, pegando-a de surpresa.

— Como assim, o que você quer dizer?

— Eu sou bem mais velho que você, você não liga para isso?

— Você liga?

— Eu? Não sei, na verdade não. É que com você é diferente. Acho que com outras mulheres da sua idade não seria tão estranho, é que quando eu penso que vi você crescer...

— Eu não me importo nem um pouco com a nossa diferença de idade, Joe. Admito que foi um pouco estranho no começo, você me viu crescer e eu te vi como o melhor amigo do meu irmão mais velho a minha vida toda, muitas vezes te via como um segundo irmão. O mais estranho para mim é isso, eu acho, o fato de um dia eu ter o considerado como um irmão e não os 9 anos que nos separam.

— Entendi. Sabe, eu estou gostando muito do tempo em que estamos passando juntos. Digo, não só o sexo, que é incrível por sinal, mas eu aprecio os momentos como esse também. — Digo encarando o Jardim Botânico de Dallas onde estamos fazendo um piquenique.

— Eu também, sinto pela primeira vez que somos próximos de fato. Amigos. Eu gosto de pensar em você como um amigo, acho que em algum momento a nossa relação foi cortada totalmente, e nenhum de nós dois percebemos. Mas eu gosto que estejamos retomando isso, só espero que quando esse lance de amigos com benefícios acabar, que ainda possamos manter a parte do amigos. — Ela diz me encarando com um sorriso amigável no rosto.

Não sei o porquê, mas com a menção da palavra “acabar” um mal estar tomou conta do meu estômago. Não quero que isso acabe, ainda não, minha necessidade por ela ainda é grande demais.

— Claro que sim. Não vamos mais nos afastar como fizemos antes, ok? Mesmo quando a parte do beneficio acabar, vamos continuar saindo e conversando como agora. — Digo e deposito um beijo suave em sua mão.

— Eu adoraria isso, Joe.

Nesse momento uma bola de futebol americano aterrissa perto dos pés de Demi, fazendo-a dar um pulinho de susto. Olho na direção que a bola veio e vejo um cara vindo correndo até nós.

Ele usa uma bermuda e uma regata branca, deixando a mostra seus braços fortes.

— Hey, foi mal, acho que eu não medi muito bem minha força. — O loiro estilo surfista diz com um sorriso no rosto quando para em frente de Demi, ela olha para cima com a mão na testa e os olhos semi fechados e o nariz franzido por causa da luz do sol.

— Sem problemas. — Ela diz, o cara se abaixa, pega a bola e coloca-a em baixo do braço. Ele dá um passo para o lado, ficando de perfil para mim e protegendo Demi do sol.

— Espero que não tenha te acertado. — Ele diz dando-lhe um sorriso que eu conheço muito bem.

“Oh não cara, ela não vai cair na sua.”

— Não se preocupe, não acertou. — Demi retribui o sorriso e eu juro que vi os joelhos do moleque vacilarem.

Filho da mãe, seus olhos viajam por Demi avaliando-a, e seu sorriso fica maior. Não posso culpa-lo por isso, ela com esse vestido de verão com suas belas pernas de fora é de chamar a atenção de qualquer um. No momento que ela apareceu em meu apartamento eu tive vontade de cancelar o piquenique e leva-la direto para meu quarto.

— Tudo bem então, a gente se vê por aí. — Ele diz e pisca para ela.

“Aposto que você gostaria disso, idiota.”

— Tudo bem.

O mala sem alça me ignorou o tempo todo, nem se dignou a olhar para mim, se virou e correu de volta para o seu grupo de amigos.

Demi pega um morango e leva até a boca, mordendo um pedaço. Observo-a mastigando e ela percebe meu olhar sob ela, então sorri.

Ela não faz a mínima ideia do quanto é atraente. Ela nem percebeu que o aspirante a Andrew Brees ali jogou a bola nessa direção de propósito.

Aposto que se ela quisesse, ela facilmente conseguiria ter qualquer cara fazendo o que ela pedisse. Droga, ela conseguiu me convencer a vir até aqui, sentar ao lado desse jardim colorido de tulipas e fazer um piquenique, e ela só precisou me olhar com seus lindos, grandes e expressivos olhos verdes e dizer a palavra “por favor” e eu já estava igual a um idiota arrumando a porcaria de uma cesta de vime.

Mas devo admitir, isso não esta nada mal, na verdade, ficar aqui sem fazer nada, conversando com ela e sentindo o frescor do vento e admirando o céu azul é bem gostoso. Sinto-me relaxado como não me sentia a um bom tempo.

Demi está sentada tão perto de mim, enquanto ela olha para cima e observa os desenhos das nuvens – um hábito que ela tem desde pequena – eu a observo. Seus cabelos sendo jogados para trás pelo vento, sua pele se eriçando com o frio de final de tarde, o sol que faz seu caminho para se pôr e ilumina seu rosto, fazendo com que ela pareça um ser divino, iluminado, tão inconcebivelmente belo.

“Preciso capturar esse momento. Para sempre.”

Sem que ela perceba, pego meu celular e tiro uma foto sua de perfil. Ao ouvir o barulho que o celular fez, Demi se vira e rapidamente cobre o rosto com a mão.

— Joe, o que você está fazendo? — Ela pergunta indignada.

— Tirando uma foto sua, não é obvio? — Ela abaixa sua mão do rosto, olha para mim com uma sobrancelha erguida e parecendo brava agarra meu pulso e abaixa minha mão, eu a levanto de novo e tento tirar mais uma foto dela, mas ela não deixa.

— Não, Joe. — Ela diz e vira o rosto para o outro lado.

— Só mais uma foto, vamos lá Little Nips. Vamos guardar a lembrança dessa tarde para sempre.

— Não, eu não gosto de tirar foto. — Ela diz ainda com o tronco virado parcialmente para o outro lado.

— E o porquê disso? — Pergunto curioso.

