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— E eu os declaro marido e mulher. Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Amém.
Demi ouviu Brigitte fungar antes de a boca de seu novo marido tocar a dela. Alguns dias antes, ele a beijara com força na frente de Corinne. Dessa vez, ele a beijava como se realmente quisesse fazer aquilo, pelo bem do pai.
Ela deixou que ele tomasse seus lábios, mas queria que Joe soubesse que ela não via naquilo nada além do que aquilo ele pretendia.
Quando achou que o beijo já se prolongara demais, ela se afastou dos braços dele sem olhá-lo e se virou para agradecer ao padre por tornar tudo oficial.
— O prazer foi meu, madame Du Lac. Félicilations por seu casamento. Que você e Joe vivam uma vida longa e feliz juntos.
— Obrigada, padre.
Joe apertou a mão do padre.
— Não demorará muito até que o senhor batize nosso bebê.
Ele assentiu com a cabeça, que começava a ficar calva.
— Geoff me disse que vocês estavam esperando um bebê. Ficarei ansioso pelo evento. Posso perguntar quando sairão em lua de mel?
— Não faremos isso — Demi falou antes que Joe pudesse fazê-lo. — Não queremos deixar Geoff enquanto ainda estiver se recuperando da pneumonia.
O braço de Joe se apertou em volta da cintura dela.
— Eu a levarei assim que o bebê nascer e ela estiver bem o suficiente para viajar. Então, deixaremos grand-père bancar a babá para nós.
Geoff se levantou com facilidade. No dia anterior, Demi temera que a notícia sobre o acidente de Corinne e do cavalo o fizessem ter uma recaída, mas não fora o caso. Naquela tarde, ele se parecia mais com o Geoff que ela conhecera na Páscoa.
— Você não faz ideia de quanto tempo esperei que Joe me desse uma filha. — Ele andou até Demi e beijou-lhe o rosto. — E que filha! Você é uma bênção para esta família.
Demi não conseguiu evitar abraçá-lo.
— Eu o amo como se fosse meu pai — ela confessou, apenas para os ouvidos dele.
— Disse a Joe a mesma coisa sobre você no dia em que ele voltou para casa — ele respondeu com outro sussurro.
Quando se afastaram, ela agradeceu a Henri e a Brigitte pela ajuda. Eles não paravam de sorrir enquanto lhes desejavam tudo de bom antes de sair do quarto. Père Loucent os seguiu.
Os três finalmente ficaram sozinhos. Geoff olhou para o filho.
— Quais são seus planos?
— Vou levar Demi até a casa. Passaremos a noite lá e voltaremos pela manhã. Se precisar de nós para qualquer coisa, tudo o que tem a fazer é ligar.
Demi pôs a mão no braço dele.
— Você ficará bem?
— Não se preocupe comigo. Yves e Helene virão jantar aqui hoje.
— Fico feliz por isso. Não deveria ficar sozinho.
— Já esqueceu que não sou mais um inválido? Vão... esqueçam tudo e todos, a não ser vocês mesmos. Jamais haverá outra noite como esta em suas vidas.
— Obrigada, Geoff. — Demi novamente não conseguiu evitar abraçá-lo.
Ela sentiu Joe lhe puxar o braço. Ele agia como se estivesse ansioso para ir, mas já não tinham nenhuma pressa. Com o casamento concretizado e o bebê a caminho, tudo se acertaria.
Sem dúvida, ela deveria estar aliviada. No entanto, sentia uma estranha decepção que a deixou com raiva de si mesma.
Joe não se casara com ela porque estava apaixonado. Portanto, ela não deveria alimentar nenhum tipo de sentimento, a não ser felicidade pelas formalidades já terem terminado.
Ele a ajudou a entrar no carro. Demonstrando um grande cuidado, retirou a bainha do vestido novo dela do caminho, para que a porta não se fechasse sobre ela. Era um vestido de seda sem mangas, em cores creme e café com leite, que pendia dos ombros. Ela poderia usá-lo até o fim da gravidez.
