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Com uma sensação de déjà vu, Joe bateu na porta de Demi, mas não houve resposta. Depois de deixá-la no lago, no dia anterior, ele fora para Rennes a negócios e voltara tarde da noite.
Naquela manhã, seu pai já se sentia bem o suficiente para perguntar se Demi queria se juntar a eles no café da manhã. Mas, depois de passar os últimos minutos tentando acordá-la, Joe imaginou que ela já tivesse saído para a floresta.
Demi Fallon era uma mulher excessivamente independente. As mulheres do passado de Joe haviam sido completamente diferentes.
Ele foi para a cozinha, esperando que algum dos empregados pudesse lhe explicar. Depois de muito perguntar, descobriu que ninguém a vira. Henri o lembrou de que ela costumava acordar muito cedo.
Franzindo o cenho, Joe foi até o quarto do pai e lhe disse que traria Demi de volta para o almoço.
Sem muita fome, ele pegou uma maçã e saiu do château para encontrar um céu nublado. Tudo indicava que choveria. Sendo verão, não duraria muito, mas Demi ficaria ensopada se fosse pega desabrigada.
Não havia como saber para onde ela fora naquela manhã, mas não importava. A cavalo, ele a encontraria bem rapidamente.
Ao chegar na cocheira ele montou em Tonnerre. Como ela ainda poderia querer ver um animal perto de uma fonte de água, ele foi, primeiro, para o lago.
Em pouquíssimo tempo ele o circundou, sem perceber qualquer sinal dela. Talvez tivesse tentado encontrar a fonte da juventude, sobre a qual o pai de Joe lhe contara, e se perdera.
Joe apressou o cavalo na direção do lugar.
Não encontrando Demi, cavalgou velozmente até o topo de uma colina próxima, de onde se avistava o Val Sans Retour, onde sua voz alcançaria mais longe.
Seria exatamente o lugar para onde Demi poderia ter ido para tirar fotos. Novamente, nada.
Talvez não tivesse sequer ido à floresta. Era possível que tivesse caminhado até o vilarejo de Lyseaux, usando a estrada principal.
Enquanto ele cavalgava descendo o outro lado da ladeira relvada, começou a sentir gota após gota de chuva o atingindo, Determinado a voltar para o château e pegar o carro, não viu o corpo curvado de lado da mulher ao pé da colina até que já estivesse quase em cima dele.
Manobrando Tonnerre abruptamente para evitar atropelá-la, Joe desceu do cavalo e correu até ela. Um dos cascos do animal esmagara sua câmara. Ele estremeceu ao pensar o dano que teria causado se tivesse pisado 15 centímetros mais à frente.
— Demi! — ele gritou, alarmado, se agachando. Como ela poderia ter caído e machucado o pescoço ou a coluna, ele não ousou movê-la.
Ouviu os gemidos. Para seu alívio, ela se virou para ele, aparentemente, sem esforço, mas exibindo uma palidez que o fez perceber que estava machucada.
— Joe — ela disse em um sussurro trêmulo. Depois da maneira como haviam se separado no dia anterior, ela não teria respondido daquele jeito se não estivesse com problemas.
O corpo dele ajudou a bloquear a chuva que caía, cada vez mais forte, no rosto dela.
— O que aconteceu com você?
— Durante minha caminhada eu me senti mal e me deitei, mas ainda não passou. Acho que, no final das contas, é gripe mesmo.
— Você já estava doente?
— Sim — ela admitiu, uma voz fraca.
Quando ele viu gotículas de suor na testa dela, engoliu em seco.
— Deve ter contraído o vírus do meu pai. Está terrível.
Sem hesitar, ele a ergueu nos braços e a carregou até o cavalo.
— Vou levá-la para o médico, em Lyseaux. Se estiver mal demais para conseguir se apoiar em mim, eu a colocarei deitada em Tonnerre.
Ela balançou a cabeça.
— Eu... eu consigo me sentar... eu acho...
Joe sabia que ela estava muito mal, mas Demi conseguiu se aguentar tempo suficiente até que ele subisse no cavalo, atrás dela.
