12.6.16

Paixão Inesperada - Capitulo 29 - Retaliação


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Demi
Nunca vi Joe tão animado como agora. Estamos arrumando as malas para – infelizmente – deixarmos Montpelier e retornarmos a Dallas, e enquanto ele coloca suas coisas dentro da grande e retangular mala, não para de falar excitadamente sobre contar as novidades para nossas famílias, sobre marcar logo uma data para o casamento, sobre ir comigo na minha próxima consulta, etc. Ele parece estar a um passo de sair saltitando como uma gazela pelo quarto...Tudo bem, essa imagem me faz soltar uma gargalhada, meu Deus, não sou nada romântica.
— Você está rindo de mim, futura Sra. Jonas? — Ele para o que estava fazendo e me olha com a sobrancelha levantada.
— Oh não, eu não ousaria. Só estou feliz que você esteja tão animado.
Quando nos afastamos do lago e decidimos voltar para a cabana, Joe me carregou nas costas o caminho todo, ele falava mais euforicamente sobre nossos planos para o futuro do que agora. Eu estava radiante com a sincera e evidente felicidade em seu rosto e no seu modo de falar. Passei tanto tempo sentindo medo da sua reação, cheguei até a conjecturar hipóteses absurdas, mas que para mim, naquela hora, pareciam razoáveis. E quando eu finalmente contei o que vinha me angustiando, sua reação não poderia ter sido melhor. O peso que foi tirado de cima de mim era esmagador.
Voltamos para a cabana e Joe imediatamente nos levou para cima, deitou-me na cama e fez amor comigo. É difícil acreditar quando ele diz nunca ter feito isso antes – amor eu quero dizer – pois ele consegue misturar perfeitamente o fazer amor com fazer sexo. Foi suave e ao mesmo tempo rude, foi selvagem e ao mesmo tempo passional.
Passamos algumas horas nos braços um do outro, ele me fazendo contar sobre quando eu descobri que estava grávida, quem estava comigo, como eu me senti, tudo. Me abri com ele e conversamos sobre as minhas inseguranças. É claro que essa conversa só serviu para eu me sentir mais ridícula ainda sobre em algum momento ter pensado que Joe fugiria ou se casaria forçado comigo. Felizmente ele não se magoou por eu ter pensado dessa forma, ou pelo menos não demostrou estar magoado.
Quando eu cheguei aqui, somente há dois dias, eu estava com medo, insegura e me sentindo triste. Agora estamos fazendo as malas e planos para o futuro, sem conseguir manter as mãos longe um do outro por mais de cinco minutos. Parece que eu fui transportada direto de um pesadelo para o melhor dos sonhos.
— Então, o que você acha? Como vamos chegar a Dallas amanhã bem de manhã, podíamos contar as novidades para eles na hora do almoço, ou talvez no jantar. 
— Acho que um jantar seria ótimo, mas...Não acha que estamos esquecendo de algo? — Pergunto hesitante, o assunto é delicado.
— O que?
— O vídeo de Eva. — Seu sorriso some na hora e eu me sinto mal por estar estragando sua alegria. Mas é um assunto que precisa ser discutido.
— Eu até tinha me esquecido disso. — Ele responde abaixando a cabeça.
— Será que eles já viram? — Pergunto com traços de medo na voz.
— Não sei. Estamos isolados aqui, não sabemos o que esta acontecendo na fazenda. Talvez ela já tenha mostrado, talvez não. Ela é maluca e eu não sei como ela pretende agir.
Dobro minha blusa e guardo com as outras, me sinto culpada pelo clima pesado que se instaurou no quarto.
— Você acha que isso pode fazer os seus pais reagirem mal a noticia do nosso casamento?
— Talvez. — Respondo sinceramente.
— Eu consegui conquistar a confiança deles, eles me deram uma chance, e agora aquela vadia vai estragar tudo. — Ele diz irritado.
— Eu vou conversar com papai e mamãe, eles vão entender que o Joe da filmagem não é o mesmo que vai se casar comigo. Vai ficar tudo bem, meu amor. — Digo indo abraça-lo.
— Promete? — Ele pergunta envolvendo seus braços em mim.
— Prometo. Nós prometemos não deixar nada nos atrapalhar, lembra? Não vai ser isso que vai nos fazer descumprir a promessa. E tenho certeza que depois que eles ouvirem a palavra ‘avós’ vão esquecer qualquer outra coisa.
Sinto um sorriso se formando em seus lábios, a alegria de volta em sua voz quando ele diz:
— Minha mãe vai ficar louca, ela sempre quis tanto um netinho. — Sorrio ao imaginar a cara de Denise quando contarmos, imagino a cara de todos.
Com exceção de Nick, imagino que todos vão ficar felizes por nós. Pensar em Nick me entristece um pouco, mas o nosso afastamento não é culpa de ninguém além dele mesmo. Só espero que com a noticia do casamento, ele perceba o quão injusto tem sido com Joe e peça perdão.
Terminamos de fazer as malas e as colocamos no chão. Uma de Joe e uma minha. Vamos tomar banho e fazemos amor novamente, embaixo da água quente do chuveiro.
Procuramos deixar à cabana tão em ordem como a encontramos, apesar de certamente ter alguém que vá vir limpa-la assim que sairmos.
Enquanto Joe leva as malas para o carro, encaro meu celular. Estou com medo de liga-lo. Será que Eva me mandou o vídeo como mensagem? Será que se eu ligar o aparelho vou receber inúmeras mensagens de Miley dizendo que nossos pais estão loucos atrás de Joe e mim porque ele viram o tal vídeo?
Decido que o melhor é que o celular continue desligado, vou deixar para lidar com tudo pessoalmente.
Vou até a grande parede de vidro da sala admirar a bela paisagem uma última vez. Mas logo minha atenção é prendida por algo mais belo. Meu anel de noivado.
