27.4.16

Paixão Inesperada - Capitulo 23 - O Casamento


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Demi
Finalmente o grande dia chegou. Minha prima se casará hoje numa linda cerimônia ao ar livre no final da tarde.
As meninas e eu acordamos muito cedo para podermos chegar a Dallas a tempo do horário marcado no spa.
Eu com certeza vou precisar de um tratamento especial, pois quase não dormi ontem a noite e estou com olheiras horríveis. Tudo isso por culpa e uma pontinha de medo, porque ontem eu não fui me encontrar com Joe.
É, eu sei, sou uma covarde. E admito, ontem eu fui mesmo. Mas você também sentiria medo se Joe Jonas tivesse te olhado do modo como ele me olhou quando os meninos foram nos buscar no bar de striper.
Quando ele percebeu que eu ainda não havia descido para me encontrar com ele, recebi outra mensagem muito zangada, achei que talvez o melhor fosse ignorar, mas depois mudei de ideia e lhe enviei uma mensagem dizendo que estava cansada e depois conversaríamos. Desliguei o celular e tentei dormir, mas uma parte de mim estava morrendo de medo que Joe entrasse na casa e viesse até meu quarto, mais furioso do que nunca por eu não ter ido falar com ele.
Claro que isso não aconteceu, ele deve ter percebido que eu realmente não iria descer e foi embora. Mas soltando fumaça pelas ventas, eu aposto.
Agora, eu e as meninas estamos recebendo uma massagem relaxadora e dividindo uma com a outra, as consequências da nossa pequena travessura de ontem.
— Ah meu Deus, Vick. Você tem mãos de anjo. — Dani geme enquanto, Vick – sua massagista – lhe aperta nos pontos certos das costas.
— Mas, continue Mitchie, o que aconteceu depois? — Miley pergunta curiosa.
— Bom, então, depois que eu o convenci a não dormir no sofá, nós continuamos discutindo por pelo menos mais uma hora. E sabe como é, não discutimos só sobre ontem, outras questões mal resolvidas aparecerem e quando me dei conta, estávamos discutindo sobre coisas que aconteceram há mais de um ano atrás.
— Mas vocês resolveram tudo, certo? — Mitchie me dá um sorriso tão largo que não é preciso respostas.
— Sexo de reconciliação é o melhor. — Ela diz e vejo suas bochechas corarem em seguida. Ela esconde o rosto, como se não acreditando no que acabou de falar e nós rimos.
— E você, Gwen? Realmente espero não ter feito você e o Aiden brigarem. Eu sei como ele é explosivo.
— Ontem a noite foi...Complicado. Não podíamos gritar um com o outro, afinal não estávamos na nossa casa e nem sozinhos. Ele deu tudo de si para tentar se manter calmo, mas o Aiden é muito ciumento, ele ficou falando e falando durante tanto tempo. Tive que repetir um milhão de vezes que eu não sabia onde iriamos, e no final, acho que ele acreditou porque te conhece Dani e sabe como você é meio maluca. Mas mesmo acreditando em mim, ele ainda queria satisfações por causa do Tony. Ele pegou o papel com o telefone dele, e literalmente, o deixou em pedacinhos. Só depois disso que ele foi se acalmando e então nós, bem, fizemos as pazes...Vocês sabem. E você, Miley?
— Ah, o Miguel não foi tão difícil assim de dobrar. Ele ficou chateado, tivemos uma pequena discussão e fizemos as pazes, e sim Mitchie, você tem razão...Sexo de reconciliação é o melhor.
Ótimo, todas se deram bem ontem a noite, menos eu.
— E você Dani? Como foi sua noite com Kevin “o striper”? — Miley pergunta sorrindo maliciosamente.
— Deus, ainda não acredito que ele fez aquilo. — Ela exclama fechando bem os olhos e balançando a cabeça. — Foi tão...
— Quente?
— Eu ia dizer surpreendente, Miley. Mas sim, foi quente. Quer dizer, eu sempre soube que o Kevin é um homem sexy, mas ontem...O jeito que ele dançou, o modo como falou comigo. Eu sou sortuda, ou o que?
— Imagino então, que não houve discussão por causa de termos ido ao bar. — Comento.
— Não, na verdade, Kevin e eu não tivemos muito tempo para conversar, se é que vocês me entendem...Mas ele me contou que tinha certeza que eu levaria vocês até um desses bares, ele supôs que nós iriamos no mais badalado da cidade e subornou o gerente para deixa-lo se apresentar. Ele não pareceu ter ficado muito bravo, mas ele disse que a próxima vez que eu passar perto de uma bar de striper ele vai me deixar de castigo. — Ela diz sorrindo largamente e com um ronronar vindo do fundo da garganta, tenho a impressão que ela tomou o que ele disse mais como uma promessa do que como uma possível punição.
— Ah meninas, vocês tiraram um peso das minhas costas. Estava com medo que eu tivesse provocado uma discussão mais séria entre vocês e os meninos. Afinal fui eu quem as levou até o bar, fico feliz que tudo tenha acabado bem para todas.
Pois é, não diga nada ainda prima. Ainda tenho que enfrentar a minha fera ciumenta, e não sei como as coisas vão ocorrer com ele.
— Tudo vai bem quando termina bem. Agora só tenho que me preocupar em ficar perfeita para me casar com meu cowboy. — Dani diz em meio aos gemidos que as mãos habilidosas de Vick lhe provocam.
— Hey, prima. Já faz meia hora que você não diz nada, está tudo bem? — Pergunto enquanto as cabeleireiras trabalham em nossos penteados.
— Sim, é que...Está chegando a hora, estou nervosa.
— Está tudo bem, amiga. É normal ficar nervosa, afinal você vai se casar hoje.
— Não sei não, Gwen...Sinto que eu vou ter um ataque de pânico a qualquer segundo. — Gwen ri e balança a cabeça.
— É assim mesmo, você não lembra o meu estado no dia do meu casamento? Eu achei que ia desmaiar e estava tremendo inteira. É super normal você se sentir assim.
— Minha barriga está doendo. — Dani reclama em um gemido e todas nós rimos.
— Não tem graça, meninas. Isso deveria ser agradável, não me fazer passar mal.
— Vai passar, não se preocupe.
— Assim espero, não quero me casar com dor de barriga. — Dessa vez nem mesmo a cabeleireira aguenta e todas rimos da cara de Dani.
— Tem alguma coisa que eu posso fazer por você, para te ajudar a ficar mais calma? — Pergunto.
— Na verdade tem sim...Me alcance meu celular, por favor.
Eu e as meninas nos olhamos curiosas, mas eu faço o que me pede e pego o celular da sua bolsa e lhe entrego.
— Com licença. — Dani pede para as moças que estão cuidando dela e levanta desajeitadamente. Para não borrar suas unhas recém-pintadas, ela anda parecendo um pinguim até um canto e liga para alguém.
— Para quem você acha que ela está ligando? — Miley sussurra.
— Não sei. — Mitchie responde também em um sussurro.
Ficamos em silêncio enquanto Dani conversa no telefone, ninguém querendo demostrar, mas todas tentando escutar a sua conversa. Mas ela está falando baixo e a única coisa que escutamos são múrmuros indistintos.
Depois de alguns minutos ela desliga e solta um suspiro aliviado, ela volta a se sentar no seu lugar e nós ficamos a encarando com um olhar curioso no rosto.
— Estou mais tranquila agora. Obrigada. — Ela diz me entregando o seu celular.
Ok, seja qual foi conversa que ela acabou de ter, parece que funcionou e ela está se sentindo melhor.
Ainda bem, porque a última coisa que queremos é uma noiva com os nervos à flor da pele.
Joe
Kevin está terminando de se arrumar, mas mais parece que é para um funeral do que para seu casamento.
Desde que ele recebeu aquela ligação há umas duas horas, sua empolgação cedeu lugar para uma carranca de preocupação.
E agora ele está de frente para o espelho há pelo menos 15 minutos tentando acertar o nó da gravata.
— Ah meu Deus, filho. Deixe que eu faço isso. — Papai se cansa da enrolação e vai dar o nó ele mesmo.
— O que está acontecendo, filho? Você não parece feliz. — Papai diz enquanto arruma Kevin como se ele fosse uma criança.
— Você não está reconsiderando, não é? — Pergunto mesmo sabendo não ser o caso.
— Mas é claro que não, Joe, que ideia. Eu espero por esse dia a muito tempo.
— Então o que foi, tem algo errado? — Aiden, o marido da melhor amiga de Dani que também está aqui para ajudar, pergunta.
— Não é nada, só estou nervoso.
— É mais que isso, eu te conheço, irmão. Você ficou estranho depois daquele telefonema. — Digo cruzando os braços e me encostando na parede.
— Que telefonema, filho? — Papai pergunta preocupado.
Kevin passa o olhar pelos três homens na sala e então solta um suspiro e esconde as mãos no bolso da calça.
— Era a Dani, que me ligou mais cedo. Ela estava nervosa, começou a falar sobre o futuro e sobre não sei mais o que. Ela não estava parecendo muito com quem queria se casar, acho que ela pode estar reconsiderando. — Ele diz com um vinco de preocupação se formando em sua testa.
— Mas que besteira, é claro que ela quer se casar com você, não sei o porquê, mas ela quer. — Digo aproveitando para provoca-lo.
— Ela disse alguma coisa sobre cancelar, adiar?