Demi o comprara, junto com diversas outras roupas, no dia anterior, quando eles haviam ido a Lyseaux. As compras lhe tomaram mais tempo do que imaginava, e, por isso, Joe só tivera tempo de levá-la de carro até a porta da casa, para que ela desse uma olhada rápida.
Depois de se vestir para o casamento, Joe fora até o quarto dela e a surpreendera com uma guirlanda de flores de laranjeira para o cabelo, que ela decidira deixar solto.
— Pode usar isto por mim?
O perfume das flores fizera com que ela se sentisse uma perfeita noiva.
— Foi uma encomenda especial que fiz. Você vai perceber que na pintura de maio Guinevere está usando o que Lancelot fez para ela. Há algo de muito feminino em uma mulher usando flores no cabelo.
Ao dizer aquilo, ele a pusera sobre a cabeça de Demi e a observara por um momento. Talvez ela tivesse apenas imaginado a escuridão de desejo que invadira os olhos dele.
— Estarei no quarto de papa, esperando por você.
O coração dela se recusara a se aquietar depois daquilo. Ainda galopava quando saíram de carro do château.
— Um centime por seus pensamentos, ma femme.
Ela era mesmo a esposa de Joe. O olhar de Demi se fixou na nova aliança de ouro que se juntara ao anel de diamante.
— Acho que estava esperando que Corinne aparecesse do nada e interrompesse a cerimônia.
— Nada de falar de Corinne hoje. — Ele pegou a mão dela. — Nós nos tornamos uma família. Você, eu e nosso futuro bebê. Isso é tudo o que importa.
— Não, não é, Joe. Quando você ligou para o hospital, mais cedo, o que o médico disse sobre Corinne?
Ele acariciou os dedos dela.
— O médico de plantão disse que ela poderia receber alta amanhã. O psiquiatra quer transferi-la para a unidade psiquiátrica para começar o tratamento, mas não pode fazer nada sem a aprovação de Odette ou do pai biológico de Corinne.
"Até agora, Odette não quer aceitar o problema da filha, e seu ex-marido não quer saber delas há muito tempo. Duvido que sequer esteja no país."
— Geoff?
— Ele não é o guardião legal dela.
A cabeça de Demi se virou rapidamente para ele.
— Mas Corinne disse que ela era uma Du Lac.
— Papai, certamente, fez com que ela se sentisse como uma, mas jamais a adotou. Ela não tem direito algum no que diz respeito à nossa família.
"De qualquer forma, Odette se sente ultrajada por papa pensar que Corinne tem problemas mentais. Eu diria que não quer que ele interfira, principalmente se isso significar que ela também tenha que se submeter a um tratamento psiquiátrico."
— Não é de admirar que Corinne tenha bajulado seu pai por todos esse anos. Se ela não pudesse ter você...
— Só existe uma mulher que pode ter a mim. — Ele apertou os dedos dela antes de soltá-los para que pudesse fazer a curva e entrar numa pista margeada por velhos e graciosos carvalhos.
Já haviam chegado aos arredores de Rennes? Ela estivera tão envolvida com Joe que não percebera mais nada.
No final da rua ela observou a casa de campo cor-de-rosa com persianas azul-celeste que vira no dia anterior. Elas ladeavam janelas altas com suas pequenas vidraças, todas simétricas e separadas por uma imponente entrada no centro da casa. Era mais que encantador...
— Por que não aceitamos o conselho de papa e nos concentramos um no outro esta noite? Podemos jantar dentro ou fora da casa. O que você preferir.
No momento em que ele deu a volta na casa e ela viu o terraço, Demi soube o que queria.
— Adoraria comer ali fora. — O terraço dava para um jardim repleto de rosas. Havia um banco de pedra e uma pequena fonte. — Mal consigo acreditar em toda essa beleza.
— Esperava que dissesse isso. Louise deve ter feito uma de suas deliciosas galettes au veau com ervilhas frescas da plantação.