Elevo a mão na altura dos meus ombros e observo o anel. É maravilhoso, deve ter custado uma fortuna. Fico feliz e agradecida pela consideração de Joe em me comprar algo assim, mas se ele tivesse me pedido em casamento com um barbante amarrado no lugar, teria sido perfeito do mesmo modo.
Tão distraída que estou admirando a joia que simboliza nosso compromisso, que não escuto Joe se aproximando, tomo consciência da sua presença apenas quando ele envolve seus braços em minha cintura e me abraça por trás.
— Não me diga que está reconsiderando. Porque eu não vou permitir que você me escape, você é minha. — Como se para confirmar suas palavras, ele me puxa para mais perto e me abraça mais apertado.
— E eu não gostaria que fosse diferente, meu amor. Estou admirando, de forma alguma reconsiderando.
— Vou sentir falta dessa vista. — Joe diz depois de alguns minutos de silêncio. Ambos olhamos admirados para as enormes montanhas banhadas pelo escuro e denso manto da noite.
Por mim ficaríamos mais uma semana, apenas um final de semana é muito pouco para desfrutar de uma cidadezinha tão adorável como essa. Mas infelizmente temos responsabilidades, uma vida, problemas que necessitam de nossa atenção.
Falando em problemas...A imagem de Vince surge em minha mente imediatamente. Joe foi tão corajoso em me contar sobre a chantagem de Eva, deve ter sido difícil e muito vergonhoso, mas ele honrou nosso acordo de sem mais omitir nada um do outro. Eu devo honra-lo também. Tenho que lhe contar sobre o que aconteceu entre Vince e eu, não quero estragar mais ainda o seu humor, mas infelizmente falar sobre Vince e Eva é necessário.
— Amor... — Chamo-o apreensiva, não sei como ele reagirá.
— Sim, linda?
— O fato de você ter sido honesto comigo sobre o que te fez vir correndo para cá, significa muito para mim. Acho que eu te devo o mesmo, tenho que ser honesta com você.
— Tem algo acontecendo?
— Não é nada realmente, mas quero que você fique sabendo sobre o que aconteceu por mim, e quero que você entenda que não significou nada.
— Estou com a sensação que não vou gostar disso. — Ele diz se afastando e me virando para me olhar nos olhos.
— Aconteceu uma coisa... — Começo. — Foi no dia em que eu fui ao médico ver o resultado do meu exame de sangue e tive a certeza que estava grávida. Quando voltei para meu dormitório Vince estava lá me esperando. Nós conversamos brevemente, mas eu estava tão cansada, emocional e fisicamente, que acabei adormecendo no sofá. Eu achei que ele tinha ido embora, mas quando eu acordei ele estava...Bem, ele estava deitado no sofá, comigo.
A expressão brava que surgiu em seu rosto assim que mencionei o nome do meu ex namorado, agora se tornou não apenas brava, mas sim furiosa.
— Você está me dizendo que aquele filho da puta aproveitou que você estava dormindo e se deitou ao seu lado? — Ele claramente está tentando conter a voz.
— Sim.
— Então vocês dormirão juntos. Abraçados? — Posso ver o controle tentando fugir do seu poder, mas ele resiste e claramente luta contra a vontade de explodir.
— Sim. — Respondo.
Ele balança a cabeça e permanece em silêncio, encarando um ponto fixo no horizonte, além da janela atrás de mim.
— Tem mais. — Digo e ele me olha com os olhos semicerrados.
— O que?
— Ele me beijou. — Conto me lembrando de quando Vince me apertou contra seu corpo e juntou sua boca com a minha.
Vejo um fogo muito diferente daquele de quando ele está com desejo passar por seus olhos. Ele repousa as mãos na cintura e não me olha nos olhos quando pergunta:
— Você sentiu algo, por menor que seja? — Sua voz treme.
— Senti. Eu senti raiva, me afastei e o mandei embora.
— Nada de coração acelerado? Nada de frio na barriga? — Ele pergunta e eu tenho que rir.
— Eu só sinto essas coisas com você, meu amor. — Seguro seu queixo e faço-o olhar para mim. — O que eu sentia por Vince não existe mais há um bom tempo. Agora só existe você em minha mente e em meu coração. Eu te amo.
Joe me puxa para si e me abraça, encaixando a cabeça em meu pescoço e puxando uma lufada de ar profunda.
— Pensei naquela vez que você chorou em meus braços por causa dele, o quanto você disse que o amava e o queria.
— Aquilo já passou, está tão distante do que eu sinto agora, que parece que foi em outra vida.
— Tenho muito medo de te perder. — Ele admite.
— Você acha mesmo que corre esse risco? Quem tem medo de ser abandonada aqui sou eu. Eu te amo e nunca te trocaria por nenhum outro homem.
— E eu não te trocaria por nada nesse mundo, não existe nada que eu queira mais do que ficar com você e nossa princesinha. Não vou ficar parado enquanto Eva, Vince e até mesmo Nick tentam nos separar. Assim que voltarmos a Dallas, vou tomar providências contra todos que desejam nos ver longe um do outro.
— Joe, o que você pretende fazer? — Pergunto olhando-o com a testa franzida e com um pouco de medo do que ele tem em mente.
— Tudo o que for necessário. — Ele responde.
Joe
Entro no prédio com passadas largas e determinadas. Olho para meu celular pela terceira vez em um intervalo de tempo de dez minutos. Demi iria faltar aula e ir até a fazenda para conferir quais foram os estragos de Eva, ela disse que me ligaria assim que pudesse para me manter informado.
Enquanto isso, pretendo começar o meu plano de retaliação. Passo pelo saguão e olho para o lugar onde, poucos dias antes, Eva me mostrou aquele vídeo nojento e tentou me chantagear. Não tive nenhuma noticia dela até agora, ela não me ligou ou deixou mensagem, mas sei que deve estar furiosa por eu não ter cedido e ido encontra-la sexta, não sou ingênuo o suficiente para achar que as coisas vão ficar por isso mesmo. Vem chumbo grosso por aí, por isso mesmo eu pretendo dessa vez estar preparado para enfrenta-la.