— Não, pai, ela não disse. Mas ela não parecia feliz, sua voz estava diferente. Vocês acham que é possível que ela mude de ideia?
— Claro que não, aquela mulher te ama, meu filho. Se ela está estranha, é apenas por causa do nervosismo, é normal.
— Você acha mesmo? Você e mamãe ficaram nervosos também, é mesmo normal, não é?
— Claro que sim, ambos ficamos nervosos a ponto de tremer perceptivelmente, mas nem por um segundo pensamos em mudar de ideia.
— Eu também fiquei nervoso, cara, e muito. E não é para menos, é o dia mais feliz da sua vida, é claro que você vai ficar tenso e nervoso. — Aiden diz.
— O dia mais feliz da sua vida até seus filhos nascerem. — Papai corrige sorrindo para Aiden.
— Bom, isso eu ainda não posso dizer. — Ele sorri.
— Não se preocupe com nada, filho. Apenas termine de se arrumar, porque é a noiva que sempre chega atrasada. Vamos lá que está quase na hora.
Quando Kevin finalmente fica pronto, ouvimos uma batida na porta, logo em seguida a cabeça de Aaron aparece.
— Tudo certo por aqui? — Ele pergunta.
— Tirando o fato que eu estou quase tendo um infarto...E estou suando horrores. — Kevin diz puxando o colarinho da camisa.
— Filho, pare de ficar desarrumando o que eu acabei de arrumar.
— Foi mal. Está difícil de respirar. — Ele diz inspirando e expirando lentamente.
— Fique calmo. Não há razão para se preocupar. — Papai o tranquiliza.
— É cara, fique calmo, vai dar tudo certo. — Aiden diz.
— Falar é fácil...Os dois homens casados do recinto, algum conselho?
— Sim. Aproveite todos os momentos dessa noite, mas principalmente aprecie o momento que a música começar e a Dani começar a caminhar lentamente até você. Esse momento, você nunca vai esquecer. É aí que você vai ter que se segurar para não cair de joelhos e chorar como uma menina. Porque quando você ver a mulher que você ama vestida de noiva, parecendo um anjo caminhando em sua direção, você vai ter vontade de fazer exatamente isso. Se ajoelhar, chorar e agradecer aos céus por ser tão sortudo. — Aiden diz com um sorriso nos lábios, mas os olhos seriamente fixados em Kevin.
— Exatamente, aproveite esse momento, meu filho. Aproveite para admira-la, não tire seus olhos dela. Eu lembro como se fosse ontem quando a sua mãe fez o seu caminho até mim, ela estava perfeita. A mulher mais linda que eu já vi em toda a minha vida...E ainda é.
Kevin assente e se olha no espelho, vejo um sorriso escorregando por seus lábios, lentamente tomando forma.
— Finalmente chegou a hora. — Ele diz sorrindo ainda encarando seu reflexo.
— Uma vez um garoto de 11 anos me disse que tinha encontrado a mulher com quem iria se casar... — Digo me aproximando de Kevin. — Eu ri e achei que era mais uma daquela estupidez inocente de criança, cheguei até a tirar sarro da cara daquele garoto. Hoje ele está parado na minha frente, e não é mais o mesmo garotinho que eu me lembro, ele é um homem. E o mais impressionante, ele está indo se casar com aquela tal garota que ele havia me falado há 14 anos atrás. Kevin, meu irmão...Por favor, seja feliz, é só isso que eu te peço e te desejo.
Kevin me dá um sorriso emocionado e me abraça forte, retribuo e o envolvo com meus braços, dando alguns tapas em suas costas.
— Obrigado, Joe. Obrigado, irmão.
— Ah...Está na hora pessoal, Kevin tem que descer porque logo a noiva estará aqui. — Aaron diz meio sem graça e Kevin e eu nos afastamos.
Aaron, Aiden, Kevin, papai e eu descemos e seguimos para o local da cerimônia, que será na propriedade dos Lovato, não muito afastado da casa, perto da divisa com a fazenda da minha família.
Há um caminho enfeitado com tochas e flores que nos guiam da casa até o local da cerimônia, ando lentamente pelo caminho, observando a bela extensão plana de terra que eu chamo de lar e sentindo o ar fresco e revigorante que acaricia minha pele.
Depois de uma breve caminhada, chegamos ao local onde foi arrumado tudo.
Mais de cem cadeiras estão distribuídas pela grama, cruzadas por um caminho enfeitado com flores e velas e que termina na mesa onde o juiz realizará a cerimônia. Dani e Kevin decidiram se casar apenas no civil.
Um arco com flores enfeita o local onde os noivos ficarão no momento em que o juiz realizará a cerimônia. Eu e os outros padrinhos ficaremos em pé ao lado direito da mesa, e as damas de honra ao lado esquerdo.
As cadeiras estão na extremidade direita do terreno, próximos a cerca de madeira que delimita a propriedade. Nessa cerca a um portão, que está aberto e deixa livre a passagem para a nossa fazenda, onde será realizado o jantar.
A maioria das cadeiras já estão ocupadas, e aqueles que ainda não se sentaram estão no seu caminho.
Paramos para cumprimentar nossos conhecidos e seguimos para onde devemos estar. Todos os padrinhos – Aaron, eu e mais dois amigos de Kevin – ficamos esperando no nosso canto.
— Kevin... — Preston, outro amigo de Dani, chama. — O juiz chegou.
— Ah meu Deus, agora está quase, só falta a Dani. — Kevin diz com um misto de empolgação e nervosismo.
— Seu pai já está pedindo para que todos se sentem, e então ele trará o juiz aqui e é só esperar a noiva chegar para podermos começar.
— Certo. — Kevin balança a cabeça vezes demais, abre e fecha as mãos e respira fundo. Posso ver o brilho do seu suor na testa.
— Kevin, lembre-se, relaxe, ok? — Coloco minha mão no ombro dele e lhe dou um aperto encorajador.
— Tudo bem, relaxar. Relaxar. Preciso relaxar. — Ele fica repetindo para si mesmo e eu sorrio.
“Será que eu vou ficar assim tão nervoso quando for me casar?”
Uou! De onde veio esse pensamento? Calminha aí, um passo de cada vez, Joe. Ainda é cedo demais para pensar nisso, acabei de começar com esse negócio de relacionamento sério e monogamia.
Eu amo Demi, mas será que estou disposto a me casar com ela? Bem, eu sei que eu não quero que ela se case com outro, e eu sem dúvida não quero outra mulher, mas...Casar?
Essa palavra é meio assustadora. Acho melhor parar de pensar sobre isso, porque mais assustador que a própria palavra, é o fato de eu estar imaginando Demi vestida de noiva andando lentamente a caminho de se tornar minha esposa e estar gostando disso.
Papai chega trazendo o juiz, ele e Kevin conversam e espero que isso distraia Kevin do fato de Dani estar um pouquinho atrasada. O que é perfeitamente normal, eu sei, mas vai falar isso para o senhor nervoso ali.
Quando passa 15 minutos do horário que era para Dani chegar, começam as brincadeiras de que noiva tem que sempre se atrasar, quando passa 30 minutos vejo Kevin se remexendo e com uma expressão preocupada no rosto, quando o atraso chega há 45 minutos, ele quase arranca meu braço quando me puxa para longe da mesa e do juiz.
— Alguma coisa está errada.
— Kevin, ela só está atrasada, logo ela estará aqui, não se preocupe.
— Não. É quase uma hora de atraso, aconteceu algo...Ela percebeu que não quer mais se casar comigo, é isso. — Ele diz parecendo estar prestes a chorar.
— Claro que não, Kevin. — Digo esfregando o rosto. Lá vem o papo de desistência de novo.
— É sim, eu percebi que ela estava hesitante ao telefone quando conversamos. Ela desistiu, ela vai me abandonar no altar, ela não me quer mais. E agora, o que eu faço se ela não me quiser mais? — Ele me lança um olhar desesperado e se não fosse por isso, eu juro que dava um murro nele.
Ele começa a passar a mão pelos cabelos nervosamente e a andar de um lado para o outro.
— Ela não quer mais se casar comigo, ela não me quer mais. Minha vida acabou.
Reviro os olhos e sinto minha paciência acabando. Seguro Kevin pelos ombros e o chacoalho com força para ver se ele acorda.
— Ela. Só. Está. Atrasada. Entendeu? Agora se recomponha homem de Deus, você parece uma menina chorona. — Ele me olha sem dizer nada e então volta para seu lugar.
— Kevin, as meninas chegaram. — Aaron vem correndo nos dizer.
— A Dani também, né? — Kevin pergunta estupidamente.
— Sim, ela também. — Aaron responde rindo.
— Graças a Deus. — Kevin solta um suspiro alto e ruidoso.
Vou para meu lugar ao lado dos outros padrinhos e espero. Logo Gwen, Miley e Mitchie surgem. Todas com o mesmo modelo de vestido – mas em cores diferentes – e botas de cowboy. E logo atrás delas, eu vejo Demi.
“Ah meu Deus!”
Como alguém pode ser tão perfeito? Deus, se eu ao menos tivesse reparado antes como ela é linda, todos esses anos com ela aqui, bem ao meu lado. Todos esses anos achando que eu nunca seria capaz de amar, que eu nunca acharia uma mulher capaz de me fazer sentir essas coisas que eu sinto com Demi, todo esse tempo tudo o que eu mais precisava estava bem diante dos meus olhos.