— Fique apoiada em mim e deixe que eu faça o resto. — Com uma das mãos segurando-a pela cintura, ele usou a outra para guiar o cavalo.
O ritmo do galope fazia com que seus corpos se unissem. Depois da experiência do dia anterior, quando ele sentira as ricas curvas dela, Joe estivera ansioso para repeti-la.
No momento, ela estava imóvel contra ele. Apesar de preocupado pelo motivo que a deixara naquele estado, ele tinha que admitir que estava gostando de ela precisar dele daquela maneira. Depois da forma como ela se portara com ele no lago, Joe não esperava que conseguisse chegar tão perto de Demi novamente.
Quando chegaram à cobertura das árvores, escaparam da pior parte da chuva. Joe conhecia um atalho que os levaria até a entrada dos fundos do château, onde seu carro estava estacionado.
— Estou indo rápido demais para você? — ele murmurou para o perfumado cabelo dela. Tinha cheiro de damasco.
Ela o tirou do rosto, como fizera no dia anterior.
— Não — respondeu, quase gemendo.
Aquilo era bom. Ele queria examiná-la assim que fosse humanamente possível.
Logo saíram da floresta e chegaram ao caminho de brita. Ele guiou o cavalo até o lado do carona do carro. Felizmente, o temporal havia se transformado em uma suave chuva.
Com um rápido movimento, Joe desceu de Tonnerre. Carregando Demi nos braços, abriu a porta e a colocou lá dentro. Depois de reclinar o assento para que ela pudesse ficar recostada, ele fechou a porta.
Joe deu um tapinha no lombo do cavalo, sabendo que ele voltaria para a cocheira, pulou para o assento do motorista e ligou o carro.
Lyseaux ficava a apenas pouco mais de 6 quilômetros de distância. Demi não tentava falar. O coração de Joe ficou apertado ao pensar nela deitada sozinha na chuva.
Se ele não tivesse estado em casa, o pai teria enviado alguém do château para procurá-la. Mas, naquelas circunstâncias, Joe ficou feliz por ter sido ele a descobrir o corpo dela caído no chão. Não conseguia suportar a ideia de alguém sem escrúpulos poder tê-la encontrado.
Ele afundou o pé no acelerador, indo diretamente para a clínica. Se o médico dissesse que ela precisava ir para um hospital, Joe a levaria até Rennes.
Os minutos seguintes se tornaram um borrão de atividade. Assim que a surpresa recepcionista o viu passar pela porta carregando Demi, levantou-se de um pulo e os conduziu até uma das salas do corredor.
— Vou chamar o Dr. Semplis.
— Não quero ninguém que não o Dr. Foucher examinando Demi.
— Sinto muito, monsieur, mas hoje é o dia de folga do Dr. Foucher.
Joe resmungou um xingamento. Não conhecia o Dr. Semplis e detestava a ideia de um estranho cuidando dela, mas não tinha escolha. Ela precisava de cuidados imediatos.
— Ela está muito doente.
— O Dr. Semplis já vem.
Com o som da voz da mulher, os olhos de Demi se abriram. Joe olhou para eles enquanto a colocava na mesa de exames.
— O socorro já está vindo, chérie. — A ternura surgiu do nada, de algum lugar profundo, e o deixou completamente surpreso. — Estamos no consultório do médico.
— Obrigada — ela murmurou.
Aquilo pareceu ser sincero, o que significava que ela estava ainda mais doente do que ele imaginava, ou sequer estaria falando com ele.
Assim que a recepcionista saiu, uma enfermeira entrou na sala.
— Pode, por favor, aguardar lá fora, monsieur?
A última coisa que Joe queria era sair dali, mas não tinha escolha.
— Se precisar de mim, estarei logo aqui fora, Demi.
Ela mal conseguiu assentir com a cabeça antes de seus olhos se fecharem novamente.
Da última vez em que ele deixara um amigo ferido no hospital de campanha, em um estado quase inconsciente, o pobre-diabo jamais se recuperara. Era o tipo de coisa que atormentara Joe em seus pesadelos nos últimos dez anos.
