— Eu lhe avisei. Só porque é um arquiteto fantástico não significa que não seja um assassino violento — ela frisou, com toda a razão.
Joe registrou o "arquiteto fantástico" e ignorou o "assassino violento".
— E quem você acha que poderia dar referências sobre mim num domingo?
— Alguém que o conheça há alguns anos, como um professor, um médico, um padre. — Ela o fitou, desconfiada. — Acho que padre não — acrescentou, e ele se sentiu insultado.
— Que tal Harry Kavenagh?
— O sujeito da TV? O correspondente estrangeiro ou algo assim?
— Esse mesmo.
— Você o conhece?
— Somos amigos há anos, e recentemente, sócios. Ele é casado com a minha irmã. Os dois moram aqui perto.
— Eu diria que é perto demais. Tente outra pessoa.
— Nick Barron, já ouviu falar dele? É muito conhecido na cidade. É outro sócio meu.
— Não, ele deve ter o próprio assassino — Demi disse, e ele pensou em Nick, que abriu mão da vida de solteiro para criar os filhos da irmã, e riu com o comentário dela.
— Duvido muito. E quanto à esposa de Nick? Ela também é arquiteta, mas está atolada em fraldas no momento. Ela me conhece desde pequeno, na escola, serve? Não acredito que ela tenha um matador particular. Será que ela serve, ou também é próxima demais?
— Quão próxima é ela?
Ele sorriu e decidiu ser franco:
— Quando éramos crianças, eu a beijei, e ela me deu um tapa na cara. Nunca mais tentei de novo.
— Então ela serve. Não é o ideal, mas ela me dirá se você é desonesto. Uma mulher não mente sobre isso.
Ele resmungou baixinho. Isso não se aplicava muito a Selena, mas ele resolveu deixar isso de lado.
— Vou telefonar para ela.
Quando ela atendeu, ele foi breve:
Quando ela atendeu, ele foi breve:
— Oi, Selena. Preciso que alguém dê referências sobre mim para um futuro funcionário. Como não tenho um padre, você é a pessoas mais indicada. Faria isso por mim?
— Ah, Joe! Vale a pena? — ela brincou.
— Ela está aqui do meu lado agora, o nome dela é Demi. Vou colocá-la no viva-voz — ele disse, pressionando o botão que ia garantir que ele ouviria os dois lados da conversa, e torcendo para que Nick não tivesse mencionado o nome de Demi para ela. Não estrague tudo, Selena, ele pensou. — Selena? Entendeu o que eu disse?
— Entendi — ela disse claramente. — Oi, tudo bem?
— Oi, Selena. Então, você conhece Joseph há muito tempo?
— Algo como 25 anos — ela disse, rindo. — Ele sempre foi irritante, desde garoto.
— Posso confiar nele?
— Confiar? Sob que aspecto? Quanto a sua segurança? Sua reputação? Sua honra?
E, para a surpresa de Joseph, Demi riu.
— Está um pouco tarde para pensar na minha reputação e minha honra. É quanto a minha segurança que estou preocupada.
— Fique tranquila. Nós confiamos a ponto de deixar nossos filhos com ele. Ele é fabuloso com as crianças, e elas o adoram. É um sujeito muito boa gente. Para ele, nada é trabalho demais.
— Acho que tem razão. E tem uma casa linda.
— Ele lhe mostrou a casa? — perguntou Selena, claramente surpresa.
— Ah, sim, bem isso era necessário já que vai me contratar para ser sua empregada.
— Empregada?! — Selena esbravejou, e Joseph ficou nervoso. — Santo Deus, pensei que ele estivesse contratando uma secretária ou algo parecido, Demi!
— Algum problema com isso? — Demi perguntou, cautelosa.
— Fique quieto, Nick, ela queria falar comigo, não com você; logo vai falar com Joseph. Hmm, problema nenhum, só que eu não sabia que ele estava procurando uma empregada. Mas entendo, ele é um bagunceiro patológico. Apesar de ter se tornado maníaco por arrumação desde que a casa ficou pronta...