Desço no meu andar e pego os recados com minha secretária, entro em minha sala e me tranco lá dentro.
Observo o porta retrato com uma foto de Demi que enfeita minha mesa. Pai, eu vou ser pai. Essa mulher maravilhosa me deu dois presentes inestimáveis. Uma filha – não importa o que ela diga, eu sei que é menina – e uma resposta afirmativa ao meu pedido. Eu vou me casar com a mulher que eu mais amo e nos vamos ser pais.
Não consigo nem começar a descrever o tamanho da alegria que estou sentindo desde do momento em que ela me deu essas duas coisas.
É pensando nela e na minha filha, que pego o telefone e chamo Will até minha sala.
Poucos minutos depois escuto uma batida em minha porta e a cabeça sorridente de Will aparece.
— Hey, Joe. Que bom que já está de volta, achei que não viria trabalhar hoje. — Ele diz se aproximando de minha mesa.
— Nem sei se estou com cabeça para trabalhar hoje, mas precisava falar com você urgente.
— Aconteceu algo? — Ele se senta na cadeira a minha frente.
— Sim. Primeiro de tudo, eu vou me casar. — Digo e uma risada me escapa quando vejo a cara engraçada que Will faz.
— Como assim? Ah meu Deus, é sério isso?
— Muito sério. Pedi Demi em casamento esse final de semana e ela aceitou.
— Cara, uau...Parabéns. É uma pena que você não fará mais parte do nosso grupo de solteiros, mas também, não acho que você vá sair perdendo, com uma mulher igual a que você tem, o que mais você poderia querer, não é? — Ele pisca e me lança um sorriso travesso.
— Exatamente, eu já tenho tudo o que eu possa querer. E tem mais...Ela está grávida, eu vou ser pai, cara. — Meu sorriso se alarga e Will parece mais surpreso ainda.
— O que? Cara...Nossa, deixa eu te dar os parabéns direito. — Ele se levanta e eu faço o mesmo, ele me dá um abraço e uns tapas nas costas.
— Estou muito feliz por você, cara. Sei que essa mulher te mudou, todo mundo aqui viu como você ficou mais feliz e menos ranzinza. — Reviro os olhos e volto a me sentar em minha cadeira.
— Obrigado...Eu acho.
— Era esse o assunto urgente?
— Não. O que eu tenho para falar com você é algo extremamente desagradável e que requer muita discrição.
— Pode falar. — Sua expressão fica séria depois de ouvir a urgência em minha voz.
— É uma situação delicada, mas eu sei que posso contar com você. — Ele balança a cabeça concordando. — Uma mulher com quem eu me envolvi alguns anos atrás ressurgiu em minha vida para atormentar o meu relacionamento, ela está me chantageando e eu gostaria de fazer algo a respeito.
— Claro, no que eu puder ajudar...Só preciso que você me coloque a par da situação. Quem é ela?
— Aí é que entra a parte mais complicada. Ela é a esposa do Carlson Thompson. — Assim que digo essas palavras e Will as assimila, seus olhos quase saltam para fora e seu queixo cai.
— Você se envolveu com a esposa gostosona do poderoso dono das companhias Thompson?
— Muito tempo atrás, Will. Antes dela ser casada com ele.
— Puta merda, cara. Conta mais, isso vai ficar cada vez mais interessante, não é? — Ele se empertiga na cadeira e parece mais animado do que uma criança prestes a ouvir uma história que adora.
— Ela é maluca cara, pirada. Me perseguiu durante meses anos atrás e agora que nos reencontramos ela voltou a fazer isso. Ela possui um vídeo, não adianta me peguntar que eu não vou dar detalhes, e ameaçou envia-lo para Demi e a família dela se eu não dormisse com ela. O prazo acabou e eu não cedi a sua ameaça, não sei se ela pretende mostrar só para eles ou se para o mundo todo.
— Colocar na internet? Isso não é nada bom.
— Eu sei. Por isso preciso da sua ajuda, quero neutralizar essa ameaça e garantir que Eva nunca mais ameasse eu ou Demi. Hoje em dia existe leis contra esse tipo de coisa, não é? Você é o advogado aqui, me dê alguma luz.
— Minha área não é a criminalística, mas posso te indicar vários colegas excelentes.
— Ótimo, por favor, faça isso. Mas tem outra coisa que eu gostaria de te pedir.
— Só falar.
— Eu preciso que você monte um dossiê sobre Eva para mim. Eu quero saber todos os podres dela, desde a época em que estávamos juntos até hoje, preferencialmente as coisas ilegais que ela fez.
— Tudo bem. Mas o que você pretende com isso?
— Ela causou dor a pessoa mais importante da minha vida, e por causa disso, eu pretendo acabar com ela.
Demi
— Alguém em casa? — Chamo assim que abro a porta. O fato de eu não ter recebido nenhuma mensagem durante o final de semana não significa nada, mas confesso que me deu uma certa esperança que Eva não tenha agido ainda e dê tempo de Joe e eu tentarmos contornar a situação.
— Filha. — Mamãe aparece com um sorriso no rosto e os braços abertos.
— Como foi seu final de semana?
— Foi ótimo. E por aqui, alguma novidade? — Pergunto apreensiva.
— Não, nada de interessante. Tudo tranquilo como sempre.
— Mesmo?
— Sim. Porque, deveria ter acontecido algo?
— Não, não. Só querendo saber, mas me diga... — Tento mudar de assunto e não deixar transparecer o tamanho do alívio que eu sinto ao constatar que pelo menos por enquanto, eles ainda não sabem da existência da filmagem. — Como está Selena?
— Ah, ela está ótima. Ela e o seu irmão estão muito otimistas depois que falaram com a médica.
— Que bom, torço muito por eles.
— Demi, quando você e Nick vão voltar a se falar? — Mamãe pergunta com uma expressão triste, sei que essa briga entre meu irmão e eu não afeta apenas nós dois.