Ele inspirou asperamente e saiu da sala. Enquanto esperava no corredor, pegou o celular do bolso do jeans e ligou para a cocheira.
Depois de saber que Tonnerre havia retornado em segurança, Joe ligou para o pai c lhe contou que ele e Demi tinham decidido dar um passeio de carro até Lyseaux antes de retornar ao château. Almoçariam todos juntos um outro dia.
O pai pareceu não se importar, especialmente porque um grande amigo o visitava.
Joe disse que o veria no jantar e desligou, aliviado pelo pai ainda não saber sobre Demi. Agora que ele estava vencendo a luta contra a pneumonia, Joe tentava evitar qualquer contratempo.
Sua principal preocupação era descobrir o que havia de errado com Demi e se certificar de que ela se recuperasse. Por algum motivo inexplicável, sentia-se responsável por ela. Ele fez uma careta ao pensar em algo que pudesse ter posto a vida dela em risco.
— Monsieur? — Joe se virou para ver um jovem médico vindo pelo corredor — Sou o Dr. Semplis.
— Grâce à Dieu tem alguém de plantão! Demi ficou doente na floresta. Não conseguia se sentar, muito menos andar por conta própria. Tive que trazê-la carregada. Acho que pode ser gripe.
O outro homem o observou, curioso.
— Não terei ideia até examiná-la, mas não se preocupe. Logo saberemos. Por que não se acomoda na recepção?
— Vou ficar aqui — ele declarou.
— Como quiser, mas pode demorar.
Seu rosto ficou tenso.
— Que demore.
*******
Demi oscilava entre dormir e despertar, assombrada por sonhos de Lancelot vencendo os elementos da natureza para carregá-la para a segurança em seu maravilhoso corcel.
Quando conseguiu se manter acordada, ouviu o médico lhe dizer que estava desidratada. Pediu uma aplicação intravenosa. Um técnico de laboratório logo tirou uma amostra de sangue dela.
Ela se sentiu sonolenta novamente. Mais tarde tomou consciência da presença de Joe. Ele puxara uma cadeira para o lado da mesa de exames.
Não a forçou a falar, apenas perguntou se podia fazer algo por ela. Pelo taciturno silêncio dele, no entanto, ela percebeu que havia algo sério em sua mente.
Mesmo que Geoff o tivesse obrigado a ficar, ela, Demi, achava emocionante que um homem tão feroz e dominante, que provavelmente detestava um confinamento como aquele muito mais do que a maioria das outras pessoas, estivesse de guarda a seu lado.
Aquilo a fez se sentir culpada, pois em vez de estar com o pai, que precisava dele, Joe se preocupava com ela.
Sentiu-se um pouco mais forte e virou a cabeça para olhar para ele.
— Eu devia ter ido embora ontem.
Ele se inclinou para frente, observando-a com olhos semicerrados.
— Para onde? Para uma casa vazia cheia de lembranças?
— Um apartamento — ela o corrigiu, pensando no tom selvagem dele.
— Quem cuidaria de você?
— Tenho uma amiga, esposa de um dos colegas do meu marido.
— E sua família?
— Quando meus pais morreram, a irmã da minha mãe, tia Kathy, e seu marido, Rob, me criaram junto com suas duas filhas. Ainda moram em New Haven, mas são muito ocupados. Não iria querer incomodá-los, não depois de tudo o que já fizeram por mim.
Linhas de expressão escureceram o belo rosto dele.
— Então, devemos ficar agradecidos por você ter ficado aqui. Poderia ter desmaiado no voo de volta.
Como aquilo era claramente possível, Demi não pôde negar.
— Sinto muito por afastá-lo de seu pai.
— Ele está melhorando. É com você que me preocupo. — Ela viu as mãos dele se fecharem em punhos. — Não entendo por que o médico está demorando tanto para dar um diagnóstico. O Dr. Foucher devia estar aqui.
— Acho que você passou tempo demais no campo de batalha, onde tudo acontece tão rápido e decisões precisam ser tomadas em uma fração de segundo. As coisas funcionam mais devagar quando se está na civilização.