— Não sei cozinhar — disse Joe ao pegar o telefone e desligar o viva-voz antes que Nick dissesse alguma coisa. — Também não sei passar roupa. Enfim, a casa deixou de ser novidade para mim.
— Bem que achei que isso não ia durar muito. Demi, não dê ouvidos a ele, você não vai querer trabalhar para Joe, ele é um pesadelo...
— Ela não está mais ouvindo você.
Nick tirou o telefone das mãos de Selena, dizendo:
— Diga-me que ela não é a mulher que ocupava o anexo.
— O quê?! — Selena gritou ao fundo.
— Obrigado pelas referências — Joe agradeceu ao desligar o telefone antes que um deles dissesse algo que espantasse Demi.
Demi, no entanto, estava indiferente ao frenesi que causara na casa de Nick e Selena.
— Bagunceiro patológico? Eu achei que fosse um maníaco por arrumação, apesar de estar um pouco desarrumado aqui, além das caixas no andar de cima e a sua cama desfeita — ela disse. — E, levando em consideração que a casa está vazia, pois acabou de se mudar, não tem como fazer muita bagunça. Então talvez ela estivesse certa da primeira vez. Ou será que é ordeiro, afinal?
— Depende do dia da semana, e você ainda não viu meu escritório. O arrumadinho não entrou ali, eu lhe garanto.
Ela ainda o fitou por alguns minutos antes de sorrir para ele.
— Está bem. Parece legal. Eu aceito.
— O emprego?
Ela fez um acenou de cabeça.
— Ótimo. Quando quer começar?
— Quem sabe dentro de cinco minutos?
Ele ficou aliviado. Graças a Deus. Joseph de fato não queria imaginá-la naquele hotel por mais uma noite.
— Para mim é perfeito.
*****
Ele olhou para seus poucos pertences, horrorizado.
— É só isto?
— Quando o teto desabou, acabou com a maioria das minhas roupas, mas isso não é problema, já que não me cabiam mais. Não tenho muito mais. Aprendi a viajar com pouca coisa — ela disse.
Pouca coisa?
— Imagino que o resto de seus pertences esteja com a sua mãe em algum lugar — ele disse, e ela riu.
— Eu nem sei onde minha mãe está neste momento. — Demi enfiou uma camiseta dentro da mochila. — Deve estar no Egito, eu acho, sei lá. Poderia estar na América do Sul agora, no Peru, talvez.
— Por que não na sua casa?
Ela se endireitou e suspirou.
Ela se endireitou e suspirou.
— Não tenho casa — ela o lembrou. — Eu já lhe disse isso. — Ela cheirou uma camiseta e a rejeitou.
— Mas nem uma base? — Ele estava abismado, mas se lembrou do que ela contara sobre a sua infância. Talvez tivesse sido pior do que ele imaginava. — Deve ter algum lugar — acrescentou, incapaz de compreender.
— Joseph, se eu tivesse uma casa, não estaria vivendo neste buraco.
Ele cruzou os braços e a observou arrumar suas roupas. A maioria das coisas estava sendo jogada de volta na cama, e ele via como estavam mofadas.
Que vida estranha essa, sem raízes, ele pensou. Como foi que ela conseguiu sobreviver a isso? Ela não devia estranhar que ele custasse a entender esse estilo de vida. A diferente ali era ela, não ele.
Ela fechou a mochila e se levantou.
— Pronto, terminei.
— Certo. Vamos embora, então.
Levaram tudo para o carro, uma mochila, uma bolsa de uma empresa aérea e um tênis surrado, aí ela voltou para o anexo.
— Vou pegar a gata.
Ele a seguiu.
— Gata? Que gata?
— Pebbles. A gata do hotel. Deve estar aqui em algum lugar. Ela entra e sai da janela para o telhado.
— Mas o que você tem a ver com isso?
Ela olhou para ele, indignada.