Achei que nada pudesse me distrair da raiva que eu estava sentindo depois da noite de ontem naquele maldito bar, mas a visão de Demi com seu vestido amarelo até os joelhos e botas de cowboy marrom muda o meu foco, me fazem esquecer toda a raiva e o ciúmes.
E a ver caminhando até aqui, segurando um buquê de flores laranja, só faz com que minha mente vá novamente para aquela fantasia de minutos atrás onde a imaginei andando por um corredor como esse para se tornar minha esposa.
Porque meu coração está tão acelerado? Porque essa sensação maravilhosa dentro de mim ao me imaginar colocando um anel na sua mão?
Meu Deus, eu não estou pronto para isso, mas que a perspectiva de passar o resto da vida ao lado de Demi está me deixando eufórico, isso está.
Ela se aproxima, mas não me olha nem uma única vez, quando passa por mim abaixa a cabeça e segue para seu lugar ao lado das outras.
Então quando tudo está pronto, a música começa e todos viram suas cabeças para trás, ficando em pé.  
De repente eu a vejo, Dani aparece segurando o braço do seu pai. Ela está sorrindo largamente e está visivelmente tentando não quebrar e começar a chorar. Ela anda lentamente ao ritmo da marcha nupcial, olho para Kevin e vejo-o sorrindo como um bobo, seus olhos focados em Dani. Uma lágrima escorre por sua bochecha e ele parece feliz como nenhum outro homem na face da terra.
Diante de um momento repleto de evidente amor, não posso evitar em ficar sentimental. A minha vontade de virar a cabeça e olhar para Demi está me matando, ela ainda está encrencada, mas eu a amo e a quero. Quero poder admirar sua beleza e beijar seus doces lábios a hora que eu quiser, sem me preocupar se alguém vai descobrir.
Isso tem que acabar, temos que revelar nossa relação para todos, não quero mais esperar.
Dani então finalmente chega aos braços de Kevin, e o juiz dá inicio a cerimônia.
Na hora certa, os noivos trocam declarações de amor e todos choram diante do poder e da sinceridade das palavras. Kevin faz um discurso muito emocionante e que arruína a tentativa de Dani de não chorar.
Na hora do beijo, Kevin segura Dani bem apertado em seus braços e a beija tão intensamente, tão apaixonadamente, que posso jurar ter escutado alguns suspiros femininos.
Todos aplaudimos enquanto eles alternam entre se beijarem, limparem as lágrimas e sorrirem para os convidados.
Logo a fila para dar parabéns para os recém-casados se forma, vou até Kevin e lhe puxo para um abraço.
— Parabéns, irmão. Que você e sua esposa sejam muito felizes.
— Dani, parabéns, cunhadinha. Cuide bem do meu irmão e sejam felizes. E caso ele não se comporte, me avise que eu vou dar um puxão de orelha nele, ok? — Digo abraçando seu corpo pequeno e ela ri.
— Muito obrigada, Joe.
Logo um grupo se forma mais para o lado, enquanto os outros parabenizam os noivos. Eu, Aiden, Aaron, Preston, Miguel, Mitchie, Miley e Gwen. Vejo impotente Demi deliberadamente não se juntar a nós, e começo a achar que ela está me evitando.
— Ah meu Deus, não acredito que a minha melhor amiga acabou de se casar. Foi tudo tão lindo. — Gwen diz, seus olhos vermelhos pelo choro.
— Foi lindo mesmo. A coisa mais linda que eu já vi. — Mitchie diz.
Conversamos mais um pouco e então seguimos pelo portão de madeira e logo estamos na propriedade da minha família. A decoração do lugar está incrível. Várias mesas redondas com cadeiras distribuídas pela grama, todas com toalha branca e tecidos enfeitando as cadeiras. Louças caras repousando em cima das mesas.
Tendas para os músicos, para a comida e para os convidados espalhados pelo lugar. Mais a frente, uma plataforma não mais alta que um degrau onde será o local para dançar. Tochas, velas e pequenas luzes iluminando o ambiente, sem falar que quando o dia tiver totalmente ido embora, teremos a lua e as estrelas para nos iluminar.
Depois que Kevin e Dani e nossas famílias se sentaram a mesa principal, chega a hora dos discursos. Muitos amigos e familiares de ambos falaram e emocionaram muita gente, até eu arrisquei um pequeno discurso.
Depois de todos falarem, foi mostrado um vídeo no telão. O vídeo era feito por montagens de fotos de Kevin e Dani e algumas filmagens.
Várias fotos lindas dos dois juntos apareciam enquanto uma musica romântica tocava, em todas elas os dois estavam sorridentes e obviamente felizes e apaixonados.
Algumas filmagens foram mostradas, como uma em que eles estavam de férias em uma praia na Califórnia. Alguém estava filmando enquanto Kevin e Dani brincavam juntos na água do mar, eles jogavam água um no outro e riam, Kevin foi pegar ela mas Dani desviou e começou a correr na areia, Kevin a alcançou e segurou firme, a girando no ar junto com ele. Outra filmagem era de um natal em que passamos todos juntos em uma estação de esqui.
Dani tentando permanecer em pé na prancha e falhando terrivelmente, levando um belo tombo e caindo de bunda no chão. Eu me lembro disso, fui eu quem filmou ela caindo.
Todos os convidados riem nessa parte, assim como o Kevin da filmagem, mas ele logo vai ajuda-la a se levantar, enquanto eu fico segurando a câmera e rindo. Quando a montagem em vídeo acaba todos aplaudem e o casal que é o centro das atenções de hoje se beijam e se olham apaixonadamente.
Durante o jantar foi tempo para todos se recuperarem de tanto choro, conforme o tempo passava todos se descontraiam cada vez mais, as risadas foram tomando conta das mesas. Depois teve o bolo, Kevin e Dani tiraram aquela famosa foto dos noivos cortando o bolo juntos, eles distribuíram os pedaços e a festa seguiu noite adentro.
Na hora da dança, como é costume, a primeira foi exclusiva dos noivos. Que dançaram lindamente uma musica lenta e romântica.
Logo outros casais se juntam a eles, fico morrendo de vontade de tirar Demi para dançar, afinal não teria nada demais nisso e ninguém desconfiaria, mas pelo modo como ela parece estar me evitando o casamento inteiro, não acho que ela aceitaria. E além do mais, ela está dançando com Preston agora, então só me resta admira-la disfarçadamente.
Demi
Eu juro que podia sentir os olhares de Joe queimando minha pele durante toda a noite.
Eu venho evitando-o o casamento inteiro, e graças a Deus ele teve o bom senso de não se aproximar, mas não sou ingênua ao ponto de acreditar que estou livre de quaisquer consequências e que eu posso evita-lo para sempre, na verdade nem quero, imagine ficar fugindo do homem que eu amo? É só até eu ter certeza que ele está mais calmo, talvez amanhã já possamos conversar. Pelo menos ele não está mais me olhando daquele modo aterrorizante de ontem à noite.
Faço o caminho de volta para minha mesa, sento-me e a visão de um grupo de pessoas chama minha atenção.
Dani, Kevin, Joe, Denise, Paul, Holly e Diana estão conversando. É tão bom ver essa cena, é maravilhoso que os pais de Kevin tenham aceitado que Diana – a mãe biológica dele – faça parte das suas vidas agora. E Holly, fico muito feliz pelos Jonas em vê-la recuperada. Sei que foi muito difícil para toda a família, se Kevin – Deus me livre – tivesse morrido, ou então Holly tivesse atirado e matado Dani, a dor seria imensurável. Mas graças a Deus ela se tratou e Kevin e Dani foram capazes de perdoa-la.
É bom ver a família reunida, me dá uma sensação de paz e felicidade, mas também me faz pensar em como a noticia do meu namoro com Joe vai afetar essa união. Será que os Lovato e os Jonas vão continuar amigos, como será que nossos pais reagiram a noticia?
A festa continua até que finalmente chega a hora dos noivos se despedirem e irem para a Lua de Mel.
Quando chego na cada dos pais de Joe, todos os convidados que ainda não foram embora estão parados em volta da pick-up de Kevin, que está com os vidros pintados com a frase “Recém casados”. Kevin aparece na porta da casa, e segura a mão de Dani que vem logo atrás.
Todos os convidados começam a gritar, assoviar e bater palmas. Dani está linda com um vestido curto e soltinho cor de vinho.
Os recém-casados descem os degraus da varanda de mãos dadas enquanto algumas pessoas jogam arroz nos noivos.
Kevin puxa Dani para debaixo do seu braço e com a mão protege seu rosto dos pequenos grãos brancos que são atirados neles sem trégua.
Quando chegam ao carro as pessoas se aquietam e param de bombardeá-los. Os pais de Dani logo vão abraça-los e desejar boa viagem, depois é a vez dos pais de Kevin. Diana o abraça e vejo-a enxugar o rosto. Sally, a irmãzinha de Kevin, dá um pulo no colo dele quando Kevin se abaixa para abraça-la, ele ri e a segura no colo enchendo-a de beijos no rosto.
Ele a coloca no chão e continua se despedindo dos parentes e amigos mais próximos. Logo chega a vez de Gwen e ela começa a chorar e não larga mais a amiga, em seguida Aiden se despede. Depois Mitchie, Aaron, Miley, eu, Joe, Selena, Nick...Todos desejando felicidades ao casal.