— Isso só depende dele. Quando Nick parar de ser um idiota e pedir desculpas a mim e Joe, aí talvez eu volte a falar com ele.
— Ah filha. — Mamãe acaricia meu rosto e me dói ver a tristeza em seus olhos. Só me faz ter mais raiva de Nick.
— Queria conversar com a senhora sobre uma coisa importante.
— Pois fale.
— Gostaria de organizar um jantar com toda a nossa família e os Jonas. Joe e eu temos algo para contar para todos. — Um sorriso começa a se formar nos lábios de mamãe.
— Ah meu Deus, vocês vão...
— Nada disso, sem mais informações por enquanto. Vai ter que esperar até a hora do jantar. Será que você pode, por favor, preparar algo especial e avisar a todos que ele e eu queremos comunicar algo a todos.
— Eu já posso imaginar o que seja, oh Deus. Por favor, me diga agora, filha. Ele pediu você em casa...
— Psiu, mãe. Não estrague a surpresa, você vai saber junto com os outros. — Digo dando-lhe um sorriso travesso. Sabia que assim que eu falasse algo, minha mãe iria desconfiar sobre casamento, por isso vai ser muito mais divertido quando contarmos sobre o bebê. Ela nunca vai suspeitar.
— Oh céus, vou começar a preparar as coisas. Preciso ver se tenho tudo, se não você terá que ir até Wills Point e comprar algumas coisas para mim...Ah, e tenho que ligar para Denise. — Mamãe diz se encaminhando para a cozinha. Só ela para querer começar a preparar o jantar às 9 horas da manhã.
Sorrio com o seu evidente entusiasmo e me sinto um pouco diabólica por armar para que ela se concentre na possibilidade de Joe ter me pedido em casamento, e não que eu possa estar grávida.
Será uma grande surpresa para todos. Bem, menos para Miley.
Vou atrás dela na cozinha e uma pilha de cartas em cima do balcão do corredor chama minha atenção.  
— Mãe, essas cartas são as correspondências que chegaram hoje? — Grito para ela observando o envelope pardo junto com os outros envelopes brancos.
— É sim. Porque, está esperando algo? — Ignoro sua pergunta e pego o envelope que me chamou a atenção e me trouxe uma sensação ruim.
Não a nada escrito, além de “Família Lovato” em uma letra cursiva elegante e feminina. Sinto um arrepio na espinha.
O envelope ainda está lacrado, então abro-o e retiro seu conteúdo. Um DVD e um papel dobrado que diz o seguinte:
Tenho certeza que esse não é o homem que vocês querem para a sua adorável Demi. Assistam esse DVD e vejam quem Joe Jonas realmente é.           E.M.T.
Eles não sabem de nada não porque ela não enviou a filmagem, mas apenas porque eles ainda não abriram o envelope. Meu Deus, ainda bem que eu vi isso antes de papai e mamãe.
Rapidamente guardo tudo dentro da bolsa e tento me recompor para ir falar com mamãe sem que ela perceba que algo aconteceu.
Mas antes, envio uma rápida mensagem para Joe.
Demi: Eles não viram. Interceptei o dvd antes deles, está seguro. Por enquanto está tudo normal, mas tenho a sensação que ela não deixará por isso mesmo. Precisamos fazer algo. Sua D.
Quase que imediatamente recebo uma resposta.
Joe: Já estou fazendo algo a respeito. Falou para eles sobre o jantar?
Demi: Oq vc quer dizer com isso? Sim, mamãe desconfiou na hora que estamos noivos, mesmo eu não estando com o anel. Mas a outra noticia, ela nunca desconfiará, vamos pegar todos de surpresa ;)
Joe: Apenas confie em mim, quando chegar a hora eu te conto tudo, ok? Como assim não está com o anel??? Não quero vê-la sem ele nunca!!
Demi: Eu confio. Usar um anel de noivado seria óbvio demais, não acha?? Queremos fazer uma SURPRESA, lembra? Depois disso prometo não tira-lo mais.
Joe: Bom ponto, entendi. Vc pode trazer o dvd para mim?? Vou precisar dele para oq estou planejando.
Demi: Tudo bem. Chego aí daqui duas horas, pode ser?
Joe: Perfeito...Lembre da sua promessa, não assista, mesmo que você queira muito.
Demi: Não vou, pode confiar. Nos vemos logo, te amoo!!!
Joe: Eu amo mais. Você e nossa princesa!!
Demi: Ou príncipe...
Joe: Não, é princesa mesmo!! Te amo, bjos!!
Rio ao ler sua mensagem. Joe tem uma certeza irritante que nosso bebê é uma menina, não tem como ele saber e mesmo assim ele age como se estivesse certo. Só quero ver sua cara quando o médico nos falar que é um menino. Sim, eu aposto que é um menino.
Vou até a cozinha para me despedir de mamãe, se eu ficar muito tempo por aqui, ela vai conseguir me irritar o suficiente para que eu lhe confirme que o motivo do jantar é o meu noivado com Joe.
Além do mais, preciso entregar esse DVD para Joe. Só Deus sabe o que ele está planejando, mas eu confio nele e sei que na hora certa ele vai me contar.
Joe e eu chegamos juntos para o jantar, não sei por que, mas estou muito nervosa.
— Relaxe, meu amor. — Joe diz quando percebe minha tensão.
— Eu estou relaxada. — Minto, mas é mais para que eu mesma acredite do que ele.
— Ah é mesmo? Então porque você está esmagando minha mão? — Ele diz com um sorriso divertido no rosto. Olho para baixo, para nossas mãos entrelaçadas. Não havia percebido que apertava sua mão com tanta força, afrouxo o aperto e lhe dou um sorriso de desculpas.
— Está tudo bem, tudo vai ficar bem. Eles vão ficar felizes por nós. — Ele diz com tanta confiança que me tranquiliza. Ele tem razão, provavelmente é besteira que eu esteja tão nervosa. Eu tenho essa tendência a pensar o pior das reações das pessoas.
