17.9.15

Escolha - Capitulo 2


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Joe Winslow

Editor-Chefe / CEO na Naked New York Media Group

Estudou Administração / Marketing na Universidade de Harvard

Mora em: Manhattan

♥ Solteiro

De: Manhattan

DEMI PISCOU diante da torre de 43 andares na 15 Central Park West, o mais novo dos luxuosos e lendários edifícios cooperados que ladeavam a rua em frente ao parque. A apenas alguns quarteirões estavam os edifícios Dakota, The Majestic e The San Remo. Era como estar no centro de um sonho muito realista. Só que estava fazendo muito frio. Ela resolveu esbanjar pegando um táxi, embora tivesse gastado cada centavo que havia sobrado em sua roupa nova, aproveitando a viagem para se convencer a não ter um ataque de pânico. Mas a tentativa não foi muito eficaz, evidentemente, porque apesar de seu encontro com Joe Winslow estar prestes a começar, ela não conseguia mexer as pernas.

Ainda não conseguia acreditar. Se Demi não fosse sábia, teria jurado que era tudo uma pegadinha bem elaborada. Por que diabos Joe Winslow iria querer sair com ela? Claro, ela havia feito esta pergunta a Rebecca mais ou menos um milhão de vezes. E recebera respostas variadas, todas se resumindo ao fato de que Rebecca achava que os dois teriam momentos agradáveis juntos.

Momentos agradáveis.

Demi não conseguia se mexer. Exceto os dentes, que agora estavam trincando. O xale da década de 1940 que havia encontrado em Park Slope podia ser o acessório perfeito, mas não ajudava em nada a protegê-la do frio. Ela poderia muito bem ter usado um casaco de inverno gigantesco, considerando que estava enraizada à esquina da Central Park West e West 72nd.

Pelo amor de Deus, a noite de Cinderela mais incrível de sua vida estava a apenas alguns minutos e alguns metros de distância. Havia fotos daquele pedacinho da cidade em seu livro dos sonhos de Nova York, o qual ela passara oito anos compilando. E só não recortara e colara uma fotografia de Joe Winslow ali porque nem mesmo sua imaginação sem limites era tão otimista.

Ela precisava se lembrar de não chamá-lo de Joe Winslow, como se ele fosse uma estrela de cinema ou uma figura histórica. Demi tinha treinado. Disse o primeiro nome dele uma centena de vezes, às vezes rindo, às vezes olhando timidamente para o horizonte, tímida, atrevida, recatada, indignada. Demi era muito boa em pronunciar Joe, mas não conseguia evitar muito bem a parte Winslow. Tinha lido tantos artigos escritos por ele e a respeito dele, e nenhum se referia a ele como Joe, ou até mesmo como sr. Winslow.

Ela se obrigou a andar. Caso esperasse mais tempo, se atrasaria, e ele provavelmente sairia sem ela, atitude que tinha seus méritos, assim ela não precisaria suportar realmente conhecê-lo, mas isso iria contra o propósito da coisa toda, e caramba, ela era corajosa. Sim, era. Chegara de avião sozinha, sem conhecer absolutamente ninguém em Nova York, e muito menos em Manhattan. Aquilo exigia coragem.

E esta noite também. Mas Demi era capaz. Porque, tal qual sua mudança para a cidade, Joe Winslow se encaixava perfeitamente em seu plano de cinco anos:

1. Mudar-se para Nova York.

2. Conseguir um emprego na área de publicidade de moda..

3. Continuar a estudar moda..

4. Dar um jeito de fazer parte de um grupo social influente..

5. Frequentar eventos de moda regularmente..

6. ????..

7. Publicar seus artigos..

8. Sucesso!!!!!!.

Veja só o quão longe ela já havia chegado. Estava pulando o item 3 e indo diretamente para o 4, e só estava em Manhattan há seis meses! Conhecer Joe Winslow era moleza. A parte fácil.

Está bem, não. Isso era uma completa mentira. Quando ela se dirigiu ao porteiro – que usava traje completo, com chapéu e ombreiras, muito obrigado – a verdade se estabelecera como uma pedra em seu estômago. O encontro com Joe Winslow era como conhecer o presidente ou Johnny Depp, ou Dolce e Gabbana. Ela não iria vomitar.

De algum modo, a porta foi aberta pelo homem alto que usava quepe e luvas. Ele sorriu para ela assim que fez uma reverência sutil. E então ela entrou, em um lugar quente e incrivelmente lindo. Aquele edifício não era tão famoso quanto o Dakota, mas era equivalente ao topo naquela estratosfera de luxo. O apartamento inteiro dela caberia naquela recepção, onde precisou se identificar. Todo mundo sorria. O segurança, o outro segurança, a mulher no elevador usando um terno de inverno branco, cujo anel de diamantes chamativo devia exigir um grande esforço dela para levantar a mão.