Mais algumas despedidas, acenos de mão para aqueles não tão próximos da família e que ficaram assistindo de longe e os dois entram na pick-up.
Acenamos para eles enquanto o carro lentamente se afasta e antes de desaparecer totalmente de vista Kevin buzina.
Então eles se vão. Fico observando o local em que o carro desapareceu no horizonte com um sorriso bobo no rosto.
Poucas horas depois de os noivos terem partido todos os convidados que ainda estavam aproveitando a festa, vão embora. Sobrando apenas os Lovato e os Jonas, além do pessoal contratado para fazer a limpeza de toda essa bagunça.
Papai e mamãe ficam conversando com os pais de Joe, assim como Nick e Selena, que ainda estão em uma situação tensa entre eles, mas felizmente hoje aparentam estar melhores. Talvez esse clima de casamento tenha apaziguado um pouco as constantes brigas.
Não vejo Joe em lugar algum e acho que assim é melhor, me despeço de todos e faço meu caminho de volta para nossa fazenda.
No caminho passo pelos vários homens e mulheres desarmando as tendas e retirando a mesa onde estávamos pouco tempo antes.
Sigo pelo caminho iluminado por tochas de volta para minha casa, ando despreocupadamente olhando para cima e observando as estrelas e a lua. Até que um outro farfalhar na grama indica que não estou tão sozinha quanto imaginava.
Olho para trás e vejo Joe vindo perigosamente tentador em minha direção. Ah, o que ver esse homem de terno faz comigo!
— Finalmente a sós. — Ele diz e tento decifrar seu tom para descobrir o quão encrencada estou.
Joe se aproxima lentamente, as mãos no bolso da calça, o paletó desabotoado, sem gravata e com o colarinho aberto, mostrando uma boa extensão de pele.
Ser tão sexy assim deveria ser proibido. Não sei se fico com medo ou excitada.
— Acho que temos que conversar sobre algo, mas não me lembro o que é...Ah sim, lembrei. É sobre o fato de você ter me enganado e ter ido naquele bar para ver homens ridículos tirarem a roupa. — Ele diz sarcasticamente, parando intimidadoramente na minha frente.
— Eu não te enganei. — Minha voz sai baixa.
— Ah não? — Ele levanta uma sobrancelha.
— Eu não sabia, nenhuma das meninas sabia, foi ideia da Dani. — Me defendo.
— Não duvido. Mas a pergunta é, depois que você chegou lá e viu o que ela tinha em mente, porque você não foi embora? Você queria ver outros homens pelados, é isso, Demi? Achou que eu nunca iria descobrir? — Ele diz e dá um passo para frente, diminuindo mais ainda a distância entre nossos corpos.
— Não, não é isso. Eu...Eu não sei. Todas as meninas entraram e eu acabei indo junto, não sabia que desculpa eu poderia dar para sair dali.
— Se eles já soubessem sobre nós, nenhuma desculpa seria necessária. — Ele diz sério.
— Eu sei, eu sei.
— Temos que contar, Demi. Amanhã.
— Amanhã? — Pergunto surpresa.
— Sim, não aguento mais isso. Nick e Selena parecem longe ainda de se entenderem, não vai dar para esperar mais. Vamos contar amanhã. — Ele diz firme, me fazendo acreditar que a decisão já foi tomada e não há nada o que eu possa fazer.
— Tudo bem, amanhã nós contamos para todos. Podemos organizar um almoço antes que o pessoal vá para o aeroporto e então damos a noticia.
— Perfeito. — Ele diz e ficamos em silêncio. Seus olhos azuis e analisadores percorrem meu corpo. Imediatamente sinto um fogo crescer dentro de mim.
— Você está muito, muito linda. — Ele diz numa voz baixa e rouca e que arrepia todo o meu corpo.
— Você está muito bravo sobre ontem? — Pergunto estranhando que ele não tenha agido tão explosivamente como eu havia imaginado.
— Estou, quer dizer, estava. Ontem eu estava furioso, hoje estou bem menos. É difícil me concentrar em qualquer outra coisa quando a única coisa que eu quero é arrancar esse seu vestido e me enterrar fundo em você. — Ele segura minha cintura e me puxa de encontro ao seu corpo forte.
— Joe...Aqui não. Alguém pode nos ver.
— E daí? Vamos contar para eles amanhã mesmo. — Ele diz enterrando a cabeça em meu pescoço e depositando vários beijos carinhosos.
— Mas não quero que eles descubram dessa forma, vendo nós dois assim. — Não consigo conter um suspiro devido suas caricias. Ele já me conhece tão bem, sabe me desarmar por completo.
— Preciso de você agora, Demi. — Ele sussurra para mim e então ataca minha boca.
— Joe, não...Alguém vai...Nos ver. — Tento dizer entre as tentativas dele de retomar o beijo.
— Então venha comigo. — Ele segura minha mão e me puxa.
— Para onde você está me levando?
— Para o celeiro, você vai receber sua punição por ontem à noite.
Chegamos ao celeiro vermelho e branco, Joe acende a luz e deixa a porta aberta. Ele me pega e me empurra contra a parede, espremendo meu corpo com o seu.
— Você está tão sexy nessas botas. — Ele puxa uma perna e coloca em volta da sua cintura. Sua ereção pressiona contra o meio das minhas pernas.
Ele levanta me vestido e acaricia minha coxa. Com uma mão fica segurando minha perna enquanto que com a outra segura firmemente meu pescoço e me beija ferozmente.
Ele se aperta mais contra mim e eu gemo, levo minhas mãos até se cabelo e me perco na macies de seus cachos escuros.
— Eu te amo. — Ele sussurra e começa a beijar e morder meu pescoço. Gemo mais alto e o aperto forte.
Suas mãos vão para a alça do meu vestido e ele as abaixa. Puxa o tecido amarelo para baixo, até minha barriga, expondo meu sutiã de renda branca.
Ele fecha uma mão em meu seio e o aperta.
— Joe. — Gemo seu nome. Preciso do seu toque.
— Você é tão linda, eu te amo tanto, Demi.
— Também te amo, Joe. Muito.
Sua boca volta a atacar a minha, sua língua brincando e provocando a minha. Sua mão acariciando e apertando meu seio por cima do tecido fino, fazendo meu mamilo ficar duro e pronto para sentir sua língua provoca-lo.
Beijamos-nos desesperadamente, precisando cada vez mais um do outro. Eu o amo tanto, como pode, não é? É muito engraçado as brincadeiras que o universo prepara para gente. De todos os homens do Texas, do mundo até, quem diria que eu me apaixonaria justo por Joe? Ele que sempre me tratou como uma irmãzinha, ele que é tão errado para mim, mas ao mesmo tempo tão certo.
Joe esfrega sua ereção enorme em mim e eu gemo em sua boca enquanto sua língua não me dá trégua e seus lábios massageiam os meus.
“Isso é perfeito.”
— Mas que porra é essa? Solte-a agora seu filho da puta. — Um grito feroz e que ecoa no silêncio da noite nos assusta. Sinto meu coração disparar e dessa vez não tem nada a ver com Joe e suas caricias.
Nós dois olhamos para a direção do grito e vemos Nick parado na porta do celeiro, vermelho e com ódio brilhando no olhar.
“Oh não, não, não!”
Joe dá um passo para trás, se desvencilhando da minha perna que estava em sua cintura. Rapidamente abaixo a saia do vestido e subo o tecido e recoloco as alças no ombro, escondendo meus seios.
— Nick, calma, cara. Eu posso explicar. — Joe fala e eu posso ouvir o desespero em sua voz.
— Explicar o que, porra? Que você estava abusando da minha irmã? Você é um filho da puta mesmo, mexer com ela foi longe demais até para você, seu merda. — Nick grita como eu nunca havia escutando antes. — Eu vou acabar com você, seu desgraçado. — Ele parte para cima de Joe com seu rosto vermelho de raiva e um olhar assassinado nos olhos.
Atiro-me na frente de Joe, protegendo-o com meu corpo e fazendo com que Nick tenha que parar bruscamente para não bater em mim.
— Não. — Digo para ele.
— Demi, saia da frente. — Nick ordena com uma voz que me dá arrepios.
— Não, Nick. Não vou deixar que você machuque ele.
— Eu vou fazer mais do que apenas machuca-lo, eu vou matar esse desgraçado. Agora saia. — Ele segura meu braço e me empurra para longe, cambaleio mas não caio.
— Não toque nela. — Agora é o grito de Joe que preenche o ambiente.
— Filho da puta, você que não deveria tocar nela, você nunca deveria ter tocado nela. — Nick esbraveja e em um moviemento rápido demais para assimilar, ele acerta um soco certeiro no queixo de Joe.
Joe cambaleia para trás com a mão no queixo e Nick aproveita e lhe dá um soco no estômago, fazendo Joe se dobrar de dor, lutando para recuperar o ar nos pulmões.
— Não, pare! — Grito estérica para Nick.
— Vá embora, Demi. Isso não vai ser bonito.
Nick se prepara para atacar Joe mais uma vez, mas eu me jogo novamente ente os dois e me inclino sobre Joe, que ainda está indefesso e curvado, tentando se recuperar do soco no estômago.
— Pare de machuca-lo, por favor. — Peço e sinto uma enxurrada de lágrimas descerem dos meus olhos e deslizarem por minhas bochechas.
— Saia daqui, Demi, eu já falei. Eu vou acabar com esse tarado nojento.