— Você tem razão, vamos.
Entramos na casa dos meus pais e assim que fazemos isso, um cheiro maravilhoso vindo da cozinha nos recebe.
— Chegamos. — Joe anuncia. Andamos em direção as vozes que escutamos, vindas da sala de estar. Quando chegamos a porta, mamãe já estava fazendo seu caminho para nos receber.
— Que bom que vocês chegaram, meus amores. — Mamãe me abraça e depois Joe.
Olho para a sala e vejo todos ali; Denise, Paul, Kevin, Dani, Miley, Miguel e papai.
Os únicos que faltam são Holly, Selena e Nick. Holly provavelmente não pode vir, já que ela mora em Austin e esse jantar foi organizado em cima da hora, mas quanto ao meu irmão?
Depois de dar um abraço e um beijo em todos, pergunto para ninguém especial:
— Onde está Nick e Selena?
— Eles não chegaram ainda. — Mamãe diz tentando fingir um sorriso.
Nos sentamos na sala com todos para conversarmos até que o jantar esteja pronto. Ninguém toca no assunto, mas a ansiedade é perceptível no ar. Apesar de desconfiarem, eles estão esperando a nossa confirmação, é até engraçado ver suas expressões inquietas e o evidente esforço para não perguntarem nada. Eles sabem que quando chegar a hora, nós falaremos. De todos os presentes, quem parece mais prestes a explodir e nos chacoalhar procurando por respostas é Denise, a mãe de Joe.
Ela sim, eu tenho certeza que ficará feliz com ambas as noticias.
Quando mamãe anuncia que o jantar está pronto, todos nos dirigimos para a mesa posta.
— Não podemos começar sem Nick. — Digo apreensiva por ele não ter chegado ainda.
— Vou ligar para ele e perguntar o porquê da demora. — Mamãe diz e some pela porta.
Todos nos sentamos no lugar. Olho para minha mão nua, meu anel está escondido seguramente em minha bolsa, depois de contar-lhes as novidades, vou coloca-lo e deixar que admirem. Miley com certeza ficará louca.
Mamãe retorna com um misto de tristeza e vergonha no rosto.
— Hum...Ele e Selena não veem. — Assim que ela diz essas palavras um silêncio pesado e constrangedor se instala no ambiente.
— Eu falei para aquele garoto que isso era importante. Que Demi e Joe tinham algo importante para nos contar. — Papai diz evidentemente irritado com Nick.
— Foi por isso mesmo que ele não veio. — Joe diz sem emoção.
O clima pesado continua até que mamãe se esforça para mudar a situação. Ela serve a comida na mesa junto com uma garrafa de vinho.
Comemos, conversamos e rimos durante pelo menos uma hora, depois disso mamãe serve a sobremesa. Que são as suas famosas tortas, é claro.
Estou levando mais uma garfada a boca, quando de repente mamãe explode e bate da mesa.
— Tudo bem, vocês já nos torturam o suficiente. Confirmem logo o que todos aqui já suspeitam. — Ela diz impaciente. Todos se calam e olham para mim e para Joe com expectativa.
Sorrio para meu noivo e ele sorri para mim, segura minha mão por debaixo da mesa e entrelaçamos nossos dedos.
— Demi e eu quisemos reunir todos os que nós amamos nesse jantar para contar que...Sim, estamos noivos. — Assim que Joe diz essas palavras, Denise, Miley, Dani e mamãe soltam um grito em uníssono que me obriga a largar a mão de Joe e tampar meus ouvidos.
Os homens a mesa são mais contidos, mas todos se levantam com sorrisos nos rostos e vem nos cumprimentar. Denise sai apressadamente na frente de todos e me dá um abraço que quase leva nos duas ao chão.
Logo mamãe se junta a ela e as duas me abraçam e falam ao mesmo tempo coisas que eu não compreendo muito bem.
— Calma, calma...Vocês estão me sufocando. — Digo rindo.
— Temos outra novidade. — A voz de Joe soa mais alta do que os gritinhos e falatório da minha mãe e sogra.
Elas se afastam e nos olham extáticas. Os homens também com aquele olhar e sorriso bobo nos lábios.
Joe se aproxima de mim e me envolve com um braço e repousa sua mão em meu estômago.
— Vocês vão ser vovós. — Ele e eu falamos ao mesmo tempo, como tínhamos combinado.
O queixo de todos caem, Denise coloca a mão no coração e ela e mamãe começam a chorar. Paul e papai se olham com emoção e se abraçam.
Kevin vem e dá um abraço de urso no irmão. Uma confusão se segue, todos querem nos abraçar e dar os parabéns ao mesmo tempo.
Papai me abraça e começa a chorar, me fazendo chorar também.
Todos estão em êxtase e junto com a emoção e choradeira vem as perguntas; Como foi o pedido, quando descobrimos sobre o bebê, qual a data do casamento, cadê o anel de noivado e assim por diante.
Pego meu anel e coloco no dedo, mostrando para todos. Passamos as horas seguintes num estado de extrema excitação e alegria pura.
— Viu, eu disse que não tinha com que se preocupar. Todos estão muito felizes por nós.
— Eu sei, fiquei tão feliz que tivemos o apoio de todos. — Digo para Joe enquanto ele nos leva de volta para Dallas. — Só queria que Nick tivesse vindo. — Complemento com tristeza.
— Seu irmão é o maior cabeça dura que eu já vi na vida. — Joe diz soltando um suspiro. Eu sei que ele sente falta do melhor amigo.
— Talvez depois que ele saiba sobre o casamento e o bebê, ele finalmente veja que você mudou e que nós nos amamos.
— Sobre isso...Eu gostaria de contar para Nick, sozinho. — Ele diz e eu o olho confusa.
— Como assim? Não acha que isso é algo que devemos fazer juntos?