— Eu só não gosto...Minhas fotos sempre ficam estranhas.

— Claro que não, já vi várias fotos de você com o seus irmãos e seus pais, você estava linda em todas.

Ela não diz nada mas vejo sua cabeça balançando, ela discorda de mim.

— Ah é, está discordando do senhor-sabe-tudo aqui? — Pergunto em um tom divertido.

— Senhor-sabe-tudo? — Ela se vira e me pergunta rindo.

— Vou te mostrar que sempre tenho razão. — Digo e tento tirar mais uma foto dela, mas ela diz não e me pede para parar. Seguro seu braço e tento faze-la se virar para mim.

— Não, Joe. Chega. Para com isso.

Jogo meu peso em cima dela, fazendo-a se desequilibrar e cair deitada para trás em cima da toalha, ela solta um gritinho que me faz rir. Não lhe dou tempo de se levantar, sento-me em cima dela, tomando o cuidado de sustentar a maior parte do meu peso com minhas pernas para não esmaga-la.

— Joe Jonas, saia de cima de mim agora mesmo. — Ela diz em um tom autoritário, o que só me faz rir mais ainda dela.

— Depois que eu tiver a minha foto, baby. — Digo levantando o celular e tiro a foto.

Olho na tela, a foto teria ficado perfeita se não fosse a mão de Demi cobrindo a maior parte do seu rosto.

— Qual é, Little Nips. Você me conhece, eu não vou desistir.

— Se eu deixar você tirar uma foto, só uma, você vai sair de cima de mim?

— Vou. — Respondo.

— Tudo bem. — Ela diz e tira a mão da frente do seu rosto. — Vai logo com isso.

Por um momento, um breve momento, sinto que não consigo me mexer. A visão de Demi deitada com seus cabelos espalhados para todos os lados, seus olhos verdes parecendo mais claros do que nunca, suas bochechas coradas e seus lábios rosados me faz perder o fôlego.

— Anda logo com isso Joe. — Ela diz e só então eu percebo que estava segurando minha respiração, deixo o ar sair lentamente enquanto tento me controlar para que as batidas do meu coração voltem ao normal.

— Não se mexa, ok? Eu já volto. — Digo saindo de cima dela.

— Joe?

— Fique assim, não se mexa nem um milímetro. — Digo me levantando e indo até o jardim bem perto de onde estamos.

Arranco uma tulipa roxa do jardim e volto para onde Demi ainda está deitada, como eu pedi. Sento-me em cima dela novamente e coloco a tulipa roxa atrás da sua orelha esquerda, lentamente deslizo minha mão e sutilmente acaricio seu rosto macio, Demi solta um suspiro e fecha os olhos.

— Sorria. — Eu peço. Ela abre os olhos e dá um sorrisinho tímido para meu celular, tiro a foto e mostro para ela.

— Viu? Nem um pouco estranha.

— Ficou bonita.

— Ficou mesmo. — Concordo admirando a tela do meu celular. Guardo-o no bolso e sorrio para ela, ela sorri e então distraidamente morde seu lábio inferior.

“Ah Deus, esse lábios!”

De repente sou tomado por uma vontade incontrolável de beija-los. Me curvo sobre Demi, me abaixando lentamente, a deixando saber qual é a minha intenção. Ela não me impede, apenas me encara intensamente, abre um pouco os lábios, num convite silencioso.

Passo meu dedo por sua bochecha, fazendo um carinho gentil, e então quebro a distância que nos separava e a beijo.

Seus lábios são tão macios, tão gostosos de serem provados. Tão lentamente quanto vou mexendo meus lábios contra os dela, vou deslizando meu corpo, para que toda a extensão do meu corpo esteja encostando no dela.

Ela abre a boca e eu a invado, sua língua vem de encontro com a minha e uma brinca com a outra.

Demi geme e o som viaja por todo meu corpo, me causando sensações que até então, eram desconhecidas para mim. Sinto a necessidade de aprofundar o beijo, e bem quando eu vou fazer isso, um estrondo alto rompe a bolha de sensações estranhas mas boas em que estávamos. Demi treme em baixo de mim e eu relutantemente afasto nossos lábios, olho para cima e deixo uma maldição sair.

Cinco minutos atrás o céu estava limpo e o sol estava brilhando fazendo seu caminho para se pôr, agora o céu está cheio de nuvens cinzas e o sol está escondido atrás delas.

De repente, escuto mais um estrondo de trovão e saio de cima de Demi.

— Droga, acho que vai cair um temporal. É melhor irmos. — Digo me levantando.

— De qualquer forma logo já iria escurecer mesmo. — Ela diz e começa a me ajudar a guardar as coisas na cesta.

Guardamos tudo e vamos em direção a onde estacionei meu carro, quase chagando lá a chuva começa a cair. Demi e eu corremos a distância que falta, pego a chave e destravo as portas, quando entramos no carro ela começa a rir.

— Isso foi divertido, acho que eu não me molhava toda assim com chuva faz muito tempo.

— Vamos trocar de roupa antes que você acabe pegando uma pneumonia. — Digo colocando a cesta no banco de trás e ligando o carro.

— Exagerado. — Ela diz sorrindo, reviro meus olhos e guio o carro até meu apartamento.

No tempo em que chegamos ao meu prédio, a alegria de Demi já tinha me contagiado e estávamos ambos conversando e rindo enquanto entravamos na recepção.

— Boa tarde, Carlos. — Digo sorrindo para ele.

— Boa tarde, senhor. — Ele diz mas me olha de uma forma estranha.

Demi e eu subimos até meu andar, vejo-a tremer então envolvo seu corpo com meus braços. Quando entramos no apartamento deixo a cesta de piquenique em cima do primeiro móvel que vejo e puxo Demi comigo.

— Vamos nos secar antes de ficarmos doente.

Levo-a até meu banheiro e começo a tirar minhas roupas.

— O que você esta fazendo?