— Não, não. Você não entende, ele não me forçou a fazer nada. Foi tudo consentido, eu aceitei tudo, ele não me obrigou. — Joe endireita a postura, mas sua cara ainda é de dor.
— Você é uma criança, ele te manipulou porque é um filho da puta que não perdoa nem a própria irmã do amigo. Ele é um nojento pervertido, eu já devia ter notado isso antes, devia ter percebido como ele é, mas nunca achei que ele fosse capaz de fazer isso. Ele tem que pagar Demi.
— Nick, eu não estou me aproveitando dela, eu a...
— Cala a boca! Cala a porra dessa boca, desgraçado.
— Eu a amo. Eu amo Demi, Nick. — Joe diz confiante, sem se intimidar pelos berros de Nick.
Nick dá um passo para trás e nos olha incrédulo.
— Não acredito que você está fazendo isso com a minha irmã, que você chegou a esse ponto. Iludi-la dizendo que a ama para leva-la para a cama.
— Eu a amo.
— Você não ama ninguém, você e eu sabemos disso. — Nick grita a plenos pulmões, olhando a expressão em seu rosto agora, eu realmente, realmente estou com medo dele. Sinto meu corpo tremendo e me encolho.
— Você está assustando Demi. — Joe diz saindo detrás de mim e ficando ao meu lado, envolvendo meus ombros com seu braço, me consolando.
— Não encoste nela. — Nick segura Joe pela camisa e o arrasta até a parede. Jogo-me contra Nick tentando liberar Joe. Desestabilizo meu irmão e com toda a minha força empurro seu peito, fazendo cambalear para trás.
— Não chegue perto dele, Nick. Não vou deixar você encostar um dedo sequer nele. Eu o amo, e eu acredito que ele me ama também, nós vamos ficar juntos quer você goste ou não. — Digo chorando.
— Ele está te enganando, Demi. Meu Deus como você é burra, você não vê? — Ele grita na minha cara e eu me encolho.
— Grite com ela mais uma vez e você vai se arrepender. — Joe diz ameaçador.
— Não precisa fingir que se importa com ela. Ou você está fingindo porque ainda não conseguiu o que queria, hein? Você conseguiu, Joe, você fodeu minha irmãzinha?
Sinto como se o meu mundo todo tivesse se desmoronado. As palavras de Nick me machucam e me fazem sentir vulgar e apenas mais uma na vida de Joe. Coloco a mão no coração e me curvo com a dor que sinto.
Numa inversão de papeis, Joe é quem segura Nick pela camisa e lhe dá um soco.
— Nunca mais fale assim da sua irmã, ouviu? Eu juro por Deus que se você falar isso de novo eu vou perder a cabeça.
Nick se recupera do soco e estranhamente vejo magoa em seu olhar.
— Eu achei que você fosse meu amigo. — Ele diz esfregando o lugar onde Joe lhe acertou. — Eu achei que sempre pudesse contar com você. Eu nunca imaginei que você fosse esse tipo de pessoa, que você me trairia dessa forma. Meu Deus, como eu pude me enganar tanto a seu respeito? Eu sempre perdoei as suas falhas, até te perdoei quando você quase me fez perder a mulher que eu amo. Mas isso...Isso eu nunca vou perdoar.
— Nick, por favor, não diga isso... — Digo sabendo que as palavras de Nick têm mais poder de ferir Joe do que seus socos. Eu sei o quanto Joe gosta de Nick, toda essa raiva deve estar magoando-o muito. — Joe mudou, ele não é mais o mesmo. Ele me ama.
— Ele é exatamente o mesmo, Demi, exatamente. Você não o conhece como eu, você não sabe as coisas que eu sei, você não viu as coisas que eu vi. Ele não tem concerto, ele nunca será capaz de fazer você feliz e te amar como você merece, você não vê isso?
— Não é verdade. — Digo balançando a cabeça enquanto lágrimas incessantes caem dos meus olhos.  
— Não posso permitir isso, não posso permitir que ele te use mais ainda.
— Eu já falei, porra, não fale assim dela. — Joe explode ao meu lado e tenho que me enfiar na sua frente e segura-lo para não partir para cima de Nick.
— Ou o que? Você vai me bater? Pode vir. Agora ou depois, não importa, eu vou acabar com você pelo que você está fazendo. Ela não vai poder te proteger para sempre.
— Demi, vá para casa. — Dessa vez a ordem vem de Joe.
— O que? — Olho-o com medo.
— Vá para casa, seu irmão e eu temos que resolver isso, meu amor. — Quando Joe me chama de meu amor, escuto Nick soltar um grunhido.
— Não, não posso, vocês vão acabar se matando. — Falo desesperada. — Por favor não, Joe, por favor.
— Vá para casa, Demi. Você nunca mais vai ver esse pedaço de merda. — Nick diz.
— Não, não, não. Parem vocês dois. Vocês não vão brigar e você não vai me impedir de ver Joe.
— Vá para casa, Demi. — Nick diz sombrio. — Eu preciso fazer isso.
Nick rapidamente e sem me dar tempo para reagir, me empurra novamente para longe. Dessa vez não tenho tempo de tentar interferir, eles se atacam como animais e não a nada que eu possa fazer.
— Não, por favor, parem. — Grito para os dois.
Joe não acerta muitos socos em Nick, ele tenta apenas se defender e somente acerta meu irmão quando necessário. Imagino que ele não queira de fato brigar com o melhor amigo.
Já Nick não. Ele tenta acertar Joe de todas as maneiras, e infelizmente, meu irmão briga muito bem.
— Pare, Nick. Pare. — Meus gritos não surtem efeito nenhum, então saio correndo do celeiro em busca de ajuda. Corro o mais rápido que minhas pernas conseguem.
Me pego correndo pela segunda vez para salvar a bunda de Joe, mas eu sei que Nick é capaz de fazer muito mais estragos que Vince.
— Me ajudem, por favor, me ajudem. — Grito quando chego perto da casa dos Jonas.
Entro correndo na casa e dou de cara com o peito forte de Aiden.
— Você que estava gritando? O que aconteceu? — Ele pergunta assustado.
Logo Aaron, Preston, Miguel, Paul, Miley, Mitchie, Gwen, Selena, Denise, papai e mamãe aparecem, todos confusos e assustados com a minha gritaria.
— Vocês tem que parar ele, ele vai acabar matando-o.
— Quem? — Aiden segura meus ombros e pergunta.
— Nick. Nick está espancando Joe no celeiro, vocês tem que para-lo.
Demora apenas um segundo para que todos compreendam minhas palavras e saiam correndo da casa.
Logo as mulheres ficam para trás, não conseguindo alcançar os homens e eu que corremos a toda velocidade.
Aiden é o primeiro a entrar no celeiro, eu entro bem quando ele está em cima de Nick arrancando-o de cima de um Joe caído no chão e cheio de sangue.
Ver ele daquele jeito me desespera e eu grito, vou correndo até o homem que eu amo no chão, quase inconsciente.
É preciso Aiden, Aaron e papai para segurar Nick.
— Me soltem, eu vou matar esse desgraçado.
As mulheres ficam assistindo tudo chocadas demais para falar ou fazer algo, e enquanto os homens tentam segurar e acalmar Nick, eu choro por Joe.
— Meu amor. — Digo bem baixinho e passo a mão por sua testa.
Seu nariz está cheio de sangue, seus dois olhos inchados e um corte profundo logo acima do olho.
“Não, meu amor, meu amor. Pobre, Joe. Meu amor.”
Sinto uma mão em meu ombro e quando olho para cima vejo Miguel, ele se ajoelha ao meu lado.
— Deixe-me ajuda-lo.
Graças a Deus que ele é enfermeiro.
— Ele vai ficar bem, não é? — Pergunto com medo.
— Vai sim, mas acho que devo leva-lo para o hospital, ele pode ter batido com força na cabeça e ter causando uma concussão.
Sinto a raiva crescendo dentro de mim, a essa altura já levaram Nick para fora do celeiro. Levanto-me sentindo muito ódio de Nick e vou para fora.
— Se alguma coisa acontecer com ele, eu nunca vou te perdoar, ouviu? — Grito na cara de Nick.
— Ele mereceu. Isso e muito mais. — Nick não está mais sendo segurado, mas os meninos ainda estão cercando-o, impedindo que volte para dentro do celeiro.
— O que é que está acontecendo aqui? — Paul questiona com um tom de autoridade impressionante.
— Porque você bateu no meu filho, Nick? — Denise pergunta chorando, quase tão desesperada quanto eu.
— Porque o seu filho não presta. Ele estava se aproveitando da minha irmã. Aquele filho da puta lá dentro seduziu Demi. — Nick grita para todos ouvirem. Só queria que um buraco se abrisse agora e me engolisse para dentro.
— Que história é essa? — Papai pergunta encarando Nick e eu. Todos ficam em silêncio, esperando uma resposta minha.
— Eu...Eu e o Joe...A gente...A gente está... — Minha voz sai trêmula por causa do choro e não consigo falar.
— Ele estava agarrando ela lá dentro. Ela acha que ele a ama, porque aquele desgraçado está enganando ela para poder leva-la para cama. — Nick diz.
O que vem a seguir são várias exclamações, sussurros, olhares espantados e incrédulos.
— Isso é verdade? — Papai pergunta com raiva.
— Não, claro que não. Joe e eu nos apaixonamos, ele mudou e ele não está se aproveitando de mim. Nós nos amamos de verdade.