Antes de entrarem, Demi insistiu para que caminhassem pelo lado de fora.
— Jamais vi caminhos assim.
— São seixos de rios, escolhidos pela cor. A água corre com facilidade por eles. São colocados um ao lado do outro num tipo de mosaico popular desde o início do século XVII.
O olhar dela não parava em um lugar, indo na mobília de ferro forjado para os vasos com ranúnculos e papoulas.
O Château Du Lac era um pequeno castelo construído para um aristocrata. Mas aquela casa francesa coberta de glicínias e buganvílias era a realização da casa perfeita dos sonhos de Demi.
Meia hora depois Joe terminou o passeio com ela. O quarto menor no segundo andar, do lado oposto do corredor ao quarto principal, seria perfeito para o bebê.
Os cômodos comuns do primeiro andar eram cheios de luz e tão lindos que ela mal conseguia encontrar palavras para descrevê-los. Adorou tanto as coisas que chegou a ficar assustada. Seu coração já fincara raízes ali.
Na alcova que levava às portas do terraço, Joe a segurou pela cintura e a puxou de volta contra si.
— Bem-vinda à sua nova casa, madame Du Lac. Juro que farei tudo o que puder para que você e o bebê se sintam confortáveis e felizes.
Trêmula, ela se virou nos braços dele e olhou-lhe o rosto.
— Você já conseguiu isso. Uma pessoa teria que ser feita de pedra para não ser afetada por toda essa beleza. Posso jurar que estou vivendo algum tipo de sonho.
As mãos dele deslizaram para os ombros dela. Joe a puxou para ainda mais perto.
— Eu me sinto da mesma forma.
Demi sentiu o coração bater nas têmporas.
— Você está muito bonita, Demi. Quero beijá-la.
Provavelmente, queria mesmo. Definitivamente, havia uma química entre eles. Mas Demi tinha a sensação de que suas decisões dali em diante teriam consequências futuras.
Mais do que qualquer coisa no mundo, ela adoraria conhecer o beijo dele. Não o beijo irado que ele lhe dera na cozinha, naquela primeira noite, mas o que seu novo marido gostaria de lhe dar, levado por puro desejo masculino.
No entanto, sucumbir a seus ardentes desejos seria o primeiro de seus erros. A consideração que ele tinha por ela poderia diminuir se ele pensasse que Demi tinha sentimentos mais intensos por ele que por seu ex-marido.
Apesar de se sentir culpada por aquilo ser verdade, ela estava com medo do que Joe pudesse pensar a respeito dela por corresponder a ele quando ainda estava de luto pelo ex-marido. E Demi simplesmente não podia arriscar que ele pensasse mal dela.
— P-pode me dar um tempo, Joe — ela gaguejou.
Ele mal moveu um músculo, mas ela sentiu a tensão.
— Está se lembrando de sua lua de mel com Richard? — A voz dele soava como se tivesse vindo de uma caverna subterrânea.
O calor da culpa subiu do pescoço para tomar o rosto de Demi.
Não. Quem comandava os pensamentos dela era aquele homem que a tinha nos braços,
— Não. Acho que é uma combinação de tudo o que aconteceu desde a morte dele. Conhecer você me fez sair do casulo em que eu vivia. Ainda estou tentando assimilar o fato de que sou sua nova esposa, ainda que carregue o filho dele. Não sei o que estou sentindo. Consegue me entender?
Lentamente, as mãos dele soltaram os ombros dela.
— Melhor do que você possa imaginar. Vamos para o terraço. Jean e Louise estão ansiosos para serem apresentados.
Oh, Joe... seria tão fácil ceder à atração que ela sentia por ele. Mas Demi não ousaria.
Perder Richard fizera sua vida mudar, mas de alguma forma ela fora capaz de seguir em frente.
O instinto lhe dizia que se perdesse Joe ela ficaria de luto pelo resto da vida, com ou sem bebê.
*********
Joe parou à porta do terraço. A casa havia ficado em silêncio. Àquela altura, Demi já devia estar na cama. Ele já lhe dera tempo suficiente para se aprontar.