Ele esfregou a nuca bronzeada.
— Você está certa. — O olhar dele percorreu o rosto dela. — Suas bochechas estão mais coradas.
— Estou me sentindo um pouco melhor. Deve ser a aplicação intravenosa.
— Dieu merci.
— Queria lhe dizer uma coisa — ela sussurrou. Ele pareceu se imobilizar.
— Diga.
— Você se redimiu hoje.
— Achei que não houvesse redenção — sua voz áspera comentou.
— Eu estava errada. Você salvou uma donzela em apuros. É o que fazem os heróis, mesmo se sua coroa tiver caído.
— Nunca tive uma — ele respondeu, abnegado. — Está imaginando coisas.
— Não. Estou acordada, e estava com você quando aconteceu. Ninguém, e falo sério, conseguiria ter feito o que você fez, a menos que seu nome fosse Lancelot Du Lac. Preciso admitir que estou encantada.
— Certo, Demi... — O médico entrou no quarto, fazendo Joe se levantar. — Finalmente descobri o que há de errado com vocês dois.
— Nós dois? — O olhar ansioso de Demi se fixou no de Joe. — Você está doente e não me contou?
O Dr. Semplis riu.
— Você terá um bebê, maman. — Ele se virou para Joe. — Parabéns, papa.
— Um bebê?
— Mas é impossível! — Demi gritou, tentando se sentar. — Quero dizer, não posso estar grávida!
— Mas está. — O médico interrompeu antes que ela pudesse dizer mais alguma coisa. — Na verdade, de 12 semanas.
— Doze... — O grito dela ressoou na pequena sala.
O médico olhou para os dois, divertido.
— Estou surpreso por nenhum de vocês ter reconhecido os sintomas. Nessas circunstâncias, eu os deixarei a sós por um minuto e já voltarei para falar com vocês.
— Espere...
— Obrigado, Dr. Semplis — Joe disse, assumindo o controle, como se estivesse acostumado a lidar com ela. Ele pôs suas mãos fortes nos ombros dela para fazê-la se acalmar — Precisamos mesmo de algum tempo sozinhos.
A porta se fechou.
Chocada com as emoções que a bombardeavam, Demi começou a soluçar. E não conseguia mais parar.
Joe disse o nome dela, alarmado, diversas vezes, e lhe entregou uma caixa de lenços de papel.
— Demi, me diga o que está acontecendo — ele pediu.
— Você não entenderia. — As palavras trouxeram outro jorro de lágrimas. Como ele poderia entender quando ela própria mal conseguia compreender?
— Você disse que era impossível. Isso significa que seu marido não é o pai?
Ela ficou sem fôlego.
— Não... Sim... Quero dizer, nunca estive com outro homem; então, só pode ser do meu marido. Mas me disseram que isso só aconteceria com um milagre.
— Por quê? — ele perguntou com suavidade. Suas mãos massageavam os braços dela, mas ele sequer parecia perceber.
Ela ergueu os molhados olhos castanhos para ele.
— Porque tive uma menopausa prematura há muitos anos, o que acabou com as chances de eu engravidar. Acontece com um pequeno percentual das mulheres. Minha especialista me disse que, no meu caso, as chances de ovulação eram tão astronômicas que eu jamais deveria ter esperanças de ter um filho.
Demi se perguntou se os olhos dele haviam escurecido graças a algum truque que a luz lhe pregava.
— Ela tem me ajudado a tentar com ervas e terapia hormonal para manter meu coração saudável. Imaginei que as mudanças físicas no meu corpo fossem resultado dos hormônios. Minhas mãos têm estado tão inchadas que deixei meus anéis em casa.
— Então, essa é a explicação — Joe murmurou.
Ela assentiu.
— Desde a morte de Richard tenho estado mais cansada do que o normal, e ficado muito nauseada. Mas achei que os sintomas fossem causados pela depressão e pelos hormônios.
"E pensar que estou quase no fim de meu primeiro trimestre de gravidez sem sequer saber! Estou... estou chocada." Ela o observou com olhos marejados.