— Oh meu Deus. — Escuto mamãe exclamando.
Todos se olham sem saber o que fazer, parecendo perdidos e sem saber como reagir. Se acreditam em Nick ou em mim.
— Uma ajudinha aqui. — Miguel surge apoiando Joe. Aaron sai correndo e ajuda a escorar o corpo fraco de Joe.
Nick faz menção de partir para cima de Joe de novo, mas o seguram.
— Não deixem ele se aproximar. Precisamos levar Joe para o hospital. — Miguel diz.
— Vou buscar a caminhonete. — Paul diz e sai correndo.
Rapidamente ele volta e Miguel e Aaron colocam Joe dentro da caminhonete com cuidado.
Vou em direção ao carro, mas a mão de Nick segurando meu braço me impede de continuar.
— Onde você pensa que vai?
— Eu vou para o hospital com ele. — Digo me livrando do seu aperto.
— Nem pensar. Você fica aqui.
— Você não pode me impedir. — Digo-lhe.
— Mas eu posso. Você fica.
— Mas papai... — Lanço-lhe um olhar suplicante.
— Até eu descobrir se esse cara está ou não se aproveitando de você, você não chega perto dele, entendeu?
Olho-o tristemente e começo a chorar.
— Ele não está se aproveitando, papai, eu juro. Deixe-me ir com ele, preciso ficar perto dele.
— Não, você não vai chegar perto dele até Joe e eu termos uma conversa. — Balanço a cabeça e escondo meu rosto nas mãos e choro.
Miguel, Aaron, Paul e Denise entram na caminhonete com Joe e vão embora para o hospital. Observo a caminhonete se afastar e meu coração dói, porque eu queria estar com Joe, com meu amor.
Olho para todos que sobraram ali, parados, mas especialmente para papai e Nick.
— Vocês nunca vão me afastar dele, ouviram? Nunca. — Grito e então saio correndo em direção a minha casa.
Corro com todas as minhas forças, corro enquanto as lágrimas escorrem e o vento chicoteia minha pele e meu coração dói.
Entro em casa, subo as escadas e corro para meu quarto. Bato a porta com força e a tranco.
Então me jogo na cama e choro com a cabeça enterrada no travesseiro.
Choro muito.

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Mais um capítulo pra vocês suas lindas.
Bjos

23.4.16

Paixão Inesperada - Capitulo 22 (2/2) - Despedida de Solteiro


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— Faço das palavras de Joe as minhas. É claro que não. — Aiden que até então estava quieto, diz parecendo de mau humor.
— De jeito nenhum. — Aaron diz puxando Mitchie para mais perto.
— Nem pense nisso, Miley. — Miguel diz para minha irmã.
— Bem, então nada de stripers para vocês também. — Dani diz e a cara de Jason vai até o chão.
— Mas...Mas...Qual é, é uma condição muito razoável, caras.
— De jeito nenhum, elas não vão ir ver alguns filhos da puta marombados tirando a rouba. — Aiden diz sério, quase bravo.
— De acordo. — Miguel e Aaron dizem, e vejo Joe balançando a cabeça em concordância. Mas o que ele está fazendo? Vão perceber alguma coisa.
Tento mandar algum sinal discreto para que ele para de agir assim, mas ele está concentrado demais na negociação da despedida de solteiro para me notar.
— Não acredito que você teve essa ideia, Dani. Achou mesmo que isso ia funcionar? Não gostei nada disso. — Kevin diz sério, num tom de clara repreensão.
— É justo. Se vocês vão fazer, nós também podemos.
— Não, ninguém aqui vai fazer nada...Eu disse nada, Jason. — Kevin diz duramente para Jason que começou toda essa conversa que culminou em vários namorados enciumados.
Jason não me parece nem um pouco feliz quando percebe que essa ele já perdeu, não adianta discutir.
— Ótimo, vamos fazer algo sem graça então. — Ele diz emburrado.
Deus, ele é mesmo uma criançona.
— Hum...Dani?
— Sim?
— Você tem certeza que é aqui? — Pergunto olhando o lugar com desconfiança enquanto descemos do carro.
— Certeza absoluta. — Ela responde com um sorriso largo. Oh não, eu conheço esse sorriso. As meninas logo percebem também e todas encaramos Dani.
— O que foi? — Ela pergunta inocentemente.
— Dani, isso é um bar de stripers. — Gwen diz o óbvio apontado para o bar que fica do outro lado do estacionamento.
— Eu sei exatamente o que é, Gwen. Mas obrigada pelo comentário observador.
— Mas eu achei que fossemos a um bar, sabe...Normal. — Mitchie diz.
— Ah meninas, vamos nos divertir. Essa é a minha despedida de solteira, afinal.
— Dani, se os meninos descobrirem sobre isso...Todos nós tínhamos combinado que hoje a noite não envolveria pessoas nuas, nem para eles nem para nós.
— E vocês acham mesmo que eles vão ir a um bar e apenas beber e conversar? Qual é, vocês conhecem os homens melhor do que isso. Eles estão com Jason e Joe, os dois maiores pegadores que eu conheço, essa noite vai ser cercada por peitos e bundas. — Desvio o olhar ao escutar pegador e Joe na mesma frase.
“Não se esqueça que ele mudou, Demi, e ela não sabe disso, ninguém sabe, mas ele mudou.”
— Você está dizendo que eles vão ver stripers mesmo depois do que combinamos? — Gwen pergunta.
— Como você pode ter certeza?
— Já disse, eles estão com Jason e Joe. Merecemos nos divertir também, essa noite será nosso segredinho, lembrem-se, o que acontece na despedida de solteiro, permanece da despedida de solteiro. — Dani dá um sorriso triunfante e marcha em direção a entrada do bar, cheia de mulheres.
Ela vai andando rebolando com seu vestido marrom escuro curtíssimo, que combina perfeitamente com sua pele clara e seus cabelos cor de fogo.
Gwen, com seu vestido prata com lantejoulas, Miley com um verde na cor dos seus olhos, Mitchie com um bordô lindo de morrer e eu com meu vestido azul soltinho, porém curto, muito curto. Tenho que dizer, estamos sexys pra caramba, quem nos vê acha que sabíamos o tempo todo para onde estávamos vindo, e nos arrumamos assim de propósito. Mas a verdade é que Dani nos pegou de surpresa, espero que isso conte em nossa defesa se essa nossa vinda até aqui nos causar problemas mais tarde.
Vamos para a fila de mulheres formada ao lado de uma parede com vários cartazes com caras musculosos e os dizeres “Noite das Mulheres”.
Quando finalmente entramos, me sinto desnorteada pela musica alta e a iluminação precária, tenho que caminhar olhando para o chão para não tropeçar em algo e cair, ainda mais com esses saltos enormes.
O lugar está lotado e achar uma mesa vai ser um verdadeiro milagre, procurando por um lugar para nós sentarmos vejo que há mulheres de várias idades, dos 18 aos 50 e todas estão bebendo e falando alto tentando serem ouvidas por suas amigas por cima da música.
Localizo uma mesa em um canto, é pequena demais para nós cinco, mas vai ter que servir. Chamo a atenção das meninas e vamos até a mesa antes que outro grupo de amigas a alcance antes de nós.
Assim que nos sentamos um homem usando uma calça social preta e nenhuma camisa vem até nossa mesa com um sorriso atraente no rosto.
— Vão querer beber o que, senhoritas? — Seus olhos flertando com todas nós, algo que ele deve ter sido instruído a fazer com todas as clientes.
— Champanhe, estamos comemorando. — Dani diz batendo palmas animadas.
— Excelente, posso perguntar o que belas mulheres como vocês estão comemorando hoje?
— Estamos comemorando que há essa hora amanhã, eu serei a senhora Jonas. — Ela grita e levanta os braços, animada.
Tudo bem, se ela já está assim agora, ninguém dê champanhe para ela, por favor.
— Uma despedida de solteiro? Então vocês não podem ficar sentadas aqui atrás, venham comigo que eu as levarei ao melhor lugar da casa.
Nós nos entreolhamos e um pouco hesitantes seguimos o garçom, ele nos conduz até um espaço vazio bem em frente ao palco onde não há uma mesa, somente um sofá em formato de “U” de couro vermelho sangue com alguns apoios para copos.
— Por favor, fiquem à vontade que em um minuto eu lhes trago o champanhe.
— Muito obrigada. — Dani agradece.
Dani se senta bem ao meio do sofá, com eu e Gwen a sua esquerda e Miley e Mitchie a sua direita.
— Meu Deus, se esse é o nível dos garçons, só posso imaginar como serão os caras que farão as apresentações. — Miley diz seguindo nosso garçom com olhos gulosos.
Yeap, aparentemente uma rápida visão de um cara gostoso é suficiente para ela esquecer os protestos contra nossa noite de luxúria.
O garçom volta rapidamente e entrega uma taça de champanhe para cada uma.
— Vocês desejam mais alguma coisa? — Ele pergunta solicito.
— Não, por enquanto é só isso, obrigada.
— Se precisarem de alguma coisa, me chamo Tony, é só me chamarem que eu venho imediatamente atender as suas necessidades...Qualquer uma que seja. — Ele diz sugestivamente passando seu olhar por todas nós, mas se demorando em Gwen. Ela sorri sem graça e coloca uma mecha atrás da orelha, ele pisca para ela e vai embora.