Ela olhou para ele, indignada.
— Sou eu que dou comida para ela.
— E daí? — Eleja estava imaginando o que viria depois.
— Não posso deixá-la para trás. Ela já está velha.
— E se eu não a quiser na minha casa?
— Nesse caso, eu também não vou.
— Vá buscar a gata — ele disse, já imaginando a gata passeando pelos quartos. — Gatinha, gatinha, gatinha!
— Não adianta chamá-la, ela é totalmente surda. Pebbles é assim, vamos ter de encontrá-la. Achei!
Pebbles apareceu na porta com os restos de uma tartaruga em suas patas.
— Mulheres grávidas devem ter muito cuidado com gatos — ele afirmou.
— Não se preocupe — ela disse, rindo. — Ela tomou remédio para vermes e não tem caixa de areia. Pronto, podemos ir?
Ele olhou para a gata, a gata olhou para ele, e em seguida virou-se para se aconchegar nos braços de Demi com um miado alto e desafinado.
Sem entender por que estava agindo assim, ele apontou para a escada, ela desceu na frente e entraram no carro.
— Então vamos para casa.
*****
Casa?
Talvez. Depois da tensão que vivera nas últimas semanas, parecia um sonho do qual ela esperava acordar a qualquer momento.
Ele entrou com as coisas dela pela porta lateral da casa e as colocou no quarto de hóspedes.
— Vou ajudá-la a arrumar esta cama e depois você deveria tomar um banho e se deitar. Está muito abatida.
— Estou bem — ela protestou. — Posso fazer a cama sozinha, e vou pensar no que fazer para você comer mais tarde.
— Negativo. Quem cozinha hoje sou eu. Você cuida da gata, enquanto vou pegar o lençol.
E logo que terminou de fazer a cama ele saiu, deixando-a sozinha com a gata. Agora a gata tinha uma caixa de areia da qual Joe disse que cuidaria até que Pebbles se acostumasse com a casa e a passear do lado de fora. Eles tinham arranjado a caixa no supermercado no caminho de casa, onde compraram ração, e, depois de usar a caixa de areia, Pebbles parou ao lado da cama e soltou um miado. Demi se sentou na beirada da cama e suspirou.
— Pebbles, não sei se pode subir na cama — ela disse baixinho, mas Pebbles não podia ouvir e também não ligava.
Ela voltou a miar até que Demi e pegou e a colocou sobre a cama.
— Nada de arranhar a cama — ela avisou a gata e olhou para o banheiro.
A vontade de tomar um banho quente foi maior, então ela foi até lá. Havia vários produtos de higiene, ainda embalados, xampu e condicionador — nossa, que luxo! —, escova e pasta de dentes. E também havia um roupão e toalhas felpudas que Joseph tinha trazido junto com os lençóis, e o chuveiro era do tamanho de uma tampa de lata de lixo.
Louca para tomar um banho, ela abriu a torneira e esperou a água esquentar.
Sim, tinha água quente de verdade!
Que alegria!
Tirou a roupa e entrou debaixo do chuveiro, onde ficou imóvel por um segundo, deleitando-se com aquela água quente no corpo. Depois, Demi esguichou bastante xampu na mão para fazer muita espuma nos cabelos.
Que maravilha. Depois, pôs condicionador e lentamente voltou a sentir seu cabelo outra vez, e não mais uma palha. Havia até um aparelho de barbear. Que delícia! Ela se ensaboou toda e usou o aparelho para se depilar. Quando seu corpo começou a pinicar, ela encerrou o banho, envolvendo-se em toalhas macias.
Duas toalhas, uma para o corpo e outra para o cabelo, e ainda um tapete para o chão, tudo branco, puro e macio como algodão.
Também havia um secador de cabelo preso na parede!