No fundo, Joe sabia que ela não era indiferente a ele.
O jeito como ela o abraçara na cozinha, quando ele chegara da cocheira; sua reação no quarto, enquanto conversavam sobre Lancelot e Guinevere; a pulsação no pescoço dela sempre que ele se aproximava demais... Todo aquele comportamento indicava que havia uma chama ardendo por baixo da superfície.
Ela concordara em se casar com ele e, por isso, não iria embora. Ele só precisava ser paciente. O que não era uma de suas maiores qualidades.
Até Lancelot fora forçado a esperar até que as estrelas se alinhassem a seu favor.
Joe olhou para o céu. Não havia nenhuma naquela noite. Um vento surgira, indicando que uma tempestade estava se formando. Os elementos combinavam com o humor dele.
Depois de mais cinco minutos ele trancou as portas duplas. Certificando-se que as outras portas e janelas estivessem trancadas, ele caminhou pela alcova até a escadaria no hall principal. Assim que deu o primeiro passo, seu celular tocou.
Ele estivera esperando uma ligação do agente à paisana e atendeu.
— Oui?
— Sinto muito, monsieur, mas mademoiselle de la Grange desapareceu.
Aquilo não o surpreendeu.
— Diga o que aconteceu.
— Um técnico a levou para outra sessão de raios X, mas ela não voltou ao quarto.
— Isso significa que alguém a ajudou. Provavelmente, a mãe.
— O que quer que eu faça?
— Você fez tudo o que podia. Volte para o château, e esperaremos para ver o que acontece.
— Perfeito.
Ele desligou e telefonou para Henri para alertá-lo sobre a situação.
— É melhor você contar a papa, para o caso de Odette e Corinne aparecerem esta noite. O agente deverá chegar aí dentro de uma hora.
— Brigitte ficará de olho.
— Obrigado, Henri.
Joe não descartava a hipótese de que Corinne fosse até a casa, procurando por ele, só para garantir. O hospital ficava a apenas dez minutos dali.
Pegando uma das cervejas de Jean da geladeira, ele saiu e se acomodou no banco em frente à casa, de onde poderia ver qualquer um que chegasse de carro.
Tinha uma longa noite pela frente. Ele resolveu ligar para Giles e avisá-lo que era um homem casado e com um bebê a caminho. O amigo ficaria embasbacado.
Na verdade, foi Joe quem ficou boulversé quando Demi surgiu da escuridão e caminhou para ele, como uma bela aparição. O vento fazia sua nova camisola e seu robe baterem contra o corpo. Estava com uma aparência ansiosa.
— O que está fazendo aqui fora?
Ela parecia chateada, como se tivesse estado esperando por ele. Aquilo era música para os ouvidos de Joe.
Quando ele lhe disse, ela se sentou. Enquanto fazia isso, esbarrou acidentalmente na lata de cerveja, que caiu no chão. Ela se inclinou para pegá-la.
— Sinto que vai chover. Volte para a cama, Demi.
— Por que não entramos para a sala? Podemos observar juntos pela janela.
— Você precisa dormir.
— Você, também.
— Não sou eu quem está esperando um bebê do ex-marido. — Ele se sentia implacável e não conseguiu evitar que o sarcasmo aflorasse.
— Você será o pai dele — ela respondeu. — Ou mudou de ideia?
Joe se levantou de um pulo, esfregando a própria nuca. Ele deu meia-volta.
— Você sabe que não mudei. Perdoe-me por descontar minha frustração em você.
— Tem todo o direito de estar assim. Estamos no meio de uma situação complicada e perigosa.
— Uma situação que você jamais procurou — ele lembrou.
— Ninguém apontou uma arma para minha cabeça, Joe. Estou nesta com você até o fim por livre e espontânea vontade. Isso torna algumas coisas melhores para você?
Os olhares se encontraram.
— Muitas. Vamos, ou você vai ficar ensopada.