— Está com tudo em Gwen. — Dani diz provocadoramente.
— Eu sou uma mulher casada.
— Isso não te faz menos atraente para os outros homens. — Dani diz.
— Mas faz os outros homens menos atraentes para mim. — Gwen rebate.
Passamos a próxima meia hora conversando e bebendo, além de nos divertirmos com os flertes de Tony e o desconforto de Gwen sob os olhares inconvenientes do garçom sarado.
— Então Tony, quando que o show começa? — Miley pergunta quando Tony vem nos trazer mais uma rodada de champanhe, percebo que ela já está meio alta.
— Daqui alguns minutos. Tenham paciência meninas, tenho certeza que vocês vão se surpreender com nosso show de hoje. — Ele sorri e tenho a impressão que ele está falando sobre algo além, como se soubesse de algum segredo.
Deus do céu, ao mesmo tempo em que é excitante estar aqui – admito – me sinto nervosa por causa de Joe.
Dani disse que os meninos estão aprontando, mas e se eles não estiverem? Ou se eles estiverem mesmo vendo stripers, mas Joe decidiu não fazer parte por respeito a mim?
Droga, estou me sentindo uma traíra, devia arrumar uma desculpa e ir embora. Será que elas acreditariam em uma dor de barriga?
Do nada o bar inteiro fica no escuro e a música para. Uma única luz surge no centro no palco, bem a nossa frente, forte e quase nos deixando cegas.
“Oh merda! Vai começar.”
As mulheres ficam todas em silêncio encarando o palco com expectativa, a luz do palco diminui e fica mais fraca, o silêncio é rompido pelo barulho do aparelho que solta muita fumaça e as mulheres aplaudem e assoviam.
Uma música começa a tocar no mesmo instante que uma silhueta aparece no centro do palco, o homem está com uma roupa de policial, óculos escuros e um quepe, sua cabeça está baixa.
A mulherada grita, assovia e bate palma. Dani seguindo o exemplo, praticamente pula do sofá, gritando e aplaudindo. Gwen e eu nos olhamos e ela me dá um sorriso, Miley não faz movimentos bruscos, mas não tira os olhos do homem no palco, Mitchie coitada, parece desconfortável e não consegue olhar para o homem por mais de cinco segundos seguidos sem desviar o olhar.
A música é sexy e tem um ritmo contagiante, a letra é explicita e fala sobre ficar nu e ter uma noite suja.
O policial dança provocativamente no ritmo da música, a cada movimento sugestivo as mulheres conseguem se superar e gritar mais alto.
Ele leva as mãos aos botões da camisa enquanto mexe seus quadris e as mulheres ficam loucas, algumas se levantam e vão ficar mais perto do palco. Vejo algumas jogando notas de dinheiro para o homem.
De um jeito muito sexy, ele vai desabotoando a camisa lentamente, seu sorriso largo e safado indicando que ele está se divertindo em ver todas essas mulheres loucas de tesão por ele.
Faltando metade dos botões ele puxa a camisa num movimento rápido e expões seu torço sarado e depilado.
As mulheres deliram e até mesmo minhas amigas não se controlam, Mitchie que é a mais tímida do grupo, não consegue esconder o sorriso de apreciação e devora o striper com os olhos.
Tenho que admitir que até mesmo eu estou ficando um pouco excitada com os movimentos sugestivos, sinto um incomodo crescente no meio de minhas pernas. Esse homem certamente sabe como mexer o corpo, e que corpo ele tem. Não é nada exagerado ou artificial, é natural e bem defino como o de um bom trabalhador braçal.
Ele tira a camisa e me surpreende ao joga-la em nossa direção, a camisa cai na cara de Dani e ela rapidamente a tira e fica segurando.
Ele aponta para uma mulher sentada em uma mesa e a chama com o dedo, ela vem rapidamente até a beira do palco, sua cabeça ficando na altura da braguilha da calça do policial. Ele se mexe sensualmente e ela passa a mão pelo seu corpo e depois prende uma nota no cós da calça.
Quando consigo tirar meus olhos do peito musculoso e me concentrar na cara do homem por mais de um minuto eu sinto que já o vi antes. Mesmo com os óculos e o quepe ocupando boa parte do seu rosto, a fumaça e a iluminação baixa, sinto que já o vi antes.
Tento forçar meu cérebro a se lembrar, a reconhece-lo. Tenho certeza que eu não conheço nenhum striper, mas a sensação ainda está lá, me alfinetando.
A música e a dança erótica continuam, o homem coloca a mão no botão de sua calça como se fosse abri-la, mas não o faz. Ele pula do palco para o chão e continua sua dança mais perto das mulheres excitadas.
Ele para de dançar e tira o quepe, jogando-o para uma mulher que o agarra e grita enlouquecida.
Lentamente ele caminha em nossa direção, eu o olho melhor e antes mesmo dele retirar os óculos eu já o reconheci.
Meu queixo simplesmente cai até o chão. Não, não pode ser, impossível. Devo estar imaginando.
— Dani? — Chamo-a hesitante, por favor que mais alguém esteja vendo isso e eu não esteja maluca. Viro-me para minha prima, ela e as meninas estão igualmente surpresas, queixos caídos e olhos arregalados.
Kevin com certeza se divertindo com nossa reação, ri.
“O policial striper sexy é na verdade Kevin? Mas que merda é essa?”
Olho para Gwen e ela parece tão surpresa quanto o resto de nós. Kevin se aproxima e para na frente de Dani, ela o olha como se ele fosse de outro planeta. Pelo sorriso de satisfação na cara dele essa era a reação exata que ele esperava.
— Ouvi dizer que a senhorita veio até aqui procurando por diversão porque irá se casar amanhã. — Sua voz é abafada pela música, mas ainda assim audível.
Dani não consegue tirar a expressão de perplexidade da cara e quando ela não diz nada, Kevin coloca as mãos na cintura e lhe olha intensamente.
— Eu preciso saber se isso é verdade senhorita, pois eu tenho ordens para fazer um show exclusivo para a noiva. Se não for você terei que fazer o show para outra. — Ele diz provocativamente erguendo uma sobrancelha e algumas mulheres mais perto de nos gritam “aqui”, “me escolhe”, “faz um show só para mim delícia”.
— Sim, sou eu. Vou me casar amanhã. — Dani balança a cabeça várias vezes e continua olhando para Kevin como se ele fosse alguém famoso e ela não acreditasse que ele está ali falando com ela.
— Perfeito. Só espero que seu noivo não se importe. — Ele dá um meio sorriso sexy.
— Ele não vai, eu garanto. — Dani diz entrando no jogo de Kevin, seja lá qual for.
Kevin se aproxima mais e colocando uma perna em cada lado se senta de frente no colo de Dani. As mulheres gritam, eu vou mais para o canto do sofá, chegando mais perto de Gwen. Dani visivelmente respira com dificuldade, parece hipnotizada pelos olhos de Kevin.
A essa altura a música já mudou e agora está tocando “Mo Cash”, Kevin recomeça seus movimentos sensuais com o quadril e se esfrega sem vergonha alguma em Dani. Eu coloco a mão na boca em surpresa com seus movimentos explícitos, eles estão praticamente transando em público.
Do outro lado, vejo Mitchie e Miley também se afastando e parecendo desconcertadas.
Dani parece que está pronta para entrar em combustão a qualquer momento, seu peito sobe e desce com dificuldade enquanto ela olha fixamente nos olhos de Kevin, quase posso ver as faíscas.
É errado eu me sentir excitada com os movimentos do noivo da minha prima? Pior, irmão do meu namorado? Porque Deus, está muito calor aqui e eu não consigo desviar o olhar.
Kevin pega um punhado de cabelo da parte detrás da cabeça de Dani e puxa, forçando a cabeça dela para trás. Mesmo com a música alta, posso jurar que a ouvi gemendo, ele lambe seu pescoço e depois ataca sua boca. As mulheres assoviam e gritam incentivos, vejo a língua de Kevin invadindo a boca de Dani, eles se beijam tão intensamente e de um modo puramente carnal  e sinto que sou alguma voyeur ou algo do tipo. Tomo um longo gole da minha bebida e pelo canto do olho vejo Gwen se remexendo no lugar.
Dani empurra Kevin violentamente e respira com dificuldade, Deus até eu estou com a respiração difícil quem dirá ela. Kevin sai do seu colo e ela se levanta, suas pernas fraquejam e Kevin a apoia, sem dizer nada ou sequer olhar para nós ou qualquer outra pessoa, Dani o puxa pelo braço em direção à saída. Eu e todas as meninas nos olhamos confusas, não sabemos se devemos ir embora também ou não.
— Devemos... — Pergunto.
— Não, não acho que seja uma boa ideia sair agora. Corremos o risco de ver algo que não gostaríamos. — Gwen diz.
— Eles devem estar indo direto para casa, ou talvez não aguentem tanto tempo e vão para um motel. — Miley diz com um sorriso malicioso.
— Eu aposto que eles só vão aguentar esperar até chegar ao carro. Lembrem-me de nunca mais pegar carona com esses dois. — Gwen diz fazendo uma careta.
— Wow, que show certo meninas? — Outro cara seminu aparece no palco e diz no microfone.
— Vocês querem mais? — Todas gritam em resposta.