— Oh, Joe... Richard queria tanto um bebê. Agora, ele se foi e jamais conhecerá nosso filho, nem poderá me ajudar a criá-lo.
Ele permaneceu em silêncio enquanto outra explosão de lágrimas irrompia dos olhos de Demi, mais profusa do que a anterior quando finalmente parou, ela disse:
— No começo, tínhamos planos de constituir uma família. Ele era filho único. Queríamos dois ou três filhos, para que pudessem ser amigos. É maravilhoso quando os irmãos têm uns aos outros.
"Então, descobrimos que eu não poderia ter nenhum. Ficamos arrasados. Eu... eu queria ter um bebê com ele. Quando recebemos a terrível notícia, ele ficou tão mal...", ela disse soluçando novamente.
"Depois do enterro, achei que tudo estivesse acabado. Vim tão vazia para a França e agora..."
— Agora, tudo mudou — ele murmurou, em uma voz grave.
Ela sentiu Joe esfregar-lhe o braço que não estava com o soro. Demi esfregou os olhos.
— Mas meu bebê vai crescer sem o pai. Eu fui privada do meu pai e da minha mãe. Eu... eu não suporto pensar que a história pode se repetir Toda criança precisa de um pai.
"Por que Richard teve que morrer..." O lamento ecoou pelo quarto.
Em silencio, Joe envolveu-a com um braço. Ela soluçou contra o largo ombro dele. Depois de um momento, percebeu que o estava deixando completamente molhado e, envergonhada, se afastou.
Pegou alguns lenços de papel e assoou o nariz.
— Sinto muito por desabar assim. Você deve estar achando que sou desequilibrada.
— Estou achando que Richard foi um homem de muita sorte. Com um você como mãe do filho dele, seu legado será perpetuado. Talvez haja um futuro professor crescendo dentro de você. Os tais instintos maternos não lhe dizem se é menino ou menina?
— Que instintos? — ela perguntou, e pigarreou. — Eu sequer sabia que havia um bebê morando dentro de mim até alguns minutos atrás. Ainda não consigo acreditar que estou grávida!
— Graças a Deus, o diagnóstico foi bom! — Joe exclamou. — Quando você estava lá, caída na grama, tão mal, muitos pensamentos negativos me passaram pela cabeça.
— Também fiquei com medo. — Os olhos dela se encheram de novas lágrimas. — Outra vez, obrigada por ter me ajudado. Eu... eu sinto muito pelo médico ter achado que você era o pai. Quando ele voltar, vou explicar.
Um meio sorriso surgiu no canto da boca sensual de Joe.
— Receber a notícia a seu lado me fez sentir como se eu fosse o pai. Adorei a experiência. Sabia que meu coração quase parou quando ele contou?
Ela mordeu o lábio.
— O meu também.
A expressão dele ficou mais séria.
— Se eu soubesse que você estava grávida, não teria pedido que fosse comigo até meu tesouro submerso ontem.
Demi se lembrava da experiência, especialmente do momento quando ele segurara o corpo dela contra o seu para levá-la à superfície. O bebê ficara comprimido contra o físico musculoso e rígido dele.
— Foi uma experiência única — ela admitiu suavemente. — Um dia, quando meu filho tiver idade suficiente para nadar sozinho, terei que trazê-lo à França para que possa mergulhar no lago e descobrir por conta própria seus segredos.
— Então, está achando que é um menino. — Joe abriu para ela um outro raro meio sorriso, que transformou sua expressão e fez o coração dela acelerar.
— Acho que sim.
— Espere mais um mês e descobriremos se está certa a respeito do sexo — o médico interveio.
Demi não o ouvira entrar na sala.
— Eu bati na porta, mas vocês não me ouviram. Querem ouvir as batidas do coraçãozinho do bebê?
Ele pôs o estetoscópio e encontrou o ponto certo na barriga de Demi. Em seguida, deixou-a ouvir. Pareciam os cascos de um cavalo galopando pelos prados.
— Não acredito. — Todo aquele tempo, o bebê estivera crescendo dentro dela sem que ela soubesse.