Joe Winslow não estava à vista.

Demi suspirou.

– Devo anunciar sua chegada? – O segurança, sentado atrás da bela mesa de carvalho polido, se inclinou de maneira tão elegante que a fez pensar que ele estava desesperado para saber quem ela iria visitar ali. Ou isso, ou ele quase perdeu o controle sobre a arma automática escondida logo acima de seu colo. Apenas no caso de ela não dizer o nome certo ou algo assim.

– Demi Kingston para Joe Winslow – disse ela, e só precisou pigarrear uma vez.

A maneira como a sobrancelha esquerda do homem uniformizado se arqueou significava alguma coisa. Demi tinha ideia do que era. Ela olhou para baixo para se certificar de que não tinha babado no vestido, mas parecia bem. Só que tensa. Muito, muito tensa.

O guarda pegou o interfone, mas sua mão parou no meio do caminho até o teclado. Ele meneou a cabeça, olhando para além do ombro de Demi.

Ela virou-se, prendendo a respiração, rezando para não fazer total papel de boba. E lá estava ele. Igualzinho às fotos, só que melhor.

Alto, embora todo mundo fosse alto para ela, já que mal tinha 1,55m de altura. O cabelo estava tão milimetricamente desalinhado quanto nas fotos, castanho, cortado com tal precisão que ela imaginava que ele acordava pronto para ser fotografado. Joe usava um terno preto, e por baixo uma camisa branca simples perfeitamente costurada, sem gravata, corte reto, Yves Saint Laurent? Spencer Hart? Ou talvez seus amados D&G?

Tão lindo quanto tudo que o ornava era seu rosto, que ficou sustentando o olhar dela. Muito, muito melhor do que nas fotos. Olhos grandes, castanhos. Muito grandes. A boca farta também, mas ela continuava atraída pelos olhos, e pelo modo como ele olhava, como se tivesse descoberto algo maravilhoso e interessante, só que estava olhando para ela. Um sorriso imenso. Para ela.

O olhar dele abandonou o dela enquanto cruzava o saguão lentamente. No entanto, não foi muito longe dali: fez um passeio longo e demorado pelo corpo dela, fazendo uma pausa breve nos seios. Mas não o suficiente para deixá-la constrangida. Mais constrangida.

Demi já havia recebido olhares lânguidos antes com certeza. Mas desta vez era diferente. Era como um teste de elenco. Seu coração batia forte, o sangue corria para as bochechas, aquecendo-as, diabos, fazendo o rosto inteiro esquentar. E então ele estava fitando-a nos olhos outra vez, e ela soltou o ar quando ele pareceu ainda mais satisfeito. Talvez Joe só estivesse atuando, provavelmente estava, na verdade, mas isso não importava, porque era só por uma noite e ela havia imaginado dezenas de expressões da parte dele, mas nenhuma fora tão fantástica assim.

– Demi – disse ele em voz baixa, uma espécie de violoncelo grave cheio de ressonâncias e promessas.

– Oi – respondeu ela. – Joe.

Ele pegou a mão dela. Aquela que não estava segurando a bolsa clutch, a ponta do xale.

– Rebecca me disse que você era muito bonita – disse ele. – Ela nunca havia usado eufemismos.

O rubor de Demi chegou a níveis de incêndio, e ela sabia que aquilo tinha sido só conversa fiada, mas uma bela conversa fiada, e se ele quisesse dizer coisas assim para ela durante o restante da noite, não se importaria nem um pouco.

– Você é muito gentil.

– Não mesmo – disse ele. Ainda segurando a mão dela, olhando através dela. – George, poderia chamar o carro?

– O carro já está aguardando, sr. Winslow.

– Obrigado – disse ele, e em seguida olhou para ela novamente. – Ela lhe contou para onde vamos?

– Ela não faria isso. No entanto, mencionou que eu ia gostar.

– Espero que sim. – Joe a guiou para fora, com a mão ainda segurando a dela até chegarem à saída. Quando a porta foi aberta, Joe colocou o braço em volta dos ombros de Demi e apertou o passo. Antes que ela percebesse, estava sentada no banco de trás de uma limusine preta conduzida por um chofer de verdade, e com Joe acomodado a sua esquerda.