Ele a levou para dentro e fechou a porta. Foram para a sala. Pegando a capa do encosto de uma das cadeiras, ele enrolou Demi nela e a puxou para que se sentasse no sofá ao seu lado. Joe ainda conseguia ver a estrada pela janela.
Ela se aconchegou contra ele. A noite de núpcias começava a melhorar.
— O que você vai fazer se ela vier aqui? Honestamente.
— Vou detê-la e chamar a policia. Ela se tornou uma ameaça para si mesma e para os outros. Algo deveria ter sido feito a respeito dela há muito tempo. Eu deveria ter voltado para casa anos antes e cuidado disso.
— Não sei. Tenho a sensação de que você gostava de sua carreira.
— Eu gostava. Ao menos de partes dela.
Ela ergueu um pouco a cabeça para olhar para ele.
— Você se importa se eu fizer uma pergunta pessoal?
— Você é minha esposa, Demi. Pode me perguntar qualquer coisa.
De repente, ele a sentiu traçar com o dedo a cicatriz acima da camisa polo que ele vestira quando haviam chegado à casa.
— Corinne fez isso?
Ele respirou fundo.
— Ela, com certeza, seria capaz disso. Mas a verdade é que me envolvi com uma mulher enquanto estava em uma missão no Oriente Médio. Ficávamos juntos com alguma frequência.
"Ela sabia que minha vida no serviço não permitia que eu fincasse raízes. Chegou um momento no relacionamento em que eu percebi que ela estava ficando emocionalmente envolvida demais."
— Em outras palavras, ela queria se casar e ter filhos.
— Sim. Disse a ela que eu não era do tipo que se casava. Se ficássemos mais íntimos, ela se magoaria. Então, me levantei para ir embora. Não consegui admitir que era impotente; tinha orgulho demais. Só queria tirá-la da minha vida.
"Como seria nossa última vez juntos, ela me implorou para que ficasse com ela mais uma hora ou duas. Contra o bom-senso, cedi. Acabei dormindo."
"Quando me dei conta, ela estava inclinada sobre mim e tinha aberto uma linha no meu pescoço com uma adaga. Ela pôs os dedos ensanguentados na frente dos meus olhos. 'Isto é para você nunca me esquecer.'"
Demi pôs a mão no queixo dele para olhá-lo nos olhos. Os dela estavam cheios de lágrimas.
— Está me dizendo que ela o marcou de propósito para o resto da vida porque você a rejeitou?
— Tive sorte, Demi. Ela poderia ter feito algo muito pior.
— Não consigo imaginar tamanha maldade. Durante todo esse tempo pensei que você tivesse sido ferido em combate por um soldado do sexo feminino.
— Ela era uma combatente. Nosso combate pessoal aconteceu em uma zona supostamente neutra.
Ela soltou um gemido.
— Com ela e Corinne não sei como você conseguia confiar em alguma mulher.
— Jurei que jamais faria isso. Quando voltei para casa, não tinha passado sequer uma noite no château quando descobri uma nova mulher nele. Ela havia recebido a honra de dormir em um quarto em que ninguém dormira durante toda a minha vida.
"Papa confiou a ela um tesouro insubstituível. Os empregados sorriam à menção do nome dela. Eu estava convencido de que, por trás de sua beleza, havia interesses escusos. Convencido de que ela tramava algo, decidi expor sua verdadeira face para que todos vissem. Mas quando a beijei caí na minha própria armadilha."
— Dada sua história anterior, tudo faz sentido — Demi murmurou. Novamente, repousou seus cabelos castanho-dourados no ombro dele.
O queixo dele roçou nos cabelos.
— Papa lhe contou a história de nosso château?
— Não. Gostaria de ouvir. Nunca me canso. Ele não cansava dela.
— Quando ele foi construído, meu ancestral original Du Lac o chamou de Joyous Gard. Significa "Castelo Feliz", como o castelo de Lancelot, que fica em algum lugar do norte da Inglaterra.