— Seu bebê mede aproximadamente 9 centímetros e está se desenvolvendo muito bem.
Joe pegou o estetoscópio para poder ouvir também. Um lento sorriso surgiu no canto de sua boca, novamente destacando suas belas feições. Quando devolveu o instrumento, o olhar dele ainda estava concentrado no dela.
— Depois de ter ficado sem saber o que tinha acontecido com ela, doutor, a notícia que você nos deu me deixou muito feliz.
— Fico feliz por saber.
Calor tomou a face de Demi. Ela olhou para o médico.
— Há algo que precisa saber. Você interpretou mal a situação. Sou hóspede do Château Du Lac. O monsieur Du Lac não é meu marido.
O Dr. Semplis envolveu-lhe o braço para tirar a pressão.
— E o que impede que vocês se casem?
— Você não está entendendo. O bebê não é dele.
O médico ficou estupefato.
— Então, o pai biológico precisa saber.
— Não posso contar a ele. — A voz de Demi estava trêmula. — Na manhã em que provavelmente concebi este bebê, meu marido saiu para o trabalho. À noite, ele morreu de um aneurisma cerebral. Isso foi há três meses.
— Demi...
A compaixão no tom de Joe a fez fechar os olhos.
— Sinto muito pela perda — o médico disse —, mas ele deixou um maravilhoso legado para você.
Exatamente as mesmas palavras de Joe.
— Eu sei, mas mal consigo acreditar.
— Milagres costumam afetar desse jeito as pessoas. Estou feliz por anunciar que você é uma mulher saudável. Se começar a tomar o remédio para náusea que receitei, logo vai se sentir muito melhor. Tome três vezes ao dia, antes das refeições. Pode pegá-lo na recepção.
"Também prescrevi vitaminas, que você precisará começar a tomar. Quero vê-la daqui a uma semana para ter certeza de que está tudo indo bem. Faremos outro exame de sangue, para o caso de você ainda estar com deficiência de ferro."
— Vou voltar para os Estados Unidos daqui a alguns dias. Então, gostaria de lhe agradecer por toda a ajuda.
— Nesse caso, não esqueça de entrar em contato com seu médico imediatamente.
— Eu vou.
Ele parou à porta.
— Você pode ir assim que a enfermeira tirar a medicação intravenosa. Lembre-se de se manter hidratada, comer o que tiver vontade e repousar bastante nos próximos dois dias.
— Ela vai fazer isso — Joe afirmou.
Demi tentou esconder o sorriso. Aquele ele era o jeito dele, e ela não se importava.
Quando o médico saiu da sala, a enfermeira entrou, evitando que Demi falasse com Joe até que a outra mulher retirasse a agulha e se retirasse.
Sem que nada lhe tivesse sido dito, Joe abriu o armário e tirou a sacola que continha as roupas dela. Ele se virou para ela.
— Precisa de ajuda para se vestir? Posso pedir para ela voltar.
— Não. Eu consigo, mas obrigada mesmo assim.
O olhar dele a observou com preocupação.
— Então, eu a verei na recepção.
Depois que Joe fechou a porta, ela tirou a túnica da clínica e sentiu a barriga, que havia inchado e estava rígida. Por que não percebera que havia um bebê crescendo dentro dela?
Quando sentira o jeans apertado, deveria ter imaginado o motivo, ainda que a especialista tivesse afirmado que seria um milagre se ficasse grávida.
Nos últimos anos, Demi havia abandonado qualquer esperança de ter um filho de seu próprio ventre. A notícia de que estava grávida era fantástica!
Naquele momento, sentia-se suspensa entre dois mundos, onde nada parecia real, mas já lhe haviam provado que carregava o bebê de Richard. Para sua consternação, no entanto, fora Joe Malbois que recebera a notícia junto com ela. Se não fosse por ele, ela ainda poderia estar caída na floresta, frágil demais para se mexer.
Como poderia se esquecer de que haviam sido os olhos dele que haviam brilhado ao receber a incrível notícia, quase como se ele fosse o pai do bebê e estivesse maravilhado. Até o médico achara que eles eram um casal.