Alguns minutos depois, sentindo-se gente de novo e pronta para uma soneca, ela tirou uma camiseta limpa da gaveta, cheirou-a e torceu o nariz. Estava com um cheiro horrível de roupa que demorou muito a secar, e ela estava sem coragem de vestir. Mais tarde, lavaria todas as suas roupas de novo, se ele não se importasse. Até porque, Joe não ia gostar de vê-la andando pela casa cheirando mal.
Para vestir sua calça jeans, Demi se sentou na cama e logo passou a mão sobre sua superfície.
Que conforto.
O lençol era sedoso demais. O edredom parecia ser feito com penas de ganso, o colchão, firme e macio na medida certa, e os travesseiros de boa altura.
Ela poderia se aconchegar, fechar os olhos e se entregar...
Ou poderia simplesmente olhar o mar.
A cama macia era convidativa, assim como a vista, mas até agora o mar estava ganhando. Demi foi até a sala, abriu a porta e sentiu o ar quente do verão.
Esplêndido.
O apartamento para hóspedes, ou para empregados, era ligeiramente afastado do resto da casa e tinha seu próprio terraço. E, como tudo parecia bem limpo, ela pegou uma das almofadas para se sentar no chão de pernas cruzadas e fechou os olhos para deixar a mente vaguear.
Sons.
Canto de pássaro, o barulho suave das ondas estourando na praia, carros. Um latido de cachorro ao longe e, em seguida, uma campainha mais perto.
Ela resolveu se desligar, respirou fundo e relaxou, mas as vozes penetrantes, iradas e frustradas, foram ficando mais altas, e ela ouviu palavras que a deixaram paralisada...
*****
— Você perdeu o juízo?!
Emily perguntou irritada ao entrar na casa de Joe.
— As notícias correm, não é mesmo? Foi Selena foi quem lhe contou?
— Exatamente, foi Selena. Nick disse que tinha um plano maluco de fazer dessa moça sua empregada! Que diabos pensa que está fazendo, abrigando uma sem-teto na sua casa? Perdeu o juízo?
Joe seguiu a irmã pelo corredor até o terraço onde ela passou a andar de um lado para o outro.
— Estava tentando resolver um problema. Achei que ficariam gratos...
— Gratos? Porque perdeu o juízo?
— Porque tirei a mulher do hotel — ele retrucou. — Ela estava atrapalhando nossa reforma, e fale baixo. Ela está dormindo — acrescentou, tarde demais, se perguntando por que Nick não ficou calado, ao menos até o dia seguinte. Assim ele teria um trégua.
Mas não, ele não pôde esperar, e agora Emily estava ali, arrancando os cabelos, zangada com ele, não sem razão.
— Você enlouqueceu! — ela disse. — Harry lhe avisou para não se envolver, mas você não escutou. Eu devia ter imaginado que você faria uma coisa dessas.
Joe encostou a porta para evitar que a discussão acordasse Demi.
— Emily, a moça está grávida. O quarto estava desabando sobre ela, como poderia deixá-la naquela situação?
— Nada disso me incomoda, o problema foi você tê-la trazido para viver na sua casa.
— Como se isso fosse um caso sem precedentes nesta família — ele disse.
Emily lançou-lhe um olhar frio.
— Bem, exatamente, você é tão ingênuo quanto Harry. Qual o problema de vocês, homens, com mulheres grávidas? Não resistem?
— Ora, Emily, ela não é Carmen, e eu não pretendo me casar com ela. Não estamos falando de uma adolescente que foi estuprada, Demi é adulta e optou por ter o filho, é uma moça inteligente...
— Inteligente o bastante para enganar você, evidentemente! Ela é uma aventureira, Joe, uma pessoa sem eira nem eira que veio parar em Yoxburgh!
— Não é bem assim. Ela é uma pessoa educada, inteligente, madura, engraçada, uma mulher corajosa que já viajou pelo mundo. Ela estava estudando direito em Maastricht! Ela tem a mente aberta — ele acrescentou.
— Então ela se formou?
Droga.
Droga.
— Não. Ela não chegou a concluir os estudos. A mãe ficou doente e...