— Tirando minhas roupas. Não podemos tomar banho vestidos, podemos?

Entro no box e faço sinal para que ela me acompanhe. Seus olhos lentamente viajam por meu corpo nu e param na minha ereção. Ela morde o lábio inferior e quando seus olhos voltam a encarar os meus, vejo desejo neles, fazendo meu pau pulsar.

Ela começa a tirar a roupa e eu a observo atentamente, como um leão faminto observa sua presa, ansioso para devora-la.

Ligo o chuveiro na água quente e quando ela entra no box, puxo-a para debaixo da água comigo. Suas curvas delicadas se encaixam perfeitamente com meu corpo. Beijo-a como se fosse a última vez, quase a devoro. Suas mãos viajam por minhas costas e apertam minha bunda, nesse momento perco meu controle e a espremo contra a parede, levanto sua perna e deslizo para dentro do calor do seu corpo.

Ela geme, eu gemo, e nós dois nos perdemos um no outro.

Termino de me secar e coloco uma calça de moletom, Demi vai direto ao espaço no guarda-roupa que eu liberei para ela e começa a pegar uma calça, eu vou até ela e tiro a calça da sua mão.

— Nada de roupa, baby. Quero você andando pela minha casa como veio ao mundo. — Digo sorrindo maliciosamente.

Ela me olha de um jeito que me faz ter vontade de me enterrar nela novamente. A seguro na cintura e puxo seu corpo para junto do meu, seus seios nus roçando contra os meus. Essa é uma porra de sensação deliciosa.

— Quero você de novo, Demi. — Sussurro para ela.

Demi agarra meu pescoço e ataca minha boca, gemo enquanto deslizo minhas mãos por todo seu corpo. A conduzo até minha cama e a deito, depositando vários beijos por seu pescoço.

— Joe. — Ela suspira meu nome e levanta o quadril, ansiosa para me ter dentro dela.

Suas mãos vão até minha calça e começam a abaixa-la, mas então uma batida forte na porta nos para. Caralho!

“Eu vou matar quem quer que seja!” — Ah merda! — Demi reclama.

— Shh, vamos ficar quietos, quem quer se seja vai embora logo. — Sussurro para ela e então outra vez a pessoa bate na porta.

— Acho melhor você ir atender. — Ela diz e eu solto um suspiro frustrado.

— Nem pense em mexer seu corpinho nu daqui. Vou dispensar quem quer que seja e volto logo para continuarmos de onde paramos. — Dou-lhe um beijo rápido nos lábios e me levanto, arrumando minha calça.

Furioso com quem quer seja que esta do outro lado da porta por interromper meu momento com Demi, vou abrir a porta de cara feia.

“Tenho que falar com Carlos, para ele interfonar antes de deixar alguém subir.”

Abro a porta e a imagem de Nick parado ali, bem na minha frente, me congela no lugar. Olho para ele com os olhos arregalados e meu coração começa acelerar.

— Nick? O que diabos você está fazendo aqui? — Pergunto nervosamente depois que me recupero do susto.

— Nossa, isso é jeito de tratar o seu melhor amigo?

— Desculpa, é só que você me pegou de surpresa. — Digo implorando mentalmente para que Demi fique no quarto e bem quieta.

Se Nick pegar sua irmã na minha casa, na minha cama, e ainda por cima nua...Sou um homem morto. Ele nunca entenderia que ela é uma adulta e que consentiu com tudo que aconteceu entre nós. Ele ainda vê as gêmeas como duas crianças.

— Está tudo bem, cara? Você está meio pálido. Cheguei em um mal momento?

— Na verdade sim.- Digo fechando um pouco a porta e bloqueando a visão do meu apartamento com meu corpo. Será que Demi deixou algo dela à vista? Deus, Nick tem que ir embora agora.

— Sinto muito, mas eu preciso conversar com um amigo, vai ser rápido. — Ele diz abrindo caminho e entrando no apartamento.

Merda! Merda! Merda!

— Então Nick, me fale o que aconteceu. — Digo quase gritando para que Demi me escute e se esconda.

Ele se senta no sofá e esfrega o rosto, vou me sentar com ele.

— Eu e a Selena tivemos uma briga.

— Qual o motivo? — Pergunto.

— Filhos. — Nick diz tristemente.

— Ela quer começar uma família, esse é o problema? — Pergunto e Nick ri sem humor nenhum.

— Antes fosse. É justamente o contrário, cara. Eu acho que já está na hora de termos um filho, mas ela quer esperar mais. Você sabe que eu sempre quis formar uma família com ela, meu sonho é ver a barriga dela crescer e saber que uma vida está se formando lá dentro, uma vida que nós dois criamos juntos. Eu quero tanto isso, cara, mais que tudo. Então uns meses atrás eu toquei no assunto com ela.

— E ela?

— Ela disse que é cedo ainda, que ela quer muito ter filhos comigo só que não agora. Eu venho tentando conversar com ela desde então, mas ela sempre diz que não, que devemos esperar mais, que ainda não é o tempo certo e um monte de desculpas. Mas eu não quero esperar mais, cara. Eu quero ter um filho com a mulher da minha vida, mas ela não quer.

— Calma, Nick. Vocês vão ter filhos na hora que for para ser, não se preocupe com isso.

— E se ela não quiser mais ter filhos comigo, e se ela estiver usando isso de não ser a hora certa apenas como desculpa? — Ele me olha com preocupação nos olhos e eu tenho que rir da sua insegurança.

— Por favor, Nick. Você e a Selena, junto com o pé no saco do meu irmão e a Dani, são os casais mais apaixonados que eu conheço. O jeito que vocês se olham, cara, não precisa dizer mais nada. É óbvio que a Selena te ama, e eu sei que ela sempre quis ser mãe. Vocês tem que sentar com calma e conversar sobre isso, sem brigar.

— Mas eu tentei conversar com ela, ela está irredutível. Ela disse que quer esperar pelo menos mais uns dois ou três anos até pensarmos em filhos.