Como a vida dela poderia ter chegado àquele ponto? Sua turma de formandos do ensino médio tinha menos de 200 crianças. Sete anos mais tarde, cada uma de suas amigas já estavam casadas, e a maioria delas tinha pelo menos um filho. E ali estava ela, sendo levada para passear rumo a uma noite misteriosa com um dos homens mais famosos de Nova York. No Dia dos Namorados. Minha Nossa Senhora.

JOE NORMALMENTE não tinha champanhe gelado na limusine. Ele só havia providenciado isso duas vezes, na verdade. Na primeira, quando sua convidada era uma rainha. Não uma rainha do carnaval ou coisa assim, mas uma rainha da realeza, de verdade. Na segunda, foi para agradar uma amiga que tinha sido esmagada por uma perda amorosa arrasadora. A noite de choro embriagado e passeios sem rumo ajudou a passar o tempo e deu a ela a coragem de enfrentar o nascer do sol.

No caso de hoje à noite, ele pedira Dom Pérignon Rosé Oenothèque por apreço a Rebecca. Ele sabia que todos os detalhes da noite seriam relatados à sua prima e estava determinado a impressionar Rebecca, apesar de ela achar que ele ainda era o mesmo terror adolescente que tinha sido aos 13 anos.

Mas agora que realmente conhecera Demi, Joe não tinha certeza se Rebecca merecia um champanhe tão caro. Demi era bonita, tudo bem. Pequenina e meiga na aparência, com um cabelo bem curtinho e um corpinho bonito. Mas padrão para ser ficante dele? O que Rebecca estava pensando?

Claramente havia algo mais em Demi do que sua primeira impressão indicaria. Rebecca era brilhante e o conhecia muito bem. O que significava que as que o interessavam tinham pernas muito longas, só usavam roupas de grife e eram capa da Vogue, nunca menos que isso.

Demi era… minúscula. Não parecia terrivelmente jovem, apenas compacta. Tudo no diminutivo. Definitivamente, havia algo atraente em seus olhos amendoados, no rosto em formato de coração, na pele clara e no maxilar superior levemente proeminente. Ela era a gata borralheira antes de se transformar em Cinderela… E o local onde estavam indo? Ela se sentiria um peixe fora d’água.

Joe estava quase com medo de falar com ela, sem ter a menor ideia do que dizer. Ele era só um vaidoso idiota o suficiente para ter adorado o modo como os olhos dela se arregalaram ao conhecê-lo, o modo como tremera, se bem que os tremores poderiam ter sido por causa do frio. Mas essa emoção duraria pouco tempo. Um pouco de champanhe ajudaria a ambos.

Demi tirou os olhos da janela quando ele abriu a garrafa.

– Eu não sabia que isso existia mesmo – disse ela. – Champanhe em uma limusine.

– É decadente e tolo, mas e daí, hoje é Dia dos Namorados. Além disso, não estamos dirigindo, então que se dane.

– Não, não estamos. Devo avisá-lo que não sou muito de beber.

– Vamos ter que ser criteriosos com nosso pedido, então. Mas que tal uma bebida, para batizar a aventura que nos aguarda?

Ela olhou para a taça de cristal na mão dele.

– Sim, obrigada. Seria bom.

– Sempre haverá água tônica, refrigerante ou suco onde quer que estejamos, mas você vai estar cercada por bebida alcoólica. – Joe encheu a taça dela, cuidadoso por causa do engarrafamento. – Se você me disser o que preferir, vou me certificar para que seja providenciado.

– Eu gosto de suco de abacaxi – disse ela, pegando a taça dele com a mão esguia, as unhas curtas, reluzentes e pálidas.

– Abacaxi então. – Ele serviu-se de uma taça e então se recostou, erguendo a taça para ela. – Aos encontros às escuras.

O sorriso dela deixava o rosto bonito. Deixava claro que ela ainda não tinha aprendido a se conter, a equiparar cinismo com sofisticação. Fazia um tempinho que Joe não via algo assim. Não de perto.

– Às coisas extraordinárias – respondeu ela, tilintando a taça na dele delicadamente.

O champanhe era excelente, perfeitamente resfriado e seco no ponto certo.

– Conte-me sobre você, Demi – pediu ele, recostando-se em seu canto do banco. Não queria sufocá-la ou deixá-la desconfortável. Eles tinham uma grande noite pela frente e, enquanto ela fosse sua companhia da noite, Joe de fato iria lhe proporcionar momentos agradáveis. Nada extravagante, naturalmente. A experiência havia lhe ensinado que era melhor ser discreto com pessoas novas, de qualquer espécie. Desde o sucesso da Naked New York, ele tivera que reaprender a lidar com o público.