— Muito conveniente. Então ela não é uma simples mochileira, ela é uma mochileira brilhante e articulada que encontrou uma maneira de tirar dinheiro de uma venda de um testamenteiro. Provavelmente estava convencendo o velho a mudar seu testamento, só que ele morreu antes de fazê-lo!
— Não! Ela estava cuidando dele porque os próprios filhos o abandonaram. E aparentemente, antes de morrer, ele fazia planos para garantir o futuro daquele bebê! — ele disse.
— Aposto que sim. Então, onde está o testamento?
— É o que todo o mundo que saber.
Emily revirou os olhos e bufou, impaciente.
Emily revirou os olhos e bufou, impaciente.
— Enquanto isso, ela está tentando fazer com que o outro irmão, Ian, apresente o testamento. Nossa! Vocês, homens, são tão ingênuos! Joseph, ela é uma mulher perigosa! Como não percebe isso?
— Porque não acho que seja, ela só quer garantir o futuro da filha, o que há de errado nisso? Carmen se casou com Harry por esse motivo, e por causa disso Kizzy está em segurança, é amada e tem um futuro garantido.
— Só porque eu pude ajudar Harry a cuidar dela quando Carmen morreu, mas não vou ajudar você a se meter na mesma confusão, pois vi como Harry ficou depois disso. Até hoje ele se culpa pela morte de Carmen.
— Isso é ridículo — ele disse. — Ela morreu porque atravessou a rua sem olhar, ele não teve culpa. Mas se eu tivesse deixado Demi no hotel e o teto desabasse sobre ela, a culpa seria minha. E eu não quero ter isso na minha consciência, e você também não devia. Nem Harry, Nick ou Selena. De qualquer forma, eu achei que você ficaria feliz de saber que ela não estava mais lá. Ao menos assim podemos dar prosseguimento à demolição e manter a obra dentro do prazo. Não estamos fazendo caridade aqui, e eu preciso ter lucro no meu investimento, assim como vocês.
— Você vai terminar cheio de problemas — resmungou Emily. — Conhecendo você, vai se apaixonar, e ela vai deixá-lo arrasado da mesma maneira que Kate o deixou.
— Deixe Kate fora disso! — ele reclamou. — Isso não tem nada a ver com Kate.
— Isso diz respeito a você e sua incompetência para julgar o caráter das pessoas. Bem, quando ela o roubar e processá-lo por assédio sexual, não venha me dizer que não avisei!
— Tolice, você está sendo ridícula! Não tenho nenhuma intenção de me envolver com ela. Ela está esperando o filho de outro homem, e não estou nem um pouco interessado nela — ele mentiu. — O trabalho de empregada é só para tirá-la do hotel, e se ela for eficiente, melhor para mim. Resolverei dois problemas de uma só vez; três, se contar a segurança do bebê, sendo você a mulher de coração mole que eu sei que é.
— Não aposte nisso — ela disse e levantou um dedo na direção dele. — E quanto ao bebê, como sabe que ele é mesmo do outro irmão? Pode ser de qualquer outro homem...
— Você nunca viu a moça — ele a cortou. — Como pode me acusar de me enganar sobre o caráter das pessoas? Ao menos eu conheci a moça para poder julgá-la. Por Deus, ela queria ser advogada de direitos humanos!
— Belo discurso. Pena que tenha se apaixonado por ela. Quando foi que ela lhe disse isso?
— Na meia hora em que passei com ela ontem. Que é bem mais do que você. E quando foi que você passou a ser tão cínica e amarga?
— Quando Pete me largou porque não estava interessado nos próprios filhos! Joe, por favor, tome cuidado. Ela pode até ser uma santa, mas e se não for? E se ela for uma bandida querendo lhe aplicar um golpe? Não vou aguentar ver isso.
— Não se preocupe. Estou preparado para assumir o risco, pois acredito nela; mas, se for para tranquilizá-la, vou preparar um contrato de trabalho amanhã mesmo — ele disse, voltando para a cozinha e para as cebolas que cortava quando ela chegou. — E agora, se você não se importa, tenho coisas a fazer.