— Três anos não é muito. — Digo e me arrependo na hora que as palavras saem da minha boca, Nick me olha parecendo estar prestes a perder a paciência.

— É muito para mim. Sei que você não é capaz de entender esse sentimento, mas eu quero mais do que tudo ter um filho para ensinar a pescar, caçar, jogar futebol...Ou uma menina, para mima-la e ser a minha princesa para sempre. Eu quero ter isso com a Selena, eu a amo e quero que o nosso amor de frutos. Mas é claro que você não entende, nem sei o porquê eu vim aqui. — Ele diz irritado e se levanta, indo em direção à porta.

— Hey, calminha aí cara. Eu sou o seu melhor amigo, você pode sempre contar comigo, você sabe disso.

Ele pare de andar e se vira para mim, colocando as mãos na cintura e parecendo muito frustrado.

— O que eu faço, Joe? Eu quero ter uma família com ela mais do que tudo. Nós estamos casados há um tempo agora, aproveitamos esse tempo só nós dois e foi maravilhoso, mas eu estou pronto para ter filhos, eu quero muito ter filhos.

— Nick, eu não sei exatamente qual o melhor conselho...Mas eu acho você deve deixar a poeira abaixar um pouco e então vocês dois tentarem resolver isso juntos, como um casal. Não deixem que algo que seria um motivo de alegria para vocês seja o motivo de vocês se afastarem um do outro.

Nick passa a mão pelos cabelos e lentamente concorda com a cabeça.

— Soa como algo sensato a se fazer. — Ele diz olhando fixamente o chão. — Acho que eu vou fazer isso.

— Ótimo. E se você precisar de mais conselhos sábios é só me pedir.

Nick solta uma gargalhada e vem me dar um abraço.

— Valeu, cara. Sempre soube que apesar dos pesares, eu posso contar com você.

— Sempre, irmão. — Digo dando dois tapas em suas costas.

— Bom, obrigado por me escutar, acho que agora eu vou deixar você voltar para a sua garota.

— Como assim? — Pergunto olhando assustado e Nick solta mais uma gargalhada.

— Ah cara, é óbvio, não? Você atendeu a porta com uma baita ereção. Sinto muito se atrapalhei vocês, mas eu realmente precisava conversar.

Olho para ele e abro a boca, mas não sei o que dizer. Deus, se ele soubesse quem é que está no meu quarto...Não gosto nem de pensar na sua reação. Ele se sentiria traído, e com toda razão, se eu não desejasse tanto Demi que chega até a doer, eu nunca faria isso com ele. Às vezes eu me sinto tão culpado quando eu penso no que estou fazendo, mas é mais forte do que eu.

— Sem problema, cara. — Nick olha para além de mim com a testa franzida, depois dá um sorriso brincalhão.

— Piquenique? — Ele aponta para algo, me viro e vejo a cesta de piquenique. Droga!

— Levando ela em um passeio antes de para sua cama? Nossa, quem é você e o que você fez com o meu amigo?

— Muito engraçado, Nick. — Digo empurrando ele para a porta.

Assim que ela está fora do meu apartamento fecho a porta e encosto-me nela.

— Cara, não acredito que isso acabou de acontecer. — Digo para mim mesmo.

— Ele já foi? — Escuto a voz sussurrada de Demi vindo do corredor.

— Sim, ele já foi.

— Ah me Deus, não acredito que ele veio aqui enquanto a gente estava... — Ela aparece enrolada no lençol e vem até mim.

— Eu sei. Você precisava ter visto a minha cara quando eu abri a porta. Quase morri de susto.

— Coitado do meu irmão, eu sei que ele sempre quis ter um filho com a Selena.

— Você ouviu nossa conversa?

— Só um pouco. — Ela diz envergonhada.

— Pois é, mas infelizmente isso só eles podem resolver, não podemos fazer nada.

— Eu sei mas...Não gosto de ver ele sofrendo. — Ela diz com uma carinha triste e sinto imediatamente vontade de consola-la.

— Hey, não fique assim. Sei que aqueles dois vão resolver tudo logo, logo. — Digo abraçando-a.

— Espero que sim, eu ia adorar ter um sobrinho ou uma sobrinha. — Ela diz e eu sorrio ao imaginar Demi segurando um bebê. Sei que ela seria uma tia maravilhosa, assim como ela será uma mãe maravilhosa algum dia. Tudo o que ela quiser ser, ela será maravilhosamente bem.

— Que tal voltarmos para a cama agora, hein? — Ela se afasta e me dá um sorriso safado.

— Excelente ideia.

Demi

Não consigo parar de encarar Nick durante todo o jantar. Coitado do meu irmão, eu sei o quanto ele ama Selena e o quanto ele quer uma família com ela. O pior é que eu não posso nem ao menos lhe oferecer uma palavra de apoio, se ele soubesse como eu descobri sobre a briga entre ele e Selena, bem, então eu teria que dizer que eu era a mulher com quem Joe estava naquela tarde. Isso com certeza seria uma tragédia.

Ele e Selena estão sentados um ao lado do outro, como sempre, mas a tensão entre eles é perceptível, todos na mesa devem estar sentindo também.

— Então Dani, como estão os preparativos para o casamento? — Mamãe pergunta.

— Nossa tia, nem comecei a ver nada ainda. Minha formatura foi semana passada, preciso descansar um pouco. — Ela diz rindo e tomando um gole do seu suco.

— Mas vocês querem se casar daqui a dois meses, temos pouquíssimo tempo para preparar tudo. Temos que começar a providenciar as coisas o mais rápido possível. — Mamãe diz ansiosa. Olho para Miley e nós duas sorrimos uma para a outra. Nós duas sabemos que o grande sonho de mamãe é ajudar nos preparativos do nosso casamento, ver suas menininhas se casando, mas como isso está bem longe de acontecer ela está direcionando todas as suas expectativas e animações para a coitada da Dani.