— Eu sei, por isso se você não concordar eu não vou fazer nada, mas é que...Eu não me esqueci do que ele fez. De quão idiota ele foi ao lhe contar sobre minha antiga vida e chamar aquilo filho da mãe do seu ex para o nosso almoço em família. Estou com isso entalado na minha garganta até agora. Quero de uma vez por todas ter uma conversa muito séria com seu irmão, vou deixar claro que nada que ele possa fazer vai nos separar.
— Não sei se eu gosto muito dessa ideia, amor. Você lembra o que ele fez com você, Joe, você foi parar no hospital. Tenho medo que...
— Não tenha. — Ele me corta e segura minha mão. — Confie em mim, meu amor.
— Você sabe que eu confio. Se é isso que você quer, tudo bem, vá em frente. Mas tome cuidado, não deixe Nick lhe bater, se não eu juro que eu vou acabar com ele.
Joe
Estaciono minha caminhonete em frente à casa onde meu ex melhor amigo mora. Ontem foi o cumulo da idiotice ele não aparecer no jantar. Eu vi o olhar de tristeza nos olhinhos de Demi, e aquilo acabou comigo. Saber que ela ama tanto o irmão, mas mesmo assim se afastou dele por minha causa, faz meu coração pesar com culpa.
Eu voltei da viagem a Vermont decidido a neutralizar todas as possíveis ameaças ao meu relacionamento com Demi. Já comecei a fazer isso com relação a Eva, espero que até o final dessa semana o dossiê esteja pronto, também vou marcar uma reunião com o advogado especializado em crimes dessa espécie.
Subo na varanda e bato a porta. Uma Selena surpresa me recebe, aposto que de todas as pessoas do mundo, eu seria a última que ela esperaria ver batendo a sua porta, devido as circunstâncias.
— Joe, aconteceu algo? O que você está fazendo aqui? Se Nick te ver ele...
— Eu vim para falar com ele. Onde aquele idiota está?
— Ele foi procurar uma ovelha que escapou, logo deve estar de volta. Quer entrar?
— Obrigado. — Entro e a sigo até a sala. — Como você tem estado, Selena?
— Muito bem obrigada. — Ela remexe as mãos nervosamente. — Desculpe, não quero ser rude, mas...Não acho que você estar aqui seja uma boa ideia.
— Eu entendo sua preocupação, mas vou lhe dizer o mesmo que disse para Demi. Não precisa se preocupar, eu vim em paz, apenas para conversar.
— O problema é que pode ser que Nick não veja dessa forma, ele pode encarar sua vinda até aqui como uma provocação.
— Eu só vim para lhe contar algo que ele deveria ter ouvido no jantar de ontem, se vocês tivesse ido. — Lanço-lhe um olhar acusatório, mesmo sabendo que ela não tem culpa. Selena desvia o olhar para o chão e parece envergonhada. Aposto que ela queria ir, mas Nick deve ter impedido-a.
— Sinto muito. Você pode me dizer agora se desejar. — Ela me dá um sorriso simpático.
— Demi e eu vamos nos casar. — Digo com um sorriso largo no rosto.
— Oh meu Deus, Joe. — Ela leva as mãos até a boca. — Isso é maravilhoso, parabéns. — Selena se levanta e vem me abraçar.
— Obrigado. E tem mais uma coisa também.
— E o que é?
— Demi está grávida, eu vou ser pai. — Não profiro as palavras tão animadamente quanto gostaria, pois sei da situação delicada de Selena após a cirurgia.
— Oh...Isso é...Isso é fantástico. — Ela diz com um sorriso vacilante e que não chega aos olhos. — Isso é fantástico mesmo. — Ela diz e me abraça. — Parabéns. — Sua voz sai chorosa.
Me sinto horrível quando vejo seus olhos cheios d’água. Pobre Selena, ela não merece passar pelo que está passando. Talvez eu não devesse ter lhe contado.
— Sinto muito, Selena. Eu sei que...
— Oh não, eu é que sinto muito. Estou feliz por vocês, de verdade, é só que...É difícil. — Ela diz limpando as lágrimas do rosto.
— Sinto muito mesmo. Espero que tudo de certo para vocês.
— Obrigada, Joe.
— Amor, você não vai acredita onde... — A voz de Nick se aproxima e ele se cala, assim que me vê parado perto de sua esposa. Sua expressão muda imediatamente para uma carranca.
— O que diabos você está fazendo aqui? — Ele olha para Selena e vê seus olhos vermelhos pelo choro. — O que você fez para minha mulher, seu filho da mãe?
— Joe não fez nada, amor. — Selena se apressa em esclarecer. — Ele veio te contar algo muito importante, acho melhor você ouvi-lo.
— Nem fodendo. — Ele grunhe.
— Nick, por favor, escute o que Joe tem a dizer. Vou deixa-los a sós. Com licença. — Quando ela passa por Nick, ele lhe dá um beijo rápido e carinhoso nos lábios, e então Selena some deixando apenas nós dois.
— Não tem absolutamente nada que você possa dizer que me interesse. A não ser que você tenha resolvido criar vergonha na cara e acabar com essa palhaçada que você chama de relacionamento. — Ele diz ríspido.
— Não, na verdade o que eu tenho para te dizer é justamente o contrário.
— Como assim? — Ele franze a testa e cruza os braços. Vejo os músculos dos seus braços se apertarem na camisa e me lembro da dor de sentir toda a força deles investida contra meu rosto.
— Nick...Sua irmã e eu vamos nos casar.
Seus braços caem ao lado do corpo, seus olhos se arregalam e primeiro uma expressão de surpresa, depois de horror, se instala em suas feições.
— Você está mentindo, não pode ser. — Ele diz incrédulo.
— E tem mais...Ela está grávida de um filho meu. — Assim que digo essas palavras, Nick faz um barulho semelhante como se tivesse acabado de levar um soco no estômago. Ele dá alguns passos desnorteados para trás até bater na parede, onde se apoia, visivelmente abalado pela noticia.