— Sim, como cozinhar para a sua empregada. E eu que pensei que eu era uma idiota. — Ela balançou a cabeça enquanto procurava a chave na bolsa. — Tenha cuidado, está bem? Está correndo um grande risco.
— E ela, não está? Ela é vulnerável, Em. Tão vulnerável e tão desesperada que aceitou trabalhar na casa de um estranho, um homem solteiro, de quem ela não sabe nada. Eu posso ser um estuprador, um pedófílo, sei lá, qualquer coisa. Ela só conversou com Selena. Como poderia Selena saber se tenho ou não uma vida dupla? Eu poderia ser um tarado, e ela não saberia. Ninguém saberia. Que tal ver as coisas pelo lado dela? Como você se sentiria se estivesse na mesma situação?
— Está se esquecendo de que eu já vivi esta mesma situação.
— Não, não viveu. Quando Pete a deixou sozinha, grávida, papai e mamãe estavam do seu lado. Já pensou se não tivesse ninguém? O que teria acontecido com você? Em, pelo amor de Deus, ela não tem ninguém. Não é por culpa dela. E ela me lembra tanto você...
— Está bem, está bem, eu desisto — ela disse. — Lembre-se de que eu o avisei. Vejo você amanhã, se ela não o matar até lá. E esconda bem sua carteira de dinheiro.
— Sim, mamãe.
Emily mostrou a língua para o irmão e saiu. Joe foi até o jardim para olhar para o mar enquanto se acalmava. O mar estava picado agora, o céu ficara escuro e ameaçador e, ao longe, ouviu-se um estrondo de um trovão. Havia uma faixa de chuva movendo-se pela água que a qualquer momento os atingiria. Graças a Deus Demi estava longe daquele anexo cheio de goteiras.
Joseph olhou para o quarto de hóspedes e se perguntou se ela ainda estaria dormindo. Provavelmente. Ela parecia exausta. Deixaria que ela acordasse naturalmente. Ele poderia terminar de cozinhar quando ela acordasse e viesse procurá-lo, então comeriam juntos. Joseph se deu conta de que aguardava ansioso por esse momento.
A voz de Emily ressoava na sua mente, mas ele a ignorou como fez com Harry. Harry e Emily não conheceram Demi. Eles não tinham ideia de como Demi era, e Joe não pretendia se envolver emocionalmente com ela.
Ele ia gostar de ter companhia, só isso.
A chuva chegou forte, vergando árvores e arbustos, e ele voltou para dentro de casa e rapidamente fechou a porta. Ele consultou seu relógio.
Eram quatro da tarde, e ele estava com fome. Ainda não almoçara, e seu café da manhã tinha sido cedo demais.
Ele encontrou alguns biscoitos, fez uma xícara de chá e foi até o escritório, deixando a porta aberta para que pudesse ouvir Demi quando acordasse. Com sorte, ela não demoraria muito...
*****
Joseph mentiu para ela!
Toda aquela bobagem de precisar de uma empregada. Ele era um deles! Um dos construtores que a queriam longe dali. Ele mentiu para ela, e a irmã dele teve a ousadia — que absurdo! — de desconfiar dela? Que atrevimento!
Demi estava com vontade de vomitar.
Com o coração batendo acelerado, o enjoo aumentando e as pernas bambas, Demi juntou suas poucas roupas, colocou-as dentro da mochila e na bolsa de viagem. Juntou tudo que tinha importância para ela.
Exceto pelo seu orgulho, que no momento estava em frangalhos.
Bem que ela estava desconfiada. Era bom demais para ser verdade! Tinha alguma coisa errada. Só foi mais rápido do que ela imaginava. Pelo menos ela teve a chance de tomar um bom banho e lavar a cabeça. Foi melhor assim, para não se acostumar com o conforto. Poderia voltar a ser uma sem-teto imediatamente!