"Diz a lenda que antes dele quebrar o efeito de um encantamento sinistro era chamado Dolorous Gard, que significa 'Castelo Doloroso'.
"Quando Lancelot explorou o castelo, encontrou uma tumba com seu próprio nome. Soube imediatamente que aquele estava destinado a ser seu lar e seu lugar de descanso final. Depois que Arthur e Guinevere o visitaram como hóspedes, o nome do castelo foi mudado para Joyous Gard. Mas o conflito que se seguiu fez com que o nome voltasse a ser Dolorous Gard. No fim, o corpo de Lancelot foi levado para ser enterrado lá.
"Queria explicar tudo isso para que você entendesse que quando Corinne entrou em nossas vidas, nosso lar feliz se tomou Dolorous Gard. Era dessa forma que eu o via. Tenho certeza de que meu pai, também.
"Mas não é mais, graças a você."
— É lindo que diga isso, Joe. — Ela se virou nos braços dele e beijou-lhe os lábios. Não com paixão, mas com uma incrível doçura.
— Vamos para a cama. Ela vindo ou não, não devemos dar a Corinne mais poder sobre nossas vidas.
Joe sabia que aquilo não era um convite para fazer amor. Mas eles haviam se tomado amigos, e já era um começo.
Ele tomou sua noiva nos braços e a carregou para o quarto. Quando a pôs na cama, a imagem de Lancelot se inclinando sobre a rainha se tornou real.
Um dia, Demi lhe daria boas-vindas com amor e trêmula. Um dia, ele conheceria o calor de seu abraço. Era tudo o que queria.
*******
Demi acordou subitamente. A tempestade havia passado. Devia ter sido por causa do pesadelo, mas não conseguia se lembrar. O relógio indicava 5hl5.
Ela se virou para o outro lado. Na semiescuridão, conseguiu ver a silhueta de Joe, mas não sua cicatriz. Ele dormia de barriga para baixo, com um braço esticado, como se estivesse tentando alcançá-la.
Um homem tão belo!
Tanta dor nos últimos dez anos!
Ele queria ser pai e havia se casado com ela por isso. Aquilo a fazia querer ser o tipo de esposa que ele merecia. Faria o casamento dar certo pelo tempo que Joe quisesse.
Ela saiu pelo lado da cama e foi até o banheiro da suíte. Suas idas estavam se tornando mais frequentes. Quando voltou para o quarto, já estava totalmente desperta.
Joe estava dormindo tão profundamente que ela decidiu descer para estudar e ligar para a tia. Com a diferença de fuso horário para os Estados Unidos, seria uma boa hora para falar com ela. Deveria ter ligado antes para lhe contar sobre o bebê e a mudança da data do casamento, mas havia coisas demais acontecendo. Finalmente, Demi se sentia pronta para explicar tudo.
Quando a tia superou o feliz choque que Demi esperava, elas conversaram sobre Corinne.
— Vocês estão lidando com alguém instável, Demi.
— Nós sabemos.
— Precisam ter cuidado,
— Não se preocupe. Joe não vai deixar que nada aconteça.
— Ele deve ser um homem e tanto.
— E é.
— Fico triste por ainda levarmos algum tempo até conhecê-lo.
Demi mordeu o lábio. Era melhor daquele jeito.
— Talvez um dia, depois que o bebê nascer.
— Um milagre aconteceu para você. Eu não poderia estar mais feliz por você. Mande fotos pela internet.
— Mandarei. Nós nos falamos em breve.
Quando ela pôs o fone no ganhou, seu diamante brilhou com a luz. Ela tirou os anéis para observá-los e percebeu uma inscrição na aliança.
Levou-a para mais perto dos olhos. Ela perdeu o fôlego quando leu as palavras.
Joyous Gard.
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Primeiramente: Feliz Ano Novo peoples! Estou um pouco atrasada, mas eu resolvi aparecer só para dar um oi.
Segundo: Fiquei um pouco triste com um só comentário no capítulo anterior :(
É muito bom quando vocês comentam, porque mostra que estão gostando.
xoxo