Sua fama ainda era uma coisa esquisita, embora nada disso tenha sido quando o negócio atingira relativa magnitude. Ele sempre tivera a intenção de fazer seu nome no mercado, mas, quando planejou o blog, ele se imaginou mais como um Jason Weisberger do BoingBoing do que uma Arianna Huffington. Alguém cujo nome seria reconhecido por pessoas que importavam no meio, mas que não eram facilmente reconhecidos pessoalmente. Em vez disso, ele se tornou parte de um novo fenômeno. Em Manhattan, ele era mais reconhecido do que o prefeito. Financeiramente, foi a melhor coisa que poderia ter acontecido.

Pessoalmente, era… interessante e longe de ser tremendamente agradável.

Demi voltou seus lindos olhos verdes para a taça, observando as bolhas estourarem e crepitarem.

– Eu sou redatora publicitária – disse ela. – Na BBDA. Uma redatora júnior, o que significa que estou mais para um office-boy e que tomo um monte de notas, digito um monte de memorandos. Mas é legal. As pessoas com quem trabalho são ágeis e criativas, e não são sanguessugas. Bem, não mais do que seria de se esperar.

– A BBDA é uma empresa grande. Alguns clientes dela anunciam em meus blogs.

Ela arregalou os olhos de novo.

– Dezessete deles, no momento. A Naked New York é o foco principal do público no perfil demográfico de 18 a 34 anos.

Demi conteve a última palavra e contraiu os lábios por um segundo.

– De qualquer forma – disse ela, com a voz mais baixa, mais lenta –, eu me formei no ano passado com um MBA da Case Western. Sempre quis vir para Nova York, então eu simplesmente vim.

– E Nova York é o que você pensou que seria?

– Muito melhor. Eu adorei, mesmo antes de hoje à noite.

Joe riu.

– Ora, você deve saber o quanto esta noite está sendo fora do normal. Você é Joe Winslow e estamos saindo num encontro misterioso, e mesmo que eu não faça ideia de para onde vamos, tenho certeza de que vai ser a noite mais emocionante da minha vida.

Ele não conseguiu evitar um calafrio, embora tenha tentado.

– Mais emocionante? Essa é uma expectativa bem alta.

Ela abaixou a cabeça, franziu a testa um pouco, em seguida olhou para ele através dos cílios longos.

– Sério? Isto – Ela gesticulou para o interior exuberante do carro, para, ele imaginou, a noite em geral – é uma loucura. Pode ser sua rotina, mas certamente não é a minha. – Demi se recostou, bebericou o champanhe frio. – Rebecca não quis me dizer. Toda vez que perguntei por que você iria querer sair comigo no Dia dos Namorados, Deus do céu, ela sorriu daquela maneira presunçosa que me fazia querer beliscá-la.

Ele sorriu.

– Sabe, eu me flagro querendo beliscar Rebecca bastante.

– Então você vai entender minha frustração quando pergunto diretamente, por que estamos fazendo isso? Por que você está fazendo isso comigo? Não consigo evitar achar que pode ser alguma pegadinha horrorosa por parte de uma menina malvada. Que, para onde quer que estejamos indo, vai haver um holofote imenso em cima de mim assim que eu estiver coberta de lodo verde ou algo assim. O que seria horrível por sinal. Caso você precise avisá-los antes.

Certo. Ela o fez rir. Ponto na coluna dos atributos extras. E agora que ela admitira seu medo, parecia mais relaxada. Agora que ele tinha notado, ele se demorava no modo como o vestido simples sem mangas destacava mais a mulher ao vestuário. Joe gostava do fato de ela não usar bijuterias. Era uma escolha ousada, mas realçava o pescoço dela, que tinha mais apelo do que um pescoço tinha o direito de ter. A coisa se concentrava só na pele dela, no jeito como o queixo formava a curva, na clavícula elegante. Eis aí um pensamento que ele nunca esperara ter.

– Rebecca não é assim – disse Demi, mais delicada agora, mais para si mesma do que para ele, e Joe se lembrou que ela havia lhe perguntado por que almejara o encontro.