— Vocês vão querer se casar aqui na fazenda, não é mesmo? Eu tomei a liberdade de comprar algumas revistas com decorações lindas para casamentos ao ar livre, você tem que ver Dani, dá vontade de fazer vários casamentos só para poder usar aquelas decorações, você vai amar. — Mamãe e Dani passam o jantar todo conversando sobre os preparativos para o casamento dela e de Kevin, e Miley, Selena e eu acabamos sendo recrutadas para ajudar.

Depois do jantar mamãe serviu a sobremesa, torta de maça. Algo mais tradicional impossível. Mas ninguém ousa reclamar, a torta de maça da dona Dianna é a melhor de todo o Texas.

Digo boa noite para papai e mamãe, Nick e Selena, e Dani, eu e Miley subimos e quando vou me despedir dela e entrar em meu quarto ela segura meu braço e entra no quarto comigo.

— O que foi, Miley? — Ela fecha a porta e vai se sentar na minha cama.

— Preciso falar com você, sis.

— Agora? Estou com sono, conversamos amanhã, pode ser?

— Ah Demi, eu preciso mesmo falar com a minha irmã e melhor amiga, por favor.

— Tudo bem, desembucha de uma vez. — Digo me sentando ao seu lado na cama.

— É que eu conheci um cara. — Ela diz com um sorriso apaixonado.

— Ah meu Deus, Miley, isso é demais. Quem é ele? Eu conheço? — Pergunto animada pela minha irmã.

— Sabe o Colin Bailey que está no time de baseball da faculdade? — Ela pergunta animada e eu faço uma cara de nojo.

— Ah não, Miley, você está apaixonada pelo Colin? Aquele cara é nojento. — Digo indignada, como minha irmã pode se apaixonar por aquele cara?

— Urgh! Claro que não, Demi. Colin é um idiota.

— Então por que você disse...

— Quer deixar eu terminar, fazendo o favor? — Ela diz irritada.

— Tudo bem, tudo bem.

— Então, umas três semanas atrás eu estava sentada no jardim do campus, embaixo daquela árvore que fica perto do prédio de anatomia. Eu estava lendo e o idiota do Colin estava treinando arremessar e pegar a bola com algum amigo dele ali perto. Acontece que aquele filho da mãe acertou aquela maldita bola de baseball em mim, bem no meu olho.

Abro a boca e xingo Colin e suas últimas três gerações. Aquele desgraçado acertou minha irmã? Mas isso não vai ficar assim.

— Calma, Demi, posso ver daqui a fumacinha de raiva saindo da sua cabeça.

— É claro que eu estou com raiva, aquele idiota te acertou com uma bola, e no olho.

— Não foi nada realmente, quer dizer, na hora doeu para caramba e até ficou um pouco roxo mas...

— Ficou roxo? Mas como é que eu perdi um olho roxo? Eu não te vi com nenhum hematoma. Você passou maquiagem?

— Você teria visto se você não andasse tão ocupada fazendo Deus sabe-se lá o que no último mês e não tivesse me ignorado completamente. Mas agora não é hora de falar disso, foco aqui Demi.

Sinto-me um pouco mal por que sei que é verdade, eu tenho ignorado minha irmã e até alguns dos meus amigos por causa do tempo que eu tenho passado com Joe. Eu até deixei de visitar minha família alguns finais de semana por que estava com ele, se não fosse Miley insistir eu estaria com ele agora e não na fazenda passando o fim de semana com minha família.

Eu sou uma péssima filha e irmã!

— Tudo bem, desculpe. Continue.

— Então, como eu estava dizendo...Na hora doeu muito e eu até achei que tinha ficado cega. O idiota do Colin veio me pedir desculpas e dizer que tinha sido sem querer, aham sei. Enfim, eu fiz ele me levar até a enfermaria para darem uma olhada no meu olho. Achei que iria ter que enfrentar a assustadora Marta quando chegasse lá, mas fazer o que, estava doendo muito. Acontece que quando eu cheguei lá, Demi, não era a Marta que estava na enfermaria para atender os alunos. — Ela diz com um sorriso de orelha a orelha.

— Não? Então quem estava lá? — Pergunto ansiosa.

— Era o novo enfermeiro...Ah Demi, quando eu vi ele eu...Eu me esqueci de tudo. Da dor, do meu nome e até mesmo de respirar. E quando ele falou comigo então, meu Deus achei que iria morrer. Aquela voz sexy dele é de matar qualquer uma. — Ela diz ainda sorrindo e com um brilho nos olhos que eu nunca tinha visto até então.

— Miley do céu, me conta tudo sobre esse cara. Como ele se chama? — Pergunto dobrando minhas pernas e sentando em cima delas, quase pulando em cima de Miley de tanta empolgação.

— O nome dele é Miguel Villareal. Acho que ele deve ser descendente de mexicano, espanhol ou alguma coisa do tipo. Ele é lindo, Demi. Tem cabelos pretos enrolados, olhos âmbar e pele dourada. E quando ele tocou meu rosto para examinar meu olho, eu achei que iria desmaiar.

— Nossa, sis...Acho que eu não te vejo animada assim por causa de um cara desde, bem, eu acho que nunca te vi animada assim por causa de um cara. — Digo rindo para ela.

— Eu sei, eu sei. Não sei o que está acontecendo comigo, só sei que não aguentava mais e precisava falar com você. Desde daquele dia na enfermaria eu fico tentando arrumar desculpas para aparecer por lá. Eu já até fingi torcer o tornozelo e uma dor de estômago só para ir lá ver ele.

— Mas por quê? Se você gosta dele não precisa ficar arrumando desculpas para vê-lo, apenas convide-o para sair.

— Não sei se eu consigo. E se ele tiver namorada? E se ele disser não? Ah meu Deus. — Ela diz colocando as mãos no rosto.

— Ele demostrou algum interesse em você? — Pergunto.