Demi não conseguia entender a reação de Joe. Ela não significava nada para ele, era apenas uma hóspede de seu pai. Ainda assim, aquele deveria ser o motivo. Ele se sentia responsável por ela. Naquelas circunstâncias, o melhor que Demi tinha a fazer era ir embora da França assim que se sentisse bem o suficiente para o voo de volta.
Saber que se tornaria mãe dali a curtos seis meses mudou sua opinião a respeito de voltar para New Haven. Talvez pudesse trabalhar em meio expediente para seu antigo chefe no estúdio de fotografia. Se não, talvez o departamento de Literatura da universidade pudesse precisar de seus serviços. Gastaria o resto do tempo começando a preparar o quarto de seu bebê.
Precisava comprar tantas coisas: um berço, um cercadinho, um daqueles adoráveis balanços, um carrinho de bebê... Coisas disponíveis às mães dos tempos modernos. Agora, ela também seria uma mãe!
Não importava se fosse menino ou menina. Ela já amava o bebê. O conhecimento de que carregava uma vida dentro dela preenchia o espaço vazio em seu coração.
Apesar de ser sempre grata à tia e ao tio que a haviam criado depois da morte dos pais, o lugar de Demi não era com eles. E pensar que teria um filho todo dela, para amar e de quem cuidar!
Depois que o bebê chegasse, ela faria render o pouco dinheiro que restara do seguro para poder ficar em casa com ele. Com seus vários contatos na universidade, talvez pudesse conseguir trabalhos de processamento de texto em casa, para ganhar mais algum dinheiro.
Um acidente fatal de carro a privara dos pais c um coágulo tirara a vida do pai de seu bebê. Demi estava determinada a estar sempre ao lado do filho e não perder um minuto de seu desenvolvimento, se pudesse.
Se o remédio para a náusea funcionasse do jeito que deveria, estaria se sentindo bem o suficiente novamente em alguns dias, e voltaria para casa para organizar tudo. Com um novo sentido em sua vida, sentia-se capaz de suportar o estado físico em que estava.
Quando terminou de se vestir, foi até o banheiro e, em seguida, se encaminhou para a recepção. Joe estava de pé na lotada sala de espera, perto da porta. Seu rosto e seu físico rígidos atraíam o olhar de todas as mulheres, inclusive as da equipe médica. De jeans que lhe moldava as coxas e casaco preto, era o homem mais espetacular que Demi já vira.
Ela pôde sentir a inveja das mulheres quando se aproximou dele.
— Está com a receita?
Os olhos preocupados dele observaram o rosto dela com uma intimidade que fez o coração de Demi acelerar.
— Sim. Vamos? — Ele abriu a porta para ela e a levou até o carro.
Sem dizer nada, ajudou-a a entrar no lado do carona, deu a volta para o lado do motorista e partiram para a farmácia no centro do vilarejo.
— Fique ai — ele ordenou. — Já volto.
Demi tinha certeza de que, mesmo antes de ele ter se tornado militar, era ura homem feito para comandar. O serviço apenas refinara aqueles instintos, o protetor e os outros. E ela não reclamava.
Ele a encontrara na floresta e, de seu jeito nada ortodoxo, atendera as necessidades dela com incrível rapidez. Se ela tivesse que escolher uma pessoa no mundo para ajudá-la a sobreviver em uma situação difícil, escolheria Joe, sem dúvida.
Aquele francês fazia mais do que jus a seu lendário nome, o que devia ser algo único entre os homens. Na verdade, Demi tinha a sensação de que o pessoal do serviço militar não deveria estar feliz por ele ter deixado o serviço. Não tanto quanto a mulher com quem ele se casaria.
Demi conseguia entender perfeitamente que uma enteada que não tinha nenhuma relação de sangue ficasse apaixonada pelo filho de Geoff. Como ela estava começando a descobrir, não havia homem que se comparasse a ele.
Em poucos minutos ele retornou.
— Tome. — Ele tirou a tampa e entregou um comprimido a ela. — Tem que tomar isto com água. — Pegou uma garrafa de água mineral. — Pode começar com as vitaminas à noite, para não irritar seu estômago.