Antes que pudesse responder, ela acrescentou:

– Eu não a conheço há muito tempo, então talvez eu esteja errada, mas meus instintos são muito bons, e ela se destacou desde o início. – Demi gesticulou novamente, mas não com um gesto amplo desta vez, e sim um leve menear do pulso. Um pulso pequeno, delicado e feminino. – Nós saímos para beber uma noite no Bar Caracas, Rebecca, eu e nossa amiga Lilly, que dá aulas de música em uma escola preparatória incrivelmente exclusiva. A coisa toda começou um pouco estranha, porque nós três só nós conhecíamos da troca de pratos congelados da igreja, mas depois começamos a conversar e nos demos muito bem, especialmente Rebecca e eu. Quando mencionei o quão desesperadamente eu queria morar em Manhattan, as duas entenderam totalmente. Como eu não me importo em pagar uma fortuna para morar no Buraco Negro de Calcutá com quatro garotas que mal conheço, e como eu não posso sequer me dar ao luxo de ir ao cinema, e muito menos de comprar pipoca, elas sorriram e brindamos com nossos drinques, até me sentir em casa. – Demi piscou e, em seguida, por algum motivo, seus ombros endureceram novamente. Ela pigarreou. – Acho que falei um pouco demais.

E… ele gostou dela. Simples assim. Não, Demi não fazia o tipo dele, nem de perto, mas Joe gostou da cadência na voz, da maneira como ela falava com as mãos, de como estava claramente tensa, porém não intimidada. A noite mudou então, entre a Columbus Avenue e a West 61.

Joe tocou no braço dela. Ela era quente e macia, e se encolheu um pouco ao contato, dando um suspiro e um sorriso.

– Não – disse ele –, não é uma pegadinha ou um truque. Rebecca achou mesmo que a gente ia se dar bem. Nós dois crescemos juntos, éramos bem unidos quando estudamos em escolas particulares, nos primeiros encontros e nos bailes de formatura, e em muitas festas chatas de feriados em família. – Ele estremeceu pensando em alguns dos Natais épicos, aqueles nos quais metade da família não estava falando com a outra metade, no qual animosidade se dava em meio a beijinhos jogados no ar e grinaldas de grife. Todo aquele poder passivo-agressivo acontecendo em meio a caviar beluga e trufas lascadas. – Ela me conhece tão bem quanto qualquer um. E ela nunca tentou armar encontros para mim.

– Então o que isso significa?

Joe pensou por um segundo. Excelente pergunta. – Não sei.

Em vez de pressioná-lo para oferecer seu melhor palpite, Demi inclinou a cabeça de maneira encantadora. – Para onde vamos?

– Você não quer ser surpreendida?

O jeito como ela o fitava o fazia querer alcançar as expectativas dela, embora ele não fosse consegui-lo de jeito nenhum. – Já fiquei atordoada quando você pegou minha mão.

Atordoada?

– O que você esperava?

Demi deu de ombros.

– Não tenho certeza. Algo mais. Quer dizer, não fiquei chocada com os porteiros, a limusine ou com seu perfume incrível, porque eu estava esperando secretamente por tudo isso. Nunca fiquei muito perto de celebridades. Vi algumas desde que cheguei aqui. Woody Allen, obrigatoriamente, é claro, mas vi outras também. Muito poucas, pensando bem, mas todas me pareceram, sei lá, singulares. No sentido mais genuíno da palavra. Como se o ar em torno delas fosse cintilante, ou que, mesmo que estivessem usando um saco de batata e sapatos de boliche, era de propósito, e eu não era descolada o suficiente para conseguir o mesmo visual. Você não é assim.

– Isso é um elogio?

Ela assentiu.

– Sim. Teria sido bom se você tivesse se revelado um cara super descolado, embora eu definitivamente fosse entediar você ao extremo.

Joe sorriu.

– Sabe quantos descolados são necessários para se trocar uma lâmpada?

Ela retribuiu o sorriso, inclinando-se para ouvir a resposta da piada.

– Quantos?

Joe revirou os olhos de propósito.

– Uma quantidade realmente obscura que você desconhece.

Demi riu. E a risada começou delicada como o pulso dela, mas terminou com um ronco inesperado. Ela arregalou os olhos e pôs a mão na boca, mas daí fez de novo. O ronco, não a risada. E corou, a coisa mais honesta que ele vira em anos.

Tudo bem, Rebecca poderia merecer mais do que um champanhe caro. Ele ainda estava decidindo se ela merecia uma garrafa de ‘96 Krug Clos D’Ambonnay.

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Desculpem o sumiço, andei muito atarefada por causa do curso.
Mas enfim, aqui estou eu com mais um capítulo.
Quero mais que 3 comentários pro próximo capítulo. As visualizações só aumenta e os comentários só caiem.
xoxo

3 comentários:

  1. Essa fic tá ótima, super curiosa pra saber onde e como vai ser esse encontro. Beijos :*

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  2. Estou adorando... desculpe não ter comentado antes, tive alguns contratempos.... ansiosa pra saber o que vai acontecer.... posta logooo.....

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  3. Aaaaaaaaaaaah To amando já, Joe tá todo encantado pela Demi kkkkkk

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