— Não sei, quer dizer...Ele sempre é muito gentil e amável, ele sempre sorri quando eu apareço lá, e faz piada e diz que eu sou desastrada e frequento mais a enfermaria do que a sala de aula, e ele me olha de um jeito diferente. Mas não sei, pode ser tudo coisa da minha cabeça.

— Eu acho que você tem que parar de ser uma menininha, seja uma mulher e vá lá e pergunte se ele quer sair com você, se ele disser que não, você sai de lá com o queixo erguido como se não fosse nada demais.

— Mas vai ser demais, não sei se eu consigo ser rejeitada por ele. E se ele disser que tem namorada acho que eu vou passar mal. — Ela diz mexendo as mãos impacientemente.

— Não seja medrosa, Miley.

— Não implique comigo. Se a situação fosse o contrário você também não teria coragem de ir falar com ele.

— Claro que teria. — Digo indignada e ela apenas levanta uma sobrancelha e cruza os braços.

— Todo bem, eu também não teria. Mas não estamos falando de mim, e sim de você. Se você gosta dele tem que tentar, sis.

— Eu não sei, Demi. Toda vez que eu chego perto dele me dá uma coisa estranha na barriga, não sei se conseguiria convidar ele para sair. Eu iria gaguejar, passar a maior vergonha e depois sair correndo de lá.

— Miley você não... — Paro de falar quando escuto meu celular. Pego ele e vejo que é uma mensagem de Joe. Tento não demostrar nenhuma emoção para que Miley não perceba.

Joe: Olá, Little Nips, só queria te desejar uma boa noite. Vou sair com alguns amigos do trabalho então a gente se fala na segunda. Até lá, bjos!

Franzo a testa ao ler a mensagem dele. Sair com os amigos? O que ele quis dizer com isso, será que ele vai sair para se embebedar e ficar com alguém, algum mulher?

Pensar nele com outra mulher me faz ficar imediatamente com raiva. Sei que a gente não falou nada sobre ser exclusivo, mas eu achei que estava implícito no nosso acordo. Eu não estou nem um pouco a fim de dividir o Joe com alguma dessas vadias que ele encontra nas suas noitadas.

O que nós temos é só sexo, ok eu entendi e aceitei isso, mas eu não vou dividir a cama dele com outra, ou outras.

E porque nos falamos só na segunda? Por acaso ele vai estar ocupado o domingo todo brincando com a vadia que ele vai pegar hoje na balada?

— Urgh! — Digo jogando meu celular na cama.

— O que foi, sis? Algum problema? — Miley pergunta e eu tento desfazer a minha cara emburrada.

— Não, não é nada.

— Você parece bem frustrada para ser nada. — Ela comenta me olhando desconfiada.

— Não é nada, é sério.

— Ok, é assim então? Eu aqui abrindo meu coração para você e você aí escondendo coisas da sua própria irmã?

— Miley, não faça drama, não é nada, sério.

— Tudo bem, então. — Ela diz se levantando.

— Hey, onde você vai?

— Eu vou dormir e ter um sonho muito agradável com o meu enfermeiro lindo.

— Você vai chama-lo para sair ou vai ficar só no sonho? — Pergunto.

Ela não diz nada, apenas me dá um sorriso fraco e então vai embora.

Essa minha irmã...Ela pode parecer não ter um pingo de vergonha e ser super extrovertida, mas quando se trata de um cara que ela gosta, não somente está interessada, mas um que ela realmente gosta, ela fica mais tímida do que eu. Espero que ela tome a iniciativa e convide esse tal de Miguel para sair.

Levanto-me e vou me preparar para dormir, coloco meu pijama e vou ao banheiro escovar os dentes. Quando volto para meu quarto vejo a luz do meu celular piscando, indicando que tenho uma mensagem. Pego o celular achando que pode ser alguma coisa do Joe, mas quando vejo o nome de Vince paro um momento antes de abri-la.

Vince: Pensando em você...

Não acredito. Quando passa alguns dias sem noticias dele e eu começo a pensar que ele esqueceu da minha existência, boom, ele aparece de novo.

Qual é a do Vince? Quer dizer, se ele me amasse mesmo ele não teria feito o que fez, por que ele continua insistindo nisso, ele não percebe que isso me faz mal? É inevitável, por mais que meus sentimentos por ele agora não estejam nem perto do que eram antes, eu ainda sinto uma tristeza por tudo o que aconteceu. Eu ainda não consegui bloquear totalmente os momentos incríveis que tivemos juntos, assim como não consegui bloquear a imagem dele com Aletta. Ainda machuca, não tanto, mas machuca.

Deixo o celular na cômoda ao lado da cama e me deito, apago o abajur e fecho os olhos tentando relaxar.

Quando estou quase adormecendo escuto meu celular apitar indicando mais uma mensagem.

Maldição.

Minha curiosidade é maior que meu sono, então estendo o braço e agarro o aparelho.

Vince: Ainda pensando em você...

Logo em seguida vem outra mensagem.

Vince: Pequena, por favor, me responda. Vamos conversar.

Olho a mensagem e por um momento me sinto tentada a responde-lo. Deixo o celular descansando em meu peito enquanto encaro o teto fixamente.

Alguns minutos se passam e outra mensagem chega. Vince: Quando penso em você me sinto flutuar, me sinto alcançar as nuvens, tocar as estrelas, morar no céu... Tento apenas superar a imensa saudade que me arrasa o coração, mas, que vem junto com as doces lembranças do teu ser.

É através desse tal sentimento, a saudade que sobrevivo quando estou longe de você.

Ela é o alimento do amor que encontra-se distante...

Tudo isso acontece porque amo e penso em você...

Leio sua mensagem e sinto um calor se espalhar por meu peito e um frio na barriga. Isso não é justo.

Várias imagens dos momentos felizes que eu passei com Vince invadem minha mente. Eu amei tanto ele, tanto.