— Não pode ser verdade... — Ele diz balançando a cabeça. — Não acredito.
— Nós anunciamos para todos ontem, no jantar.
— E como ele reagiram?
— Muito bem, todos ficaram muito felizes.
— Bando de cegos. Será que só eu vejo que isso é um desastre? — Ele faz uma pergunta retórica, mas não posso deixar de responde-la.
— Isso não tem nada de desastre. Sua irmã e eu nos amamos e...
— Cala a boca. Chega, não aguento mais ouvir essas palavras saindo dessa sua boca suja. — Ele me olha com nojo.
— É a verdade.
— Você é o pior ser humano que eu conheço. Não posso acreditar que você engravidou minha irmã. Você vai casar com ela só por causa da criança, não é? Vai condena-la a uma vida infeliz.
— Claro que não. Eu a pedi em casamento antes de saber sobre o bebê. Você acreditando ou não, gostando ou não, eu amo a sua irmã com todas as minhas forças. — Digo, mas é como se não tivesse, Nick parece não me escutar.
— Você é mais baixo do que eu jamais poderia imaginar. Você é doente, sabia?
— E você é teimoso, cego, idiota e a lista continua. — Digo cruzando os braços.
— Você veio até a minha casa para me insultar, quem você pensa que é?
— Não, eu vim até a sua casa para lhe contar que você será tio e que em breve, muito em breve, Demi e eu vamos nos casar, e se você quiser receber um convite, é melhor você pedir perdão a ela e mudar sua atitude.
— Sua cara de pau me assusta ao mesmo tempo que me enoja. Eu nunca vou mudar de opinião sobre você, eu nunca vou apoiar a maior besteira que minha irmã poderia fazer na vida.
— Porque você é tão cego? De onde está vindo toda essa estupidez, essa raiva cega e essa teimosia? Você não enxerga que estou sendo sincero? — Digo indignado com como ele pode ser burro.
— A única coisa que eu enxergo, é que você é um bom mentiroso.
— E pensar que Demi achou que a noticia do nosso casamento fosse fazer você mudar de ideia. — Digo balançando a cabeça tristemente. Coitada do meu amor, vai sofrer quando souber que seu irmão talvez não tenha mais concerto.
— Só espero que ela veja quem você realmente é antes do casamento. Mas infelizmente o mal já está feito, e está crescendo na barriga dela.
Em um mero segundo minha visão escurece e sinto meu sangue ferver. Atravesso a sala com dois passos longos e agarro Nick pela camisa.
— Nunca, ouça bem, nunca mais ouse falar assim da minha filha, ou eu vou acabar com você. — Digo com os dentes cerrados, meu nariz a poucos centímetros de encostar no seu.
— Vá embora daqui agora. — Ela retira minha mão com violência e arruma a camisa.
— Eu vou, não tem mais nada que eu queira fazer aqui. Agora eu vejo que nossa amizade acabou e não tem mais salvação, tentei ser condescendente com você, mas chega. Agora quem não quer mais saber de você sou eu. Sua teimosia e ignorância estão machucando a pessoa que eu mais amo no mundo, e eu não vou te perdoar por isso.
— Bom, porque eu nunca vou te perdoar pelo que você está fazendo com a minha família.
— Eu não quero ver você perto de Demi novamente.
— Você não pode me impedir de ver minha irmã se eu quiser. — Ele diz petulantemente.
— Posso sim, mas não será preciso, pois basta eu dizer sobre como você falou da nossa filha, para que ela nunca mais queira te ver.
— Filho da puta, é isso que você quer? Fazer minha própria irmã me odiar?
— Você já está fazendo isso muito bem sozinho. — Minhas palavras parecem pegar em algum ponto fraco dele, fazendo-o engolir suas próximas palavras. — Só vou lhe dizer uma última coisa, Nick. Nunca mais tente fazer ou dizer algo para nos separar, ou eu juro por Deus que eu vou esquecer tudo o que passamos juntos, e vou acabar com você com minhas próprias mãos. Você não tem ideia do tamanho do amor que eu sinto por Demi, e eu vou fazer o que for necessário para que ninguém nos separe. Adeus.
Afasto-me e vou embora.
— Você está morto para mim. Você e ela, os dois. — Sua voz fria faz com que eu congele no lugar.
Não posso acreditar que ele disse isso. Meu Deus, como ele tem coragem? A raiva se reascende dentro de mim ao ouvir suas palavras. Como poderei dizer isso para, Demi? Ela ficará de uma maneira que eu não serei capaz de suportar vê-la. Ela sofrerá além do suportável, não posso contar sobre as palavras cruéis do irmão.
Fecho os olhos e me permito por um breve segundo, sentir a dor que suas palavras me causam. “Você está morto para mim...”. Essas palavras calam profundamente dentro do meu coração, mas não há tempo para permitir que elas me dilacerem. O que está perdido está perdido. Tenho que me concentrar na minha futura esposa e na família que vamos formar. Tenho que protege-las a qualquer custo, não tenho tempo para usufruir da dor de uma amizade perdida.
Caminho para fora da casa, querendo fugir do ar pesado. Sinto o vento e o ar fresco em meu rosto, que me fazem sentir melhor.
As providências contra Eva já estão sendo tomadas. Nick já foi. Agora falta Vince.
Não foi tão difícil assim descobrir onde Vince estaria antes do almoço. A Universidade deveria proteger melhor os dados dos seus alunos.
Estaciono há alguns metros do prédio onde ele deve estar terminando sua última aula de hoje e espero.