— Venha, Pebbles — ela sussurrou, ao pegar a gata.
Saiu pé ante pé pelo corredor, depois pelo pequeno hall, abriu a porta e olhou se não havia ninguém por perto.
Ficou imóvel quando ouviu uma porta se abrindo, mas logo ela se fechou e foi trancada por dentro. Ela espiou com cuidado pela fresta da porta e viu uma mulher de jeans e camiseta entrar em um carro. Então essa era Emily. Mais alta do que ela, mais gorda e mais velha, talvez. Parecia inofensiva, mas Demi ouviu sua voz. Dela e de Joseph, que ecoavam nos seus ouvidos até agora.
Onde estaria Joe? Ela ouviu a porta da frente bater, e Emily não olhou para trás nem acenou, então achava que estava segura. Precisava correr, senão ela pegaria os portões automáticos fechados.
Droga. Não tinha pensado nisso. Prendendo a mochila no ombro e socando os pacotes de comida de gato na bolsa de viagem, ela saiu para o jardim, deu uma olhada em volta e correu atrás do carro. O caminho estava vazio e os portões começavam a fechar, então ela correu, passou pela brecha por pouco e saiu na calçada, olhando para um lado e para o outro.
Nada. Emily já tinha ido embora.
Ainda bem.
Demi percebeu que estava chorando, e ela queria limpar aquelas lágrimas do rosto, mas suas mãos estavam ocupadas, então ela limpou no ombro e rumou para o hotel. Não era muito longe, talvez um quilômetro e meio. Seria fácil. Ela faria um esforço, depois poderia desmontar no seu esconderijo.
Ela só levou 15 minutos para chegar lá e, quando virou a esquina, controlando o choro, viu um operário pregando uma tábua sobre a porta dela.
O choro ficou preso na garganta.
Pronto, perdeu seu esconderijo. Por mais sinistro que fosse, ela se iludiu achando que o local era seguro, mas agora, até isso lhe tiraram.
Tinha perdido tudo, a casa, o direito de ficar lá, a única arma que poderia usar contra Ian pelos direitos da sua filha. Tudo foi por água abaixo num só golpe; até o emprego que ela acreditou que fosse seu passaporte para sair de lá não valia nem o papel onde fora escrito.
Demi riu. O que estava pensando? Nem sequer tinha um papel!
Não tinha nada.
Em seguida, como se isso não bastasse, uma rajada de vento e chuva gelada caiu sobre ela deixando-a encharcada até os ossos...
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Oi meninas!!!! Happy Birthday to me!!! Cono hoje é meu aniversário eu irei presentear vcs com mais um capitulo e depois eu vejo como eu irei postar o final da fic. Pra vcs que acompanham meu outro blog "a sexóloga" eu acho que irei postar o prólogo da nova fic só como um presente meu para vcs. Beijoos - Mari ♡
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Oi meninas!!!! Happy Birthday to me!!! Cono hoje é meu aniversário eu irei presentear vcs com mais um capitulo e depois eu vejo como eu irei postar o final da fic. Pra vcs que acompanham meu outro blog "a sexóloga" eu acho que irei postar o prólogo da nova fic só como um presente meu para vcs. Beijoos - Mari ♡
Parabéns Mari! Tudo de bom!!
ResponderExcluirEstou amando, nossa será que Joseph vai atras dela? Onde ela ficará?
Que merdinha eu achei que pelo menos ela ficaria mais tempo com ele
Sam, xoxo
Posta mais umzinho hoje por favor ???? To amando essa fics.
ResponderExcluirAss:*CGFH*
Feliz aniversario. Tudo de bom na sua vida!
ResponderExcluirPosto mais hoje por favor!!!
ResponderExcluirParabéns Mary!!!! Felicidades sempre !!! Adorando a fic.... continua!!!!
ResponderExcluirQuase um mês...
ResponderExcluirOMG, cadê você? POSTA LOGO
ResponderExcluir