Se ele não tivesse me traído, se ele não tivesse matado meu amor por ele...Ah Vince!

Sinto uma lágrima solitária escorrendo por meu rosto. Seguro meu celular e clico em responder.

Fico encarando a tela por alguns minutos, para então finalmente digitar uma resposta.

Pequena: Citando Shakespeare? Nunca achei que esse dia chegaria!

Aberto em enviar antes que eu possa mudar de ideia. Menos de um minuto depois recebo uma resposta.

Vince: Para você ver o que você faz comigo, Pequena. Pelo menos fez com que você me respondesse ;)

Pequena: Só respondi pq fiquei surpresa. Achei que alguém poderia ter pegado o seu celular e estar mandando msgs românticas!

Vince: Tão difícil assim de acreditar que era eu? Eu sempre fui romântico com você, Pequena!

Pequena: Não me faça rir...

Vince: Ai, assim você machuca meu pobre coração, e olha que ela já está bem judiado. Como assim? E aquela vez que eu paguei para o vigia do planetário deixar a gente entrar depois do horário? Eu te mostrei todo o universo naquela noite, isso pra mim é super romântico.

Sinto minhas bochechas pegarem fogo e um pequeno sorriso se formar em meus lábios. Eu lembro muito bem daquela noite. Vince me levou até o planetário, estendeu uma coberta no chão e nós dois ficamos horas deitados olhando para cima vendo as projeções dos planetas. Depois fizemos amor lenta e apaixonadamente enquanto a imagem de várias estrelas giravam em nossas cabeças.

Pequena: Ok, admito, aquilo foi muito romântico.

Vince: Eu nunca vou me esquecer daquele dia, de nenhum dia em que passamos juntos. Como eu queria voltar no tempo, garantiria que eu não seria um idiota e não te perderia.

Pequena: Infelizmente o que está feito está feito, não tem como voltar atrás.

Vince: Você está em Dallas?

Pequena: Wills Point.

Vince: Que pena, queria tanto te ver, estou com tanta saudades :(

Pequena: É melhor continuarmos mantendo distância, assim as coisas ficam mais fáceis.

Vince: Não tenho certeza sobre isso, as coisas estão bem difíceis para mim, Pequena.

Não fique com dó dele, Demi, não fique. Foi ele quem provocou isso, foi ele quem causou esse sofrimento todo, não você.

Vince: A gente poderia pelo menos voltar a se falar, a se ver...Você está me matando me afastando da sua vida assim, Pequena.

Pequena: Você me magoou muito...

Vince: Eu sei, e você não tem ideia do quanto eu me odeio por isso!

Pequena: O que está feito está feito. Vou dormir agora, boa noite!

Vince: Espera! Deixa eu te pergunta uma coisa...

Pequena: O que?

Vince: Se eu fosse romântico, tipo, muito romântico mesmo, eu teria alguma chance de voltar com você?

Pequena: Não.

Vince: Não? Assim, sem dó nem piedade? Um talvez teria machucado menos.

Pequena: Mas teria sido uma mentira.

Vince: O quão romântico é um cara aparecer na janela do quarto da garota que ele ama a noite, com toda a sua família dormindo, e recitar Shakespeare?

Pequena: Muito romântico, pq?

Vince: Vá até a sua janela, Pequena!

“O que, como assim?”

Jogo meu celular e saio correndo da cama, me embolando na coberta. Chego até a janela do meu quarto, que fica no lado da casa, e a abro.

— Ah meu Deus! — Exclamo surpresa quando eu vejo alguém lá embaixo. Está muito escuro, mas o cara iluminado pela luz da lua e que segura um buquê de flores é, sem sombra de duvidas, Vince.

— Deus do céu, o que você está fazendo aqui? — Sussurro rezando para que meus pais não acordem.  

— O meu amor eu guardo para os mais especiais. Não sigo todas as regras da sociedade e às vezes ajo por impulso... — Ele começa a dizer.

 — Shhh, você vai acordar meus pais.

—...Erro, admito. Aprendo, ensino. Todos erram um dia: por descuido, inocência ou maldade...

— Se meu pai ver você aqui ele vai te matar, cala essa boca.

—...Conservar algo que faça eu recordar de ti seria o mesmo que admitir que eu pudesse esquecer-te. — Ele fica em silêncio por um momento e se aproxima mais da casa.

— Eu nunca vou te esquecer Demi. Eu te amo.

Ah meu Deus. Ah meu Deus!

Esse filho da mãe traidor sabe como fazer uma garota ficar balançada. Mas que droga.

— Vince, isso foi lindo. Mas você tem que ir, se meu pai te pegar aqui ele...

— Você me chamou de Vince. — Ele diz com um sorriso e só então percebo que o chamei pelo apelido carinhoso e não por seu nome, Vincent.

— Chamei. — Admito.

— Venha aqui embaixo ou eu subirei até aí. — Ele diz.

— O que? Não, você tem que ir embora. Como você entrou aqui, aliás?

— Nada é impossível para um homem apaixonado.

Maldito bastardo romântico! Mas que droga, não caia nessa, Demi.

— Então, devo subir até aí?

Desvio meu olhar dele e olho para além, para o horizonte distante e penso por alguns minutos.

— Eu estou descendo. — Digo e fecho a janela antes de poder ouvir sua resposta.

“Não acredito que estou fazendo isso! Vou descer apenas para dizer que ele vá embora, nada mais.”

Calço minha bota ugg e desço as escadas o mais silenciosamente possível. Acendo a luz da varanda e destranco a porta.

Quando abro a porta vejo Vince parado no final da escada, eu fecho a porta atrás de mim e ele sobe os degraus e para na minha frente. Seus olhos viajam pelo meu corpo, olho para baixo e percebo que estou apenas de pijama, um short curto e uma regata de algodão.

Ele lambe o lábio e me olha com desejo, cruzo os braços da frente do meu peito e me sinto desconfortável.