O prédio de Demi fica longe o suficiente daqui para que eu não me preocupe dela aparecer, mas caso eu seja pego, tenho a desculpa que vim encontra-la, pois combinamos de almoçar juntos hoje, para conversar sobre como Nick reagiu a noticia do casamento. Ainda não sei como serei capaz de  mentir para ela, na verdade não sei se deveria, eu prometi nunca mais esconder nada dela, mas será que vale a pena cumprir essa promessa se isso for quebrar seu coração? Como posso dizer que Nick disse que para ele, ela está morta? Que nós dois estamos. Isso foi pesado e cruel demais. Cada vez tenho mais certeza que, assim como eu mudei, Nick também mudou. Infelizmente para pior. Não quero nem pensar que essa mudança possa ser culpa minha, talvez se eu tivesse sido honesto desde o começo...
Minhas duvidas e autocondenação são interrompidos pela visão de uma cabeça ruiva e uma jaqueta do time de futebol americano da Universidade. É ele. Vince sai do prédio com mais dois caras, eles estão conversando e rindo.
A visão dele me causa nojo e acima de tudo, raiva. Ele a abraçou, a beijou. Saio do carro e bato a porta com mais força que a necessária. Aproximo-me dele com passos determinados, os punhos cerrados ao lado do corpo.
— Vince. — Chamo. Minha voz sai grossa e ameaçadora. Bom.
Ele e seus amigos se viram para mim, vejo um sorriso impertinente surgir em seus lábios.
— O que você quer? — Ele cruza os braços e seus amigos me olham desconfiados, com certeza já sentiram a tensão no ar.
— Conversar sobre Demi. — Digo simplesmente. Ele olha para seus amigos e faz um movimento de cabeça, eles se entreolham e então vão.
— Aqui não. — Ele diz e caminha até a lateral do prédio. Pela sua postura posso dizer que ele já deve ter percebido o que eu quis dizer com ‘conversar’. Pelo menos o filho da mãe não é burro. — Pelo visto ela contou sobre o beijo. — Vince para de andar e se vira para mim, deixando sua mochila cair no chão. — Estava ansioso por esse momento. — Ele diz com um sorriso convencido no rosto.
— Eu também. — Digo e parto para cima dele.
Toda a minha raiva, toda a minha frustração, me dominam de uma só vez. Disfiro um soco em sua direção com toda a minha força e o mais rápido que consigo.
Vince parece não esperar essa agilidade de minha parte e nada pode fazer para impedir que meu punho acerte seu queixo. Ele cambaleia para trás e eu deixo que se recomponha. Esse soco deve diminuir uma boa parte da sua arrogância.
Ele me olha surpreso e com a mão no queixo. A petulância deixa seu rosto e dá lugar ao ódio. Ele solta um grunhido e vem para cima de mim, com velocidade e vontade, como se eu fosse um dos seus adversários em um jogo de futebol.
Seus braços prendem minha cintura e ele me derruba no chão, disferindo logo que imediatamente um soco em meu rosto.
Mas ele não tem a menor chance. A raiva que eu sinto por saber que ele beijou a minha mulher me impulsiona e sinto que sou capaz de brigar com o seu time inteiro e sair vitorioso. Ele beijou os lábios errados, abraçou o corpo que me pertence. E eu sou um louco ciumento da porra.
Rapidamente e sem muito esforço, inverto a situação, bato suas costas com força no chão e fico em cima dele, acertando diversos socos em seu rosto. Com um golpe que ele deve ter aprendido em alguma aula de luta profissional, ele me joga para o lado e se levanta rapidamente.
Esperto. Sabe que se continuar no chão suas chances são quase nulas.
Ele levanta os punhos na altura no queixo e eu me jogo contra ele, nossos corpos se chocando com violência. Meu punho acertando seu rosto e o seu passando longe de mim, desvio com habilidade todas as suas investidas, e acerto todas as minhas em seu rosto ou estômago.
Ele já aparenta cansaço, e me aproveito disso para recuperar o fôlego também.
— Fique longe dela. — Ameaço.
— Será necessário mais do que isso para me afastar dela.
— Estou avisando, isso pode parar aqui. Nunca mais chegue perto de Demi e eu vou embora agora.
— O que, não aguenta mais? — Ele me provoca. Parto para cima dele de novo. Dou-lhe uma rasteira ao mesmo tempo que agarro seu braço e o torço dolorosamente para trás de suas costas.
Ele cai de cara no chão e eu subo em suas costas, na primeira tentativa dele de se livrar de mim, estico seu braço e empurro para frente. Ele grita de dor.
Apoio meu joelho com força em suas costas bem em cima das costelas e faço pressão.
— Você nunca mais vai chegar perto dela, entendeu? — Digo, ameaçador.
— Você não pode me impedir... — Empurro seu braço esticado mais para frente e ele grita novamente.
— Estou perdendo minha paciência com você. Essa é sua última chance, não quero que você fale, olhe ou pense nela, entendeu?
— Eu a amo e eu sei que ela... — Empurro mais seu braço em direção a cabeça, deixando-o numa posição não natural e que deve estar doendo pra caralho.
— Será que vou ter que quebrar seu braço para que você entenda? — Digo forçando-o mais.
— Não, não, não cara, eu entendi, eu juro que entendi...Por favor, esse é o braço que eu arremesso, por favor.
— Então diga, quero ouvir você. — Ele demora para falar algo então eu forço mais seu braço. Basta um bom empurrão para frente e seu braço estará quebrado. Vince começa a chorar de dor e esconde o rosto.
— Eu não vou chegar perto dela, ok? Não vou mais procura-la. Agora larga meu braço, porra.
— Não estou blefando, se você aparecer em nossas vidas de novo, um braço quebrado será o menor dos seus problemas. — Digo e largo seu braço. Retiro meu joelho de suas costas e levanto-me. Vince permanece no chão, envergonhado ou dolorido demais para se levantar.
Pela primeira vez me preocupo se alguém testemunhou o que aconteceu, mas parece que ninguém viu ou ouviu nada.
Arrumo minha camisa e os cabelos e me dirijo para minha caminhonete, a satisfação de ter batido nesse filho da puta é indescritível.
— Eu disse que ele tinha me pego desprevenido. — Digo com um sorriso vitorioso e satisfeito no rosto.


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