— Sim, doutor — ela provocou antes de engolir o remédio. — A água está boa. Obrigada. — Ela pôs os frascos com os comprimidos na bolsa.
Os olhos de cílios compridos e escuros dele encontraram os dela. Seus rostos estavam a poucos centímetros de distância.
— Vamos torcer para que seu apetite melhore até amanhã. Antes de voltarmos para casa, tem algo que você precise comprar?
Demi desviou o olhar.
— Não consigo pensar em nada.
— Eu consigo. Uma nova câmera. O casco de Tonnerre esmagou a sua. Depois de levá-la para casa, irei até a cidade e comprarei uma nova. Mas acho que o filme foi destruído.
— Não se preocupe com isso, Joe. Coloquei um novo cartucho hoje de manhã. Então, não perdi nenhuma foto. Quanto à câmera, acho que não preciso de outra agora. Vou esperar até chegar em casa e comprarei uma com meu antigo chefe. Ele vai me dar algum desconto.
Joe ligou o carro e eles foram embora para o château. Com o temporal que caíra mais cedo, a vegetação ao lado da estrada estava molhada e revigorada. Ele dirigia sem se movimentar muito.
— Onde você trabalhava?
— Em um estúdio de fotografia.
— Gostava?
— Na medida em que um emprego pode ser bom, o meu era. Comecei a trabalhar lá em meio expediente, quando estava no colégio. Depois que me formei passei a trabalhar o expediente inteiro para guardar dinheiro para a faculdade.
— Estudou em Yale, como seu marido?
Parecia que Geoff e Joe haviam andado conversando.
— Ah, não — ela zombou. — Eu era uma aluna medíocre e não teria conseguido. Fiz algumas aulas noturnas em uma universidade local antes de conhecer Richard. Depois disso, eu meio que me tornei a assistente não oficial dele.
— E esposa — Joe acrescentou. Ela assentiu.
— Sim.
— Não estudou mais?
— Não. Um dia, vou tentar conseguir um diploma ou algo assim, mas, agora que o bebê está a caminho, isso terá que esperar até que o meu filho possa ficar na escola o tempo todo.
— Em outras palavras, não planeja deixar que alguém cuide dele.
— Há trabalhos que eu posso fazer de casa. Vou tentar de tudo para poder ficar sempre com meu filho — ela afirmou.
— Parece decidida.
— É como me sinto.
Ela o ouviu respirar fundo.
— Então, seu filho terá sorte. Até o dia em que minha mãe morreu, esteve sempre ao meu lado.
— Geoff me contou que ela faleceu enquanto você estava na universidade.
Ele reduziu a velocidade para fazer a curva para a propriedade Du Lac.
— Isso mesmo. Tive uma criação tranquila. — Subitamente, ele virou a cabeça para ela. — Você era muito jovem quando perdeu seus pais?
— Tinha 4 anos. Só me lembro deles por fotos. Saber que vou ser mãe torna isso minha prioridade número 1; farei o que for preciso.
— No momento, você precisa é de repouso. — Ele parou o carro e saiu para ajudá-la.
Demi teria conseguido por conta própria, mas ele segurou seu cotovelo para ajudá-la a entrar. Quando chegaram ao foyer, ela se viu novamente nos braços dele. Seu rabo de cavalo balançava para frente e para trás.
— Não precisa fazer isso — ela protestou, mas ele a ignorou e a carregou pelos dois lances de escada, como se ela fosse leve como o ar.
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Hey gente, o que estão achando da fic? Comentem para o próximo.
xoxo
oii sou nova aqui amo suas fics principalmente nosso amor e eu tô amando essa tô louca pra ver o desenrolar dela mas tenho certeza que o Joe vai casar com ela e assumir o bebê
ResponderExcluirTa maravilhosaaa! Posta mais pelo Amr de Jesus Cristo. Maratoonaaa 😍😍😍
ResponderExcluirAdorandooo!!! Tomara que ela faça ela desistir de ir embora!!! Continua!!!
ResponderExcluirEle.
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