— Você não deveria estar aqui. — Digo-lhe.

— Talvez, mas eu precisava te dar isso. — Ele estica o braço e me entrega o buquê de rosas vermelhas.

— Sinto muito que você não tenha recebido o anterior. — Ele diz com aquele sorriso que ele sabe que faz meus joelhos fraquejarem.

— Você poderia me entregar segunda na faculdade. — Digo cheirando as rosas.

— E perder a chance de agir como os mocinhos dos livros românticos que você lê? — Ele diz e eu não consigo evitar que um sorriso tímido se espalhe por meu rosto.

— Elas são lindas, obrigada.

— De nada. — Ele diz e acaricia meu rosto.

— Não, por favor. — Peço e ele afasta a mão com um olhar triste nos olhos.

— Sinto muito. — Ele sussurra e olha para baixo. — Por tudo. Espero que algum dia você não me odeie mais.

— Vince, eu não te odeio. — Digo sentindo pena dele.

— Não? — Ele levanta o olhar e me encara. Sinto meu coração amolecendo cada vez mais.

— Não. Eu te odiei quando eu abri aquela porta e vi você na cama com ela, eu te odiei naquela festa quando eu vi você com ela de novo, mas agora, eu não te odeio mais. O que eu sinto agora é tristeza...Tristeza pelo que poderia ter sido, mas nunca será.

— Ainda pode ser, Pequena, ainda pode ser.

— Não, Vince. Não pode.

— Por favor, me dê mais uma chance.

— Eu não posso...Não consigo. — Digo e sinto meus olhos se enchendo de lágrimas, forço-as a não se derrabarem.

— Eu te amo. — Respiro fundo, lutando para não quebrar na frente dele.

— É melhor você ir agora.

— Por favor, Pequena.

— Vince...

Ele coloca as mãos no bolso da jaqueta e assente tristemente algumas vezes.

— Entendi, você não vai mesmo me dar uma segunda chance, não é?

— Sinto muito.

— Será que podemos voltar a ser amigos? Ou pelo menos conversar de vez em quando?

— Talvez, não posso prometer nada.

— Acho que já é um começo, algo para eu ter esperança. — Ele diz com um sorriso fraco.

Ele se aproxima e me dá um beijo rápido na bochecha e então se afasta, indo embora.

— Vince? — Chamo-o e ele se vira.

— Sim?

— A gente se fala segunda, na faculdade, pode ser? — Pergunto e vejo um brilho em seu olhar que rapidamente identifico como esperança.

— Só como amigos, quero dizer. — Rapidamente acrescento, mas o brilho no seu olhar ainda está lá e lentamente um sorriso alegre se espalha pelo seu rosto.

— Claro. Até segunda então.

— Obrigada pelas flores, de novo.

— O prazer é meu, Pequena. — Ele diz e então se vira e começa a caminhar para longe, provavelmente para seu carro que deve ter ficado na estrada, já que a porteira sempre fica fechada a noite.

Observo-o até ele ser tragado pela escuridão da noite.

Entro em casa e tranco a porta, me encosto nela e solto um suspiro.

Mas que droga. O que acabou de acontecer aqui? Eu perdoei Vince? Estou disposta a voltar a ser sua amiga? Porcaria.

Fecho os olhos e os esfrego com os dedos. Quando olho para cima vejo Miley me olhando com um sorriso reconfortante.

— Você estava aí o tempo todo, hein? — Pergunto.

— Quase. Mas ouvi uma boa parte da conversa, sinto muito.

— Tudo bem, antes você do que papai ou mamãe.

— Porque você não me contou que o motivo de você e o Vince terminarem foi porque ele te traiu?

— Não queria que ninguém soubesse, acho que fiquei com vergonha, com medo que vocês me dissessem “eu te avisei”.

— Ah sis, ninguém diria isso. — Ela diz e vem me abraçar.

— Sinto muito mesmo que ele tenha feito isso com você. Mas me parecesse que ele está mesmo arrependido.

— Você acha?

— Foi o que pareceu.

— Eu não sei o que fazer, Miley.

— Acho que retomar a amizade com ele aos poucos pode ser um bom começo, desde que isso não vá machucar você, é claro. Agora se você não conseguir ser amiga dele novamente, então é só me falar que eu o faço ficar longe de você. Ninguém mexe com a minha irmã. — Ela diz toda protetora e eu rio.

— Eu te amo, Miley.

— Eu também te amo, sis. Faça o que você acha que é o certo, não importa o que seja, eu sempre vou te apoiar. Sempre.

Escuto suas palavras e meu coração se enche de amor por ela, mais do que eu já sentia antes. Eu amo tanto minha irmã, Nick e meus pais. Preferiria morrer a machuca-los.

Eles são as únicas pessoas que eu tenho certeza que nunca vão me trair.

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Estão gostando da história?
xoxo

4 comentários:

  1. Meu o Nick quase pegou eles, Joe quase borrou as calças kkk.
    Demi ficando com ciúmes do Joe kk.
    Não acredito que ela perdou o fdp do Vince, quero só ver a reação do Joe quando ele descobrir isso.
    Miley melhor irmã do mundo MDS.
    Capitulo perfeito, eu ameii, bjs e posta logo :)

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  2. Meu Deus... não sei nem por onde começar... primeiro amei o piquenique dos dois... depois achei que fosse desandar tudo quando o Nick apareceu.... aí ela fica com ciúmes do Joe.... depois aparece o encosto do Vince.... e o pior de tudo, ela perdoa o infeliz... ai ai ai... isso ainda vai dar zebra... pelo amor de Deus continua....

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  3. Eu estou gostando muito :)
    Espero bem que o Joe não vá arranjar nenhuma vadia para passar com ele o fim de semana hehe Ele já está a mudar pela Demi, é o amor :)
    A Demi não se pode deixar enrolar novamente pelo Vince, ela tem é de pensar no Joe...

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