— Foi o que eu pensei. Imagino que vocês estejam pegando fogo, eu tenho o cara certo para cuidar de vocês, garotas. Conheçam Eric. — Ele diz e a luz se apaga de novo, apenas para logo em seguida acender e revelar um cara vestido de bombeiro parado no palco, a música agitada começa e o homem começa a dançar. Olho bem para ele para ver se não é mais algum conhecido e com alivio percebo que não o conheço.
— Devemos ir embora? — Mitchie pergunta parecendo ansiosa para sair daqui.
— Acho melhor. Já que a Dani se foi não tem o porquê ficarmos. — Gwen responde.
— É, isso não é bem verdade, não é, Gwen? — Miley diz apontando para o “bombeiro” com os músculos a mostra. — Para mim tem um motivo muito convincente, mas tudo bem, vamos embora.
— Se o Kevin fez essa surpresa para a Dani é porque ele sabia que ela pretendia vir para cá, e se ele sabia os meninos também sabem. — Gwen diz o óbvio, mas que ninguém havia notado além dela.
“Merda, é verdade. Joe vai me matar.”
— Ótimo, agora vou ter um grande problema com Aiden.
— E o Aaron...Ele parece quieto e tímido, mas tem ciúmes até da própria sombra. Estou tão ferrada. — Mitchie diz esfregando o braço e com uma cara de medo. Tenho certeza que todas nós estamos com medo das consequências dessa noite.
Levantamo-nos, pegamos nossa guia e entramos na fila para pagar.
— Meninas, não tem motivo para todas ficarem na fila. Se quiserem eu pago e vocês podem esperar no carro. — Gwen diz.
— Tudo bem, nos vemos lá fora. — Eu digo para ela e eu, Miley e Mitchie seguimos para fora do bar.
Saímos do bar e somos recebidas pelo ar fresco da noite.
— Que loucura, não acredito no que acabou de acontecer. Kevin fez mesmo aquilo? — Miley diz.
— Eu sei, sis. Estamos todas tão chocadas quanto você.
— Estou ferrada, ferrada. — Mitchie diz colocando a mão na testa. — Sorte sua Demi, que não vai ter ninguém para brigar com você por ter vindo nesse bar maldito.
“Rá, você que pensa, amiga”.
Miley, a única que sabe sobre Joe e eu, me lança um olhar cúmplice.
Seguimos distraidamente em direção ao carro, e nós três paramos de andar ao mesmo tempo quando percebemos quatro corpos grandes encostados em uma caminhonete estacionada ao lado do nosso carro.
Aiden, Aaron e Miguel estão nos olhando com uma expressão séria e com os braços cruzados na frente do peito. Joe está ao lado deles tentando parecer indiferente a situação, mas posso ver fúria em seus penetrantes olhos azuis.
Ele me olha de um jeito que me faz ter vontade de correr. Seus olhos viajam pelo meu corpo, e vejo a expressão de desaprovação quando ele vê meu vestido.
Eu e as meninas nos olhamos e a expressão em nossos olhos dizem tudo. Sabemos que estamos encrencadas.
— Podemos explicar. — Mitchie se adianta em explicar.
— Tenho certeza que podem. — Aaron diz numa voz fria.
Tento não manter meus olhos em Joe porque seu olhar é intenso demais, ele não tira os olhos de mim e não de um modo bom, ele não parece nem um pouco feliz e se alguém perceber o jeito que ele me olha, vão sacar tudo na hora. Ainda bem que todos estão distraídos demais para observar Joe e perceber como ele parece aborrecido.
— Saindo tão cedo, não quer curtir o resto do show, Mitchie? — Aaron pergunta acidamente enquanto olha para ela de uma forma que a faz se encolher. Ela não estava brincando, Aaron é mesmo muito ciumento.
— Meninos... — Eu chamo com uma voz mansa, Joe levanta uma sobrancelha como se esperando minha explicação. — As meninas não têm culpa. — Digo na esperança que Joe entenda que eu também não tenho culpa. — Nós não sabíamos que a Dani nos traria aqui. Não foi nada planejada, da nossa parte pelo menos.
— Eu não acho que ela tenha obrigado ninguém a entrar. — Joe não se contém e diz algo pela primeira vez, sua voz tão gelada como um iceberg.
Dou-lhe um olhar de “não coloque mais lenha na fogueira” e ele continua com a mesma expressão.
— Não, mas... — Não sei como defender as meninas e a mim mesma, e isso é frustrante demais, onde estão as palavras certas quando se precisa delas? Quando não continuo, Joe me dá um olhar de “foi o que pensei”.
— Onde está Gwen? — Aiden pergunta com uma expressão nada amigável, perceptivelmente ele está tentando controlar o tom de voz mas mesmo assim sua pergunta sai de uma forma ríspida.
— Ela ficou lá dentro...Para pagar a conta. — Rapidamente acrescento quando vejo sua expressão mudar rapidamente para uma muito, mas muito furiosa.
Sem dizer nada ele marcha em direção ao bar.
— Acho melhor irmos embora. — Miguel diz e de todos, ele parece o menos incomodado por saber onde a namorada estava, mas isso não significa que ele está totalmente despreocupado, vejo o jeito que ele olha para Miley, ela também terá problemas.
— Claro, se as meninas já tiverem terminado o que vieram fazer aqui. — Aaron dá um sorriso cínico e escuto Mitchie soltar um suspiro.
— Aaron...
— Agora não, Mitchie. Vamos conversar depois. — Ele diz firme, e ela não insiste.
Miley pega a chave e vai abrir o carro, os meninos se dispersam e agora parecem menos tensos.
— Vocês vão na frente e nós vamos com nosso carro seguindo vocês atrás, está muito tarde e a estrada para Wills Point é mal iluminada. — Joe diz protetoramente.
— Aiden, fique calmo por favor. — Todos viramos a cabeça quando escutamos a voz de Gwen.
Ela está andando rápido tentando alcançar o marido, Aiden segue em nossa direção parecendo transtornado.
— Vamos embora logo. — Ele diz quase gritando para nós.
— O que aconteceu, cara? — Miguel pergunta.
— Aconteceu porra nenhuma, agora vamos. — Vejo que Miguel abre a boca para falar algo, mas a expressão de Aiden o faz ficar quieto.
— Meu amor. — Gwen chama pelas costas dele e ele passa a mão pelo rosto.
— Gwen, vamos voltar agora.
— Aiden...
— Gwen...Por favor, só vamos voltar, ok?
Ela suspira, mas concorda.
— Vamos meninas. — Digo tentando disfarçar o silêncio tenso que se instalou no ambiente, e todas nós entramos no carro.
— Vamos estar logo atrás de vocês. — Aaron diz e bate a porta do nosso carro. Ninguém diz nada e o silêncio é intenso, Miley liga o motor e arranca.
O caminho todo o carro dos meninos nos acompanham de perto, não consigo mais aguentar o silêncio e pergunto para Gwen:
— Gwen, está tudo bem?
— Está sim. — Ela responde olhando pensativamente pela janela.
— O que aconteceu lá dentro para deixar o Aiden daquele jeito? — Mitchie pergunta.
Ela demora tanto para responder que eu acho que ignorou a pergunta.
— Aiden chegou bem quando Tony estava falando comigo.
— O garçom foi falar com você?
— Foi, ele nos viu saindo e veio falar comigo. Aiden chegou quando ele me entregava o número do seu telefone e cochichava no meu ouvido.
— Isso não é bom. — Eu digo.
— Não. Eu tive que segurar Aiden para não pular em cima do Tony. Claro que ele viu isso não como uma tentativa de evitar que eles brigassem, mas sim como se eu estivesse defendendo Tony. Cara, eu vou ter muito trabalho quando chegarmos. — Ela diz apoiando a cabeça no banco.
— Não entendo, como eles sabiam que a gente tinha vindo nesse bar? — Miley expressa nossas dúvidas em voz alta.
— Acho que Kevin conhece a noiva que tem. — Mitchie diz.
Passamos o resto do caminho em silêncio, quando chegamos à fazenda, Aiden não diz nada quando o carro para, ele apenas desce e passa direto por nós, seguindo o caminho que liga nossa fazenda com as do Jonas, ele desaparece na escuridão sem dizer uma palavra e Gwen corre atrás dele.
Acho que ela terá mais problemas do que todas nós.
Despedimo-nos de Mitchie e ela entra com Aaron no carro dele estacionado em frente à casa. A pobre coitada parece apavorada.
— Bom, eu vou entrar. Boa noite. — Digo, deixando Miley e Miguel sozinhos, além de um Joe visivelmente tentando com todas as forças parecer calmo. Eu o conheço e sei que está se esforçando para não tirar satisfações comigo agora mesmo, e aproveitando que ele não pode falar nada agora, fujo para dentro da casa.
Vou até o quarto onde estou dormindo com Miley, para ter espaço para nossos hospedes, e me jogo na cama.
Sei que não vai acontecer, mas qualquer barulhinho que escuto pelos próximos 15 minutos, acho que é Joe vindo até mim com aquele seu olhar zangado.
Miley ainda não subiu, se ela está brigando com Miguel ou fazendo as pazes, não sei dizer.
Quando começo a me acalmar e perceber – com alivio – que o confronto com Joe ficará para amanhã, ou possivelmente por causa do casamento, para depois, meu celular vibra indicando uma mensagem recebida.
Olho a tela e meus temores se confirmam. É uma mensagem de Joe.
Joe: Esperando aqui fora. Preciso falar com você, AGORA!!!
“Oh merda, estou tão ferrada!”

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